Você sabia que o som das cigarras pode chegar a 120 decibéis?

Com seu canto em coro, as cigarras intrigam curiosos, alimentando a crença popular de que seu som anuncia a chegada da chuva.

Processo de troca de exoesqueleto da cigarra dura até duas horas, o que explica a estrutura intacta — Foto: Celso Silvério/Acervo Pessoal

Com seu canto em coro, chamativo e característico, as cigarras intrigam curiosos, alimentando a crença popular de que seu som anuncia a chegada da chuva. Mas prepare-se para desmistificar essa ideia! O professor de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Fabrício Escarlate, revela que essa conexão não é uma simples resposta às mudanças climáticas. Na verdade, o processo é muito mais complexo, envolvendo respostas fisiológicas intrínsecas à regulação hormonal e à idade desses fascinantes insetos.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp 

“Quando o ambiente sinaliza a chegada das chuvas, o sistema nervoso das cigarras interpreta essa mudança e estimula a transição para a fase adulta. Isso ocorre por meio dos hormônios da muda e o juvenil, que regulam a transição entre a forma jovem e a fase adulta das cigarras”, revela o docente do CEUB. Ou seja, a cigarra não “prevê” a chuva, mas sim reage a um conjunto de mudanças ambientais que desencadeiam sua maturidade: “As cigarras não estão percebendo a chuva, mas sim respondendo às mudanças ambientais”.

cigarras
Com seu canto em coro, chamativo e característico, as cigarras intrigam curiosos. Foto: Anais Prestes

Leia também: No verão amazônico, cigarras aumentam cantoria em Manaus para garantir acasalamento

A reprodução delas, segundo Fabrício, coincide com a estação chuvosa. Isso ocorre devido à disponibilidade de recursos nesse período. A sazonalidade das chuvas e a oferta de alimentos desempenham um papel crucial no ciclo reprodutivo. “Essa relação entre cigarras e chuva pode variar em diferentes regiões e biomas, dependendo das condições ambientais específicas”, explica.

Coro masculino da sedução

E a intensidade desse som? O biólogo revela que os machos possuem 11 órgãos especializados no abdômen, chamados “órgãos cimbálicos”, que são os verdadeiros produtores dessa sinfonia. O objetivo? Atrair as fêmeas! E o volume é impressionante: o canto pode atingir mais de 120 decibéis, um nível comparável ao de uma britadeira ou de um show de rock.

Leia também: Cigarra rabo-de-galo, a exótica cigarra que faz parte da família da ‘cobra que voa’

A cigarra não “prevê” a chuva, mas sim reage a um conjunto de mudanças ambientais que desencadeiam sua maturidade. Foto: Riuler Corrêa Acosta/Cedida

Portanto, o canto das cigarras não é um barômetro natural, mas sim um elemento vital na fase de reprodução da espécie, uma estratégia de acasalamento que ecoa pela natureza. “Da próxima vez em que ouvir o canto das cigarras, lembre-se que é mais do que uma simples melodia. É a história da adaptação desses insetos à sua busca pela sobrevivência na natureza”, completa Fabrício Escarlate, convidando-nos a ouvir com novos ouvidos.

*Com informação da Centro Universitário de Brasília (CEUB)

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Culinária da Amazônia assusta ou impressiona? Chef paraense defende cultura amazônica

Às vésperas da COP30, um chef paraense chamou atenção por recusar um convite para preparar um jantar vegano que teria a presença do príncipe William, no Rio de Janeiro.

Leia também

Publicidade