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Antônio Bernardo Andorinha, um português na Aurora Lusitana

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

Tenho tanto medo do percurso, que a luz que trago é uma 
simples vela que mal ilumina um palmo a minha frente.
Por isso compartilho com todos e deixo claro que sou
um mero aprendiz de posse de uma frágil luz em mãos
que pode a qualquer momento com um sopro ser apagada.
Esse medo que me acompanha é o bom senso dos
passos humildes em direção ao conhecimento.
- Paulo Ursaia

A Instituição Maçônica cuja origem é motivo ainda hoje, de paciente perquirição, ensejando as mais diversas opiniões, todas elas porém, demonstrando o caráter universalista da Ordem, sempre se constituiu em um tema apaixonante de apreensão da inteligência humana. É muito difícil por certo, a sua conceituação uniforme, uma vez que seu processo de expansão e evolução acompanha os fatos que se desenrolam entre os homens gerando as motivações mais civilizadoras.

[…] Segundo o estudioso dos assuntos maçônicos Alfredo de Paiva, a maçonaria é uma associação universal e filosófica, reflexo sempre de nobres tendências inspiradas na mais perfeita tolerância pelas crenças individuais”.

Fonte: VALLE, Rodolpho. Centenário Maçônico. Manaus, 1972. Pág.: 15

Nos momentos mais inquietantes que o mundo atravessa de guerras, tumultos de paixões, campanhas de descredito, febre de riqueza, luxo desvairado, conflito violento de ideias.

Senhor Antonio Bernardo. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

[…] Segundo o autor Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro, a Maçonaria no vasto campo moral que possui tem bálsamo para todas as dores e aflições, remédio para todos males e é, uma força que não se gasta, não se dissipa, no tratamento que deve ao próximo que sente necessidade de amparo e socorro”.

Fonte: VALLE, Rodolpho. Centenário Maçônico. Manaus, 1972. Pág.: 15

Sem dúvida ela é uma instituição que ensina o valor eterno dos princípios de cultura humana e individual no independente dos lugares e das épocas, proporciona aos indivíduos as suas agrupações, a noção clara e certa da solidariedade do amor, do direito, da justiça e da liberdade. A instituição maçônica adota desde a origem a trilogia liberdade, igualdade e fraternidade, consagrando a luta dos povos oprimidos pelos governos absolutistas.

Tanto na Europa quanto na Ásia, por toda parte onde ela pode exercer sua influência, teve a glória de vencer pelas armas da persuasão e pelo poder do exemplo, a insaciável avidez das paixões políticas e religiosas e de levar a ordem e a paz por toda a parte onde o espírito revolucionário implantou a discórdia e a guerra. E ao seu zelo por causa tão santa que se atribui a longa tirania que ela teve que suportar de todos os poderes que não marcharam nas veredas da justiça. Como ocorreu em tempos mais recentes na pátria mãe Portugal quando da instalação da tirania do Regime Salazarista imposto por Salazar na pátria mãe.

Foto: Roumen Koynov

Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana oferece a verdadeira luz ao português Antônio Bernardo Andorinha

A Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana fundada por portugueses no dia 20 de junho de 1897, em um jantar na residência do maçom Abel Nunes Thompson de Quadros, cuja, principal ordem era acolher portugueses natos, muitos foram aqueles que lá se destacaram dentre eles o português radicado em Manaus, Antônio Bernardo Andorinha, que recebeu a verdadeira luz por iniciação no Grau de Aprendiz Maçom no dia 18 de março de 1944, ingressando assim, mais um português que viria com a força do sangue lusitano reforçar as colunas daquela loja e se juntar a tantos outros portugueses que ajudaram a caminhada centenária da referida loja.

Sua trajetória na busca dos conhecimentos maçônica lhe permitiu que no dia 22 de maio de 1944 recebia por merecimento, frequência e doação o Grau de Companheiro Maçom na sua Loja Mãe. O tempo foi passando, os ensinamentos foram sendo ministrados e ele por dedicação foi merecedor de receber sua Plenitude Maçônica no Grau de Mestre Maçom no dia 22 de julho de 1944, permitindo assim, a conquista de seus méritos em sua Loja Mãe. O agora Mestre Maçom Antônio Bernardo Andorinha continuou sua luta no templo de sua loja contra as fraquezas morais, promovendo a virtude e a integridade, tão necessárias para a construção de uma sociedade mais justas e equitativa dentro dos princípios de sua formação moral e de generosidade para com a Instituição.

Foto: Roumen Koynov

Foi um maçom dedicado as causas humanas e acompanhou desde sua iniciação as normas disciplinadoras de seu comportamento e de suas atividades, adaptando-se ao processo de desenvolvimento espiritual e moral de sua vida. Para se conhecer na verdade em toda sua extensão a passagem desse português pelos quadros como obreiro e Mestre Maçom Antônio Bernardo Andorinha, em todas suas minucias e me todas suas ações enquanto viveu entre nós é fundamentalmente indispensável saber como ele aqui chegou, como se aclimatou no país e na cidade que o recebeu e de que forma exerceu sua função como cidadão, esposo, pai e irmão de nossa ordem.

Cumpre saber como ele trabalhou e contribuiu de forma importante para manutenção da colunas portuguesas da Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana. Foi um maçom constante metódico, consciente generoso, abnegado e amigo tantas vezes daqueles que estiveram em sua volta. Sua atuação econômica permitia que no aniversario da Loja fosse destinado um boi de uma de suas fazendas para ser produto de um leilão cuja renda era destinada a sua Loja Mãe. Essas verdade históricas resultam de um espirito de luta desse bravo irmão lusitano que se deslocou de sua pátria para desbravar nossa terra e principalmente promovendo o crescimento de nossa região.

Como chefe de família a sua conduta foi exemplar, como maçom dedicado teve uma vida irrepreensível. Considerado um homem de elevada alma nobre, mas sábia e sublime foi sua participação na maçonaria a época. Como maçom esteve intimamente convencido de que a maçonaria é a obra mais completa que o homem produziu e de que, como Instituição humana dispõem melhor do que qualquer outra de todas as instituições precisas para tornar o homem feliz, levando-lhe o moral, retratando-lhe os instintos, desembaraçando do fanatismo religioso, tornando-o um homem bom e justo, tolerante e sociável, sem ódios a satisfazer sem vinganças a pôr em prática, pronto a qualquer sacrifício em proveito da liberdade e a justiça, onde quer que os tiranos tentem ofuscar o espírito humano, eram de fato seus princípios de vida.

Por um longo período durante todas as noites trabalhou em sua oficina no Oriente de Manaus, dando-lhe salutar exemplo de uma dedicação sem limites, de uma correção irrepreensível, ensinando os portugueses neófitos, aconselhando os inexperientes a todos carinhosamente envolvendo no manto augusto de sua bondade inesgotável. Homem simples mas vezes calado sem pretensões de ser o dono da palavra, contudo, guardava força para a solidariedade. Quem quer ainda creia nos altos desígnios de Deus sobre o homem na face da terra, quem ainda não tenha todo descrito da ação civilizadora nos destinos da humanidade, quem quer ainda não se tenha tornado em absoluto indiferente ao movimento regenerador que as conquistas do espírito humano vão operando na vida de um homem, este era o maçom dedicado a Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana, Antônio Bernardo Andorinha.

Foto: Roumen Koynov

As raízes portuguesas de Antônio Bernardo Andorinha

Nasceu no dia 13 de setembro de 1906 em Armamar – Arícera (Conselho da Régua), veio para o Brasil porque seu pai José Bernardo na época já viúvo não permitiu que após a conclusão dos estudos no Liceu, muda-se para a cidade de Coimbra, a fim de se matricular na tradicional Universidade de Coimbra.

Com a ideia de não permanecer na aldeia que lhe servira de berço e querendo ir em busca de novos horizontes logo vê a ideia de transferir-se para o Rio de Janeiro, pelo fato de lá já residirem alguns primos. No entanto, a influência de um amigo de infância Delfim da Costa, com quem se trocava correspondia e já estava em Manaus alguns anos, exercendo a profissão de barbeiro e que tinha alcançado algum êxito.

Transcorria o ano de 1929, embalado pelo que confirmava, amiúde, ser Manaus uma bela e pacata cidade. Aqui foram tempos difíceis, seu primeiro emprego foi na então chamada Colônia de Alienados (Hospício Eduardo Ribeiro no Bairro de Flores). Com o passar do tempo, seu diretor Urbano Nôvoa, tornou-se um inigualável amigo, sentimento que os uniu até a morte. Ali permaneceu durante um pouco mais de ano, apesar das instâncias feitas pelo Diretor Urbano, inclusive com melhoria salarial, porem, saiu porque tinha um objetivo: Queria ser seu próprio empregado independente de qualquer vinculo empregatício com qualquer que fosse. Assim o fez. A princípio no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, com uma venda de carne bovina, é nesta oportunidade que ganhou o carinhoso apelido de Andorinha e que acabou por incorporá-lo ao seu nome.

Alguns anos passaram-se trabalhando por sua proporia conta e risco, a atuar no Matadouro Municipal, também conhecido como (curro), quando abatia o gado adquirido no Baixo Amazonas e o revendia para açougues e bancas do mercado municipal. Em 1943 comprou sua primeira fazenda, a São José e anos após mais três, todas no município do Careiro, conseguindo nelas fazer a engorda do rebanho que vinha do então Território do Rio Branco e do Baixo Amazonas

Com sua visão comercial acabou por eliminar o atravessador, que lhe encarecia o produto, trazendo-o ele próprio de suas fazendas para o matadouro nas embarcações de sua propriedade. Era pois, numa pessoa só, o produtor, o criador e o vendedor direto do produto o que lhe permitiu durante anos consecutivos ser o principal senão o único fornecedor de carnes bovinas aos quartéis, hospitais, educandários e a maior parte dos açougues e trabalhadores. Em 1956 fundou a Marchantaria Imperial da qual foi presidente ate sua morte e que era integrada por todos os marchantes importantes e poderosos da época.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Em busca da esperança perdida

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*Por Conexões Amazônicas – contato@conexoesamazonicas.org

Ter esperança é um sentimento primordial para a maioria das pessoas. Mas para um pesquisador que estuda insetos que são mestres na arte da camuflagem na imensidão da floresta amazônica, a esperança precisa se transformar quase em um mantra pessoal. No Brasil, esse grupo de insetos, parentes próximos dos gafanhotos e frequentemente com asas idênticas a folhas, são conhecidos popularmente como esperanças ou bichos-folha (família Tettigoniidae).

Assim como as folhas que imitam, esses insetos apresentam uma infinidade de variações de cores, formas e tamanhos, mas a maioria das espécies é verde, noturna, com longas antenas e altamente reclusa, escondendo-se na vegetação.

Exemplo clássico de esperança verde (Menenghelia sp.). Foto: Diego Mendes

Talvez como consequência dessa habilidade magistral de se mesclar com o ambiente, a maior parte das esperanças encontradas na Amazônia é desconhecida da ciência. Isso torna minhas coletas de campo sempre surpreendentes: nunca sei quando uma esperança totalmente nova e incrível vai aparecer. E a parte mais desafiadora é que nunca sei quando conseguirei encontrar outro exemplar da mesma espécie. Nos trabalhos de descrição de uma espécie nova, é necessário, sempre que possível, ter mais de um exemplar e a descrição de ambos os sexos (macho e fêmea) para realizar um trabalho científico completo.

Portanto, encontrar uma espécie nova durante a madrugada na floresta muitas vezes resulta em uma verdadeira caça ao tesouro: será que vou conseguir encontrar o macho? Ou a fêmea? Às vezes, em poucos metros, a busca é bem-sucedida, gerando uma felicidade única para um “esperançólogo” no meio da noite na floresta. No entanto, outras vezes, a busca se transforma em uma novela…

Em 2017, uma dessas novelas começou na minha vida. Minha esposa havia visitado o sítio dos pais, no município de Tefé/AM, e, como de costume, fotografou uma estranha esperança em um arbusto perto da casa. Ela me enviou a foto e, quando a vi, achei que fosse montagem. Era uma esperança muito diferente, super colorida, que eu nunca havia visto em anos de pesquisa com esse grupo biológico. Fiquei fascinado. Fui ao sítio na primeira oportunidade e, depois de muita procura, consegui capturar uma fêmea daquela esperança. Após um longo processo de identificação, concluí que era uma belíssima espécie nova do gênero Paraxiphidium, que até aquele momento só ocorria no Peru.

Porém, como as outras espécies do grupo haviam sido descritas com o macho, eu precisava encontrar o macho para fazer a descrição dessa nova espécie. E assim começou a busca pelo macho… e nada. Revirei cada canto do sítio e das proximidades sem sucesso. O pior é que eu não sabia nada sobre o habitat daquela esperança: “Ela vive no alto?”, “Fica próxima ao chão?”, “Prefere áreas abertas ou floresta fechada?”. Todas as alternativas foram tentadas, mas com resultados frustrantes. Contudo, a esperança é a última que morre, certo? E continuei procurando essa danada…

Fêmea de esperança harlequim (Paraxiphidium iriodes). Foto: Diego Mendes

Em 2018, enquanto fazia uma trilha com uma colega, ela perguntou como estava meu trabalho com as esperanças. Relatei os vários sucessos que havia conseguido até então, mas não deixei de mencionar o caso da esperança colorida perdida, que eu procurava há mais de um ano. Nesse exato momento, vi um bicho diferente pulando na vegetação ao nosso lado…

Era o bendito macho. Fiquei pálido. Precisava capturá-lo, mas algumas esperanças são bastante ariscas e, se eu errasse o bote com o puçá (rede de mão usada para capturar insetos), quem sabe quanto tempo levaria para encontrar outro. Foram momentos de pura tensão… mas felizmente, consegui capturá-lo e dei vários pulos e berros de alegria. Essa espécie foi publicada oficialmente em 2019, nomeada Paraxiphidium iriodes, com o nome significando “igual a um arco-íris”, devido ao colorido incrível dessa esperança. Agora sigo tentando resolver outras novelas semelhantes, mas sempre com muita esperança.

Macho de esperança harlequim (Paraxiphidium iriodes). Foto: Diego Mendes
Captura de esperanças com uso de puçá. Foto: Raphael Heleodoro

*Autor:
Diego Mendes é biólogo, e trabalha há 14 anos com taxonomia de esperanças, especialmente na Amazônia. Fez doutorado e mestrado em entomologia no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA. Atualmente é Analista de Coleções Científicas Pleno do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e atua na curadoria das coleções biológicas do instituto.

Sobre o Conexões Amazônicas

O coordenador da ONG Rede Conexões Amazônicas, Ayan Fleischmann, é pesquisador titular do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, sendo mestre e doutor em recursos hídricos. Em sua trajetória tem pesquisado as águas e várzeas amazônicas em suas múltiplas dimensões. É representante da ONG na coluna no Portal Amazônia, onde recebe pesquisadores convidados que contam os bastidores de suas experiências de pesquisa na Amazônia.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Fecomércio propõe ao Estado flexibilização fiscal como atenuante dos efeitos de nova seca que se avizinha

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Por Osíris M. Araújo da Silva

Autoridades governamentais e entidades representativas das classes empresariais (Fieam, Cieam, Fecomércio e ACA) vêm discutindo medidas preventivas sobre a iminência da seca de 2024 tornar-se a pior da história, superando o desastre de 2023. Baseado em prognóstico baseado em medições do perfil do ciclo enchente/vazante registradas desde o ano passado, tem-se que a região mal conseguiu se recuperar dos danos sociais e econômicos decorrentes e já se encontra na iminência de novo desastre climático no corrente exercício.

O quadro torna-se ainda mais sério devido aos obstáculos interpostos pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Ibama na concessão das licenças ambientais para a conclusão das obras da rodovia BR-319, vital para atenuar as graves dificuldades consequentes da interrupção da navegação fluvial no rio Madeira.

A gravidade da situação levou a Federação do Comércio do Amazonas (Fecomércio) a enviar ao governador Wilson Lima documento assinado pelo presidente da entidade, Aderson Frota, externando a preocupação do setor ante a real proximidade de nova calamidade ambiental. O documento salienta que “o setor comercial teve que enfrentar não somente o desabastecimento da população, mas também a elevação dos custos de fretes, na ordem de 300%, segundo dados da Sedecti-AM”. Salienta ainda que “o transporte marítimo de cabotagem, que representa 86% das mercadorias na entrada e na saída do Estado, viveu a impossibilidade dos navios de poderem chegar até aos nossos portos, fato que provocou o deslocamento de navios para interior dos estados do Ceará e do Pará para fracionamento de cargas em unidades de menor calagem”.

“O desdobramento dessas operações, segundo a Fecomércio, levou ao “aumentou do preço dos transportes, retardado a chegada de mercadorias em Manaus, cuja praxe de recebimento de 30/35 dias, saltou para 130/150 dias. Esse brutal descompasso resultou na elevação de preços no mercado, levando a população, em consequência, a reclamar intensamente. Por outro lado, as empresas comerciais, obrigadas a recolher o ICMS antecipado e com adição de MVAs, se descapitalizaram, provocando expressiva perda na arrecadação estadual e, consequentemente, significativa elevação da inadimplência fiscal”. Dados da Sefaz, convém observar, dão conta de que os segmentos do comércio e de serviços respondem pelo recolhimento de 61% dos impostos estaduais; empregam 70% dos postos de trabalho formais, dados do CAGED, e representam, de acordo com o IBGE e a Sedecti-AM, mais de 45% do PIB amazonense”.

