Relembre 4 fatos que marcaram a Amazônia em 2023

Foi um ano intenso que bateu recordes e provocou reflexões para que futuro esperar para o bioma.

O ano de 2023 está acabando, mas deixou sua marca na história da Amazônia. Foi um ano intenso, que bateu recordes e provocou reflexões para que futuro esperar na região. 

São eventos e situações que mudaram o modo de ver a região, seja pelo impacto imediato ou efeito à longo prazo. Por isso, o Portal Amazônia reuniu quatro fatos marcantes que ocorreram na região: 

Diminuição no desmatamento

De acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a taxa de desmatamento na Amazônia caiu 62% em 2023. Os números mostram que o desmatamento acumulado passou de  10.286 km² em 2022 para 3.922 km² em 2023. Essa também foi a menor derrubada para o período desde 2017, porém ainda representa a devastação de 1,2 mil campos de futebol de floresta por dia.

No entanto, para o Imazon, a taxa precisa ser reduzida ainda mais no próximo ano para que a Amazônia chegue à 2030 com desmatamento zero, meta anunciada pelo governo federal.

Apesar de terem registrado quedas significativas no desmatamento, Pará, Amazonas e Mato Grosso foram os Estados que mais derrubaram a Amazônia entre janeiro e novembro, sendo responsáveis por 74% do devastado no período. Só o Amazonas derrubou 22% de floresta neste ano.

Rondônia, Acre e Maranhão também apresentaram redução na destruição. Por outro lado, três estados tiveram aumento no desmatamento: Amapá (240%), Tocantins (33%) e Roraima (27%).

Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

Calor recorde intensificado pelo El niño

Que a Região Norte é quente, não é nenhuma novidade, mas, em 2023, os termômetros bateram recorde. Na primeira quinzena de outubro, Manaus (AM), por exemplo, atingiu a marca de 40Cº no dia 10 de outubro. Foi a primeira vez em sua história climática, desde o início da medição pelo Instituto Nacional de Meteorologia, em 1909.

Contudo não foi um calor isolado. Veja o ranking dos dias mais quentes de 2023 na capital amazonense:

Dia 10 de outubro: 40,0ºC
Dia 2 de outubro: 39,2ºC
Dia 1º de outubro: 38,9ºC
Dia 27 de setembro: 38,7ºC

Em Belém (PA), a maior temperatura do ano foi registrada no dia 17 de agosto: 35.8 °C, de acordo com o serviço meteorológico, quando a população da capital paraense vivenciou uma situação de calor intenso.

Os eventos climáticos extremos foram potencializados pelo fenômeno do El Niño, ocasionando secas mais extremas na Amazônia.

Foto: Reprodução/Semas PA

“Onda” de fumaça 

Entre os meses de outubro e novembro, quem mora no Amazonas presenciou, além do calor intenso, uma “onda” de fumaça que durou semanas. A nuvem cinzenta cobriu de prédios a pontos turísticos da cidade, como o Teatro Amazonas e a Ponte Rio Negro.

Leia também: Nuvem Tóxica: como a fumaça das queimadas impacta a saúde de quem vive na Amazônia

A plataforma Selva, que monitora os níveis de poluição do ar em Manaus, mostrou que a qualidade do ar estava péssima e a poluição até ultrapassou os limites da escala que mede os níveis de partículas por metro cúbico. 

Em 11 de outubro, Manaus foi considerada o segundo pior lugar do mundo para se respirar. A qualidade do ar foi classificada como “hazardous“, ou seja, “perigosa” de acordo o painel de monitoramento de qualidade internacional World’s Air Polution

Além do Amazonas, outros Estados, como o Amapá e Roraima, também registraram fumaça. A origem foi apontada como consequência do desmatamento e também das queimadas na região. 

Leia também: Fumaça de queimadas na Amazônia: uma crise que ameaça a saúde e o meio ambiente

Fumaça de queimadas encobre Ponte Rio Negro, em Manaus. Foto: William Duarte/Rede Amazônica

Pior seca da história

Tudo está relacionado e um problema acaba levando ao outro quando não contido ou solucionado. Assim, ainda em função da ação do El Niño, mais de 600 mil pessoas foram afetadas pela seca extrema, somente citando o Amazonas, que declarou estado de emergência. A seca do Rio Negro foi a pior em 121 anos, alcançando a marca histórica de 13,59m em 16 de outubro.

Contudo, após oscilar entre subidas e descidas, o Rio Negro atingiu a estabilidade no dia 17 de novembro, quando marcou 12,96 metros. Foi a primeira vez na história que o nível ficou abaixo de 13 metros.

Saiba mais: Novo recorde: Rio Negro fica abaixo dos 13 metros em Manaus

Os dados foram obtidos pelo Porto da capital amazonense, que monitora o ritmo de subida e descida das águas desde em 1902.

Porto de Manaus. Foto: William Duarte/Rede Amazônica

Outro Estado que a seca também surpreendeu foi Rondônia. O Governo rondoniense publicou o decreto 28.647, no dia 15 de dezembro, por meio do qual declarou Situação de Emergência em todo Estado em virtude da seca intensa provocada pelo El niño.

Rio Madeira em 9 de setembro de 2023. Foto: Tiago Frota/Rede Amazônica

Enchente

Na contramão, Rio Branco (AC) vivenciou a terceira maior enchente da história em 2023 e esta foi a mais rápida em termos de alcance de cotas históricas. O levantamento feito com base em dados da Coordenadoria da Defesa Civil Municipal mostra que desde que o Rio Acre começou a ser monitorado, em 1971, níveis acima de 17 metros foram registrados seis vezes.

Após uma forte enxurrada que alagou diversos bairros de Rio Branco no dia 23 de março de 2023, o nível do Rio Acre saltou dos 9,76 metros para 14,65 metros no mesmo dia. Pelo menos 75 mil pessoas foram atingidas, 42 bairros alagados e mais de 3,3 mil famílias que precisaram ser levadas a abrigos públicos. No total, mais de 15,4 mil moradores tiveram que deixar suas casas por conta da cheia do manancial. Além disso, 27 comunidades rurais ficaram isoladas, com 7,5 mil pessoas de mais de 1,8 mil famílias.

Cheia histórica do Rio Acre, em Rio Branco. Foto: Marcos Vicentti/Secom AC

Você lembra mais fatos que marcaram o ano na Amazônia? 


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