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Você conhece a história do Hino de Porto Velho? Letra enaltece a Madeira-Mamoré, operários e forja dos bravos pioneiros

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Hino de Porto Velho foi escrito pelo pesquisador Cláudio Feitosa em 1983. Foto: Leandro Morais/Secom RO

Na margem direita do rio Madeira, Porto Velho (RO) é um município de encantos, de muita história, de um caldeirão cultural e com um povo trabalhador. Através do suor de muitos operários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), a cidade foi criada em 1914.

Além da ferrovia, pioneiros e construções antigas, se destaca também o hino do município, escrito por Cláudio Batista Feitosa, membro da Academia de Letras de Rondônia. Reconhecido por sua contribuição à literatura e à cultura local, Feitosa criou a letra e a música do hino, que expressam valores de orgulho, identidade e pertencimento da população da capital.

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A obra foi escolhida entre 12 projetos apresentados e foi oficializada no dia 11 de outubro de 1983, por meio da Lei Municipal nº 249, assinada pelo então prefeito Sebastião Assef Valadares, tornando-se um símbolo permanente da história e da memória de Porto Velho.

O hino oficial é um dos símbolos mais representativos de uma cidade, expressando sua identidade, história e valores. Ele desempenha um papel importante em cerimônias cívicas e eventos locais, conectando os cidadãos à sua identidade.

De acordo com o historiador, Aleks Palitot, além do hino, em 1983 também foram criados outros símbolos: a bandeira e o brasão do município. A letra e a melodia buscam capturar a essência de Porto Velho, desde sua beleza natural, com seu patrimônio histórico, até o espírito de seu povo.

Leia também: Saiba qual a história de cada hino dos Estados da Amazônia Legal

“O simbolismo do hino é significativo e profundo. A interpretação do autor, Cláudio Batista Feitosa, canta ‘No eldorado uma gema brilha / em meio à natureza, imortal / Porto Velho, cidade Ocidental’ – justamente no Eldorado e assim como é considerado o Estado, a cidade é privilegiada por concentrar todo um sistema de vias de transportes quadrantes, os interesses econômicos de Rondônia e de outras unidades da Federação”, disse Aleks Palitot.

“Nascente ao calor das oficinas/
Do parque da Madeira-Mamoré/
Pela forja dos bravos pioneiros/
Imbuídos de coragem e de fé ” (trecho do hino).

hino de porto velho é inspirado na construção da cidade
Foto: Wesley Pontes

Segundo o historiador, se as duas primeiras estrofes enaltecem a importância da situação geográfica de Porto Velho no concerto da Amazônia Ocidental, a terceira enfoca a sua origem, as suas raízes, alimentadas pela coragem, pela tenacidade e pela fé dos bravos pioneiros, de quantas bandeiras, que vieram construir a Estrada de Ferro Madeira- Mamoré, no alvorecer deste século. Porto Velho, a cidade, nasceu realmente ao calor das oficinas da lendária ferrovia marco indelével do progresso e do desenvolvimento desta região do alto Madeira.

Última estrofe, idêntica à primeira, enfatiza a imagem da gema da joia preciosa que é Porto Velho“A última estrofe, idêntica à primeira, enfatiza a imagem da gema da joia preciosa que é Porto Velho, que deve continuar brilhando, singela, nos ideais e nas vozes da juventude do nosso Município responsável pela preservação da nossa memória. A música é extremamente simples. Com apenas duas variedades propositadamente para facilitar a memorização das estrofes cujas palavras podem ser articuladas por completo, com indisfarçável facilidade, dispensados quaisquer artifícios”, finaliza Palitot.

Assim, o hino de Porto Velho é mais do que uma simples canção. É principalmente um símbolo enraizado na origem e na história da capital rondoniense. Ele continua a ser executado como um lembrete da história, da construção da ferrovia e dos bravos pioneiros, e de um município que é orgulho da Amazônia Ocidental.

Conheça o hino completo:

*Com informações da Prefeitura de Porto Velho

Amazônia, o mega desafio de produzir-preservar-desenvolver

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Foto: Divulgação/Sepror AM

Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com

Para a geógrafa e amazonóloga Bertha Becker o desafio do desenvolvimento da Amazônia pressupõe implementar modelo que utilize o patrimônio natural sem destruí-lo, atribuindo valor econômico à floresta a partir de uma constatação elementar: o Brasil, no século XX, viveu quatro revoluções tecnológicas seminais: a criação da Petrobrás, em 1953; da Embraer, em 1969; da Embrapa, 1973, e a instituição do Proálcool, em 1975.

