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Domingo, 28 Abril 2024

Empresas do Amazonas estão em alerta com descida do rio Negro



MANAUS - 
Enquanto os municípios do Amazonas estão em estado de alerta com as repentinas mudanças climáticas, empresários estão atentos aos reflexos na economia e buscam soluções criativas. Levar o produto e serviços até o cliente é uma das alternativas para manter o mercado aquecido em qualquer crise. Enquanto algumas atividades florescem na crise, por exemplo, a pesca esportiva na Região Metropolitana de Manaus (RMM), outras estão sucumbindo como a cultura do cupuaçu, que agora está sendo importado de Mato Grosso para abastecer o mercado de Manaus.O Exército Brasileiro por meio do Comando Militar da Amazônia (CMA) tem acompanhado toda essa mudança climática na Amazônia, em decorrência do fenômeno El Niño. O general Guilherme Theóphilo, comandante do CMA avaliou a situação e informou de primeira mão ao Jornal do Commercio. “Dizem que vai dar uma grande seca neste ano. Porém, varia muito, por exemplo, a área de Rondônia e do Acre, nós estamos quase atingindo um bom nível dos rios. Mas essa área de São Gabriel d a Cachoeira até o Lago Tefé nós sabemos que deu uma baixada também. Então o Solimões e Negro, Roraima e o Rio Branco estão praticamente não navegáveis”, informou.O isolamento e o desabastecimento em São Gabriel da Cachoeira preocupa o general que já tomou algumas medidas. “Nós estamos preocupados, hoje eu estou ligando para o comandante do Exército, para ver se pego uma Aeronave C-130 Hércules para já começar a transportar os suprimentos, via aérea. É a única maneira de chegar lá”, alerta o general.O general também destacou a situação dos pelotões de fronteira que sofrem em decorrência da pouca navegabilidade pelos rios. “E um fenômeno que nós tivemos em Maturacá, distante 150 quilômetros do município de São Gabriel da Cachoeira, onde o 5° Pelotão Especial de Fronteira foi dizimado por um tufão, também conhecido como ciclone tropical de alta mata, aconteceu pela primeira vez na história de Maturacá por efeito das mudanças climáticas em escala global”, relatou.Transporte fluvialNo entanto, em Manaus o setor de transporte fluvial permanece operando normalmente, apenas com registros de atrasos em algumas viagens decorrentes da estiagem dos rios. De acordo com a proprietária da empresa Cris Transporte Navegação,  Cristiane Monteiro, por enquanto o clima da região não está interferindo nos negócios. “As passagens de barco só sofrem reajuste com o aumento do combustível”, disse.
No mercado de ar-condicionado de Manaus, as alterações no clima ainda não afetaram diretamente os negócios. Mas são nos meses de julho, agosto e setembro que o movimento de clientes aumenta. Segundo a assistente comercial da Casa Queiroz Ar-Condicionado, Suzi Nunes, nesse período os serviços aumentam, porque é a época de pico do verão amazônico. “Os equipamentos, aparentemente, rendem menos. O cliente até acha que estão com defeito, mas não, é porque fica uma temperatura muito alta”, explicou.O picolé da massa, produto altamente consumido em Manaus, apresentou uma sensível queda nas vendas em 2015 e permanece neste início de ano. Porém, a causa ainda está na crise e não no clima, que é predominantemente quente. Quem observou esse comportamento de mercado foi o proprietário da fábrica de Sorvete Nunes, Lázaro Nunes. “No nosso seguimento aqui não afetou muito não, foi mais a crise no país mesmo, que diminuiu o poder de compra das pessoas”, avaliou.A preocupação de Nunes está no fornecimento de energia elétrica que pode comprometer todo o negócio, se ocorrer interrupções na rede por causa das chuvas. “Nós ficamos muito preocupados porque a nossa empresa depende 24 horas por dia de energia elétrica. Como é que vai ficar com essa mudança climática?, se virá um novo período de racionamento de energia”, lamentou.Nunes também alerta para a quebra no fornecimento de polpa de frutas, matéria-prima para a produção dos picolés, por conta do longo período de estiagem que prejudicou a produção, principalmente, de cupuaçu. “Nós que dependemos da fruta regional, o que está acontecendo, é que uma indústria de polpa, fornecedora nossa, já vai conseguir o cupuaçu do Estado do Mato Grosso. Com a falta de chuva a região aqui não está produzindo”, frisou.RDS
