Produto é rico na biodiversidade do local. Foto: Divulgação/Ataic
Uma nova forma de movimentar a economia foi adotada pela população da Ilha das Cinzas, em Gurupá (PA), a partir de frutos e sementes oleaginosas. Com os recursos únicos e naturais da região, foi aprimorado o agroextrativismo pela população. A essência única desses produtos é vendida para grandes empresas de produção de cosméticos.
A realidade dos agroextrativistas do Arquipélago do Marajó mudou por conta das sementes e castanhas oleaginosas da Amazônia como patauá, andiroba, muru-muru e ucuúba. A essência do produto é de alta demanda no meio estético, com componentes que enriquecem a pele e o cabelo.
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Nete Cardoso descobriu essa nova forma de sustento no pequeno pedaço da imensidão de riquezas naturais. Em 2015, ela passou a trabalhar com agroextrativismo.
“A vida da minha família mudou. Consegui comprar placa solar pra minha casa. Agora também tenho máquina de lavar e não preciso mais lavar a roupa nas mãos”, disse a agroextrativista.

A Amazônia é o bioma mais rico em biodiversidade do planeta e compreende o conjunto de ecossistemas que correspondem à Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do planeta, e também a Bacia Amazônica, considerada a maior bacia hidrográfica do mundo.
Associação dos trabalhadores agroextrativistas
Nete faz parte da associação dos trabalhadores agroextrativistas da Ilha das Cinzas (Ataic), que atende mais de 400 famílias no Arquipélago do Marajó e atua há mais de 25 anos gerando oportunidades de renda para as famílias locais.
No dia 23 de maio, a Ataic inaugurou a primeira agroindústria em área de várzea do país. O objetivo, agora, é triplicar o número de famílias atendidas pela iniciativa.
Hoje, a empresa conta com uma estrutura totalmente nova, com máquinas que fazem a extração de óleo das castanhas e sementes.

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Com o novo espaço, os agroextrativistas podem vender o produto final, o óleo extraído das sementes. Antes a associação encaminhava as sementes para outra empresa, que fazia a extração do produto.
A nova agroindústria também conta com energia renovável, placas solares foram doadas por uma fabricante de equipamentos elétricos.
“Hoje a gente consegue fazer a entrega da manteiga ou do óleo e ter um resíduo que gera outros produtos. Isso agrega mais valor, gera mais renda e atende mais pessoas no território”, disse Francisco Malheiros, presidente da Ataic.
A dona Nete, que já viu sua vida ser transformada pelas sementes e castanhas oleaginosas da Amazônia, acredita que, a partir de agora, o trabalho desenvolvido pela associação vai avançar ainda mais.
“Receber isso aqui foi uma felicidade imensa pra nós que somos mulheres ribeirinhas e empoderadas. Me sinto muito feliz trabalhando nessa atividade”, completou.

A nova agroindústria foi construída em parceria com a empresa ‘natura’ e custou em torno de R$ 2 milhões. O óleo extraído pela Ataic é comprado pela empresa, que trabalha com agroextrativismo na Amazônia desde os anos 2000.
Segundo a Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da indústria de cosméticos ‘natura’, a parceria da companhia com a associação de agroextrativistas da Ilha das Cinzas iniciou em 2015 e segue movimentando a cadeia produtiva do local.
“A gente procurou essas sementes pelos ativos presentes nelas. A nossa ideia é transformar desafio socioambiental em oportunidade de negócio, desenvolvendo as comunidades e preservando a floresta em pé”, afirmou a diretora.
*Por Thiago Nunes, da Rede Amazônica AP