A situação, como vem amplamente sendo acompanhada pela Defesa Civil do Estado, o Comando Naval e órgãos reguladores do transporte fluvial exige a adoção de medidas oportunas, prudentes e estratégicas, visando, preventivamente, atenuar a ocorrência de problemas que venham a prejudicar irreversivelmente a população, além de promover brutal queda de arrecadação, como verificado em 2023. Outra grave questão, segundo o os estudos da Fecomércio: “a descapitalização das empresas comerciais em virtude da manutenção de prazos exíguos de recolhimento do ICMS, deslocados dos verdadeiros problemas provocados pela estiagem, motivou a entidade a propor ao Estado a adoção de flexibilização fiscal de sorte a reduzir os efeitos causados por problemas de tal natureza”.

Em síntese, a Fecomércio propõe no documento dilatação dos prazos de recolhimento do ICMS durante o período grave e intenso da estiagem, ou seja, nos meses de julho, agosto, setembro e outubro. Nesse sentido, “o governo do Estado, através da Sefaz, pode parcelar o recolhimento do ICMS em 6 vezes, ou seja, 10% no faturamento e entrada das mercadorias e o restante em 5 parcelas iguais e sucessivas a cada 30 dias”. O propósito da entidade, segundo Aderson Frota, “é o de contribuir com propostas capazes de minimizar os graves efeitos da estiagem que se abateram sobre a população em 2023, principalmente a do interior do Estado”.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Verão Amazônico: em Belém, ilhas revelam praias paradisíacas

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O verão amazônico na capital paraense, Belém, representa uma temporada de descobertas e encantos naturais. Enquanto a cidade é reconhecida por sua cultura vibrante e uma rica história, é nas ilhas próximas que os moradores e visitantes encontram refúgio durante os meses mais quentes. Cada destino oferece experiências únicas, incluindo praias de rio, cultura local e paisagens deslumbrantes.

As ilhas do Combu, Cotijuba, Mosqueiro, Outeiro e das Onças oferecem praias de água doce, igarapés serenos e uma amostra autêntica da vida ribeirinha.

Veja também: 3 praias inexploradas e paradisíacas do Amazonas

Conheça alguns dos destinos mais populares, com informações sobre como chegar e os preços médios das passagens:

Ilha do Combu: natureza e gastronomia

A apenas 10 minutos de barco do porto da Praça Princesa Isabel, a Ilha do Combu é um destino obrigatório. Conhecida por sua exuberante vegetação e igarapés cristalinos, a ilha também se destaca pela gastronomia. Os visitantes podem desfrutar de restaurantes regionais que servem pratos típicos amazônicos e explorar a famosa fábrica de chocolate artesanal, onde é possível ver de perto o processo de produção do cacau ao chocolate. A travessia custa em torno de R$ 10 a R$ 15 por pessoa.

Cotijuba: tranquilidade e paisagens deslumbrantes

Para quem busca tranquilidade e beleza natural, a Ilha de Cotijuba é a escolha perfeita. A uma hora de barco do porto de Icoaraci, Cotijuba encanta com suas faixas de terra de areia clara e água doce, como a Praia do Vai-Quem-Quer e a Praia do Farol. A ilha é um convite ao relaxamento, com trilhas ecológicas e paisagens que oferecem uma pausa revigorante da agitação urbana. A passagem de barco custa entre R$ 10 e R$ 20 por pessoa.

Ilha de Cotijuba. Foto: Divulgação/Ascom Belémtur

Mosqueiro: praias de água doce com ondas e infraestrutura

A cerca de 1h a 1h30 de carro ou ônibus de Belém, a ilha de Mosqueiro é o destino favorito para aqueles que buscam praias com infraestrutura. Com suas ondas que lembram o mar, praias como Chapéu Virado, Murubira e Farol atraem famílias e turistas em busca de diversão e conforto. Mosqueiro oferece uma variedade de bares, restaurantes e serviços que garantem um dia de lazer completo. A passagem de ônibus para a ilha custa entre R$ 10 e R$ 15 por pessoa.

Ilha de Caratateua (Outeiro): praias tranquilas e fácil acesso

Popularmente conhecida como Outeiro, a Ilha de Caratateua está situada a cerca de 25 km do centro de Belém e é conhecida por suas praias de água doce e atmosfera tranquila. Com fácil acesso por meio de uma ponte, Outeiro é uma opção prática para quem deseja passar um dia relaxante longe do centro urbano. As praias de Brasília, Amor e Vai-Quem-Quer são populares entre os visitantes. A passagem de ônibus até Outeiro custa em torno de R$ 5 a R$ 10 por pessoa.

Ilha das Onças: aventura e ecoturismo

A Ilha das Onças, situada a aproximadamente 20 minutos de barco do porto da Praça Princesa Isabel, é ideal para quem busca aventuras ecológicas. A ilha oferece trilhas, passeios de barco e a oportunidade de observar a fauna e flora locais. A visita às comunidades ribeirinhas proporciona uma imersão cultural única. A passagem de barco custa cerca de R$ 15 a R$ 20 por pessoa.

*Com informações da Agência Belém

‘Faço por amor’: parteira já ajudou no nascimento de mais de 200 crianças no Amapá

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A dona Maria Raimunda de 74 anos, mais conhecida como ‘Tia Raimundinha’ mora na Vila de Mazagão Velho, no Amapá, e mantém a tradição das parteiras viva há mais de 48 anos na Vila Queiroz, um lugar com apenas quatro residências.

Leia também: Ofício, saberes e práticas das parteiras tradicionais são declarados Patrimônio brasileiro

Ela trabalha ‘aparando’ crianças desde 1974, já fez 202 partos e conta que cada situação foi marcante e importante para a sua história como parteira. ‘Tia Raimundinha’ contou que possui essa paixão desde muito nova, sendo uma tradição passada de mãe para filha.

“Esse é um dom que Deus me deu. Minha mãe era parteira mas nunca me ensinou a fazer um parto. Vi pela primeira vez quando ainda era menina, íamos fazer um parto que acabou sendo antes da hora, e gostei muito de fazer aquilo e até hoje faço por amor”, contou.

Paixão pelo trabalho

Com os anos, ela buscou aprimorar o serviço, modernizando os equipamentos. Mesmo sem saber ler ou escrever ou mesmo ganhar algum dinheiro com os partos, ela não deixou de se capacitar na área onde ama atuar e até hoje guarda todos os certificados que adquiriu de todos os cursos de parteira que fez.

