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Domingo, 28 Abril 2024

Lenda da Gruta de Kamukuwaká: o guerreiro, os pássaros e a guerra contra inimigos

A gruta de Kamukuwaká é morada atemporal do grande guerreiro Kamukuwaká, líder ancestral que deixou como herança aos povos do Alto do Xingu, no Mato Grosso, o ritual da furação de orelha, que inicia jovens lideranças nas comunidades. Segundo a narrativa dos povos indígenas, o local foi palco de confronto entre Kamukuwaká e o inimigo Kamo (o sol), que o atacava por invejar sua força e beleza.

Kamo fez com que a casa de Kamukuwaká virasse pedra, tentando agredi-lo. No entanto, pássaros abriram um buraco no teto da rocha, ajudando o guerreiro a fugir para o céu junto com sua família e livrando-o da armadilha.

Segundo a etnia Wauja, o guerreiro defendeu seu povo dos ataques do inimigo e transmitiu os ensinamentos sagrados que norteiam a conduta de alguns povos do Alto Xingu.

Gruta guarda parte da história do povo indígena. Foto: Gabriele Viega Garcia/Instituto Homem Brasileiro

A gruta é sagrada para as 11 etnias do Xingu. Os desenhos rupestres, vandalizados em 2018, eram utilizados para ensinar às crianças sobre as suas origens e cultura. Para os Wauja, alguns dos grafismos também representam a fecundidade feminina, pois acreditam que as mulheres têm o poder de aumentar a fertilidade de tudo o que é vivo. Os símbolos também inspiram as decorações das cerâmicas e cestaria, pinturas corporais e músicas.

Em outro tempo, a história de Yakuwixekú, também personagem mítico da cultura Wauja, relata uma nova subida ao céu, onde aprenderam tudo sobre o Pohoká, como é chamado o rito de iniciação de jovens lideranças centrado na furação de orelhas. 

Gruta do Kamukuwaká, antes da depredação, em 2014. Foto: Gabriele Viega Garcia

A gruta de Kamukuwaká é tombada como Patrimônio Cultural do Brasil desde 2016, um pedido feito pelo povo Wauja ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Está localizada no município de Paranatinga, no Mato Grosso, fora da área de demarcação indígena. 

A gruta fica dentro de uma área particular, numa fazenda às margens da cachoeira Salto, no rio Batovi, o que dificulta o acesso e conservação por parte dos povos indígenas.


*Com informações do Iphan, Instituto Homem Brasileiro e da Revista Museu

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