Caverna na Amazônia. Foto: Felipe Borges
Buscando revelar as espécies que compõe a as riquezas subterrâneas do Brasil, pesquisadores desenvolveram um mapa de áreas prioritárias para realização de inventários de morcegos, peixes e invertebrados restritos aos ambientes cavernícolas. A iniciativa faz parte do Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro (PAN Cavernas do Brasil) e está relacionada a um outro trabalho, que identificou quais regiões no país possuem potencial para descoberta de novas cavernas.
Entre os estados da Amazônia citados no estudo estão o Pará, o Amapá, o Tocantins e o Mato Grosso.
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“Neste estudo, foram consideradas as lacunas de inventário biológico, ou seja, as regiões onde a informação sobre a presença de espécies é escassa ou inexistente. Para identificar essas áreas, mapeou-se os locais onde já existem registros e, em seguida, comparou-se esses dados com a área total de estudo e identificamos as regiões que ainda não foram amostradas. Este trabalho partiu de duas fontes de informação principais: as áreas prioritárias para prospecção espeleológica e a lista de espécies ameaçadas contempladas no PAN Cavernas do Brasil”, afirmou o analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas e um dos autores desse projeto, Tiago Silva.
Essa ação também contou com a participação do professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Enrico Bernard, e do professor do Centro de Estudos de Biologia Subterrânea da Universidade Federal de Lavras (UFLA),Rodrigo Lopes Ferreira. Acesse o relatório AQUI.
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Resultados atingidos
Entre as informações, foi identificada uma maior concentração de registros de invertebrados no quadrilátero ferrífero em Minas Gerais, estendendo-se na direção norte, passando pela região do vale do rio Peruaçu, até o sudoeste da Bahia. A região de Carajás, no Pará, o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR) e a região de divisa de São Paulo com Paraná são outros núcleos que se sobressaem.

Em relação aos peixes, foi identificada maior ocorrência em três núcleos principais: na região central da Bahia, no sudoeste da Bahia e na região do vale do rio Peruaçu.
Já as regiões que mais se destacam em densidade de pontos de ocorrência de morcegos são: vale do rio Peruaçu, no norte de Minas Gerais, na região central de Minas Gerais e na região do PETAR em São Paulo.
Tiago Silva explica que “de maneira geral observa-se que há uma grande concentração de registros de ocorrência no eixo São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Mas, principalmente em Minas Gerais, o que pode ser explicado pelo alto número de cavernas cadastradas (mais de 10mil). O Outro motivo para o resultado é a tendência de concentração de esforço amostral em áreas que têm acesso mais fácil por rodovias e estão mais próximas dos grandes núcleos acadêmicos das regiões sudeste e sul.
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O mapa resultante desta ação deve ser utilizado como balizador para planejamentos de inventários em escala regional. Além disso, é imprescindível que outras camadas com informações geológicas, geomorfológicas e espeleológicas sejam usadas como subsídios a um planejamento de inventários biológicos em ambientes subterrâneo em escala local.
*Com informações do ICMBio