Raimundinha fez a maioria dos partos sozinha, inclusive em outros municípios, além de Mazagão. Ela orientava as parturientes sobre os cuidados que deveriam ter antes de dar a luz.

“Eu mandava ela tomar um banho, depois tomar um caribé bem forte para as dores, pra ficar bem forte as dores nela. Eu dizia pra ela, não fazer força antes de vir a dor. Por que pode dilatar a veia aqui do pescoço”, disse.

Ela mostrou também os cuidados com o bebê após o nascimento e que sempre tratou todos com muito carinho, imaginando seus próprios filhos.

Dona Raimunda buscou modernizar e aprimorar o trabalho durante os anos, sem ganhar nada em troca. Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica

Oficialmente, não há registro de nascimento dos bebês, mas a parteira com seu próprio caderno de registros anota cada uma das crianças em que contribuiu no nascimento. Nos livros, são anotados os nomes, o peso, data de nascimento e estado de saúde de cada vida.

Dona Raimunda sempre pede aos filhos para que anotem sua história. Em sua mesa, inúmeros cadernos com anotações são encontrados, inclusive, o de ‘como fazer um parto tradicional’.

Todas as receitas de remédios caseiros que faz com plantas medicinais cultivadas na sua própria horta também são anotadas em um caderninho, segundo ela, as receitas são sagradas e milagrosas, já que além de parteira, ela também é curandeira.

A Maria Luiza Barriga de, 69 anos, também parteira e técnica em enfermagem, era uma das parceiras da ‘Tia Raimundinha’ e a ajudou em alguns partos. As duas, são as únicas nessa função nas redondezas do município de Mazagão.

“Eu gosto, mas é muito difícil fazer um parto e hoje em dia não tenho mais muita saúde. Minha bisavó e a mãe da Raimunda foram as primeiras parteiras daqui, depois essa tradição passou pra gente, já fizemos muitos partos”, disse.

Maria e Raimundinha realizaram inúmeros partos no interior do AP. Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica

Fé cristã

A fé é um pilar para Raimundinha, que possui inúmeras figuras de santos e segue tradições da igreja católica. Ela contou que além de anotados e registrados, cada bebê também recebe uma oração própria e a mãe quando está prestes a dar a luz, recebe o ‘amuleto sagrado’, que conforme ela, faz o processo acontecer sem complicações.

O amuleto é colocado em volta do pescoço da mãe. A parteira contou que ele sempre funciona, já que nenhum dos 202 partos que fez, tiveram qualquer tipo de interferência ou dificuldade.

Reencontro com um dos ‘filhos’

Durante a entrevista, a dona Raimundinha encontrou de forma emocionante um dos 202 bebês que ajudou no parto. A Francisdalva Silveira, que já tem 33 anos e é enfermeira. Ela contou que já foi da área da educação, mas suas raízes a levaram de volta para a saúde.

“Eu tive a honra de nascer pelas mãos dessa mulher, que eu gosto de chamar de vó pois tenho um carinho muito grande. Tenho orgulho de dizer e maior orgulho mesmo ainda de estar com ela presente na minha vida, me acompanhando e ter o privilégio de conhecer a mulher que fez o meu parto”, contou a enfermeira.

Dona Raimunda contou emocionada sobre a gratidão de poder ver um de seus ‘bebês’, crescendo e se transformando em uma pessoa amável e trabalhadora.

*Por Isadora Pereira, da Rede Amazônica AP

Vias liberadas: Águas de Manaus conclui obra de esgoto no cruzamento das avenidas Djalma Batista e João Valério

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A obra de implantação de rede de esgoto, no cruzamento das avenidas Djalma Batista e João Valério, no bairro Nossa Senhora das Graças, foi concluída neste fim de semana. O serviço, iniciado na noite da última quarta-feira (26), foi finalizado na noite de sábado (29). Na sequência, equipes iniciaram o trabalho de pavimentação da via, para liberação total do trânsito na madrugada desta segunda-feira (1º).

A frente de obra contou com a participação de cerca de 200 trabalhadores, que se revezaram em turnos distintos para que a obra fosse realizada sem interrupções.

O empreendimento faz parte do programa Trata Bem Manaus, que vida a universalização dos serviços de coleta e tratamento de esgoto. Durante todos os dias, agentes do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) estiveram no local orientando os motoristas.

“O período da obra foi escolhido estrategicamente por nestes dias porque é uma época que Manaus tem uma redução de fluxo de veículos devido ao Festival de Parintins e às férias escolares. Montamos uma força tarefa e conseguimos no prazo estabelecido pelo cronograma. Agradecemos a colaboração de todos e compreensão dos motoristas e pedestres que entenderam a importância do empreendimento para a cidade de Manaus”, destaca o gerente de Projetos, Jean Damaceno.

A rede coletora instalada tem extensão de 170 metros. Ela faz parte do sistema que abrange, também, a avenida Constantino Nery. Todo esgoto coletado desta região será transportado até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Educandos, onde passará por tratamento antes de ser devolvido ao rio Negro, livre de contaminações.

*Por Águas de Manaus

Ponta do Ismael receberá melhorias no sistema de tratamento e distribuição de água na próxima terça-feira (02)

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Responsável por tratar e distribuir diariamente mais de 700 milhões de litros de água por dia, o Complexo de Produção de Água Ponta do Ismael (PDI), na Compensa, vai passar por uma melhoria programada na próxima terça-feira (02). Em decorrência do serviço, o sistema de abastecimento precisará ser desligado temporariamente.

O objetivo é realizar uma série de intervenções no sistema, que vão desde o setor elétrico da subestação da unidade, até interligações de redes de grande porte e troca de registros. Na ocasião, também serão realizadas manutenções mecânicas preventivas, que irão beneficiar as regiões abastecidas a partir da unidade.

O serviço ocorre a partir das 5h da terça-feira (02) e tem previsão de finalização às 17h do mesmo dia. Durante o período, a concessionária irá realizar a interligação de uma adutora em dois pontos na avenida Presidente Dutra, no bairro Santo Antônio. A avenida Joaquim Nabuco, no Centro, rua Emílio Moreira, na Praça 14 de Janeiro, e rua K, no bairro Alvorada, também irão receber intervenções.

