O estado do Pará, pertencente ao bioma amazônico, conta cerca de 300 espécies de mamíferos e 1,3 variedades de espécies de aves. Grande parte desses animais são endêmicos, ou seja, só ocorrem na floresta amazônica ou no estado paraense.
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“O Pará possui um contraste marcante entre áreas ainda preservadas, como na região do Tapajós e Calha Norte, e zonas fortemente impactadas pelo desmatamento, como no chamado ‘Arco do Desmatamento’, na parte sudeste do estado. Apesar disso, iniciativas de conservação, reservas extrativistas e áreas indígenas vêm mantendo grandes blocos de floresta em pé, assegurando a continuidade de ciclos ecológicos vitais”, declarou o mestre em Ciências Biológicas, João Pedro Costa Gomes, ao Portal Amazônia.
O Portal Amazônia pediu ao biólogo para destacar cinco animais que são a cara do Pará e representem essa complexa diversidade característica da Amazônia para a #Série ‘A cara da Amazônia’:
Guará
O guará é uma ave de plumagem intensamente vermelha que vive em manguezais e estuários costeiros. A ave se alimenta de crustáceos e moluscos, cuja pigmentação rica em caroteno influencia diretamente na coloração de suas penas.
“Apesar de sua beleza, já esteve ameaçado pela caça e pela destruição de seus habitats, principalmente os manguezais costeiros da região nordeste do estado”, afirmou o biólogo.
De acordo com Costa Gomes, o animal vive em grandes bandos e costuma construir ninhos em árvores sobre as marés.
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Jaguatirica
A jaguatirica é um felino ágil e solitário, de pelagem marcada por rosetas e listras que lhe garantem camuflagem entre sombras e folhagens. O animal é predador oportunista, que se alimenta de roedores, aves e pequenos répteis.
Além disso, o felino possui hábitos noturnos e é conhecido por sua adaptabilidade a diferentes tipos de floresta, inclusive áreas alteradas. O animal foi classificado como “pouco preocupante” pela lista nacional do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em ingês).
Mas, segundo Costa Gomes, a fragmentação florestal, a caça e os atropelamentos têm colocado pressão sobre suas populações.
O comércio de peles foi, nas décadas de 1960 e 1970, a maior ameaça à vida do animal, visto que estima-se que 200 mil animais foram mortos. No entanto, com a proibição da caça e importação de peles em vários países, o número foi reduzido consideravelmente.

Jacaré-açu
O jacaré-açu, maior réptil da América do Sul, pode chegar a mais de 5 metros de comprimento. O animal é um predador imponente que regula populações de peixes e outros animais aquáticos.
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“Já foi muito caçado por sua pele, o que levou à sua quase extinção, mas programas de conservação e proteção de habitats vêm permitindo uma lenta recuperação populacional”, afirmou o biólogo.
De acordo com Costa Gomes, o comportamento do réptil é geralmente discreto, mas pode se tornar agressivo quando ameaçado ou durante a época de reprodução.

Gavião-real
O ggavião-real é uma das maiores e mais fortes aves de rapina do mundo, alimentando-se de preguiças, macacos e aves de médio porte.
Sua capacidade de atacar animais grandes se dá por causa de suas patas enormes e garras gigantes, que podem perfurar e matar a vítima no momento da captura. O animal também utiliza sua força e visão aguçada para caçar.
Além disso, o gavião precisa de áreas florestais extensas para sobreviver e é considerado uma espécie bioindicadora, já que sua presença indica ecossistemas preservados. Segundo Costa Gomes, é uma das aves mais ameaçadas do Brasil, devido à destruição de seu habitat e à caça ilegal.
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Acari-zebra
O acari-zebra é um pequeno peixe ornamental, podendo medir de 80 milímetros a 10 centímetros, com listras brancas e pretas que lembram o padrão de uma zebra. Apresentando crescimento acelerado e alta taxa de mortalidade, o animal se alimenta de de invertebrados aquáticos, principalmente larvas de insetos, como algas e detritos orgânicos.
“O acari-zebra é muito valorizado no comércio de aquarismo e, por isso, também sofre com a coleta ilegal. Sua sobrevivência depende da conservação de seu habitat específico: as corredeiras de águas oxigenadas e fundo rochoso do médio Xingu”, afirmou o biólogo.
Endêmico da região de Altamira, o peixe tornou-se símbolo da biodiversidade ameaçada pelo alagamento causado pela construção da Usina de Belo Monte.

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar
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