As chamadas áreas de alagamento ocupam cerca de 30% da Bacia Amazônica, denominadas de áreas úmidas. As florestas de várzea e igapó possuem características visuais parecidas, entretanto, uma é diferente da outra
A maior bacia hidrográfica do mundo, ocupa aproximadamente 7.050.000 km². Essa é a dimensão da Bacia Amazônica, cerca de 34% da área total da América do Sul. Com isso, o clima é diferente, onde a quantidade e a frequência das chuvas na bacia não são iguais entre os meses do ano, chamado de período chuvoso e período seco, causando variações no volume de água dos rios e lagos.
Essa variação resulta no alagamento de extensas áreas durante o período chuvoso e em amplas áreas durante o período seco. Essa subida e descida das águas é chamada de pulso de inundação e ocasiona fortes modificações ao longo do ano em áreas sujeitas ao alagamento.
Estas áreas de alagamento ocupam cerca de 30% da Bacia Amazônica e são denominadas de áreas úmidas (AUs). Elas possuem solos permanentemente ou periodicamente inundados por águas rasas, ou possuem solos encharcados por águas doces, salobras ou salgadas. Estas regiões podem estar localizadas em áreas continentais ou costeiras, naturais ou artificiais, apresentando comunidades de plantas e animais adaptadas ao movimento de subida e descida das águas.
As áreas ao longo dos grandes rios da Amazônia que sofrem inundação são chamadas de áreas alagáveis, e são popularmente conhecidas como várzeas e igapós.
As várzeas são áreas férteis banhadas por rios de água branca ou barrenta. A cor das águas se dá à grande quantidade de material presente. Esses rios possuem uma recente formação geológica, transportando sedimentos das erosões dos Andes. Os principais representantes deste tipo de água são os rios Solimões, rio Amazonas, Madeira e Purus.
Essas águas apresentam pH próximo ao neutro, além de alta condutividade elétrica e solos ricos em nutrientes como cálcio, magnésio, fósforo e nitrogênio. As florestas da várzea podem ser ainda classificadas em três tipos principais: as várzeas altas (VA), as várzeas baixas (VB) e o chavascal. As florestas da várzea alta são encontradas em áreas alagadas por menos do que 50 dias ao ano, com uma altura de inundação inferior a 3 m. Já as florestas de várzea baixa se localizam em áreas onde a inundação dura mais que 50 dias ao ano, chegando a alturas entre 3 e 7 m.
O chavascal é uma floresta densa e pobre em espécies, cujas árvores frequentemente desenvolvem raízes aéreas e escoras, para ajudar na sustentação. Em geral, o chavascal ocorre em depressões e fundos de lagos no interior da floresta de várzea baixa, onde a correnteza é lenta, os solos são pouco drenados (sempre encharcados), e os depósitos de argila e matéria orgânica são grandes. As árvores do chavascal podem tolerar inundações de até 7,5 m.
Enquanto que os igapós são áreas banhadas pelos rios de água preta ou clara. A coloração preta ou marrom avermelhada das águas é resultado da decomposição lenta do material vegetal (folhas, galhos, troncos). Isso faz com que sejam produzidos compostos químicos (ácidos orgânicos) que se diluem na água que passa a apresentar a coloração escura. Diferente dos rios de águas claras, os rios possuem formação geológica antiga, devido ao tempo de exposição dos solos minerais à lavagem das águas e do vento, acaba tendo um desgaste físico-químico, perdendo nutrientes, e com isso, acabam ficando pobres em minerais. As águas desses rios são ácidas, com baixos valores de pH e condutividade elétrica, com o Rio Negro o mais importante representante.
No caso dos igapós banhados por rios de águas claras, como os rios Tapajós, Xingu, Araguaia, Guaporé, Branco e Trombetas têm suas nascentes no Escudo Brasileiro e no Escudo Guiano. As águas desses rios são em geral transparentes e esverdeadas, com baixas quantidades de sedimentos em suspensão.
O “meio termo” Várzea e Igapó
As áreas localizadas em antigas várzeas (paleo-várzeas) ocorrem na região equatorial e ocidental da Amazônia, por exemplo, ao longo dos rios Coarí, Jutaí, e Tefé, e de muitos lagos, como os rios Purus e Japurá. Estas áreas, que possuem sedimentos andinos que foram depositados durante antigos períodos interglaciais, apresentam condições intermediárias entre áreas de várzea e de igapó, no que diz respeito à quantidade dos principais cátions (minerais como cálcio, magnésio, sódio e potássio) e outras características ecológicas (fertilidade do solo e da água), com isso o desgaste das rochas nas paleo-várzeas é maior do que aquele das várzeas e menor do que o do igapó. Estima-se que estas Áreas Úmidas ocupem uma área de pelo menos 125.000 km quadrados.