Segundo Becker, a quinta revolução tecnológica brasileira será a da Amazônia. O desafio, por conseguinte, é nosso, de mais ninguém. O caminho tem como base o estímulo ao uso “do fator biodiversidade como elemento estratégico de desenvolvimento regional”, enfatiza. Com efeito, o foco deve ser, ao que Becker defende, “colaborar com o planejamento do espaço rural, com vistas a equilibrar produção com conservação, voltado à sustentabilidade ambiental”.

Samuel Benchimol, desde o início dos anos 1970, por meio de sua extensa obra, já se opunha à tese da planetarização, ou internacionalização da região, que alguns chefes de Estado tentaram fazer ressurgir na reunião de cúpula do G7, realizada em Biarritz, França, em agosto de 2019. Para Benchimol, cujas teses desenvolvimentistas impactou o mundo”a esse desafio planetário vamos responder, com vontade política e as armas da ciência e da tecnologia, vamos ocupar e desenvolver a Amazônia, sem poluir e sem alçar o deserto, mas não nos deixamos intimidar pelo medo do desconhecido. Somos, afinal, um país de bandeiras e pioneiros que aprendeu desde cedo a enfrentar distâncias, a vencer dificuldades, a resistir ao sofrimento e a seguir generosos na vitória”.

Chovem ofertas de recursos de diversas origens para ajudar a Amazônia no combate a incêndios e desmatamentos. Ou são valores apenas simbólicos, ou, quando expressivos, apenas prometidos e não honrados.

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O Acordo de Paris-2015 teve por meta reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que contribuem de maneira significativa para o aumento da temperatura do planeta. No que respeita a recursos financeiros para enfrentar esses foram propostos investimentos, por países desenvolvidos, de 100 bilhões de dólares (por ano) aplicáveis em medidas de combate à mudança do clima e políticas sustentáveis por países em desenvolvimento, ao abrigo da “cooperação Sul-Sul”. Nenhum centavo foi liberado até hoje. Atenção COP30.

Seria razoável convergir pensamentos e ações sobre o foco central da questão. Ajudas oferecidas no varejo, em geral insignificantes, para combate a incêndios, em quase nada contribuem para a contenção de queimadas e desmatamentos. O problema é mais complexo. O que defato ajudaria, eficaz e eficientemente: os países do G7 unirem forças ao Brasil na constituição de “um capital inicial” de 1 a 2 bilhões de dólares destinados ao financiamento de projetos de desenvolvimento não apenas na áreas constituída pelo “arco do fogo” mas em todo o complexo amazônico com vocações econômicas mebsuradas, especialmente nas macrorregiões com potenciais de crescimento multi setoriais definidos.

Ao contrário de ações paliativas, inquestionavelmente só o desenvolvimento econômico e social trará estabilidade geopolítica e garantia de preservação ambiental da região. O novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm, 2023-2027), lançado em junho de 2022, é apenas restritivo e ameaçador. Atendendo a conveniências internacionais e sob pressão de ONGs estrangeiras, contrárias ao trinômio produção-preservação-crescimento econômico, a busca do “desmatamento zero” ignora solenemente os anseios de uma população de 30 milhões de habitantes que clama por crescimento econômico, educação de qualidade e bem estar social. Ao contrário do que seria razoável, o Plano não oferece alternativas nem soluciona problemas graves como os referentes à regularização fundiária, ao Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) e às vocações econômicas da região.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Piquiá: fruto é um dos tesouros escondidos da Amazônia

Foto: Reprodução/ Instagram-@Tom_marinhochef

O piquiá (Caryocar villosum) é um fruto nativo da floresta amazônica que, apesar de ser pouco explorado como o açaí e o buriti, quando comparado a outros frutos, pode ser considerado um fruto tropical escondido na biodiversidade amazônica.

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As árvores onde nascem os piquiás podem chegar a atingir 50 metros de altura e 2,5 metros de diâmetro, considerada uma árvore de grande porte.

A casca do piquiá é espessa e responsável por 76% do peso do fruto, enquanto a polpa só representa cerca de 10%. Além disso, as funcionalidades do fruto vão desde a culinária até a produção de móveis, mesmo que a cada 1 tonelada processada, quase 900 quilos sejam descartados em resíduos. 

Leia também: Livro gratuito destaca piquiá da Amazônia e suas aplicações biotecnológicas

livro reúne informações sobre o piquiá da amazonia

Propriedades nutritivas 

Apesar da pouca polpa aproveitável, ela é extremamente nutritiva, pois possui proteínas, fibras e alto teor de lipídios. Além de ser fonte de minerais como cálcio, magnésio, fósforo, ferro, selênio e vitaminas C, E e A.

Além disso, o fruto também apresenta uma grande quantidade de ácidos graxos, como o ácido oleico (o mesmo encontrado no azeite de oliva), que contribui para a redução do colesterol ruim e a proteção do coração.

