Raimundo dos Santos Souza, o “mestre Sacaca”, completaria 100 anos em 2026. Foto: Blog Porta Retrato-AP
O amapaense Raimundo dos Santos Souza, o “mestre Sacaca”, será homenageado no enredo da Estação Primeira de Mangueira no carnaval de 2026, no Rio de Janeiro. A escola de samba carioca apresentou no dia 16 o novo enredo: ‘Mestre Sacaca do encanto Tucuju – o Guardião da Amazônia Negra’.
Sacaca morreu em 1999 aos 73 anos e hoje dá nome ao Museu Sacaca, no Centro de Macapá. A escola de samba destacou que o amapaense utilizava seus conhecimentos no tratamento de doenças e no cuidado comunitário por meio de garrafadas, chás, unguentos e simpatias.
Leia também: Linha do tempo: Museu Sacaca reúne acervo sobre modo de vida dos povos indígenas e ribeirinhos no Amapá
Por conta do trabalho realizado ele ficou conhecido como “doutor da floresta” em diferentes cidades.
“Ele dedicou a vida à defesa da floresta e das tradições, práticas e culturas afro-indígenas. Por essa razão, a Mangueira, contadora de diferentes histórias brasileiras, celebra essa figura que é uma das caras do nosso país diverso e de dimensões continentais”, disse a escola de samba.
A Mangueira descreveu que Sacaca representa os encantos da região e é uma titulação xamânica. O tema, por sua vez, mergulha na história afro-indígena do extremo Norte do país.
“Estamos falando de algo inédito na historiografia da Mangueira: tratar de costumes afro-indígenas. Mesmo no Brasil, muitas vezes ainda predomina uma visão monolítica sobre a Amazônia, com muitas narrativas e personagens ainda inexplorados ou sem ter a devida atenção”, descreveu Sidnei França, carnavalesco da Mangueira.

Raimundo Souza participou do carnaval amapaense por mais de 20 anos seguidos como o Rei Momo e tinha a Boêmios do Laguinho, como escola de samba do coração. Foi enredo das agremiações Solidariedade, Piratas da Batucada, Boêmios do Laguinho e Império da Zona Norte, além de vários blocos carnavalescos.
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
No esporte, Sacaca destacou-se como técnico que revelou craques amapaenses e também como massagista. Atuou no Esporte Clube Macapá, quando o time foi campeão do primeiro Copão da Amazônia, em 1975.
Após a morte, recebeu a mais alta condecoração da Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture. A homenagem póstuma foi concedida em 2018 à família em uma cerimônia no Rio de Janeiro.
*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP