Sítio arqueológico Arraial Bom Jesus do Pontal. Foto: Reprodução/ Acervo Nuta-Unitins
O sítio arqueológico Arraial Bom Jesus do Pontal, localizado na zona Rural de Porto Nacional, no Tocantins, foi ocupado por bandeirantes expedicionários que povoaram a região em meados do século XVIII, e compreende uma área com cerca de 90.000 m2.
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Criado em 1738 pelo movimento dos bandeirantes que buscavam minerais preciosos, o sítio está correlacionado com o processo de interiorização do Brasil. Para Hosenildo Gato Alves, mestre em história pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o Arraial é uma memória da ocupação do interior do Brasil.

“É uma memória da expansão da territorialidade portuguesa para além do tratado de Tordesilhas, é uma memória também dos atritos dos bandeirantes com os povos indígenas do interior do Brasil, pois quando criado o espaço era ocupado por diversas etnias indígenas e a partir daí vai haver uma disputa territorial”, explicou ao Portal Amazônia.
A versão histórica diz que o que levou à destruição e o abandono do Arraial foi o ataque dos indígenas Xerentes, que forçou a migração de população para o Arraial de Porto Real.
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Sítio arqueológico e patrimônio cultural
No dia 4 de abril de 2025, o Arraial foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural do estado de Tocantins, com uma placa instalada informando onde começa o sítio arqueológico.

O local é um dos 100 sítios arqueológicos registrados em Porto Nacional e é considerado uma lembrança do movimento histórico dos bandeirantes e da luta dos povos indígenas contra a presença dos colonizadores na região.
Para Hosenildo, a importância do Arraial é de levar reflexões sobre a ocupação e a luta dos povos indígenas: “O lugar vai passar a ser preservado, estudado, debatido, visitado, ele vira um lugar da memória e leva reflexões sobre a ocupação e sobre o processo de luta dos povos indígenas”.
Durante a instalação da placa estiveram presentes representantes do Iphan, prefeitura de Porto Nacional, Universidade Federal do Tocantins, Núcleo Tocantinense de Arqueologia (Nuta) – ligado à Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) – e moradores da região.
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A prefeitura de Porto Nacional pontua que para os moradores esse é um avanço importante para a história do local. “Nós estamos aqui dentro das ruínas do Antigo Arraial, que está diretamente atrelado à origem da cidade de Porto Nacional e também ao processo de ocupação colonial aqui da região. Temos diversas ruínas de pedra, das antigas edificações que aqui existiam, além de cultura material móvel, como cerâmica, louça e outros elementos relacionados. Esse sítio é um dos 100 sítios arqueológicos cadastrados no município portuense. É um dos únicos relacionados a períodos históricos e, desses, ele é o mais importante, não só do ponto de vista regional, mas também do ponto de vista local”, comentou o arqueólogo do IPHAN Tocantins, Rômulo Macêdo, segundo informações da prefeitura.
*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar