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Você não cuidou do meu filho

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

Havia menos de um ano que Carlinhos se juntara ao grupo de juvenis do clube. Eram os anos 70 e os jovens tinham em torno de 17 ou 18 anos. Eles aspiravam se tornar jogadores profissionais. Quem se destacava recebia oportunidades no time principal. Era comum que, nas preliminares dos clássicos no Maracanã e em outros grandes estádios, fossem programados jogos entre os juvenis, e isso fazia com que, aos poucos, os mais promissores se tornassem conhecidos da torcida. Alguns ficavam famosos antes mesmo de serem testados entre os profissionais. Algumas dessas promessas vingavam e se tornavam grandes ídolos. Outras ficavam pelo caminho. Pode-se dizer que todos os craques da época passaram por esse processo, e alguns foram campeões do mundo e se tornaram os chamados “monstros sagrados”, lendas vivas do futebol nacional.

Carlinhos ainda estava começando, e havia sobre ele uma grande expectativa. O treinador foi buscá-lo no interior do Mato Grosso, atraído pela fama do camisa 10 do time local, que, diziam, tinha tudo para ser um novo Pelé. Até a sua aparência física lembrava o Rei. Não foi fácil convencer o pai a liberá-lo dos afazeres da roça e, principalmente, do convívio com a família. Carlinhos era o primogênito, ajudava com o trabalho no campo, com o pouco dinheiro que ganhava no futebol, e era o líder dos seis irmãos, que tinham nele um exemplo a ser seguido. Seu Carlão ainda via em Carlinhos alguém em quem a família poderia contar na sua ausência. Sua esposa, Maria, mãe de Carlinhos, era uma mulher de fibra, mas analfabeta e não sabia fazer contas.

Professor Ricardo, como era conhecido o treinador, precisou fazer uso de toda a sua persuasão para convencer Carlão a liberar o filho para deixar o interior, ir para o Rio de Janeiro e morar no alojamento com outros 20 ou 30 garotos, todos com o mesmo ideal: tornarem-se craques reconhecidos pelo público e chegarem à seleção brasileira. Na época, os jovens não sonhavam em jogar na Europa, mas na seleção do Brasil. Nem todos chegariam lá, mas o Professor Ricardo, com toda a sua experiência, garantia: Carlinhos será o novo camisa 10 da seleção em alguns anos.

Não foi o que aconteceu. Após alguns meses de clube, começou a crescer em uma das pernas de Carlinhos um tumor de origem desconhecida, que acabou por fazer com que sua perna precisasse ser amputada, em caráter de emergência, para salvar-lhe a vida.

Professor Ricardo, o treinador, não permitiu que ninguém mais fosse o portador da notícia à família. Naquela época, não era fácil a comunicação com o interior, mesmo por telefone. A viagem demoraria alguns dias, mas o Professor Ricardo não teve dúvidas. Ele mesmo iria acompanhar Carlinhos até sua casa e comunicar o fato à família. Era uma semana de decisão de um jogo importante. Seria criticado por não estar com o time, mas tinha algo maior em questão.

— Confiei em você e você não cuidou do meu filho. — Foi a única reação de Carlão, pai de Carlinhos.

O Professor Ricardo poderia dizer muita coisa a seu favor, já que não teria como evitar o surgimento do tumor na perna do menino e que a medicina fez tudo o que estava ao seu alcance. Poderia usar muitos argumentos. Mas não foi o que ele fez. Professor Ricardo apenas abaixou a cabeça e disse:

— Perdão.

Não sei quanto a você, mas a história me leva a duas posições, às quais todos nós estamos sujeitos e que, talvez, as vivenciemos, algumas vezes, sem consciência.

Há momentos em que confiamos a alguém o que podemos considerar como um filho. Pode ser quando deixamos uma criança numa creche, numa escola, ou quando delegamos a outrem um projeto extremamente importante para nós. No meu caso, ocorre hoje quando confio a alguém um dos projetos ou áreas do MCI, um filho para mim. Entregamos porque confiamos.

Em outros momentos, é quando acontece o contrário. Somos nós que recebemos o “filho” de alguém, que confiou em nós. Se algo não der certo, não cabem justificativas, explicações ou defesas. Uma única palavra disse o Professor Ricardo a Carlão: Perdão. Uma única palavra pode dizer mais sobre o quanto puxamos para nós a responsabilidade.

E para você, como é confiar a alguém um “filho”? Como é receber de alguém a confiança de um “filho”?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Santarém tem o pior saneamento entre as 100 maiores cidades do país

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O município paraense caiu duas posições em relação ao Ranking anterior e alcançou a última colocação. Foto: Agência Santarém

Com menos da metade (48,49%) da população com acesso à água potável e somente 3,77% com coleta de esgoto, Santarém (PA) foi o último colocado do Ranking do Saneamento 2025, estudo do Instituto Trata Brasil que avalia os indicadores de saneamento das 100 maiores cidades a partir de dados do SINISA (ano-base 2023).

O município que abriga mais de 300 mil habitantes caiu duas posições em relação ao Ranking de 2024 e figurou como a pior (entre as 100 maiores cidades do país) em infraestrutura básica de saneamento em 2025.

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Além de indicadores precários de acesso à água e coleta de esgoto, o município paraense trata apenas 8,61% do esgoto gerado e perde mais de 48,72% da água potável nos sistemas de distribuição, ou seja, toda essa água é desperdiçada antes de chegar às residências da população.

A precariedade do saneamento em Santarém é reflexo do baixo investimento realizado na infraestrutura. O investimento per capita é de apenas R$ 37,35, distante do necessário para universalização do saneamento de acordo com o que estipula o PLANSAB, que é de R$ 223,82 por habitante. Isso significa que Santarém investe apenas 16,7% do valor necessário para alcançar a universalização do saneamento.

Leia também: Cidades da Amazônia estão há oito anos entre as 20 piores no ranking de saneamento básico do Brasil

Diante desse cenário, de acordo com o Trata Brasil, “o saneamento em Santarém não será uma realidade sem maiores investimentos e planos estruturados para ampliação dos serviços. O saneamento é uma política pública estratégica com o potencial de melhorar a saúde pública, a educação e a produtividade econômica no Brasil”.

Metas

O desafio se estende para além de Santarém. O Pará, estado que sediará a COP-30 em 2025, apresenta indicadores igualmente precários, atendendo 51,6% da população com água potável e somente 17,3% com coleta de esgoto, enquanto apenas 19,3% do esgoto é tratado.

Para cumprir as metas do Novo Marco Legal do Saneamento até 2033, ou seja, atender 99% da população com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgoto, o Pará precisará acelerar os investimentos e implementar estratégias eficazes de expansão do básico.

*Com informações do Trata Brasil

Estudo conclui que zonas úmidas tropicais degradadas emitem gases com efeito estufa potentes

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Estudo internacional registra dados usando sensores instalados em torres de monitoramento e câmeras estáticas localizadas na América do Sul, África e Sudeste Asiático. Foto: Reprodução/IIAP

As zonas úmidas tropicais, quando alteradas pela drenagem ou por alterações no lençol freático, emitem quantidades significativas de óxido nitroso (N₂O), um gás de efeito estufa com um potencial de aquecimento global até 300 vezes maior que o dióxido de carbono (CO₂), de acordo com um recente estudo científico internacional.

O estudo registra dados usando sensores instalados em torres de monitoramento e câmeras estáticas localizadas na América do Sul, África e Sudeste Asiático.

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Na Amazônia peruana, especificamente no departamento de Loreto, os dados foram obtidos perto de Iquitos. A infraestrutura possibilitou o registro das trocas gasosas entre o solo, a vegetação e a atmosfera. Essa área, operada pelo Instituto de Pesquisas da Amazônia Peruana (IIAP), está localizada nas florestas de várzea de Quistococha.

Os resultados mostram que as mudanças nessas áreas, seja por drenagem ou alterações no lençol freático, aumenta não apenas as emissões de CO2, mas também as emissões de N2O.

Leia também: Zonas Úmidas: guardiãs do equilíbrio ecológico no Peru

Ao contrário do metano, cujas emissões diminuem em solos secos, as emissões de N2O aumentam em níveis intermediários de umidade, quando começa a decomposição da matéria orgânica rica em nitrogênio.

O estudo mostra que essas áreas degradadas contribuem significativamente para as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Portanto, é crucial preservar essas áreas úmidas em seu estado natural e garantir sua umidade permanente. Dessa forma, as emissões podem ser reduzidas e sua capacidade vital de atuar como sumidouros de carbono, mantida. Leia o estudo completo AQUI (em inglês).

*Com informações da Agência Andina

Dicas para enfrentar as altas temperaturas do verão na Amazônia com saúde e disposição

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Hidratação é importante durante o verão amazônico. Foto: Jader Paes/Agência Pará

A chegada do verão na região amazônica, o calor e a umidade intensos pedem atenção redobrada com a nossa alimentação. Manter uma dieta equilibrada é fundamental, não apenas para garantir a energia necessária para as atividades do dia a dia, mas também para proteger o corpo contra a desidratação e outros problemas comuns nesta época. Priorizar alimentos leves, ricos em água e nutrientes é a chave para enfrentar as altas temperaturas, com saúde e disposição.

Frutas como melancia, abacaxi e manga são ótimas opções, pois contêm bastante água e são refrescantes, auxiliando na hidratação.

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Alimentos ricos em vitamina C e betacaroteno, como cenoura, mamão, laranja e acerola, também são recomendados, pois servem de matéria-prima para a produção de melanina e atuam como antioxidantes, protegendo a pele. Em contrapartida, é bom ter cuidado com alimentos gordurosos, frituras, doces em excesso, que podem sobrecarregar a digestão.

A hidratação é crucial nessa época do ano.  Nutricionista e professora da Faculdade de Nutrição (Fanut) da UFPA, Vanessa Lourenço explica que, no verão, a necessidade de ingestão de líquidos pode chegar a 40ml por kg de peso corporal.

Leia também: Durante onda de calor na Amazônia, nutricionista dá dicas de como evitar desidratação

Além da água pura, a água de coco é excelente para repor os sais minerais perdidos com o suor. Sucos naturais, chás gelados sem açúcar e saladas com frutas também são ótimas alternativas para potencializar a hidratação. É importante evitar bebidas alcoólicas, pois são diuréticas e estimulam a perda excessiva de água do organismo.

Ao observar sinais de desidratação como boca seca, tontura, dor de cabeça e urina escura, é fundamental agir rapidamente.  “Nesse caso, você deve ingerir bastante água e evitar bebidas açucaradas ou cafeinadas. Se os sintomas persistirem ou piorarem, procure atendimento médico”, alerta a nutricionista.

“É importante ter em mente que a obtenção da saúde só é possível por meio de uma alimentação saudável. Para isso acontecer, a mudança de hábitos alimentares torna-se indispensável. No verão, esses hábitos são modificados devido à mudança de ambiente, rotina, além do aumento da temperatura”, explica Vanessa.

Leia também: Verão amazônico: 11 dicas para fugir do calor da Amazônia

Para um verão saudável, a organização das refeições deve priorizar leveza e praticidade. Deixar frutas lavadas e cortadas na geladeira facilita o consumo de lanches frescos e saudáveis. Montar marmitas com saladas, proteínas leves (frango desfiado ou peixe grelhado) e carboidratos integrais (arroz ou macarrão integral) também ajuda na correria do dia a dia.

Em viagens, é fundamental fracionar a alimentação, fazendo as refeições principais e dois lanches leves, optando por alimentos fáceis de transportar, que não estraguem facilmente, como biscoitos e barras de cereais. A atenção à qualidade dos alimentos consumidos em restaurantes e quiosques também é essencial, pois o calor acelera a deterioração e a contaminação. Lembre-se de que a saúde é resultado de hábitos alimentares saudáveis.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 175, escrito por Luiza Amâncio e com edição de Rosyane Rodrigues  

Mato Grosso lidera saldo da balança comercial brasileira no primeiro semestre de 2025

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Ponte em Mato Grosso. Foto: Divulgação

Mato Grosso alcançou o primeiro lugar no saldo da balança comercial brasileira no primeiro semestre de 2025, com 45,08% de participação no superávit nacional, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Os dados foram compilados pelo Observatório do Desenvolvimento, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).

A performance reforça a vocação econômica do Estado, impulsionada principalmente pelo agronegócio. No total, Mato Grosso exportou US$ 14,6 bilhões e importou US$ 1,12 bilhão no período, o que resultou em um saldo positivo de US$ 13,57 bilhões.

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Em relação ao primeiro semestre de 2024, quando Mato Grosso representava 35,86% do saldo nacional, o aumento da participação do Estado na balança comercial foi de aproximadamente 25,7%. 

O resultado se deve, sobretudo, à robustez das vendas externas de produtos agropecuários. No primeiro semestre de 2025, o setor foi responsável por US$ 10,85 bilhões das exportações de Mato Grosso, consolidando o Estado como o maior exportador do setor no Brasil. Isso equivale a 27,71% de toda a exportação agropecuária nacional. 

Entre os produtos com maior peso, destacam-se a soja, o milho e o algodão. Mato Grosso respondeu por 68% das exportações brasileiras de algodão, movimentando US$ 1,69 bilhão no semestre. Também liderou a exportação de milho, com 34,41% da participação nacional e US$ 511,92 milhões embarcados. Já a soja, principal produto da pauta, rendeu US$ 8,46 bilhões ao Estado, o equivalente a 33,27% das exportações brasileiras do grão.

Leia também: Mato Grosso consolida protagonismo na produção mundial de grãos e fibras

Em contrapartida, as importações representam uma pequena fatia da movimentação comercial de Mato Grosso, que respondeu por apenas 0,83% das compras brasileiras no exterior no período. Os principais produtos importados foram insumos essenciais à produção agrícola, como adubos, inseticidas, maquinários e peças de reposição para colheita.

Segundo o secretário adjunto de Indústria, Comércio e Incentivos Programáticos, Anderson Lombardi, o avanço de Mato Grosso no comércio exterior reflete não apenas a força do setor produtivo, mas também o esforço do Estado em criar um ambiente favorável aos negócios.