Funcionalidades do piquiá 

O fruto é bastante versátil já que o óleo extraído da polpa e da amêndoa pode ser aproveitado também na produção de sabonetes, cremes hidratantes, cosméticos e até na conservação de alimentos.

Já a casca, por sua resistência, pode ser utilizada na produção de farinhas, enquanto a madeira da árvore tem sido usada no ecodesign de móveis.

Mesa de centro feita com piquiá
Mesa de centro feita com piquiá. Foto: : Juliana Mendes de Oliveira

Cerrado x Amazônia 

Embora o pequi do Cerrado seja mais conhecido nacionalmente, o piquiá da Amazônia compartilha o mesmo gênero botânico e muitas propriedades semelhantes. A grande diferença está no tamanho do fruto e na proporção da polpa, o que torna o piquiá mais aproveitável. 

Piquiá, um fruto curioso 

A polpa do piquiá só pode ser consumida depois de cozida ou assada. Além disso, depois da polpa, o fruto possui espinhos que devem ser retirados na hora de comer. 

A árvore tem dificuldade de nascer e crescer na floresta, pois suas mudas não se dão bem na sombra. No entanto, nas áreas onde a árvore consegue crescer, suas flores costumam atrair diversas espécies de caça, como a paca, cutia, veado e tatu.

A casca do fruto é rica em tanino e substitui a noz de galha na preparação da tinta para escrever, para tingir rede de dormir e fio. No entanto, o óleo da amêndoa pode ser usado para cozinhar, fazer sabão, perfumes, cosméticos e até biodiesel.

Leia também: Programa lança 5 cartilhas sobre cadeias de valor que incluem a região amazônica

pequiás
Foto: Reprodução/ Facebook- Rema-Feira de Orgânicos

Cada piquiá pode pesar de 250 g a mais de 700 g, maiores que o do Cerrado. Apesar disso, o fruto geralmente possui poucos caroços, de 1 a 2 pirênios (caroços internos), recobertos de polpa amarela e oleosa. A casca e os caroços, que seriam descartados, podem ser aproveitados na alimentação de bovinos e suínos.

Além disso, a madeira também pode ser aproveitada nas construções civil e naval, e nas comunidades rurais essa árvore também é a escolhida para fazer canoas e, muitas vezes, tem sido derrubada nas áreas ao longo dos rios, devido ser compacta, pesada, não se decompor facilmente, além de possuir alta qualidade.

*Com informações da Universidade Federal do Oeste do Pará

Após fiscalização, MPF e ANM identificam riscos de rompimento em barragens de Rondônia

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Foto: Reprodução/MPF

O Ministério Público Federal (MPF) realizou uma inspeção nas barragens Jacaré Inferior e Jacaré Superior, localizadas no distrito de Bom Futuro, em Ariquemes, Rondônia. A diligência ocorreu em 10 e 11 de setembro e contou com a participação de servidores da Agência Nacional de Mineração (ANM), engenheiros das cooperativas Coopersanta e Coopermetal, além de agentes da Polícia Federal e de apoio da polícia institucional do Ministério Público da União (MPU).

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A fiscalização, que ocorreu no âmbito de inquéritos civis que apuram a segurança de estruturas de rejeitos da mineração de cassiterita na região, identificou uma fragilidade no talude da barragem Jacaré Superior.

Devido à proximidade com um canal criado por garimpeiros nos primórdios da exploração mineral, foi apontado risco de desmoronamento em períodos de chuvas intensas, o que levou a ANM a recomendar a realização de um novo desvio do rio, mediante estudos técnicos e aprovação ambiental.

Leia também: Estudos apontam principais impactos causados por barragens na Amazônia

O relatório também ressalta a ausência de um sistema de videomonitoramento nas estruturas, algo já exigido em fiscalizações anteriores. Embora as cooperativas tenham alegado o risco de furto dos equipamentos, o MPF e a ANM reforçaram a importância do monitoramento para a prevenção de acidentes e a proteção integral ao meio ambiente, incluindo fauna, flora e recursos hídricos.

Relatório do MPF também aponta vulnerabilidade social

Outro ponto destacado foi a vulnerabilidade social do distrito de Bom Futuro, cuja população depende quase exclusivamente da mineração, em meio a condições precárias de vida. O MPF ressaltou que a análise das informações coletadas será essencial para a adoção de eventuais medidas institucionais.

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Durante a reunião com os dirigentes, o MPF e a ANM advertiram que a solicitação das cooperativas para reduzir o grau de risco das barragens, ou Dano Potencial Associado (DPA), não havia sido aprovada e não justificaria o descumprimento das obrigações de segurança.

