‘Borqueio’: evento mantém tradição da pesca do mapará em Cametá

Além de estimular a economia local, a pesca dessa espécie de peixe é considerada Patrimônio Cultural e Imaterial de Cametá, fazendo parte do calendário oficial de eventos do município paraense.

No município de Cametá, na Região de Integração do Tocantins, no Pará, o dia 1º de março é marcado pela tradição da pesca do mapará, programação que reúne moradores – em especial os pescadores e pescadoras – das comunidades localizadas ao longo do rio Tocantins.

O ‘Borqueio‘ – como é chamado o grande círculo de embarcações que apanha o mapará – marca a retomada da pesca na região, depois de quatro meses do período de defeso em que a pesca da espécie é proibida. 

Em média, somente no primeiro dia, segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), são capturadas 150 toneladas de mapará somente em Cametá.

Foto: Alexandre Costa/Agência Pará

O diretor de Pesca e Aquicultura da Sedap, Orlando Lobato, explicou que o mapará é um peixe de grande importância econômica reproduzido em água doce, bastante consumido pela população local e que pode chegar até 45 centímetro em média.

“Tem uma importância não só como recurso pesqueiro, como culturalmente se identifica com os municípios da região, além de Cametá com Limoeiro do Ajuru, Igarapé-Miri, Oeiras do Pará e o Lago de Tucuruí, que é um dos maiores produtores de mapará”,

ressaltou Lobato.

De acordo com Lobato, o período de defeso do mapará inicia anualmente no dia 1° de novembro e se estende até o final de fevereiro. “Ele é capturado nos oito meses do ano, mas no início de março ele é capturado de forma mais intensa. Só no dia de hoje, são capturadas em média, 150 toneladas em 55 comunidades de Cametá, que fazem parte do acordo de pesca, que é uma espécie de contrato entre a comunidade local que depois é transformada em Lei pelo Estado”, explicou Lobato.

Ele observou que esse acordo é gerido pela Semas com a participação da Sedap, que é responsável pelo fomento aos trabalhadores e trabalhadoras, por meio da Diretoria de Pesca e Aquicultura. “Esse dia de hoje é muito importante porque mexe com o comércio local, que é acionado pela captura e comercialização do mapará”, observou.

Todos os municípios envolvidos tem uma tradição de doar para a população menos favorecida economicamente um percentual do quantitativo capturado durante o ‘Borqueio’.

“Em Oeiras do Pará, inclusive, tem um fato muito importante que o mapará não só é doado para população carente como é preparado – cozido ou frito – e servido à população”, repassou Orlando Lobato.

Digite seu texto aqui…

Patrimônio 

A pesca do Mapará além de estimular a economia local, é considerada Patrimônio Cultural e Imaterial de Cametá, fazendo parte do calendário oficial de eventos do município. A “Pesca do Borqueio” só ocorre nessa região. 

“Mais do que cumprir a exigência da lei, as comunidades tradicionais dessa região atingiram o nível de consciência ambiental, respeitando o período da reprodução, mantendo o estoque do mapará para as futuras gerações e garantindo oferta do pescado e oportunidade de renda para quem atua nesta atividade, contribuindo para a segurança alimentar”, destacou Orlando Lobato.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Projeto de cosméticos sustentáveis assegura renda de comunidades na Amazônia

O Projeto Cosméticos Sustentáveis da Amazônia é uma parceria público-privada que congrega 19 associações de produtores focadas na extração da biodiversidade amazônica.

Leia também

Publicidade