Abastecimento

Para que a melhoria seja realizada com total segurança, será necessário interromper temporariamente a produção de água tratada na Ponta do Ismael. Bairros das zonas Norte, Sul, Centro-Sul, Oeste, Centro-Oeste, e de parte da zona Leste podem apresentar oscilações no abastecimento.

Logo após a conclusão dos trabalhos, a água começa a retornar de forma gradativa, chegando primeiro às regiões centrais e, posteriormente, nas áreas mais elevadas, de acordo com a geografia da cidade. A previsão é que o serviço de água esteja normalizado em todas as regiões da cidade em até 48 horas.

De acordo com o gerente de Operações da Águas de Manaus, Lineu Machado, o serviço é necessário para garantir o bom funcionamento da Ponta do Ismael. “O Complexo da PDI opera 24h por dia, durante o ano inteiro. Naturalmente, alguns equipamentos envolvidos no processo de produção de água precisam passar por melhorias preventivas. Também vamos interligar um trecho novo de tubulação e realizar a troca de grandes registros. Todas estas intervenções irão garantir que a população continue recebendo água de qualidade”, destaca.

Reserve água

Para que a população tenha um menor impacto em sua rotina durante a melhoria programada da terça-feira, a Águas de Manaus recomenda que os moradores das regiões abrangidas pelo serviço reservem água para o período. A empresa também orienta o uso do recurso de forma moderada, priorizando o consumo humano e atividades essenciais.

Equipes da Águas de Manaus estarão mobilizadas com carros-pipa, para abastecer locais prioritários, como hospitais, Unidades Básicas de Saúde e Escolas nas zonas abrangidas pelo serviço.

A Águas de Manaus agradece a compreensão da população e informa que, qualquer situação emergencial deve ser informada imediatamente à concessionária, nos canais de atendimento: 0800-092-0195 (Whatsapp e SAC), www.aguasdemanaus.com.br e Aplicativo Águas App. O atendimento é gratuito e está disponível 24h.

Confira a lista das áreas impactadas, acessando o link:
https://www.aguasdemanaus.com.br/ponta-do-ismael-recebera-melhorias-no-sistema-de-tratamento-e-distribuicao-de-agua-na-proxima-terca-feira-02/

*Por Águas de Manaus

Professor analisa luta pela posse de terra no Acre em tese de doutorado que se tornou livro

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O professor do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Acre (Ufac), Reginâmio Bonifácio de Lima, lançou o livro ‘Ao Sol Carta é Farol: A Luta pela Posse das Terras Acreanas Durante a Ditadura Militar’ (Alta Performance/Edufac, 726 p.). A obra, resultado de sua tese de doutorado, retrata a luta dos trabalhadores da Amazônia na busca pela posse da terra.

Reginâmio afirma que a tese é a terceira fase do projeto de pesquisa que iniciou em sua especialização, onde analisou as pessoas que saíram dos seringais e chegaram à cidade. No mestrado, explorou as memórias dessas pessoas e como elas enxergavam suas vivências.

No livro, ele buscou retratar a luta por moradia e pela posse da terra, trazendo à cena os outros agentes do mosaico acreano que foram obrigados a migrar e a lutar para sobreviver.

“É importante conhecer nossa história para valorizar nossas populações”, disse.

“Ao sol carta é farol… tem endereço certo, a própria história de Rio Branco, do Estado do Acre, da Amazônia e do Brasil. À História da Igreja, aos movimentos sociais, aos descendentes nordestinos, aos agentes, aos militantes e cada uma das crianças que escreveu sua carta. É por isso que essa obra deve ser recebida como Carta, Testemunho e Memorial. Ela sobrepuja permanente esperança, pois ensaiam novas mensagens em prol da construção de uma Amazônia melhor, com trabalho justo e dignidade humana para todos”, escreveu o professor Édison Hüttner, da PUC-RS, no prefácio da obra.

*Com informações da Ufac

Fundação Rede Amazônica lança série ‘Echos da Amazônia’ no G1, Portal Amazônia e Rede Amazônica

A Fundação Rede Amazônica (FRAM), lança nesta segunda-feira (1°), no g1 Amazonas, Portal Amazônia e Rede Amazônica, a série “Echos da Amazônia”. A série, que estreia nesta semana, irá explorar a produção de café em Silves, empreendedorismo feminino e meliponicultura na cidade de Itapiranga.

“O Echos da Amazônia” é uma celebração da riqueza natural e humana da Amazônia, trazendo à tona narrativas inspiradoras de trabalho árduo, inovação e sustentabilidade. A série promete não apenas informar, mas também sensibilizar o público sobre a importância de preservar e valorizar a Amazônia.”, destacou Mariane Cavalcante, diretora executiva da Fundação Rede Amazônica.

Ao longo da semana serão publicadas sete matérias no Portal Amazônia e g1 Amazonas, além de três vídeos que contam a realidade dos moradores locais que serão disponibilizados nos sites e também farão parte da programação do Amazon Sat e Rede Amazônica. Além disso, o “Echos da Amazônia”, terá uma versão em formato jornalístico em três episódios que será exibida no  telejornal “Bom dia Sábado” da Rede Amazônica.

“A promoção da sustentabilidade nos meios de comunicação é essencial para conscientizar e educar as comunidades sobre a importância de práticas responsáveis, garantindo um futuro equilibrado e próspero para as próximas gerações.”, destacou Andrezza Lifsitch, gerente de jornalismo da Rede Amazônica.

Em Silves, a série revela os segredos e as tradições do cultivo do café, destacando a dedicação dos produtores locais e a qualidade excepcional do café amazônico. A série segue para Itapiranga, onde a meliponicultura, a criação de abelhas sem ferrão, é um dos focos principais.  Ainda em Itapiranga, a série destaca histórias de empreendedorismo feminino, mostrando a força e a resiliência das mulheres que lideram negócios e iniciativas na região.