Para garantir o acompanhamento das ações e a segurança das estruturas, o MPF requisitou à Superintendência de Fiscalização de Barragens da ANM o envio, no prazo de 30 dias, da íntegra do material produzido durante as inspeções nas barragens Jacaré Superior e Jacaré Inferior, incluindo relatórios, audiovisual, autos de infração, pareceres e demais documentos.

*Com informações do MPF

Final do concurso da Mangueira terá sambas de compositores do Amapá

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Quatro obras do Amapá sobre o Mestre Sacaca disputam final da seletiva na Mangueira. Foto: Divulgação/GEA

Quatro sambas de enredo com participação de compositores do Amapá estão na final do concurso que vai definir o hino oficial da Estação Primeira de Mangueira para o desfile na Sapucaí em 2026. A seleção aconteceu neste sábado (20), no Rio de Janeiro.

Leia também: Mangueira promove concurso de samba-enredo no Amapá para carnaval do Rio de Janeiro em 2026

Os sambas de número 103 e 105 já haviam conquistado vaga na etapa estadual. Agora, os sambas 11 e 15 se juntam à disputa final, que será realizada no sábado (27).

O samba 103 é assinado por Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antonio Neto, Clóvis Júnior e Marcelo Zona Sul. Já o 105 tem como autores Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila Lopes, Silmara Lobato e Bruno Costa.

O samba 11 foi composto por Wendel Uchoa, Alexandre Naval, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço. O de número 15 tem autoria de Joãozinho Gomes, Pedro Terra, Tomaz Miranda, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal.

Todos os quatro sambas finalistas contam com participação de compositores amapaenses. O governador Clécio Luís celebrou o momento:

“O extraordinário aconteceu — e aconteceu através da poesia, da arte, da música, do samba, do Amapá, da Amazônia negra amapaense. Os quatro sambas que vão para a final são de amapaenses […] isso é inédito. Viva a Estação Primeira de Mangueira, viva o Amapá, viva a Amazônia negra”.

Amapá na Sapucaí

O amapaense Raimundo dos Santos Souza, o “mestre Sacaca”, será homenageado no enredo da Mangueira no carnaval de 2026. O tema escolhido é: ‘Mestre Sacaca do encanto Tucuju – o Guardião da Amazônia Negra’.

Leia também: Mestre Sacaca, do Amapá, vai ser enredo da Mangueira no Carnaval de 2026

Veja os sambas na íntegra:

Samba 11 – Compositores: Alexandre Naval, Wendel Uchoa, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço

Ao ecoar o som do maracá
Meu jequitibá é ritual de fé
Awê Turé! Awê Turé!
A flauta anuncia o transe do pajé
Karipuna já dançou Wajãpi no chão bradou
Tawari anuviou sereno

Mestre Sacaca é ensinamento
Na beira do rio Guardou o balanço da maré
Na pororoca carregado de axé

Sobe o Jari, seu moço … Ê canoeiro!
Se não corre em furo d’água
Não se mete com banzeiro
Na palafita amparada de palmeiras
Deixa um presente à Estação Primeira

Folha seca pra benzer na moleira
Faz a reza Tucuju Se manifesta pra criança se curar
Ê sumano vá buscar Garrafada pra menina
Na fervura sete dias … sete noites ao luar!

Foi na encruzilhada que se formou
No encontro dos igarapés
Quilombo vivo assentado em nossos pés
Sob a raiz do Amapá
Giram matriarcas puxando o vento

Pro divino anunciar Macacaueiro em pele de sucuriju
No tronco oco ressoou o meu tambor!
Canta! No terreiro oração se dança!
No toque de caixa ligeiro

A bandaia se faz entender Samba!
No Laguinho, rei sentinela
Com os crias da favela
A floresta vai vencer!

Xamã Babalaô! Guardião do meu Ilê!
Rompe mato e faz tremer aldeia
Caboclo Preto Velho Verde e Rosa é meu sagrado
Toca o Marabaixo, Mangueira!

Samba 15 – Compositores: Pedro Terra, Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, Paulo César Feital, Herval Neto, Igor Leal

Finquei minha raiz
No extremo norte onde começa o meu país
As folhas secas me guiaram ao turé
Pintada em verde-e-rosa, jenipapo e urucum

Árvore-mulher, mangueira quase centenária
Uma nação incorporada
Herdeira quilombola, descendente palikur
Regateando o Amazonas no transe do caxixi
Corre água, jorra a vida do Oiapoque ao Jari

Çai erê, babalaô, mestre sacaca
Te invoco do meio do mundo pra dentro da mata
Salve o curandeiro, doutor da floresta

Preto velho, saravá
Macera folha, casca e erva
Engarrafa a cura, vem alumiar
Defuma folha, casca e erva… saravá
Negro na marcação do marabaixo

