A descoberta aconteceu durante um sobrevoo de rotina do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).
Durante um sobrevoo de rotina do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) na divisa do Acre com a Bolívia, na última semana, foi possível visualizar novos grupos de desenhos milenares, conhecidos como geoglifos, em uma região já conhecida por pesquisadores estudiosos destas construções antigas.
A missão foi conduzida pelo comandante Samir Rogério, tenente-coronel da Polícia Militar e coordenador de operações do Ciopaer, e na tripulação estavam o segundo-sargento da Polícia Militar Keury Souza, o primeiro-tenente do Corpo de Bombeiros Militar Roger Johnny Filgueira, e o repórter fotográfico Diego Gurgel, partindo do hangar logo cedo, antes de amanhecer e se distanciando 80km em linha reta em direção à fronteira com o país vizinho, quando avistaram as primeiras formas geométricas dispostas em grupos.
Ao todo foram registrados três conjuntos de geoglifos próximos uns dos outros, circulares e quadrados, e “só foi possível enxergá-los graças à angulação acentuada dos raios solares da manhã, caso contrário seria praticamente impossível enxergá-los, pois seus barrancos não produziriam uma sombra”, afirmou Diego Gurgel.
“Os geoglifos são muito difíceis de serem visualizados em outra hora do dia, pois a falta de sombras apaga as formas, sendo eles ignorados por muitos que sobrevoam a Amazônia”,
acrescentou.
Importância histórica
Os geoglifos são estruturas ou construções dos povos antigos que viveram nessa região que hoje é o estado do Acre. Vistos do alto, são desenhos no solo (geo=terra, glifo=marca), com formatos de círculos, quadrados, retângulos, pentágonos, octógonos dentre outras formas, simples, compostas, isoladas ou em grupos.
A partir do ano de 2005, foi organizado e consolidado o Grupo de Pesquisas dos Geoglifos da Amazônia Ocidental, sob a liderança da Dra. Denise Schaan (1962-2018), do Museu Goeldi e Universidade Federal do Pará, com o apoio do Dr. Martti Pärsssinen, da Universidade de Helsinki (Finlândia). Com as escavações, fotos aéreas, medições em campo e o uso de Lidar (Light Detection and Ranging), sensor de medição e topografia a laser por radares. Muito se ampliou o conhecimento dessas estruturas com as novas tecnologias, tipo GoogleEarth e ZoomEarth. Assim é possível saber mais sobre a sua distribuição geográfica.
O novo registro da presença de geoglifos é na região entre a margem direita do Igarapé Miterrã, e a margem esquerda do Rio Rapirrã, próximos à Bolívia, mais precisamente entre os municípios de Capixaba e Plácido de castro.
As datações de outros geoglifos no Acre indicam uma idade entre 1500 a 2000 anos. Eles deixaram de ser construídos ou foram abandonados por volta do ano de 1200, ou seja, 300 anos antes da chegada de Cabral ao Brasil.