“O projeto Echos da Amazônia é importante para a Amazônia porque abordamos os temas das ODS e conseguimos materializar isso, explicando de uma forma didática para as pessoas que já praticam as ODS aqui na nossa região, com belas histórias para inspirar as pessoas. Então, em parceria com a Eneva, conseguimos dar visibilidade para três projetos que são muito importantes na região de Silves e Itapiranga, e esperamos que esses exemplos possam inspirar muitos projetos na nossa região.”, destacou Anderson Mendes, gerente de conteúdos especiais da Fundação Rede Amazônica.

A série “Echos da Amazônia” conta com apoio da Eneva e estará disponível em breve no GloboPlay, g1 Amazonas, Portal Amazônia e redes sociais da Fundação Rede Amazônica.

57° Festival Folclórico de Parintins: o encontro das raízes e da paixão popular por sua cultura

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1ª noite – 28 de junho

Caprichoso

O primeiro a se apresentar é o Boi Caprichoso, com o tema ‘Cultura – O Triunfo do Povo’. E para a primeira noite seu subtema é ‘Raízes: O entrelaçar de Gentes e Lutas’.

O foco é nas culturas: culturas plantadas, nascidas e sustentadas no meio da Amazônia Brasileira, magistralmente triunfal no entrelaçar de negros e negras, indígenas, ribeirinhos e ribeirinhas, mestres e mestras da cultura popular local. Dos filhos da terra que plantaram o jardim chamado Amazônia e, pela sua existência, por ela enfrentaram a impiedosa e violenta força da colonização, marcando uma história de dor, resistência e muita.

Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

Um balão de São João erguido por um guindaste chegou surpreendendo a galera azulada. O Boi Caprichoso, o apresentador Edmundo Oran e o levantador de toadas Patrick Araújo, que cantou ‘Pode Avisar’ chegaram agitando o lado azul.

Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

A cunhã-poranga Marciele Albuquerque também surpreendeu o público ao sair de dentro da Cobra Grande na primeira alegoria do Caprichoso, ‘Dona da Noite’, na encenação da Lenda Amazônica.

Leia também: Lendas amazônicas: Onde estão as cobras grandes da Amazônia?

Já a Rainha do Folclore, Cleise Simas, desceu do ‘Bicho Folharal’ durante sua apresentação. Trata-se de um dos seres fantásticos do imaginário popular amazônida, uma entidade protetora que afugenta os invasores e destruidores dos rios e das florestas.

O pajé Erick Beltrão também levou ao bumbódromo uma grande representação indígena: um rito de Transcendência Yanomami (Mothokai, a Fúria do Sol), emocionando o público.

Entre os convidados da primeira noite, Vanda Witoto, Djuena Tikuna e Davi Kopenawa participaram da apresentação do boi Caprichoso. As mensagens de proteção às terras indígenas e da salvaguarda cultural dos povos originários foram reafirmadas pelos convidados, ilustrando o compromisso do boi-bumbá com a proteção da região amazônica e seus povos e culturas.

Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

Para o item 15, a Figura Típica Regional, o Caprichoso levou à arena um reconhecimento aos parintinenses que contribuíram para a conquista da cultura popular. Figuras, como o tuxaua pioneiro Zeca Xibelão, que dá nome ao curral do boi de estrela na testa, foram lembradas.

Outra mensagem que o touro negro levou à arena foi a homenagem à cultura nordestina do bumba meu boi, por meio da Marujada de Guerra.

Garantido

O Garantido leva para a arena este ano os ‘Segredos do Coração’ e em sua primeira noite preparou ‘A Origem da Vida’. “Há muitas teorias sobre quando e como tudo que nos cerca e somos começou e as teorias indígenas são as mais complexas, simbólicas e poéticas. Uma dessas narrativas sobreviveu ao epistemicídio colonial. Chegou até os dias de hoje graças à resistência de uma das maiores nações indígenas do Brasil, os Sateré-Mawé”.

Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

O boi-bumbá abriu a noite com um dos seus maiores hinos, a toada ‘Vermelho’, de Chico da Silva. A apresentação foi de Israel Paulaim, que puxou a música e emocionou a galera perreché.

Leia também: Portal Amazônia responde: qual o significado do termo ‘perreché’?

A porta-estandarte Lívia Cristina surgiu logo depois, realizando sua evolução com o tema da primeira noite ‘Origem da Vida’.

Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

A primeira alegoria foi ‘Noçokem’, que representa o tema do vermelho neste ano. Segundo o bumbá, o mundo e tudo que nele vive se originou no local sagrado chamado Noçokem, localizado no coração da floresta amazônica.

A cunhã-poranga do boi Garantido, Isabelle Nogueira, surgiu desta alegoria. Ela recebeu uma homenagem por sua atuação em rede nacional ao participar do reality show Big Brother Brasil.

Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

A cunhã se tornou embaixadora da cultura popular parintinense, representando uma evolução da visibilidade que o Festival passou a receber. Isabelle transmutou-se em onça-pintada na arena, representando a potência de um dos animais símbolos da Amazônia.

A cultura indígena também foi exaltada pelo boi de coração na testa por meio da dança, revelando a importância da preservação dos povos originários, até mesmo os que já não existem mais. Bem como também fez uma homenagem à personalidades como ‘Dona Xanda’, mãe do fundador do boi Garantido, representada por Edilene Tavares – Rainha do Folclore – , e aos ribeirinhos.

O boi surgiu na alegoria ‘Beija-Flor – Origem Ancestral’, em uma homenagem ao seu criador, Lindolfo Monteverde.


2ª noite – 29 de junho

Caprichoso

Para a segunda noite, o Caprichoso levou para a arena o tema ‘Tradições: O Flamejar da Resistência Popular’, “Na noite em que a “tradição” é o fio condutor da nossa narrativa, o boi Caprichoso pede licença para falar daquilo que cultiva com todo o cuidado: as tradições que dão vida ao bumbá”.

Responsável mais uma vez por abrir a noite, o touro negro iniciou a segunda noite de apresentações. Em primeiro ato, o bumbá azul transformou o Bumbódromo em uma grande brincadeira de boi de rua e evoluiu junto com grupos de bailados, ao som de Málúù Dúdú.