“O bom desempenho de Mato Grosso na balança comercial é resultado de um setor produtivo eficiente e de políticas públicas voltadas ao fortalecimento da economia, com destaque para os incentivos fiscais, programas de apoio à industrialização e à exportação. A Sedec tem atuado de forma integrada com o setor privado para ampliar a competitividade do Estado e atrair novos investimentos”, afirmou.

*Com informações da Sedec MT

Nova espécie de sapo semiarbóreo é descoberta na Amazônia peruana

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A descoberta da nova espécie de sapo foi feita em cinco locais no departamento de San Martín. Foto: Giuseppe Gagliardi Urrutia

Uma nova espécie de sapo semiarbóreo, Scinax garciadavilae, foi descoberta na Amazônia peruana por pesquisadores do Instituto Peruano de Pesquisas da Amazônia (IIAP), do Museu Argentino de Ciências Naturais, da Universidade Estadual Paulista (Brasil) e da Universidade de Sevilha (Espanha).

Esta é a primeira espécie do grupo Scinax eurydice registrada no país. A descoberta foi feita em cinco locais da bacia de Huallaga, no departamento de San Martín. O sapo foi observado tanto em florestas perenes quanto em áreas perto de lagoas e estradas, indicando certa tolerância a ambientes movimentados e fornecendo dados relevantes para a conservação de anfíbios na região.

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Nome do sapo é em homenagem à cientista peruana Carmen García Dávila. Foto: Giuseppe Gagliardi Urrutia

Segundo os pesquisadores, a espécie, que mede entre 3,8 e 4,5 centímetros, distingue-se pelo corpo marrom com manchas escuras, flancos amarelos com pontos pretos, olhos prateados e pele com pequenos tubérculos. 

A análise genética revelou uma divergência de mais de 12% em relação às demais espécies do grupo, confirmando sua classificação como uma nova espécie. A descoberta amplia a distribuição geográfica do grupo Eurídice, que até agora estava restrita à Bolívia e ao Brasil.

Leia também: Pesquisadores descobrem sapo com cor de chocolate e ‘nariz de anta’ na Amazônia

O nome Scinax garciadavilae foi escolhido em homenagem à cientista peruana Carmen García Dávila, que há décadas dedica sua vida, com entusiasmo e paixão, à pesquisa e conservação da biodiversidade amazônica.

Ela também tem sido uma promotora do empoderamento feminino na ciência no Peru, especialmente promovendo o desenvolvimento de pesquisadoras na região amazônica.

Esta constatação reforça a necessidade de continuar o inventário das espécies na Amazônia, especialmente em áreas pouco exploradas, dadas as ameaças que esses ecossistemas enfrentam. Documentar a biodiversidade é essencial para o desenvolvimento de estratégias de conservação mais eficazes.

*Com informações da Agência Andina

Nheengatu

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Constituição Federal lançada na língua Indígena Nheengatu. Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

O Nheengatu é uma língua indígena atualmente falada por cerca de 8.000 pessoas no Alto Rio Negro e uma uma das línguas co-oficiais do município de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas. Antes de ser proibida durante o processo de colonização, era a língua mais falada no país inteiro.

Originária do Tupi-Guarani, a língua foi criada em função de reunir os dialetos e variantes dos 50 idiomas falados pelos indígenas da região na época colonial. Todos esses idiomas faziam parte da família do Tupi-Guarani e por isso possuíam elementos em comum.

De acordo com o Mestre em história, Hosenildo Alves, a Amazônia no período colonial era “uma verdadeira torre de Babel”, e para facilitar a catequese e a evangelização os missionários, principalmente os jesuítas, criam a língua ‘Nheengatu’, no tupi ‘língua boa’, que descartava os dialetos e utilizava a gramática da língua portuguesa como referência, e que durante o período colonial foi mais falada na Amazônia do que o próprio português.

Até o século XVIII, o Nheengatu foi incentivado pela própria coroa portuguesa como a língua de conversação da região. No entanto, em 1727 ela começou a ser proibida, e com a chegada dos nordestinos à Amazônia o Nheengatu deixou de ser a principal língua, consolidando o português. 

*Com informações da Babbel

“Estrada desaparece”: relatos de lideranças de comunidades afetadas por chuvas em Uiramutã, maior região indígena do Brasil

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Indígenas usam quadriciclo para locomoção em vias alagadas, em Uiramutã. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

“Quando a cheia vem, leva tudo. As pontes somem. A estrada desaparece. E a nossa produção fica encalhada”.

O relato é de Abel Barbosa, de 59 anos, tuxaua da comunidade Flexal, em Uiramutã. O município proporcionalmente mais indígena do Brasil sofre fortes com chuvas e intensas cheias dos rios, que isolam comunidades inteiras, dificultando o acesso a serviços básicos como educação, saúde e transporte de alimentos.

