A superintendente de desenvolvimento sustentável da FAS, Valcleia Solidade, explica como funciona e as possibilidades do empreendedorismo sustentável na região.
A área do empreendedorismo ganha novas perspectivas em relação ao futuro, principalmente no que investir. Quando se fala de Amazônia, existe uma preocupação maior em relação a conservação da região quando se trata de evitar a degradação do bioma. Por isso, foi criada a modalidade do empreendedorismo conhecida como ‘empreendedorismo sustentável’.
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS), no Amazonas, possui um programa chamado ‘Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis’ que tem o objetivo de incentivar esse modelo.
O Portal Amazônia conversou com a superintendente de desenvolvimento sustentável da FAS, Valcleia Solidade, para entender a importância do empreendedorismo sustentável.
“O empreendedorismo sustentável do ponto de vista dos territórios da Amazônia é aquele que tem como premissa você utilizar a biodiversidade que está a disposição dessas pessoas que estão nesse território. Então, é usar a questão do turismo, artesanato, usar a matéria-prima extrativista para que você possa desenvolver o empreendedorismo, num viés de que a gente pensa sempre que o empreendedorismo é a capacidade que a gente vai dar para essas pessoas de transformarem o que tem em sua volta, uma alternativa de gerar renda sem gerar impacto ambiental e garantir com que essas pessoas, essas famílias nesses territórios, possam de fato, melhorar suas condições de renda, sem gerar impacto no meio ambiente”,
explica.
As vantagens de investir nesse segmento, segundo Valcicleia, envolvem explorar de forma sustentável e consciente a região amazônica.
“A gente tem uma riqueza natural grande e os benefícios disso são que você empodera ou subsidia quem está no território, de continuar desenvolvendo o território, de continuar beneficiando esses produtos, de dar valor a esses produtos e dessa forma você possibilita também que esse modelo possa gerar uma nova economia. Uma economia menos predatória, mais agregadora, com a questão de distribuição de renda mais justa, porque pode existir um empreendedor tipo master, desde que todos aqueles serviços que envolvem o trabalho que ele tem, possam também contribuir para que as outras famílias agreguem nesse trabalho, possam também de forma justa receber, sem que haja exploração”, comenta.
Entretanto, assim como em outros segmentos do empreendedorismo, existem diversos empecilhos, e neste caso, as preocupações estão ligadas a logística e energia, segundo Valcicleia.
“Acredito que a logística dificulta porque muitas vezes, pra você vender um produto, vai ter que agregar muito valor, levando em consideração não só a questão da logística, mas a questão da ausência de infraestrutura de beneficiamento, porque em muitos desses lugares não tem energia. Se não tem energia como é que você vai beneficiar? E se você for utilizar, por exemplo, gerador para isso, o custo do óleo está muito alto”, exemplifica.
Além disso, dificuldades envolvendo a falta de infraestrutura e o acesso ao mercado também são tópicos enfrentados. Para dar maior visibilidade a respeito desse método, o uso de tecnologias é uma grande aliada para o desenvolvimento, segundo a superintendente de desenvolvimento sustentável da FAS.
“A gente pode citar aí algumas formas de poder utilizar a internet para que essas pessoas realmente possam primeiro ter um melhor conhecimento do mercado para realmente desenvolver essa cultura empreendedora, que ainda não é tão eminente assim dentro das comunidades. E você pode melhorar a infraestrutura de energia. Sem energia certamente, dificilmente a gente vai poder acessar o mercado ou beneficiar um produto de alta qualidade neste território”,
completa.
Visibilidade
Quando se pensa em tipos de empreendedorismo na Amazônia, pode-se citar como principal exemplo a Zona Franca de Manaus (ZFM), que concentra o modelo econômico na região para a indústria, gerando milhares de empregos todos os anos.
Entretanto, quando se busca outros casos, como o ecoturismo e o manejo sustentável, são modelos mais explorados no interior dos Estados da Amazônia Legal e voltados para o desenvolvimento econômico das comunidades ribeirinhas e municípios. Esses podem ser considerados mais sustentáveis.
“A gente tem a questão dos óleos [de plantas], a gente tem a farinha ribeirinha, temos o pirarucu que agora já está em vários restaurantes e até fora da região amazônica. Tem a questão do artesanato, quando a gente tem uma plataforma como o Jirau da Amazônia, em parceria com as Lojas Americanas. Então esses produtos já já estão dando mais visibilidade e existem muitos outros que de fato podem contribuir para que esse empreendedorismo possa ganhar força e seja uma nova matriz econômica para Amazônia”, finaliza Valcicleia.
Amazônia que eu quero
O quarto Fórum da Plataforma Amazônia Que Eu Quero trabalhou o tema ‘Empreendedorismo na Amazônia’ e reuniu especialistas para analisar o cenário atual da Região Norte. Além de abordar o número crescente de empreendedores na região, principalmente durante a pandemia, os convidados deram dicas para quem quer começar a empreender.
Confira: ‘Amazônia que eu quero’: veja como foi o Fórum de Empreendedorismo na Amazônia
A Plataforma Amazônia Que Eu Quero busca incentivar uma ação democrática que leve a população a exigir seus direitos junto aos representantes legais, elevando o nível de comprometimento e de atuação dos gestores públicos. Tal dinâmica possibilita o amadurecimento do senso crítico na escolha dos candidatos, a capacidade de análise da população e o voto consciente, levando a uma melhoria do processo democrático da região Amazônica.
Estão sendo realizados painéis, fóruns de debates on-line e ações presenciais para discussão e engajamento da população nos 5 estados da Amazônia – Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. Na edição de 2022, a qual tem por tema “Caminhos da Democracia”, serão realizados 5 fóruns com discussões pautadas pelas câmaras temáticas de Infraestrutura, Energia Limpa, Modelo Econômico na Amazônia, Empreendedorismo e Inovação, e Florestas.