Foto: Daniel Landazuri/Rede Amazônica

Logo na primeira alegoria da segunda noite, o Boi Caprichoso apresentou o “Pescador da Amazônia” como figura típica regional. Em seguida a porta-estandarte Marcela Marialva, seguida da sinhazinha Valentina Cid, seguiram com as aparições esperadas pela galera. Como uma grande comunidade ribeirinha, o cenário se formou para mostrar os costumes do caboclo amazônida.

Protagonismo indígena. Conforme a organização do bumbá, falar de povos indígenas é preciso, mas muito mais necessário é incluí-los nessas falas. Assim, como feito na primeira noite, indígenas foram convidados à participar da festa azulada e levantar suas vozes. Por isso, os indígenas Morubo fizeram um apelo pelo futuro da floresta. Beto Morubo pediu proteção às terras indígenas, à floresta e prestou homenagem à Dom e Bruno.

Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

A cunhã-poranga munduruku Marciele chegou por meio do guindaste, iluminada pela arara azul, incorporando um pássaro amazônico ao evoluir no chão da arena.

Garantido

Já o Garantido entrega na a ‘Ancestralidade Amazônica’, uma ancestralidade que na cidade de Lindolfo Monteverde quebra barreiras e dilui as fronteiras entre indígenas, negros e brancos, com homenagens às figuras que ajudaram a compor as primeiras linhas identitárias.

O item que mais possui participantes, a galera (item 19), ajudou a abrir a segunda noite de apresentações do boi Garantido. O público incluído como item a ser avaliado é uma das particularidades do Festival. O levantador de toadas do segundo dia, David Assayag, assumiu a condução das canções que emocionaram o público.

Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

Aguardada, a cunhã-poranga Isabelle Nogueira surgiu em uma indumentária completamente diferente da primeira noite. Dessa vez, o item 9 se transformou em um gavião real amazônico.

O ritual indígena Huni Kuin foi um dos destaques da noite celebrado pelo pajé Adriano Paquetá, bem como a lembrança do amo João Paulo Farias que versou sobre o boi Campineiro, um terceiro bumbá que já fez parte da disputa.

Quase no fim da apresentação do bumbá vermelho, David Assayag passou mal e foi levado para a enfermaria do bumbódromo. Segundo o próprio levantador, em suas redes sociais, o calor o fez se sentir mal e acabou tendo uma queda de pressão.

Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

3ª noite – 30 de junho

Garantido

A terceira noite de apresentações do Festival começa com a inversão dos bumbás: dessa vez Garantido é o primeiro a entrar na arena, com ‘O futuro ancestral’, com a mensagem de paz e respeito aos ancestrais.

Israel Paulain abriu a noite agitando a galera e fazendo a tradicional contagem regressiva para o início da apresentação do boi de coração vermelho.

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

A porta-estandarte Lívia Christina, item5, entrou com uma indumentária colorida e levantou a animação da arena.

O Garantido nasceu de uma promessa e esse ano o grupo de cantores homenageou mais uma vez Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Parintins.

E entre as homenagens que o boi vermelho e branco tem feito este ano, Zezinho Correa foi lembrado ao cantarem ‘Tic tic tac’ (Bate forte o tambor – Carrapicho), uma das toadas mais conhecidas no mundo todo. Principalmente porque seu compositor, Braulino Lima, entrou como destaque na arena.

Também foi lembrado o escritor indígena Ailton Krenak e suas reflexões sobre a existência da humanidade.

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Rainha do Folclore, Edilene Tavares surpreendeu o público com sua simbologia à rainha das águas. Mas o item 10, o boi-bumbá, que chegou na alegoria em cima do boto e acompanhado da vaqueirada, deixou a galera em polvorosa.

O Uirapurú é uma das lendas que o Garantido levou para o Bumbódromo este ano, simbolizando “um canto de esperança para a vida continuar”, como versado pelo levantador de toadas. O item 9, a cunhã-poranga Isabelle Nogueira chegou na alegoria que contava a lenda.

Leia também: Saiba quais são as lendas, mitos e rituais levados ao bumbódromo no 57° Festival Folclórico de Parintins

Os tuxauas entraram no Bumbódromo carregando grandes aves amazônicas em suas indumentárias, como as araras e o gavião real.

Confira todos os detalhes o boi Garantido para 2024:

Caprichoso

Para fechar a 57ª edição do Festival Folclórico de Parintins, Caprichoso leva para o Bumbódromo o tema ‘Saberes: o reflorestar das consciências’.

O boi Caprichoso chegou descendo do céu no guindaste, embalado pela vibração da torcida azulada que entoava “só quem é Caprichoso sabe a extensão desse amor”.

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Em seguida, o boi da estrela azul apresentou a lenda amazônica “Do cataclismo Macurap ao reflorestamento da vida”, com uma chuva invertida de balões.

E mais uma vez o bumbá defendeu a demarcação de terras de povos originários e fez um alerta: 5 anos e 21 dias – esse é o tempo que a Terra levará para aquecer 1,5°C, mas que ainda há tempo de salvar o planeta. O alerta foi feito pela filha de Chico Mendes, Angela, e José Tupinambá.

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Com um balé aéreo, a apresentação se encaminhava ao sim, faltando menos de meia hora para o encerramento, dado destaque para a marujada de guerra e para a galera. Em seguida o ritual indígena Awa Guajá e o pajé Erick Beltrão surpreenderam com a execução dos itens, incluindo, mais um balé aéreo que acompanhou o surgimento do pajé no bumbódromo.

Confira todos os detalhes o boi Caprichoso para 2024:

Resultado

A apuração ocorre sempre na segunda-feira, na parte da tarde, após o último dia de festa. Das três notas dadas a cada item, é descartada a menor. Vence o festival o boi que acumular mais pontos no somatório de todos os blocos em todas as noites. A apuração em 2024 é realizada nesta segunda-feira (1° de julho).

*Esta matéria segue em atualização durante as apresentações dos bois-bumbás