Firma o corpo no compasso
Com ladrões e ladainhas que ecoam dos porões
Ergo e consagro o meu manto
Às bençãos do Espírito Santo e São José de 
Macapá
Sou gira, batuque e dançadeira (areia)

A mão de couro do amassador (areia)
Encantaria de benzedeira que a amazônia negra eternizou
No barro, fruto e madeira, história viva de pé
Quilombo, favela e aldeia na fé

De Yá, benedita de oliveira, mãe do morro de mangueira
Ouça o canto do uirapuru
Yá, benedita de oliveira, benze o morro de mangueira
E abençoe o jeito tucuju
A magia do meu tambor te encantou no jequitibá
Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá
Na Estação Primeira do Amapá

Leia também: Conheça os sambas-enredo que vão representar o Amapá na final de seletiva da Mangueira

Samba 103 – Compositores: Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antonio Neto, Clóvis Júnior e Marcelo Zona Sul

Sacaca, escutei uma voz.
Era você. No meio de nós,
eu sou Mangueira. Na magia da floresta
a sabedoria que respeita a terra.
O vento sopra, o transe do pajé rompe a meia-noite.
É ritual. Ture, fumaça de tawari.
O xamã Babalaô, num gole de kaxixi, encantos revelou.
Maré me leva nas águas do Curipi,
de quem sempre esteve aqui: Waiapis e Caripunas pelo Jari, esperança em cada olhar.
Ribeirinho nunca deixa de sonhar entre os furos e buritis.

Risca o amapazeiro, põe a seiva na cachaça.
Cura o corpo, curandeiro. Benzedeira cura a alma!
Preto-velho “engarrafou” riquezas naturais.
“Caboco”, não se esqueça dos saberes ancestrais!

Bebericando gengibirra com o mestre,
“Mar abaixo”, “mar acima”, a gente segue.
Saia florida, “Sá Dona”, no Curiaú,
a fé “encruza” no “Em Canto” Tucujú.

“É de manhã, é de madrugada”,
“É de manhã, é de madrugada”,
couro de sucurijú no batuque envolvente.
Quilombola da Amazônia jamais se rende!

Eu vi… em cada oração, o corpo arrepiar,
bandeiras vibrando à luz do luar.
Tambores se encontram cantando em louvor.
Senti os sabores, aromas e cores
nas mãos que moldam nossos valores.
“Meu preto”, da mata és o griô!

Ajuremou, deixa a Juremar.
O samba é verde e rosa e guia meu caminhar.
Ajuremou, deixa Ajuremar.
Cuidado, chegou Mangueira, na ginga do Amapá.

Samba 105 – Francisco Lino e Parceria – Compositores: Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila Lopes, Silmara Lobato e Bruno Costa.

Turé…
Quem invocou o ritual?
Eu trago a força ancestral
Do Povo da floresta
Banzeiro de memórias
Navegam as histórias
Onde meu país começa
Remei, Remei a maré me levou
Pra revelar o que não vês a olho nu
Todo encanto Tucuju

Tem mandinga verde-rosa
Na Estação Primeira
Mangueira vem sambar
Benzi tua bandeira
Nesse Rio caudaloso de fé
Desce o morro banhada de axé

Contra todo o mal tem garrafada
Ervas e Flores pra dores curar
Tiro quebranto nas mãos sagradas
Lição de Preto Velho, Saravá!
Xamã, Doutor, Guardião, Babalaô
Saberes vibrando no tambor
Tem Marabaixo no “Encontro” ao luar…
Encantado folião na passarela
Coroado Rei do Laguinho à Favela

Mangueira chamou: “Sacaca!”
Minha voz ecoou na mata!
O meio do mundo é a nossa aldeia
Incorporou! A Amazônia é negra!

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônica AP

Festa do Pari: tradição e cultura ribeirinha na Barra do Pari, em Cuiabá

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A comunidade Barra do Pari é conhecida pela sua profunda relação dos moradores com o rio. Foto: Divulgação

A Barra do Pari é uma das comunidades mais tradicionais de Cuiabá e remonta a 1880, quando o padre Ernesto Barreto adquiriu uma faixa de terras no alto do rio Cuiabá, dando origem à comunidade e à famosa lenda do Minhocão do Pari.

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A comunidade é conhecida pela sua profunda relação dos moradores com o rio, relação esta que molda tanto sua cultura quanto sua economia da região. O nome do lugar vêm da confluência do Córrego do Pari com o Rio Cuiabá, um ponto estratégico que historicamente sustenta a pesca artesanal, atividade essencial para os moradores.

