Evocação ao Senador Jefferson Péres
As cidades têm vida. Nascem, crescem e se transformam. O Senador Jefferson Péres sabia que havia um fluxo permanente de energia e força humana gerando realidade e espaço sociais. Foi um homem que soube marcar e demarcar seu amor a Manaus, como fator inerente ao processo social e urbano da cidade que lhe servira de berço.
Somente ele entendia a fixação dos entornos físicos e espirituais da sua cidade. Esta, sempre foi a motivação subjacente do Senador Jefferson Péres. Poucas foram as cidades que foram alvos de tanta generosidade, tanto amor e ternura e, é dessa quieta cidade de sua infância e juventude que Jefferson nos falava, ressuscitando-a trazendo-a de volta aos nossos olhos, ela mesma com sua atmosfera de então, seus tons seus costumes e sua humanidade.
Seu talentoso trabalho de memória cobria cerca de duas décadas, a partir de meados dos anos 40 e 50, quando, Manaus, como bem relatava em seu livro era um modesto aglomerado urbano, de pouco mais de cem mil habitantes e, que estendia-se por toda uma miríade de aspectos que ele fazia questão de resgatar com sensibilidade, trazendo do esquecimento e desvalorização para luz da história e principalmente para o conhecimento dos mais jovens.
Quando defendia e falava do nosso patrimônio histórico, transbordava-se de encanto, esse fato pôde ser constatado ao longo de sua vida, mercê das virtudes do estilo sóbrio, escorreito, elegante, da fidelidade aos fatos e da maestria, enfim, com que compunha os amplos painéis da sua vida em Manaus, em especial, quando trazia a lume lembranças dos anos 40 e 50, com uma variedade de fatos e uma riqueza de detalhes que o tornava um sonhador sem ser nostálgico.
O mestre Jefferson Péres foi em vida um repositório precioso de um passado recente que, não obstante, estivera, talvez a ponto de não ser salvo.
Defensor ardoroso do ensino público e que falava com primazia de seus colegas de outrora. Foi sem dúvida um homem, cujo perfil, é de um monstro sagrado da moral, da intelectualidade, das letras e da política.
Novos tempos são assinalados e vividos. O Clube da Madrugada já não o iluminava mais. A República do Pina, cercada de microsmos onde se reunia o que havia de mais representativo na cidade, perde seu maior talento.
Em suma ele se foi, sua memória está eternizada em seu instante tempo. Não importa que hoje já não esteja entre nós. Não importa que, possamos tê-lo outra vez diante de nossos olhos. O que importa é que já pertence ao sol da nossa memória, ele já está incorporado para sempre entre os melhores cronistas da cidade de Manaus.
Bem haja, a figura imutável desse homem. Até outro dia camarada.
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