7 animais encontrados na Amazônia que auxiliam no controle biológico

Estratégia ambiental sustentável, o controle biológico por meio de animais é usado para reduzir populações de organismos considerados como pragas.

Foto: Laís Maia/Instituto Mamirauá

O controle biológico por meio de animais é uma estratégia ambiental sustentável usada para reduzir populações de organismos considerados como pragas na agricultura ou na saúde pública, já que em vez de recorrer apenas a inseticidas ou venenos, utiliza-se a ação de organismos vivos, como predadores, parasitas, bactérias, aves e mamíferos. 

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Segundo o pesquisador doutor em Geografia Deivison Molinari, o controle biológico geralmente acontece em um ambiente agrícola e segue etapas como a identificação da praga ou organismo a ser controlado, delimitação da área de aplicação e isolamento da espécie inimiga natural, e a inserção ou manejo dos inimigos naturais no ambiente desejado, para reduzir a população da praga sem eliminar completamente o equilíbrio ecológico.

Conheça alguns animais encontrados na Amazônia que ajudam nesse processo e como cada um contribui para o equilíbrio ambiental:

Sapos, rãs e pererecas

Os anfíbios são um dos agentes naturais mais importantes no controle de insetos transmissores de doenças.

“Sapos, rãs e pererecas cumprem uma função gigantesca no controle biológico de insetos que transmitem doenças para humanos, como dengue, chikungunya e malária”, explicou o biólogo Rogério Fonseca, ao Portal Amazônia. 

Esses animais consomem milhares de mosquitos ao longo da vida. A diminuição de suas populações devido à poluição, destruição de áreas úmidas ou atropelamentos prejudica diretamente o controle de vetores de doenças.

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Roraima
Sapo-do-monte-roraima. Foto: Morten Ross

Andorinhas e outras aves insetívoras

As aves comedoras de insetos possuem um papel fundamental no controle aéreo de pragas. De acordo com Rogério Fonseca, a andorinha é uma excelente controladora de insetos que acompanha os ciclos reprodutivos de insetos em quase todo o continente americano, diminuindo essas populações.

Espécies como andorinhas, andorinhões e tesourinhas consomem mosquitos, moscas e mariposas. Em áreas rurais, ajudam na redução de insetos que atacam plantações, e no ambiente urbano, combatem os mosquitos que afetam a saúde da população.

De acordo com Fonseca, é de suma importância manter os abrigos naturais das andorinhas, dos sapos, das rãs e das pererecas, já que durante os ciclos climáticos anuais a disponibilidade de insetos é muito maior. Esses animais controlam as toneladas de insetos que se tornariam epidemias violentas.  

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Andorinha-azul. Foto: Dado Galdieri/Hilaea MediaI

Corujas, águias, gaviões e falcões 

As corujas são eficientes predadoras noturnas de roedores, como ratos e camundongos. Em ambientes urbanos e rurais as corujas controlam a população de roedores que podem transmitir doenças como a leptospirose, além de destruir plantações e armazenamentos de alimentos. 

“As corujas ficam bem próximas dos lugares onde tem populações grandes de ratos e controlam no período noturno”, afirmou Fonseca. 

Por serem discretas, as corujas muitas vezes passam despercebidas, mas fazem parte de um sistema natural de vigilância ecológica. Além disso, a instalação de caixas-ninho é uma estratégia comum em algumas regiões agrícolas para atrair corujas e reduzir o uso de venenos. 

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Foto: Keliton Silva

As aves de rapina como o gavião-carijó, o falcão-de-coleira, o urubu-rei e a águia-chilena também realizam a caça de roedores e animais que podem causar prejuízos econômicos e sanitários. 

Nos ambientes agrícolas, principalmente durante os períodos de pré e pós-colheita, é comum observar o aumento de populações de ratos. As aves de rapina se tornam importantes reguladores do equilíbrio ecológico, já que evitam a proliferação de roedores e ajudam a reduzir o uso de venenos. 

Onças, jaguatiricas e outros felinos silvestres

Os animais carnívoros como a onça-pintada, a onça-parda, a jaguatirica e o gato-maracajá, possuem um papel crucial no controle de mamíferos como capivaras, tatus e roedores de grande porte.

“É bem importante que a gente não mate onças, onças-pardas, jaguatiricas ou gato-maracajá, porque esses animais silvestres estão prestando um serviço silencioso de controle biológico das pragas”, explicou Fonseca. 

O medo e a caça ilegal desses animais comprometem o equilíbrio natural, já que quando os felinos desaparecem, ocorre crescimento descontrolado de suas presas, trazendo prejuízos econômicos e ecológicos para produtores rurais e comunidades.

Foto: Emiliano Ramalho/Instituto Mamirauá

Cobras (sucuris e jiboias)

As cobras, como as jiboias, as sucuris e as caninanas, são predadoras naturais de roedores e pequenos mamíferos, e contribuem para a redução de ratos em áreas urbanas e rurais. A presença de cobras em quintais é frequentemente vista como ameaça, mas muitas vezes indica que há excesso de roedores no local.

“Quando você vê uma cobra no quintal, significa que há roedores ali. Ela também está fazendo um serviço ecossistêmico silencioso, comendo os ratos que transmitem doenças à população”, explicou o biólogo. 

Apesar do medo que provocam, as cobras evitam explosões populacionais de roedores, protegendo a saúde pública.

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Foto: Alexandre Almeida

Jacarés

Nas áreas de várzeas e nos igarapés urbanos da Amazônia, os jacarés se alimentam de roedores, peixes contaminados e outros animais que podem se proliferar de maneira excessiva. Além disso, esses animais ajudam a reduzir populações de pragas de matéria orgânica acumulada em lixo descartado irregularmente. 

Além do controle dos roedores, os jacarés também contribuem para manter o equilíbrio de peixes e pequenos animais em ecossistemas aquáticos. 

De acordo com Fonseca, os jacarés que habitam os igarapés urbanos possuem uma alimentação quase que exclusivamente composta por roedores. No entanto, esse papel é muitas vezes ignorado pela população, que vê o animal apenas com um risco. 

Jacaré-açu é o maior das Américas (Foto: Laís Maia/Instituto Mamirauá)
Foto: Laís Maia/Instituto Mamirauá

Morcegos insetívoros

Os morcegos, que se alimentam de insetos, são responsáveis por consumir grandes quantidades de mosquitos e mariposas causadoras de danos agrícolas e sanitários. Esses animais são fundamentais para o equilíbrio ecológico, já que um único indivíduo pode consumir mais de mil insetos por noite, incluindo mosquitos e mariposas que atacam lavouras. 

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Foto: Reprodução/Amazon Sat

As espécies como o morcego-de-cauda-livre ajudam a proteger as plantações de milho, soja e algodão contra lagartas que destroem folhas e espigas. Além disso, a destruição de cavernas e telhados onde se abrigam compromete essa atividade natural. 

A manutenção dos habitats naturais aliada a preservação de matas ciliares, igarapés, cavernas e áreas de florestas, são fundamentais para garantir que anfíbios, aves, mamíferos, répteis e insetos continuem exercendo seu papel ecológico. 

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

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