A Barra do Pari é uma das comunidades mais tradicionais de Cuiabá e remonta a 1880. Foto: Divulgação

Localizada entre os bairros Santa Isabel e Santa Amália, a região preserva um jeito interiorano, marcado pela simplicidade, pela boa gastronomia e por histórias que atravessam gerações. Entre elas está a lenda do “Minhocão do Pari”, um ser mítico que, segundo os moradores mais antigos, habitava as águas do rio e até hoje faz parte do imaginário local.

Além do Minhocão, outras lendas também compõem o repertório cultural da comunidade, como a da sucuri que vivia em uma lagoa próxima e a do negrinho que surgia nas pedras do rio. Esses relatos foram eternizados na música Saranzeiro Velho, do compositor pantaneiro Guapo, reforçando o elo entre memória e cultura popular.

Lenda do ‘Minhocão’

O ‘Minhocão’ era um ser temido por pescadores que acreditavam que ele morava nas profundezas do Rio Cuiabá. Era temido pelos moradores da região porque se tratava, na verdade, de uma cobra gigante que vivia nas profundezas do rio  e virava os barcos em busca de alimentos, muitas vezes devorando os pescadores.

A Lenda do ‘Minhocão’ faz parte do imaginário popular da região da Barra do Pari. Imagem: Reprodução/Prefeitura de Várzea Grande (MT)

Saiba mais: Lenda do ‘Minhocão’, o terror dos pescadores no Rio Cuiabá

Moradores de bairros tradicionais, ainda contam que o Minhocão do Pari só desapareceu da região quando houve uma grande enchente, em 1974. Aos que acreditam na lenda, após a enchente, o minhocão ficou preso debaixo da igreja matriz da capital de Mato Grosso pelos fios de cabelo de Nossa Senhora. Por isso, é proibido reformar ou restaurar a igreja, para não libertá-lo.

A festa

A comunidade da Barra do Pari espera a cada ano mais conhecimento da população cuiabana, como um reduto cultural e histórico da Capital.

Em 2025, a comunidade da Barra do Pari, em Cuiabá, celebrou a tradição e a cultura ribeirinha na primeira edição da “Festa do Pari”, que ocorreu dia 19 de setembro. Com entrada gratuita e aberta ao público, o evento contou com o patrocínio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), via emenda parlamentar.

A programação é realizada na praça em frente à Igreja de São Benedito, espaço tradicional para os moradores da região.  O Campo Estrela, tradicional ponto de encontro dos moradores, foi um dos espaços de destaque da Festa, com atividades culturais e esportivas. 

E além das tradições, o evento conta com feira gastronômica com pratos regionais, exposição de artesanato, apresentações culturais e shows musicais.

*Com informações do Governo de Mato Grosso

Virada Cultural Amazônia de Pé mobiliza sociedade para proteger bioma

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Foto: Divulgação/Amazônia de Pé

A 4ª edição da Virada Cultural Amazônia de Pé será realizada de 19 a 21 de setembro, em todo o Brasil, com mobilizações que antecedem em 50 dias a COP 30, em Belém (PA). O movimento busca chamar atenção para a proteção de 50 milhões de hectares de Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs), consideradas essenciais no combate à crise climática.

Leia também: Entenda o que são as florestas públicas não destinadas

As ações vão ocorrer nas cinco regiões do país, unindo artistas, ativistas e sociedade civil organizada sob o lema: “50 dias para a COP, 50 milhões de hectares a serem protegidos”. O movimento também enviará ofícios aos governadores da Amazônia Legal solicitando audiências para apresentar propostas de gestão das florestas.

“Desde o começo do Amazônia de Pé, o nosso grande objetivo é fazer com que na Amazônia, a produção do bioma e dos povos que vivem nela, não fosse um assunto regional, que acabasse por aqui. Que expandisse as fronteiras e fizesse esse chamado de comprometimento coletivo de lutar por esse território”, disse Catarina Nefertari, Gestora de Comunicação e Mobilização da Amazônia de Pé.

Virada Cultural Amazônia de Pé mobiliza sociedade para proteger bioma. Foto: Divulgação/Amazônia de Pé
Virada Cultural Amazônia de Pé mobiliza sociedade para proteger bioma. Foto: Divulgação/Amazônia de Pé

“Proteger a Amazônia é uma das maiores contribuições que o Brasil pode fazer pelo futuro do planeta. Esse território contribui muito para a justiça climática e o balanço climático do mundo”.

Programação da Virada

Em Belém, cidade-sede da COP 30, estão previstas 64 atividades, incluindo oficinas de remédios naturais, cineclubes, rodas de conversa e apresentações culturais. 

A chef indígena Tainá Marajoara lidera um manifesto em defesa da cultura alimentar amazônica, enquanto coletivos como o Chibé promovem debates sobre mudanças climáticas em feiras e espaços públicos.