Leia também: Conheça Uiramutã, o município com maior proporção de indígenas do país

Na sexta-feira (1º), o governo Federal reconheceu a situação de emergência nacional em Uiramutã, no Norte de Roraima, por conta das cheias e das chuvas.

Localizado na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, Uiramutã fica há 280 km da capital Boa Vista, e é o 10º mais populoso entre os 15 municípios do estado.

A principal rodovia que leva a Uiramutã é a RR-171. Essa rodovia conecta o município à BR-433 e, consequentemente, à capital Boa Vista e outras regiões do estado. Fora da BR-174, o trajeto de Boa Vista até o município não tem asfalto, apenas estrada de barro, com buracos e lamas.

A região tem uma área territorial de 8.113,598 km². É lá onde está a maior parte da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Ao todo, são 222 comunidades indígenas em Uiramutã. 96,60% da população se autodeclara indígena, ou seja dos 13.751 habitantes, 13.283 habitantes são indígenas.

Do total de moradores, 60% da população está isolada por conta das chuvas. A prefeitura do município chegou a decretar, no dia 11 de julho, situação de emergência quando o número de isolamentos chegou a 8.334 pessoas. Mas, de acordo com a Defesa Civil Estadual, todas as comunidades da região estão sofrendo com as cheias.

“Todas as comunidades indígenas da região estão passando por dificuldades. É uma área de acesso extremo, com estradas ruins, serras, pontes precárias, igarapés. Quando chove lá, a situação se agrava muito. Toda aquela região está em situação crítica”, disse o tenente-coronel Leonardo Menezes.

Sede da cidade de Uiramutã, cidade proporcionalmente mais indígena do Brasil, onde nenhuma rua é asfaltada. Foto: Josivan Antelo/Rede Amazônica RR

O Grupo Rede Amazônica procurou a prefeitura de Uiramutã, questionou se há o interesse em se posicionar, mas não foi respondido até a última atualização desta reportagem.

Pontes de ‘madeira, machado e coragem’

Na comunidade Flexal, a 28 km da sede de Uiramutã, os 485 indígenas macuxi produzem feijão e mandioca (ou maniva, como é chamada pelos indígenas) para produção de farinha. A cada novo ciclo de chuvas e cheia dos rios no município, a história se repete na comunidade: pontes arrastadas pelas águas, estradas tomadas por lama, erosão e plantações ameaçadas.

Para chegar até a comunidade é necessário colocar carros e caminhões dentro de igarapés — já que não há mais pontes no trajeto e as que existem foram construídas pela própria comunidade. Apenas caminhonetes chegam no local.

No início do mês, a comunidade realizou um mutirão para tapar os buracos na estrada por conta própria (veja no vídeo acima). Para o tuxaua de Flexal, a comunidade está refém das cheias dos rios e das chuvas.

Estrada alagada na entrada da comunidade Flexal, em Uiramutã. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

“Quando a cheia vem, leva tudo. As pontes somem. A estrada desaparece. E a nossa produção fica encalhada”, resume.

A produção de feijão na comunidade diminuiu, hoje está focada na farinha, por conta da dificuldade em transportar itens mais perecíveis — como o feijão. A farinha está guardada, esperando as chuvas diminuírem para que seja transportada e vendida na sede da cidade.

Neste ano, na roça comunitária, os indígenas produziram 88 sacas e esperam chegar a 150. Mas com as estradas em péssimas condições, a possibilidade de perder tudo é real.

“A farinha pode estragar. A gente tem medo de perder o trabalho de meses porque o caminhão não chega. E quando vamos atrás da prefeitura, a resposta é sempre a mesma: quebrou o caminhão, quebrou a caçamba, estrada tá ruim. E nada é feito”.

“Foi na força do povo. Nos juntamos e reconstruímos a ponte com madeira, machado e coragem. A estrada estava cortando pneu de carro, de moto. Ninguém chegava, ninguém saía”, afirmou o tuxaua.

Restos de ponte destruída pela água no caminho para a comunidade Flexal, no Uiramutã. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

“Aqui, tudo é feito a pé”

Poucos metros da comunidade Flexal, há a comunidade Barro, que com 126 indígenas macuxi passam por problemas parecidos. A ponte que cortava o Igarapé Pequeno, que leva até o local, foi destruída pelas águas em 2024 e nunca foi reconstruída. O indígenas improvisaram uma nova ponte com ripas de madeira.

A rotina de crianças da comunidade foi interrompida pela falta da ponte. Sem transporte escolar, nem estrutura adequada, os estudantes estão há meses sem conseguir frequentar as aulas.

