Portal Amazônia responde: O que são doenças tropicais?

Comuns em períodos chuvosos, as doenças tropicais surgem devido a um conjunto de fatores que fazem com que sua existência seja exclusiva nos lugares próximos à linha do Equador.

Durante as grandes navegações realizadas por europeus no ‘novo mundo’ – que corresponde ao atual continente americano –  os colonizadores encontraram novas riquezas que até então não tinham sido exploradas. Por outro lado, tiveram que se deparar com doenças desconhecidas que até então não tinham atravessado o oceano, são as conhecidas doenças tropicais.

Estas surgem devido a um conjunto de fatores biológicos, ecológicos e evolutivos que fazem com que sua existência seja exclusiva nos lugares próximos à linha do Equador, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio.

Na Amazônia, nas últimas décadas, ocorreram significativas correntes migratórias, como a de nordestinos que em busca de trabalho na extração do látex da  borracha, o que determinou profundas alterações na classificação de doenças dessa região.

Foto: Reprodução/Folha Vitória

O termo ‘doenças tropicais’ em si, não foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois já haviam registros do termo no vocabulário médico desde o século XIX. 

Ao Portal Amazônia, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP)  informou que as doenças tropicais que possuem maior ocorrência no Amazonas são a dengue, malária, zika, doença de chagas, leishmaniose e tuberculose.

Ainda de acordo com a FVS, cada uma das doenças possui especificidades para diagnóstico e tratamento. Portanto, a pessoa que estiver com suspeita de uma das doenças deve buscar atendimento médico na unidade de saúde mais próxima que receberá orientações específicas dependendo do diagnóstico obtido.

As principais doenças são:

Malária

Doença causada por quatro tipos de protozoários do gênero Plasmodium, a transmissão acontece de duas formas: por meio da picada de um mosquito que esteja infectado com o protozoário ou por meio do uso incorreto e do compartilhamento de agulhas e instrumentos cortantes.

O mosquito da malária é sempre fêmea e é do gênero Anopheles, bastante comum nos momentos do amanhecer e do entardecer. É ele o responsável por perpetuar o ciclo da malária, transmitindo os protozoários para um hospedeiro humano, que poderá ser picado por um mosquito não infectado que, por sua vez, se tornará um portador de malária para infectar outro indivíduo. 

A malária é considerada uma doença tropical, justamente por ser transmitida por meio da picada dos mosquitos, que se reproduzem com maior facilidade no calor.

Os principais sintomas da malária são: febre alta, calafrios, suor, dores musculares nas articulações, dor de cabeça, taquicardia, cansaço, vômitos e convulsões.

Confira os dados da malária no Amazonas:

Arte: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Zika

O Zika é um vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. Recebeu esse nome por ter sido identificado pela primeira vez na floresta Zika, em Uganda, na África.

Até o momento, a ciência não reconhece outra forma de infecção pelo vírus que não seja pela picada do mosquito contaminado.

É considerada uma doença tropical e cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. 

Dentre os principais sintomas estão: dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. 

Em geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês. Formas graves são raras, mas quando ocorrem, podem, excepcionalmente, evoluir para óbito.

Confira os dados da malária no Amazonas:

Arte: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Chagas

Transmitida principalmente através do inseto conhecido como barbeiro, a doença de chagas possui como agente causador um protozoário denominado Trypanosoma cruzi.

A transmissão se dá pelas fezes que o barbeiro deposita na pele enquanto suga o sangue da pessoa. O ato de coçar a região que foi picada facilita a penetração do protozoário.

O barbeiro pode penetrar no organismo humano e também pela mucosa dos olhos, nariz e boca ou através de feridas ou cortes recentes existentes na pele. 

Na fase aguda, os principais sintomas são febre, mal estar, falta de apetite e inchaços localizados nas pálpebras e em outras partes do corpo. Na fase crônica, uma pessoa pode passar anos com a doença, sem apresentar sintomas. Porém, ao longo do tempo compromete várias partes do organismo, como o coração e o aparelho digestivo.

Além da picada do mosquito, a transmissão pode se dá através de: transfusão de sangue, transmissão congênita da mãe chagásica, para o filho via placenta e acidentalmente em laboratórios.

Confira os dados da doença de chagas no Amazonas: 

Arte: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Dengue

Doença tropical transmitida pela picada de mosquito, é considerada um problema na saúde pública da região. Pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e pelo Aedes albopictus, sendo que este último, apesar de ocorrer no Brasil, não há registros de infecção por ele.

Os principais sintomas são febre alta, dores no corpo e manchas na pele. A dengue pode desencadear complicações e até a morte do indivíduo. Não há medicamento específico para o tratamento da dengue, sendo geralmente tratados os sintomas da infecção.

Somente a fêmea do mosquito pica os humanos, sendo ela, portanto, a responsável pela transmissão do vírus.

Confira os dados da dengue no Amazonas:

Arte: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Leishmaniose 

A leishmaniose tegumentar americana – LTA ou “ferida brava ou úlcera de bauru” é uma doença infecciosa, não-contagiosa, causada por protozoário do gênero Leishmania, de transmissão vetorial, que acomete pele e mucosas, tendo como reservatórios marsupiais e roedores, como a preguiça, o tamanduá

As principais espécies de Leishmania no país são:

Leishmania (Leishmania) amazonensis – distribuída pelas florestas primárias e secundárias da Amazônia (Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins e sudoeste do Maranhão), particularmente em áreas de igapó e de floresta tipo “várzea”.

Leishmania (Viannia) guyanensis – aparentemente limitada ao norte da Bacia Amazônica (Amapá, Roraima, Amazonas e Pará) e estendendo-se pelas Guianas, é encontrada principalmente em florestas de terra firme.

Leishmania (Viannia) braziliensis – tem ampla distribuição, do sul do Pará ao Nordeste, atingindo também o centro-sul do país e algumas áreas da Amazônia Oriental. Na Amazônia, a infecção é usualmente encontrada em áreas de terra firme.

Confira os dados da leishmaniose no Amazonas:

Arte: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Tuberculose

 A tuberculose é uma doença infecciosa que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos ou sistemas. A doença é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch (em homenagem ao Dr. Robert Koch, descobridor da causa da doença).

A transmissão é direta, de pessoa a pessoa, portanto, a aglomeração de pessoas é o principal fator de transmissão. O doente expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo contaminando-o.

Confira os dados da tuberculose no Amazonas:

Arte: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Prevenção 

Como dito anteriormente, cada doença possui seu diagnóstico e tratamento. A FVS esclarece que é imprescindível a conscientização da população para evitar o desmatamento e prevenir doenças diretas, como as tropicais. Além do desmatamento, há também registro de queimadas realizadas, o que pode causar doenças indiretas à população, como doenças respiratórias.

A principal forma de prevenção de doenças tropicais é impedir a circulação e reprodução do agente transmissor. Por isso, também é recomendado evitar roupas que exponham muito a pele durante a viagem e cuidado redobrado para mulheres gestantes. É altamente importante o uso de repelentes.

finalizou o órgão em nota.

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