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Sábado, 27 Abril 2024

Crise econômica atinge pequenos e grandes estaleiros do Amazonas



MANAUS
- O setor naval do Amazonas começa a sentir os impactos gerados pela crise econômica e política do Brasil. Na capital, pelo menos 80 trabalhadores do segmento iniciaram a semana em regime de férias coletivas por tempo indeterminado por conta da redução na demanda de contratos registrada nos últimos meses. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Naval, Náutica, Offshore e Reparos do Amazonas (Sindnaval-AM), um dos maiores problemas está relacionado à restrição ao crédito aos estaleiros, fator que inibe a ocorrência de novos investimentos no Estado e ainda gera as obras clandestinas.
De acordo com o presidente do Sindnaval, Matheus Araújo, por falta de fechamento de novos contratos cerca de 80 funcionários do Juruá Estaleiros e Navegação estão de férias coletivas. Araújo comenta que os trabalhadores poderão retornar às atividades logo que a empresa receba demandas. “A empresa informou que os trabalhadores serão chamados para retornar às atividades assim que fecharem novos contratos. Sofremos com a falta de recursos que provêm dos financiamentos”, disse.Segundo o presidente, a área naval, assim como os demais segmentos no país, passa por um momento difícil com a redução expressiva de recursos que viabilizem o desenvolvimento de novos projetos e até mesmo a continuidade das obras que estão em andamento. Ele afirma que tanto os estaleiros de grande, como os de pequeno porte, sofrem com os impactos econômicos resultantes das mudanças econômicas impostas pelo governo federal nos últimos meses.
Araújo explica que as novas medidas econômicas dificultam o acesso ao crédito dos estaleiros junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), empresa financiadora dos projetos a serem desenvolvidos pelas empresas locais. Segundo o presidente, o banco, ao aprovar um projeto de uma obra, divide o orçamento em três etapas. A primeira, no valor de 20%, é liberada à fabricante para a compra dos materiais para o início das obras. Enquanto os 80% restantes são liberados mediante fiscalizações, que são chamadas de ‘medições’. Essas fases ocorrem conforme o andamento das obras e a solicitação do estaleiro. “Os 20% que recebemos são insuficientes para a aquisição do material. Além disso, a liberação das demais porcentagens só acontecem após uns três meses da realização das medições e isso é prejudicial porque ficamos sem recursos para continuar o trabalho”, reclama. 
“Temos que fazer mágica tirando o valor de um local para destinar a outro, caso contrário, temos que parar as atividades”, completa. Outra dificuldade relatada pelo presidente é que os clientes, que precisam construir uma embarcação, na tentativa de conseguir implementar seu projeto por um valor mais baixo do que o praticado pelo segmento, leva o projeto para uma área escondida, em municípios como Novo Airão, Tefé ou Coari, e contratam mão de obra barata para desenvolver o projeto. “Essas mudanças econômicas inibem o empresário a fazer novos investimentos.
Sofrem as grandes e as pequenas empresas porque o cliente vai para o interior buscar menores gastos. Quem reside nos municípios cobra bem menos do que o estaleiro que trabalha na formalidade. É uma crise generalizada”, reclama.
Sem demanda
O estaleiro SDC Reparos Navais, localizado no bairro Compensa, é outra empresa afetada pelo efeito ‘crise econômica’. O proprietário, Sandro Dias, conta que a empresa sofre o impacto da recessão econômica desde 2011. Na época, o estaleiro contava com um quadro funcional composto por 85 colaboradores. Ele afirma que hoje esse número se resume em 15 funcionários diretos e mais sete indiretos. Quanto às obras, há 4 anos o estaleiro contava com uma média anual de sete obras, das quais, duas eram construções e as demais se tratavam de reparos. “Tivemos uma queda de 50% na demanda de contratos, mas continuamos na luta. Durante os 11 anos de atividades conseguimos expandir a área de atuação do estaleiro, mas, tivemos redução nas obras”, afirma.

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