“Tem estudante que vinha da outra comunidade pra estudar no Flexal, mas agora não estão mais vindo. A ponte caiu e não tem como atravessar”, conta o tuxaua Ivanicio Barbosa, de 40 anos, liderança da comunidade Barro.
Ivanicio Barbosa, tuxaua da comunidade Barro, em frente ao local onde costumava ser a ponte da comunidade.

Ao todo, 60 estudantes vivem em Barro. Segundo o tuxaua, mesmo sem estrutura, a comunidade já reconstruiu a ponte quatro vezes com as próprias mãos. A comunidade chegou a solicitar da prefeitura de Uiramutã um barco para levar os estudantes até a escola, mas o pedido nunca foi atendido.

“A gente mesmo, com recurso do próprio bolso, vem tentando arrumar as pontes, tudo manualmente. A gente arruma, o carro volta a passar, mas logo o rio leva tudo de novo. E quem sofre são os alunos”, desabafou o tuxaua.

Em caso de emergência médica, a comunidade também não conta com transporte. “É só a pé mesmo. Se alguém passa mal, é andando que levamos. Aqui, tudo é feito a pé”, afirma Ivanicio.

“A água passou e levou tudo”

Outra comunidade que sofre as consequências do período chuvoso do município é Makuken, que fica 17,7 km de distância da sede de Uiramutã. Lá vivem 172 indígenas do povo macuxi e a situação este ano foi ainda mais grave. A cheia levou quase toda a plantação comunitária de mandioca.

Quando o Grupo Rede Amazônica foi até o local, a comunidade fazia uma assembleia que discutia soluções para remediar os estragos causados pela água. O tuxaua Cláudio Sousa Pereira, de 50 anos, comandava a reunião.

“Quando veio essa enchente, a água passou e levou tudo. A maniva ficou no fundo da água, morreu. E é com essa maniva que a gente faz a farinha. Isso deixou a gente muito preocupado, porque daqui pra frente vai faltar farinha. A gente depende disso”, contou.

Farinha feita na comunidade Flexal não consegue ser vendida e fica estocada em depósitos da comunidade. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

Segundo ele, a comunidade “se ajuda como pode”, dividindo o pouco que restou de alimento. Mas o cenário é incerto: o estoque de farinha pode durar até o fim do ano, depois, não se sabe.

“Se eu tenho um pouco de farinha, divido. Se outro tem feijão, reparte com a gente. Assim a gente vive. Mas agora vai ser difícil, porque todo mundo perdeu produção”, disse.

A esperança de recuperação é lenta. A mandioca, por exemplo, demora até dois anos para ser colhida. Com isso, a segurança alimentar da comunidade está em risco.

“A produção rápida seria o feijão, mas agora já não dá mais tempo. E aqui ninguém tem bomba d’água, não tem irrigação. A gente só planta quando o inverno chega”, explicou.

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“A produção rápida seria o feijão, mas agora já não dá mais tempo. E aqui ninguém tem bomba d’água, não tem irrigação. A gente só planta quando o inverno chega”, explicou.

“Isso me preocupa muito. Se nossos filhos não estudarem, quem perde são eles. Mesmo que falte merenda, a gente tenta mandar pelo menos um mingau de casa”, contou Cláudio.

A comunidade também sofre com as estradas descritas como “péssimas”. No auge das chuvas, “ninguém entra e ninguém sai”, conta o tuxaua. Sem acesso, a chegada de assistência de saúde também é prejudicada.

“A água empoça, ficamos isolados. Todo ano é assim. Este ano a enchente foi forte. Parou tudo de novo”, relatou.

“A gente aprende a conviver com a água”

A comunidade Canapã fica do outro lado do rio Maú — que divide o Brasil da Guiana. No lado guianense, os indígenas macuxi falam inglês, português e a língua nativa, mas é no lado brasileiro onde levam as crianças para estudar, trabalham e fazem compras. Ao todo, 264 indígenas vivem na comunidade.

E todos os anos, entre maio e setembro, a cheia do rio altera completamente a rotina deles e, por isso, ele se adaptam à realidade. Carros dão lugar à quadriciclos — que conseguem transitar em rotas submersas com mais facilidade –, e até uma balsa realiza o transporte no valor de R$ 50 para atravessar o rio onde, de acordo com os indígenas, deveria haver uma ponte.

Leia também: Uiramutã: cidade mais indígena do país também é a mais jovem, segundo Censo 2022

O rio Maú ainda não atingiu a máxima prevista, mas os indígenas se preparam. É o que explica o segundo tuxaua da comunidade, Charles da Silva, de 31 anos.

Comunidade Makuken, em assembleia para discutir maneiras de lidar com as cheias, em Uiramutã. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

“Quando o rio enche demais, a balsa já não é segura. A gente passa só de canoa, e isso é perigoso, principalmente para as crianças que estudam em Uiramutã”.