Para o representante da Associação Agroextrativista das Comunidades da RDS do Uatumã (AACRDSU), José Monteiro Ferreira, além do fenômeno do El Ninõ, ainda não há estudos para saber de fato o que está acontecendo com o clima na região Amazônica, neste ano, na realidade nós não sabemos o que está acontecendo. “Está tardia a enchente neste ano que já era para o rio estar bem cheio”, observou.Ferreira ratifica que a maior preocupação, dentro da RDS, está na produção agrícola que teve prejuízo na última safra por conta do intenso verão e da falta de chuva. “Os plantios estão sendo prejudicados, o verão foi muito forte e ninguém conseguiu plantar quase nada e o que tinha de produção também se perdeu com o calor muito forte, que ninguém esperava”, disse. Segundo Ferreira, dentro da reserva a chuva era abundante, mas no ano passado diminuíram consideravelmente e neste ano ainda não choveu por lá. “Uma mudança que ninguém esperava. Todos os anos, principalmente dentro da reserva chove bastante e esse ano não teve chuva e até agora não tem”, alertou.Turismo se reinventa na RMM A RDS do Uatumã, também desenvolve o turismo da região, oferecendo diversas opções de estadia: pousadas comunitárias, barco-hotel, pousada flutuante, redário (espaço para pernoite em redes) nas casas dos próprios comunitários. Os pacotes do turismo de base comunitária e turismo de contemplação para estada em pousadas custam R$ 300,00, estando inclusos passeios aos pontos turísticos e três refeições por dia.No caso das mudanças climáticas que afetou a navegabilidade nos rios amazônicos, deixando comunidades no isolamento, por exemplo, em Barcelos município distante 405 quilômetros de Manaus, que tem na pesca esportiva uma forte atividade econômica, empresários decidem encurtar essa distância e iniciaram a atividade em Presidente Figueiredo, município que pertence a RMM em parceria com a RDS do Uatumã.Foi neste cenário de incertezas que João Paulo Nobre decidiu aproximar o seu negócio da população manauara, instalando a Pousada Uatumã Eco Fishing na RMM (Região Metropolitana de Manaus), focando na pesca esportiva. “Esse é um tipo de negócio que a gente não pode errar e a natureza, do jeito que ela está se comportando nós não temos como prever mais nada”, frisou.Nobre iniciou as atividades em 2015, com o país em plena crise institucional e econômica. Segundo ele, vários fatores influenciaram no negócio, mas dois foram determinantes: investir na divulgação do rio Uatumã que era pouco difundido para a pesca esportiva e, intensificar no trabalho de venda dos pacotes que já triplicaram. “Para a temporada 2016-2017 nós já estamos com quase 100% de venda de pacotes concluída”, comemorou.Na avaliação do empreendedor, o negócio só está crescendo devido à ampla divulgação e dessa proximidade com a cidade de Manaus que reduz, consideravelmente, o custo com deslocamento. “Com acesso bem mais fácil do que outros locais como Barcelos que, às vezes, o cliente precisa pegar hidroavião. Aqui nós temos um potencial muito grande de peixe, temos uma infraestrutura boa e estamos próximo de Manaus, o que tem influenciado bastante também”, conclui.Os pacotes turísticos de pesca são oferecidos, diretamente, pela pousada Uatumã Eco Fishgn. As diárias custam R$ 650 por pessoa, em grupos de no mínimo 8 pessoas. Os pacotes incluem barco, piloteiro, combustível, condutores turísticos, passeios, três refeições diárias, cozinheiro, bebidas (quantidade limitada) e translado de lancha de Presidente Figueiredo (a partir da pousada) até a RDS Uatumã (Reserva de Desenvolvimento Sustentáve).A pousada oferece quatro suítes que podem acomodar de duas a quatro pessoas cada e sala de café. O traslado para a pousada sai do porto da Morena, na estrada de Balbina, em Presidente Figueiredo, que fica localizado em um ramal de 32 km, do lado direito, após cruzar a ponte da Hidrelétrica de Balbina. São cerca de 1h30min de barco até a pousada.

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