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No Sudeste e Sul, a programação inclui a Feira Onça, em Magé (RJ), que reúne economia popular e debate climático, e atividades em Porto Alegre (RS), onde o coletivo SOS Floresta do Sabará atua na defesa de áreas de Mata Atlântica remanescentes após as enchentes de 2024.

O movimento também articula o Projeto de Lei de Iniciativa Popular Amazônia de Pé, que já reuniu mais de 300 mil assinaturas físicas e precisa alcançar 1,5 milhão para começar a tramitar no Congresso. A proposta busca dar destinação legal às FPNDs, alvo frequente de desmatamento, queimadas, grilagem e garimpo.

“As áreas destinadas para povos indígenas e quilombolas são as que menos têm incidência de crimes ambientais. Se a gente quer que o Brasil continue caminhando para um desenvolvimento econômico e social, promovendo justiça social, precisa destinar essas florestas para quem sempre as protegeu. E, assim, garantir que esse bem que é de todos fique de pé e continue por gerações promovendo uma vida melhor para todos”, disse Catarina.

Dados recentes do Observatório das Florestas Públicas mostram que, entre janeiro e julho de 2025, 262,5 mil hectares foram desmatados na Amazônia, 25% deles em FPNDs. No mesmo período, 59,7 mil hectares dessas áreas foram atingidos por queimadas – três quartos em terras federais. O Pará concentrou 59% das áreas destruídas pelo fogo.

De acordo com especialistas, as FPNDs podem armazenar até 5 bilhões de toneladas de carbono. Se destruídas, podem liberar 19 bilhões de toneladas de CO₂, o equivalente a 51% das emissões globais estimadas para 2024.

Para a gestora de Comunicação e Mobilização da Amazônia de Pé, engajar a sociedade a proteger a Amazônia é inspirar o ativismo mais amplo em defesa de todos os biomas do país.

“Eu quero a Amazônia de pé, mas eu também quero a Caatinga de pé, o Cerrado de pé. Entender essa interdependência entre os biomas é fundamental. Assim como eles estão super conectados, nós seres humanos também estamos com a natureza. Muitas pessoas que se aproximaram do movimento, conseguiram entender melhor o seu próprio território e conseguiram também se conectar com o seu chão, retomar sua ancestralidade, retomar a sua cultura”, disse Catarina.

*Com informações da Agência Brasil

Comissão de Infraestrutura vota plano de conservação e navegabilidade da Amazônia

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O plano terá ações como dragagem, manejo integrado e sinalização das vias interiores. Foto: Cadu Gomes/VPR

A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado agendou reunião para terça-feira (23), a partir das 9h, para votar sete itens. Entre eles, está o projeto que cria o Plano Rios Livres da Amazônia, com ações para promover a conservação e garantir a navegabilidade dos rios da região (PL 4.199/2024). O presidente da CI é o senador Marcos Rogério (PL-RO).

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Apresentada pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC), a proposta que será votada pela Comissão busca soluções para que o desenvolvimento socioeconômico ocorra junto com a preservação dos recursos hídricos da Amazônia Legal, onde os rios servem fundamentais para a mobilidade e a atividade econômica há centenas de anos.

O plano terá ações como dragagem, manejo integrado e sinalização das vias interiores. Entre as diretrizes estão a cooperação federativa entre União, estados e municípios, a redução da poluição dos rios e o incentivo à educação ambiental e à pesquisa tecnológica para soluções inovadoras no transporte hidroviário. 

A governança, segundo o projeto, será descentralizada, com participação de comitês gestores, comitês de bacias hidrográficas e órgãos públicos federais, estaduais e municipais. O relator é o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), cujo voto é favorável ao projeto, sem modificações. O projeto seguirá para análise da Comissão de Meio Ambiente (CMA).

comissão de infraestrutura votará projeto sobre navegabilidade na amazônia
Foto: Adriano Gambarini/WWF Brasil

Comissão também vota ações durante calamidades

Também deve ser votado o PL 124/2022, que impede o corte de água e luz por falta de pagamento durante calamidades públicas. Também anula multas e juros e flexibiliza o pagamento das contas de luz, água e esgoto durante período de calamidade pública causado por desastre natural ou emergência climática. O autor é o deputado Júlio Delgado.

O relator na Comissão, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), votou favoravelmente à proposta, sem alterações. Ele explica que o projeto beneficiará consumidores diretamente atingidos por calamidade pública com a manutenção do acesso contínuo a serviços essenciais.

