Publicação da Ideflor-Bio dá ênfase à arte e à resistência das mulheres indígenas do Alto Rio Guamá, no Pará.
Para essas mulheres, as biojoias são mais do que produtos comerciais; são uma forma de se reconectar com suas raízes, preservar culturas e reafirmar seus papéis como guardiãs da floresta. É importante destacar que cada peça carrega histórias da relação milenar dos povos originários com a mata.
Segundo a técnica em gestão ambiental do Ideflor-Bio, Claudia Kahwage, que é uma das autoras do livro, a produção dessas biojoias oferece às mulheres indígenas espaço para expressar criatividade e inovação, além de ser uma fonte significativa de renda para suas famílias. Cada design é um elo entre tradição e modernidade, valorizando a cultura indígena.
“A participação na produção e venda de biojoias traz benefícios econômicos e sociais para as mulheres indígenas, fortalecendo sua autonomia financeira e posição na sociedade. Elas ganham voz nas decisões comunitárias e contribuem para o sustento de suas comunidades”,
enfatizou a especialista.
Apesar dos desafios enfrentados, desde a obtenção de materiais até questões comerciais, as indígenas contam com programas de capacitação e apoio para maximizar seu potencial e habilidades.
Neste sentido, o e-book é fruto da parceria entre o Ideflor-Bio e a Amig, coletivo de 120 mulheres de aldeias da Tiarg, localizada no município de Paragominas., região sudeste paraense. O exemplar trás detalhes do processo de produção das biojoias, destacando temas como ‘O papel transformador das biojoias na bioeconomia dos povos indígenas’; ‘A beleza e brilho da floresta nas biojoias da Terra Indígena Alto Rio Guamá’; ‘Biojoias indígenas e geração de renda’; entre outros.
A então presidente da Amig, Valsanta Tembé, ressaltou a importância da arte das biojoias como um conhecimento a ser preservado e transmitido às futuras gerações. Ela ressalta que essa arte é uma riqueza passada de geração em geração, e é responsabilidade das mulheres manter viva essa tradição.
“A arte de confeccionar as nossas biojoias do povo Tembé é um ensinamento. É um conhecimento que temos agora todo o cuidado para não ser esquecido com o decorrer dos tempos, porque essa é uma riqueza que é passada de geração em geração e nós como mulheres, como mães e também as nossas jovens, elas também têm a responsabilidade de receber esse conhecimento e passar adiante para a nova geração, para que eles também venham cuidar dessa riqueza, para não deixar esquecer, ou seja, que o tempo não seja capaz de apagar”, enfatizou a líder indígena.