Atualmente, mais de 20 alunos da comunidade estudam do lado brasileiro e precisam fazer a travessia diariamente. O percurso pode custar até R$ 100 por dia (ida e volta), dependendo das condições do rio.

Canapã também é passagem obrigatória para pelo menos 24 comunidades indígenas da região, sendo sete delas menores e ainda mais vulneráveis. O transporte de mercadorias e a mobilidade entre essas localidades dependem de quadriciclos e motos.

“O chão vira só lama, as pontes ficam submersas e o acesso pela estrada desaparece. Ficamos totalmente comprometidos”, afirma o segundo tuxaua.

Apesar das dificuldades, a Canapã se adapta. A preparação para a cheia faz parte da cultura local. Quando percebem que o nível do rio começa a subir, os moradores se organizam, reforçam estruturas e buscam rotas alternativas.

“A gente aprende a conviver com a água. Não tem outro jeito. Mas isso não quer dizer que está tudo bem. A dificuldade existe, principalmente com transporte e saúde”.

Período chuvoso

Roraima passa pelo período chuvoso que compreende o mês de maio até setembro. De acordo com o meteorologista da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Ramon Alves, o nível do rio Cotingo — que passa pelo município e desagua nos outros rios e igarapés da região –atingiu 440 cm neste mês, considerado alto.

As chuvas foram fortes durante o mês mas, de acordo com Ramon, a tendência é diminuir.

“Lá vem chovendo bastante, sim. Mas agora a tendência é de diminuir as chuvas e, consequentemente, os rios também devem baixar”, explicou o meteorologista ao Grupo Rede Amazônica.

De acordo com o meteorologista, Roraima só tem uma única estação meteorológica automática, que fica em Boa Vista, logo não há como saber se Uiramutã choveu acima do esperado.

Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros informou que está intensificando o monitoramento das áreas afetadas pelas chuvas em todo o Estado, com atenção especial ao município de Uiramutã.

Estrada para a comunidade Makuken, no Uiramutã, Norte de Roraima. Foto: Josivan Antelo/Rede Amazônica RR

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pela manutenção de rodovias federais, informou que acompanha regularmente a situação da BR-433. Disse ainda que não foi registrada nenhuma ponte danificada ao longo do trecho sob a administração desta autarquia. A manutenção preventiva da rodovia está programada para ser executada após o período chuvoso.

Já a Secretaria de Infraestrutura (Seinf) de Roraima, responsável pela manutenção das vias estaduais, informou que as operações de manutenção de pontes e estradas na região estão temporariamente suspensas em razão das severas condições climáticas do inverno.

Duas empresas contratadas pelo governo do estado, responsáveis pela execução dos serviços, permanecem na região com o maquinário necessário, aguardando a melhora do tempo para retomar os trabalhos.

O Grupo Rede Amazônica procurou o Ministério dos Povos Indígenas, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Conselhor Indígena de Roraima (CIR), questionou se estão acompanhando a situação do município, mas não foi respondido até a última atualização dessa reportagem.

*Por Caíque Rodrigues, da Rede Amazônica RR

‘Elas Pescando’: projeto impulsiona participação feminina em campeonatos de pesca esportiva em Rondônia

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Participação feminina aumenta nos campeonatos de pesca esportiva em Rondônia. Foto: Roni Carvalho/Secom RO

A participação feminina nos campeonatos de pesca esportiva vem crescendo a cada ano em Rondônia. O projeto ‘Elas Pescando’, desenvolvido pela Superintendência Estadual de Turismo (Setur), em parceria com a Associação dos Condutores de Pesca Esportiva do Estado de Rondônia (ACPE/RO), ganha destaque no estado e apresenta uma vasta programação, dividida em três etapas, com duração de seis dias de evento.

A primeira etapa ocorreu no distrito Jaci-Paraná, em Porto Velho, nos dias 5 e 6 de julho; a segunda em Candeias do Jamari, na Vila Calderita, nos dias 19 e 20 de julho; e a terceira etapa será realizada em Cabixi, nos dias 9 e 10 de agosto.

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A iniciativa tem o objetivo de fomentar o turismo, o empreendedorismo, a economia local e a educação ambiental. Durante a programação várias equipes participam dos torneios. Além da competição, o evento também propõe momentos de conscientização sobre a preservação ambiental e a integração com a comunidade local.

Para o governador de Rondônia, Marcos Rocha, o projeto fortalece e valoriza a participação feminina no esporte de pesca esportiva, além de estimular a conexão com a natureza e o incentivo à conservação do meio ambiente.

“Rondônia é um dos principais destinos de pesca esportiva do país, e o governo tem investido para proporcionar oportunidades para as mulheres em todas as regiões do estado, ampliando a participação feminina no setor, além de contribuir para o desenvolvimento integral e a promoção da saúde e bem-estar”, ressaltou.