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“A suspensão de encargos extraordinários, como as bandeiras tarifárias e a vedação da interrupção do fornecimento por inadimplência, no período de vigência do estado de calamidade, não configuram mera concessão graciosa, mas resposta legislativa adequada a circunstâncias em que a vulnerabilidade econômica se soma à desestruturação social e ambiental. Nesse sentido, a medida legislativa assegura que famílias impactadas possam concentrar seus parcos recursos em necessidades emergenciais, contribuindo para a redução da exclusão social e para a proteção de grupos já expostos a riscos intensificados”, afirma Heinze.

A matéria será votada também pelas Comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Assuntos Econômicos (CAE). 

*Com informações da Agência Senado

Primeiro Teatro Municipal de Macapá promete ampliar acesso à arte e cultura

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Foto: Crystofher Andrade/Rede Amazônica AP

O Teatro Municipal Fernando Canto foi inaugurado, no dia 19 de setembro, no Centro de Macapá (AP). A prefeitura informou que o espaço será usado para desenvolver projetos artísticos e ampliar o acesso da população à cultura e às artes.

A obra custou mais de R$ 15 milhões e tem capacidade para 358 pessoas, mezanino, área de espera, arquibancada e estacionamento.

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O design do teatro remete às ondas do Rio Amazonas, enquanto a fachada, em formato de canoa, celebra as comunidades tradicionais do Amapá. O espaço será dedicado a espetáculos, literatura e outras manifestações culturais amapaenses.

O prefeito de Macapá, Dr. Furlan, celebrou a entrega do primeiro Teatro Municipal da capital amapaense, destacando o impacto cultural da obra.

“É um teatro moderno, privelegia a acústica, e que, com certeza, vai receber toda a nossa cultura macapaense. Os artistas pediam há muitos anos e hoje teve esse pedido atendido. É uma obra de arte no Centro da capital”, afirmou.

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Primeiro Teatro Municipal de Macapá
Foto: Crystofher Andrade/Rede Amazônica AP

Legado do teatro

O novo espaço cultural homenageia o escritor e artista Fernando Canto, referência na literatura e na música amapaense.

Nascido em Óbidos (PA), em 1954, presidiu a Academia Amapaense de Letras, integrou o Conselho Editorial do Senado Federal, foi membro da Academia Artística e Literária de Óbidos e fundou o Grupo Pilão. Ao longo da carreira, publicou mais de 18 obras.

Sônia Canto, viúva de Fernando Canto, se emocionou ao lembrar do legado deixado pelo escritor e professor, agora homenageado com o nome do novo teatro municipal.

“Meu marido era um ser multifacetado e o teatro era uma das grandes paixões dele. É com muita gratidão, satisfação e honra que recebemos essa homenagem. Recebemos essa possibilidade e a oportunidade de colocar o nome dele nesse espaço tão lindo e grandioso”, comentou.

Significado

Para a classe artística local, o novo teatro marca um novo momento para a cena cultural de Macapá. A escritora Mary Paes destacou a importância do espaço para a cultura. Para ela, esses ambientes representam um ponto de encontro da identidade amapaense.

“É como uma casa que abriga toda a arte e a cultura macapaense. Particularmente representa um espaço de acolhimento e prestígio para as nossas artes, espetáculos, literatura e nossas vivências”, comentou.

*Por Crystofher Andrade, estagiário sob supervisão do editor Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

Fazendeiro é condenado a recuperar área desmatada no Amazonas equivalente a 230 campos de futebol

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Imagem aérea de sobrevoo de monitoramento de desmatamento na Amazônia no município de Lábrea, Amazonas, realizado em 26 de março de 2022. Foto: Reprodução/Greenpeace

A Justiça do Amazonas condenou um fazendeiro por desmatar 166 hectares de floresta, no município de Lábrea, equivalente a cerca de 230 campos de futebol. A decisão, assinada pelo juiz Michael Matos de Araújo, foi publicada no dia 18 de setembro.

A ação foi movida pelo Ministério Público, que comprovou, com base em documentos do Ibama, a derrubada da vegetação em uma fazenda às margens da BR-317.

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O magistrado destacou que a responsabilidade por danos ambientais é integral, ou seja, quem causa a destruição deve reparar os prejuízos independentemente de intenção ou culpa.

Segundo ele, o caso evidenciou dois pontos: a ocorrência do dano ambiental e a ligação direta entre a atividade do fazendeiro e a degradação registrada.

Com a sentença, o fazendeiro deverá interromper a degradação em até 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, que pode se estender por até cem dias.

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Ele também precisará apresentar, aprovar e executar em 60 dias um plano de recuperação da área degradada, que será acompanhado para garantir a restauração total da floresta. O descumprimento do prazo acarretará multa mensal de 1% sobre o valor da causa.

Além da obrigação de restaurar o meio ambiente, o réu foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais coletivos, valor que será destinado a projetos ambientais, e R$ 1,7 milhão por danos materiais, calculado com base no tamanho da área destruída.