O Acre, situado no sudoeste da região Norte, tem como limites os estados do Amazonas e Rondônia e os países Bolívia e Peru. O estado é lar de uma das maiores biodiversidades, sendo considerado um santuário ecológico e berço das mais variadas pesquisas sobre biologia no mundo.
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“O Acre abriga uma das porções mais preservadas da floresta amazônica brasileira. Sua paisagem é dominada por florestas de terra firme, várzeas e igarapés sinuosos, onde a biodiversidade prospera em níveis impressionantes”, declarou o mestre em biologia, João Pedro Costa Gomes.
Segundo o biólogo, a fauna do Acre é extremamente rica e diversificada, refletindo a imensidão e a complexidade da Floresta Amazônica, que cobre grande parte do estado. Essa biodiversidade destaca a importância ecológica do Acre, tornando-o um dos principais redutos de vida silvestre do Brasil.
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O Portal Amazônia pediu ao biólogo para destacar cinco animais que são a cara do Acre e representem essa complexa diversidade característica da Amazônia para a #Série ‘A cara da Amazônia’:
Macaco-de-cheiro
O macaco-de-cheiro é um primata de hábitos diurnos que vive em grandes bandos nas copas das árvores da floresta. Ágil, comunicativo e sociável, o animal desempenha um papel ecológico fundamental como dispersor de sementes, sendo também um importante indicador da saúde do ecossistema.
Na espécie, os machos são maiores que as fêmeas e, com o avançar da idade, apresentam uma coloração geral mais clara no pelo. Seus braços e pernas são curtos, enquanto a cauda é longa, peluda, forte e preênsil, geralmente com a ponta enrolada, para ajudar na locomoção sobre as árvores.
De acordo com Costa Gomes, sua aparência simpática, com olhos grandes e expressão curiosa, o torna um dos queridinhos da fauna amazônica.

Onça-pintada
Conhecido como o maior felino das Américas e predador de topo nos ecossistemas amazônicos, a onça-pintada pertence ao gênero Panthera, mesmo gênero dos leões, leopardos, tigres e leopardos-das-neves. Dotada de força extraordinária e uma mordida capaz de perfurar cascos e carapaças, ela é uma caçadora habilidosa, silenciosa e solitária.
Além disso, o padrão de pintas é único para cada onça, funcionando como uma espécie de ‘impressão digital’ do animal, o que ajuda a identificar o indivíduo e melhor estudá-lo.
“Presente em mitologias indígenas e temida por seu poder, a onça é também uma guardiã ecológica: sua presença indica um ecossistema equilibrado, onde a cadeia alimentar funciona plenamente. Infelizmente, ela sofre com o avanço do desmatamento e a fragmentação de habitat”, afirmou o biólogo.
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Tamanduá-bandeira
O tamanduá-bandeira possui corpo grande, pelagem espessa e focinho longo, além de uma cauda grande e peluda, lembrando uma bandeira hasteada, o que dá origem a seu nome popular.
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O animal percorre as florestas e campos em busca de cupins e formigas, que captura com sua língua pegajosa e rápida. Apesar de parecer lento e inofensivo, possui garras fortes que usa para se defender.
Segundo Costa Gomes, o tamanduá é importante no controle natural de insetos e também enfrenta ameaças, como atropelamentos e queimadas.

Traíra
A traíra, conhecida localmente também como “curupira”, é um peixe de comportamento sorrateiro, que caça à espreita e possui mandíbulas poderosas com dentes afiados. Alimenta-se de outros peixes, insetos aquáticos e até pequenos vertebrados.
A traíra é um peixe utilizado em açudes e represas como controlador de populações que se proliferam muito rápido e de forma descontrolada, como tilápias e piabas. Além disso, o peixe pode atingir 60 cm de comprimento e 4 kg de peso.
“Embora seja considerada um peixe ‘comum’, ela é vital para o equilíbrio das cadeias alimentares aquáticas e tem grande valor na pesca de subsistência e na culinária tradicional”, afirmou o biólogo.

Jacaré-açu
O jacaré-açu, considerado um dos maiores répteis do continente, pode ultrapassar os 5 metros de comprimento. O animal, predador noturno e oportunista, se alimenta de peixes, aves aquáticas, mamíferos e até carcaças, desempenhando papel essencial na limpeza dos corpos d’água.
Ele apresenta uma coloração escura e manchas, quando jovens, que somem com o tempo. Além disso, sua reprodução ocorre uma vez por ano, quando as fêmeas põem de 40 a 50 ovos.
De acordo com Costa Gomes, o jacaré-açu já esteve à beira da extinção devido à caça ilegal por sua pele valiosa, mas sua população vem sendo recuperada graças a áreas protegidas como a Reserva Extrativista Chico Mendes e políticas de conservação.

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar