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Elas pescando: projeto quer participação maior de mulheres na pesca esportiva. Foto: Roni Carvalho/Secom RO

Rondônia é um dos principais destinos de pesca esportiva do Brasil

Segundo o superintendente da Setur, Gilvan Pereira, Rondônia possui um Plano de Desenvolvimento do Turismo de Pesca, e a pesca esportiva contribui para o fortalecimento desse projeto. “Eventos como esse contribuem para o fortalecimento do turismo de pesca esportiva, estimula a economia do estado, além de permitir uma competitividade robusta com outros estados”, destacou.

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Com investimentos no valor de R$ 1,5 milhão, provenientes de emenda parlamentar estadual, através de Termo de Fomento pela Setur, e contrapartida da Associação dos Condutores de Pesca Esportiva, no valor de R$ 12 mil, Rondônia fortalece seu potencial para sediar grandes eventos, promovendo seus rios e belezas naturais como atrativos turísticos de destaque.

Com foco no público feminino, a iniciativa busca valorizar e ampliar a participação das mulheres na prática da pesca esportiva, atraindo turistas de diferentes regiões do país e até do exterior, além de consolidar Rondônia como um dos principais destinos de pesca esportiva do Brasil.

*Com informações da Setur-RO

Projeto universitário cria roteiro geo-turístico voltado à COP 30 em Belém

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Foto: Divulgação/GGeotur-UFPA

O projeto de extensão ‘Roteiros Geo-turísticos – Conhecendo o Centro Histórico de Belém’, do Grupo de Pesquisa de Turismo (GGeotur) da Universidade Federal do Pará (UFPA), acaba de ganhar um novo circuito. Chamado ‘Pelos Caminhos da COP 30: do Parque Linear ao Centro Histórico de Belém‘, o novo tour pretende abordar as transformações no espaço urbano da cidade de Belém do Pará, explorando a relação entre a COP 30, o Parque Linear do Canal da Tamandaré e o Centro Histórico de Belém.

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Ao longo do itinerário, que percorrerá espaços como a Praça do Arsenal, os palacetes Pinho e Camelier, e o Beco do Carmo, serão evidenciados os impactos das obras da COP na estrutura urbana local, as variadas formas de apropriação do território, as dinâmicas que envolvem o patrimônio cultural e a identidade local, bem como outros processos histórico-geográficos de produção do espaço urbano.

“A educação patrimonial é de extrema importância para que a população conheça a sua história e cultura e entenda a cidade onde vive. Qualquer projeto ligado ao turismo e ao patrimônio não pode pensar só em infraestrutura, tem que fazer a leitura da cidade e da diversidade da cidade, e tem que ler e dialogar com a sociedade, afinal, a nossa cidade é cheia de contrastes socioeconômicos muito gritantes. Só com o conhecimento da cidade na sua totalidade, podemos reivindicar mais qualidade de vida e acesso à cultura”, explica Maria Goretti Tavares, professora da UFPA e coordenadora do projeto Roteiros Geo-turísticos. 

Os passeios promovidos pelo projeto são voltados a toda a população de Belém e interessados, turistas e não-turistas. de acordo com a coordenação do projeto, ao longo desses 15 anos, mais de 10.000 pessoas já participaram dos roteiros e 95% dos participantes foi de moradores da cidade de Belém. Para participar do roteiro é necessário realizar inscrição via formulário virtual, gratuitamente. Basta ficar de olho nos canais do projeto para conferir as datas: http://www.facebookcomroteirosgeoturisticos/, https://www.facebook.com/roteiros.geoturisticos.31 e @roteirosgeoturisticos.

O roteiro é a pé pelas ruas, com concentração na Praça do Arsenal e saída às 8h30.  É aconselhável que os participantes usem tênis, boné, protetor solar e roupas leves. Também recomenda-se levar guarda-chuva e/ou capa de chuva, pois a programação não será interrompida caso comece a chover.

Foto: Divulgação/GGeotur-UFPA

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Projeto Roteiros Geo-turísticos

O projeto “Roteiros Geo-turísticos – Conhecendo o Centro Histórico de Belém” surgiu em 2011, vinculado à Faculdade de Geografia e Cartografia da Universidade Federal do Pará (FGC/UFPA), com a missão de valorizar a memória socioespacial e patrimonial, material e imaterial da capital paraense, por meio da criação e aplicação de roteiros turísticos temáticos. 

Ele foi um dos vencedores da 29º Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, premiação nacional do IPHAN, na categoria “projetos de iniciativas de excelência em promoção e gestão compartilhada do patrimônio cultural”. Além da região metropolitana de Belém, o projeto já promoveu roteiros nas cidades de: Altamira, Ananindeua, Itupiranga,  Marabá, Vigia e Ponta de Pedras.

*Com informações da UFPA