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Capela, Igreja, Basílica? Entenda a diferença entre os espaços de celebração católicos

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Catedral Metropolitana de Belém. Foto: Reprodução/Catedral de Belém

A Igreja Católica, ao longo do tempo, estruturou seus espaços de celebração de acordo com as características e necessidades de cada comunidade. Por isso, os templos católicos recebem nomes e funções diferentes, como capelas, igrejas, matrizes, catedrais, basílicas e santuários, cada um com um significado específico e um papel importante na vivência da fé.

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“Da maior catedral à menor capela, a nomenclatura está relacionada a fatores como: expressão religiosa e fiéis alcançados pelo trabalho pastoral ali desenvolvimento ou peregrinos que visitam o referido lugar como centro de devoção”, explicou o Padre José Amarildo ao Portal Amazônia

O Círio de Nazaré, por exemplo, é a maior procissão católica do Brasil e maior procissão mariana do mundo, em devoção à figura de Maria, mãe de Jesus. Durante seu percurso pode-se encontrar esses espaços e, claro, é impossível não associar a procissão à Basílica. Entenda como funciona a divisão:

Capela

A capela, menor e mais simples dos templos de celebração católicos, é um local destinado a realização de missas, orações e outros ritos que não necessitem da estrutura completa de uma paróquia. As capelas costumam ser encontradas em hospitais, escolas, universidades, cemitérios e até em fazendas. 

A origem da palavra ‘capela’ vem a partir da história de São Martinho de Tours, que, segundo a tradição, cortou sua capa ao meio para dividir com um mendigo que passava frio. A metade da capa que ficou guardada recebeu o nome de ‘capela’, dando origem ao termo que até hoje é usado para se referir a pequenos espaços sagrados 

A maioria das capelas não possui um sacerdote fixo responsável, mas, quando há um padre designado para tomar conta do local, ele é chamado de capelão. 

A capela de Nossa Senhora de Lourdes é um local de fé e devoção católica localizada em Belém do Pará. Desde julho de 2024, a gruta da Capela passou a abrigar os restos mortais de padres jesuítas que serviram à comunidade local, realizando o desejo dos fiéis. 

Leia também: O almoço do Círio e a sacralização da mandioca

capela
Capela de Nossa Senhora de Lourdes. Foto: Reprodução/Facebook-@CapeladeNossaSenhoradeLourdes.

Igreja e igreja matriz

Na estrutura da igreja católica, a palavra geralmente se refere ao templo principal de uma paróquia, onde atua um vigário ou pároco. É na igreja paroquial que se concentram as atividades religiosas de uma comunidade, como missas regulares, batizados, casamentos e catequeses. 

“As igrejas possuem pastorais, movimentos e serviços eclesiais que mantém a fé viva com iniciativas locais de formação, atendimento social, sacramentos, etc”, explicou o Pe. José Amarildo.

Além disso, é o espaço onde o pároco exerce sua autoridade pastoral e administrativa, orientando espiritualmente os fiéis sob sua responsabilidade.

Já a Igreja Matriz é a principal igreja de uma paróquia, muitas vezes a mais antiga e simbólica de uma cidade. É nela que ocorrem as principais celebrações religiosas, como as festas do padroeiro e os eventos litúrgicos mais importantes.

De acordo com o padre Amarildo, uma Igreja matriz é a referência da comunidade paroquial, geralmente mais ampla e localizada numa região central, de onde se administra aquele território da paróquia.

A igreja de Nossa Senhora Senhora do Carmo, localizada no Centro histórico de Belém, é uma das igrejas mais antigas da cidade, fundada pelas carmelitas em 1626.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Belém do Pará. Foto: Liaquila por Tripadvisor

Catedral

A catedral é a igreja principal de uma diocese ou arquidiocese, ou seja, da região eclesiástica administrada por um bispo ou arcebispo. O nome vem da palavra cathedra, em latim, que significa ‘cadeira’, a cadeira do bispo, símbolo de sua autoridade e ensino.

“Ali, o bispo celebra com mais frequência a Missa, e, geralmente se realizam os eventos diocesanos, como as cerimônias litúrgicas, a missa crismal e as ordenações sacerdotais, acolhendo as paróquias localizadas naquela circunscrição”, explicou Amarildo. 

Por essa importância, as catedrais costumam se destacar pelo tamanho, beleza arquitetônica e valor histórico, sendo pontos centrais da vida religiosa e cultural das grandes cidades.

A Catedral Metropolitana de Belém, foi inaugurada no dia 1° de fevereiro de 1774 com a benção da capela mor da catedral. O Dom João Evangelista Pereira da Silva tomou posse como bispo da catedral em novembro de 1772.

Leia também: Círio de Nazaré: o material e o imaterial compõe a maior celebração católica do mundo

Catedral Metropolitana de Belém. Foto: Reprodução/Catedral de Belém

Basílica

O termo Basílica se refere a um reconhecimento concedido pelo Papa para um lugar que é referência litúrgica, e podem ser divididas em dois tipos: 

  • Basílica Maior, restrita às quatro grandes basílicas localizadas em Roma;
  • e Basílica Menor, concedida a templos fora do Vaticano, reconhecidos por sua relevância religiosa.

De acordo com o padre Amarildo, as Basílicas, em sua vida celebrativa, devem seguir estritamente as orientações da Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Elas se destacam por sua grandiosidade, capacidade de acolher milhares de fiéis e por serem locais de grandes peregrinações e celebrações papais.

O Brasil tem 71 basílicas, entre elas a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro, em Belém, conhecida como um lugar de referência pela devoção mariana. A Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro recebeu o título de Basílica menor, no dia 19 de julho de 1923.

Basílica Santuário de Nazaré. Foto: Basílica Santuário de Nazaré

Santuário

O santuário é uma igreja ou paróquia que se torna um centro de devoção especial, reconhecido pela presença de relíquias, imagens milagrosas ou pela ocorrência de graças atribuídas à intercessão de um santo ou da Virgem Maria.

“É uma Igreja que abriga uma expressão específica de devoção para o povo que visita este lugar como peregrinação, a partir de uma experiência de fé. O Santuário geralmente é reconhecido pelo fluxo de fiéis, atendimento frequente de confissões e aconselhamentos, horários diversos de celebração eucarística, etc”, explicou Amarildo. 

O título de santuário é concedido pelo bispo local, após comprovação da importância religiosa e do fluxo de peregrinos. O santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é conhecido em toda Belém e região pela famosa Novena em honra a sua Padroeira às terças-feiras.

Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Foto: Reprodução/Instagram-@Igrejasdebelém

Cada templo (igreja) tem uma função específica na caminhada de fé do povo de Deus, e é por meio de suas funcionalidades que lhes são atribuídos os seus nomes, além de seus Santos padroeiros ou títulos de Nossa Senhora que ali são venerados.

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Noçoquem: a floresta encantada e a origem do guaraná

A lenda por trás do surgimento da etnia indígena Sateré-Mawé e do guaraná, na região do Lago Parauari, afluente do rio Maués, no Amazonas, conta que no começo do mundo, a região era habitada por seres míticos poderosos…

Noçokem e a lenda do guaraná!

Segundo a tradição oral, no começo do mundo existiam três irmãos: Ocumáató, Icuamã e Onhiamuaçabê, responsáveis por uma floresta encantada, chamada de ‘Noçoquem’.

Onhiamuaçabê era uma jovem que possuía estranhos poderes mágicos e vasto conhecimento medicinal, motivo de seus irmãos não permitirem que ela se casasse.

Os irmãos não queriam que ela revelasse os segredos das plantas medicinais e remédios, e nem que ela perdesse sua força mágica. Apesar da proibição, todos os animais de Noçoquem queriam viver com Onhiamuaçabê.

Um belo dia, uma cobra decidiu espalhar pelo caminho por onde a jovem passava todos os dias um perfume que alegrava e seduzia, e quando Onhiamuaçabê aspirou o perfume agradável, a cobra atirou-se sobre a moça e a tocou.

O toque, em uma de suas pernas, foi o suficiente para que a jovem ficasse grávida. Os antigos de Noçoquem acreditavam que para que uma gravidez acontecesse, bastava uma moça ser olhada por algum homem ou animal que a desejasse como esposa. 

Leia também: 6 lendas folclóricas para conhecer a cultura na Amazônia Internacional

Onhiámuáçabê em Noçoquem
Foto: Reprodução/Facebook-@Noçoquem

Quando os irmãos de Onhiamuaçabê foram até ela buscar um remédio para caçar, conhecido como ‘pussanga’, tiveram uma surpresa: o líquido havia coalhado e no fundo da preparação se encontrava uma espécie de tapioca. A coagulação foi o suficiente para que os irmãos soubessem que Onhiamuaçabê estava grávida.

A jovem foi expulsa de Noçoquem pelos irmãos e levou consigo a mucura, para que lavasse suas roupas; o pato, para que pudesse pegar água no porto; e a saracura (uma espécie de ave), para lhe levar cogumelos. 

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Os irmãos, ao descobrirem que o filho de Onhiamuaçabê havia nascido ‘normal’ com braços e pernas, desenvolveram uma raiva pela criança e a proibiram de entrar em seus domínios e se alimentasse de sua plantação. O menino passou então a desejar comer as mesmas frutas que seus tios comiam, plantadas em Noçoquem.

Antes do bebê começar a se desenvolver, Onhiamuaçabê plantara na floresta encantada de Noçoquem uma castanheira. No entanto, com a expulsão da moça de Noçoquem, os irmãos se apoderaram das terras mágicas da floresta encantada e a proibiram de consumir os frutos.

Onhiamuaçabê, morando isolada de seus irmãos, recomendava ao filho que não se aproximasse da floresta encantada. O menino, esquecendo as recomendações da mãe e consumido pelo desejo de comer as castanhas, alimentava-se de frutas do Noçoquem. 

Leia também: Descubra 3 lendas “esquecidas” do folclore amazônico

Filho de Onhiámuáçabê, que virou o guaraná
Foto: Reprodução/ Facebook- @Deolhonamitologia

Os guardas de Noçoquem, que tinham recebido ordens de matar quem entrasse na floresta, viram o menino subir na castanheira e o mataram. 

Onhiamuaçabê, ao descobrir a tragédia, em prantos, sepultou o filho e invocando as forças mágicas da natureza, profetizou: “Tu, meu filho, serás a maior força da natureza e quem provar dos teus olhos (o guaraná) terá proteção, longa vida e saúde permanente”.

E assim, dos olhos do menino, criou-se o guaraná, e do corpo, uma criança que deu origem aos indígenas da etnia Sateré Mawé.  

Na etnia, o guaraná é consumido religiosamente e é o motivo dos visitantes participarem de uma ‘sessão de çapó’, em que o guaraná é servido em cuia passada de mão em mão entre os presentes. Essa tradição tem grande significado religioso, já que todos os participantes do ritual ficam sob a proteção mitológica dos espíritos da floresta.

A preparação do Guaraná

Depois de colhidas, as frutas são colocadas em grandes cestos e transportadas para a aldeia, onde são despejadas no chão e pisoteadas para a soltura das sementes. Após esse processo, são colocadas novamente nos cestos e levadas para o rio, para serem lavadas e depois postas no sol para secar. 

Depois de secas, as sementes são torradas e moídas até se tornarem um pó bastante fino. Além disso, os indígenas Sateré Mawé também preparam uma espécie de pão de guaraná, feito com o pó úmido transformado em pasta elástica.  

Leia também: Guaraná nativo dos Sateré-Mawé recebe reconhecimento nacional com a concessão de selo de Indicação Geográfica

Guaraná, segundo a lenda de Noçoquem surgiu do filho morto de Onhiamuaçabê
Foto: Erico Xavier-FAPEAM

De acordo com o relato do sertanista João Américo Peret, em seu texto publicado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a quantidade de pó em uma dose diária para uma pessoa é de apenas uma colher de chá em meio copo de água, servido ao natural ou adoçado com açúcar ou mel de abelha.

Atualmente, entre os indígenas da etnia, o guaraná é utilizado como fortificante capaz de amenizar a fome de viajantes, e como um analgésico que tira as dores de cabeça, as febres e o mal estar. Além disso, para eles o guaraná também é capaz de curar disenterias, aumentar a resistência física e muscular e aumentar a longevidade do homem.

História e significado

Segundo registros históricos comentados pelo sertanista João Américo Peret, o padre alemão Bettendorf foi o primeiro civilizado a provar o guaraná preparado pelos indígenas da Mundurucânia, região do rio Tapajós e Madeira. Chegando à aldeia fatigado, febril e faminto, ele relatou sentir-se revigorado após consumir a bebida, comparando o efeito a um ‘elixir da eterna juventude’. 

Foto: Lyon Santos/MDS

Atualmente o guaraná é associado ao tuxaua verdadeiro, líder que guia a comunidade com bons conselhos e palavras de entendimento. Ao consumir o guaraná, todos participam de uma experiência simbólica que une sociedade, natureza e espiritualidade.

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

**Com informações do boletim de ciências humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi

Você sabia que caranguejos e camarões podem ser encontrados no campus da UFAM em Manaus?

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Camarões e caranguejos são encontrados na UFAM. Foto: Fabio Godoi

A biodiversidade da Amazônia costuma ser associada a espécies como o boto, a onça-pintada e a vitória-régia. Mas em fragmentos da floresta em meio à cidades como Manaus (AM) é possível encontrar espécies comuns em áreas mais silvestres? O campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com cerca de 700 hectares de floresta urbana, abriga não apenas aves, jacarés ou até esquilos, mas surpreende abrigando também camarões e caranguejos.

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O campus, considerado a maior floresta urbana do Brasil, funciona como laboratório natural para estudos. De acordo com o livro ‘Fauna e Flora da Universidade Federal do Amazonas: A maior biodiversidade urbana do Brasil’, organizado por Claudia Guerra Monteiro, Edinbergh Caldas de Oliveira e Edmilson Bruno da Silveira, a área mantém ecossistemas que suportam diversas comunidades de organismos, como os crustáceos. 

“Nossa missão é tentar resgatar a qualidade da água e dessa forma tentar manter a diversidade que temos de mais de 40 espécies de peixes e pelo menos 20 espécies de crustáceos entre camarões, caranguejos, pulgas da água e de tatuzinho-de-jardim”, afirmou o doutor em biologia, Edinbergh Caldas de Oliveira, ao Portal Amazônia

O que são crustáceos ? 

Os crustáceos são invertebrados predominantemente aquáticos, compostos pelos camarões, caranguejos, siris e lagostas, que apesar de sua maioria ser encontrada em ambiente marinho, também estão presentes em rios, lagos, igarapés e até no solo.

No campus da UFAM, os pesquisadores registraram espécies variadas, como tatuzinhos-de-jardim, pulgas-d’água, camarões e caranguejos.

Leia também: 6 curiosidades da fauna e flora da UFAM que você não conhecia

Os caranguejos e camarões na UFAM

A presença de camarões e caranguejos na UFAM se dá devido aos igarapés e corredores ecológicos da região, já que eles funcionam como refúgio para as espécies. Os camarões, por exemplo, são abundantes e possuem um papel importante na ecologia de ambientes aquáticos, como principal alimento dos peixes. 

Camarões são encontrados na Ufam
Foto: Fabio Godoi

O caranguejo de água doce, crustáceo semi-terrestre encontrado em rios e pequenos igarapés, utiliza a terra firme para construir suas tocas e procurar alimento, explorando tanto a água quanto a margem dos igarapés, ajudando a amaciar o solo e a circular nutrientes.

um dos crustáceos encontrados na Ufam
Foto: Fabio Godoi

De acordo com Oliveira, a presença desses animais é um indicador de qualidade ambiental, já que muitos crustáceos são sensíveis a mudanças bruscas no ecossistema, como poluição ou alteração do fluxo da água.

“A presença indica melhor funcionamento das diversas relações ecofisiológicas desses já bastante assoreados igarapés devido aos impactos causados pela urbanização desordenada do entorno da área do campus da UFAM”, afirmou Edinbergh de Oliveira ao Portal Amazônia. 

Leia também: Especialista explica diferença entre camarões de água doce e de água salgada

Importância ecológica dos crustáceos

A função dos crustáceos no ecossistema consiste em consumir matéria orgânica em decomposição, ajudando a reciclar elementos essenciais para o funcionamento da cadeia alimentar. Além disso, eles são fonte de alimento para peixes, aves, anfíbios e até mamíferos que circulam pelo campus.

“Os crustáceos são de suma importância para o equilíbrio da fauna Aquática, pois constituem o elo entre peixes e outros vertebrados como jacarés, por meio da teia alimentar, sendo alimento de peixes, atuando como consumidores de invertebrados menores, além de recicladores de detritos e algas presentes nos igarapés. Colaborando assim para manter o equilíbrio desse ecossistema”, afirmou Oliveira. 

Preservação da área 

A área da UFAM sofre com pressões constantes, devido ao avanço urbano, a poluição e até o desmatamento em áreas vizinhas. Além disso, a poluição dos esgotos e as construções de prédios próximo das nascentes dos 17 igarapés do campus da Ufam são grandes ameaças à vida dos crustáceos. 

Área da Ufam. Foto: Reprodução/ Universidade Federal do Amazonas

Dessa forma, de acordo com Oliveira, é preciso criar parcerias para retirar o lixo que todo dia é jogado na área verde do entorno da área do campus pelos moradores e até por empresas.

A fauna e a flora da Ufam 

O livro ‘Fauna e Flora da Universidade Federal do Amazonas: A maior biodiversidade urbana do Brasil’ reúne fotos e informações abrangentes da biodiversidade do campus. O capítulo sobre crustáceos, ajuda a refletir sobre a importância dos ‘pequenos habitantes’ que, muitas vezes, passam despercebidos. 

“Precisamos urgente preservar a biodiversidade do nosso fragmento florestal da UFAM onde é considerada a maior biodiversidade em área urbana do Brasil, um pequeno pedaço do que é nossa Amazônia em um fragmento cercado por cidade e bastante impactado”, concluiu Oliveira. 

Pela primeira vez, Amazon Sat transmite missa de abertura do Mutirão Brasileiro de Comunicação para rede de canais nacionais

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Foto: Lucas Silva/Amazonastur

Pela primeira vez, o canal Amazon Sat vai transmitir, nesta quinta-feira (25), a missa de abertura do Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom). Em sua 14ª edição, o evento tem como tema ‘Comunicação e Ecologia Integral: transformação e sustentabilidade justa’ e acontece de 25 a 28 de setembro no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques, em Manaus (AM). 

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“O mais importante, antes de tudo, é ressaltar que temas como este têm ganhado cada vez mais destaque na região Norte. A transmissão de um evento como a missa do Multicom, que une comunicação, fé e ecologia integral, é uma oportunidade de fortalecer nossa identidade local e regional. Ao estarmos aqui, falamos sobre questões que são profundamente relevantes para a nossa realidade, o que torna nossa abordagem ainda mais eficaz”, afirmou o coordenador do Amazon Sat, Lemmos Ribeiro.

Reunindo comunicadores(as), pasconeiros(as), agentes pastorais e todos os interessados em comunicação e ecologia integral, o evento tem como objetivo refletir sobre a democratização e as políticas de comunicação, as perspectivas as relações entre Igreja Católica, a sociedade brasileira e a cultura contemporânea no campo da Comunicação Social. 

De acordo com a organização, o tema deste ano dialoga diretamente com as encíclicas Laudato Si’ e Laudate Deum, do Papa Francisco, reforçando a responsabilidade da comunicação na evangelização e na defesa socioambiental.

Para o cardeal Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e anfitrião do evento, “a emergência climática está a exigir debate, reflexão, discussão, diálogo, e a comunicação possibilita esse espaço para que sempre mais a sociedade perceba, acorde para essa realidade que atinge a todos”. 

Leia também: Cardeal da Amazônia: Dom Leonardo Steiner passa a integrar grupo de cardeais do Vaticano

missa e palestra são parte da abertura do muticom 2024
Foto: Reprodução/Acervo Muticom

Retransmissão

Em uma ação nacional conjunta, o Amazon Sat abrirá o sinal de transmissão para outros dez canais (tv e rádio) que vão retransmitir a missa de abertura:

Para o gestor do Amazon Sat, “a satisfação de contribuir com esse tipo de conteúdo, não apenas para a nossa audiência local, mas também compartilhando o sinal com outras emissoras e expandindo essa informação para todo o Brasil, é um reflexo do nosso compromisso com temas importantes e da nossa responsabilidade em levar mensagens de conscientização para um público ainda maior”.

Leia também: As velas do Divino: tradição, fé e sustentabilidade nas águas do município de Alvarães no Amazonas

Programação do Muticom 

Abertura do Muticom 2025, em Manaus. Foto: Divulgação/Assessoria Arquidiocese de Manaus

A programação do Muticom combina espiritualidade, reflexão e debates temáticos. Confira: 

25 de setembro 

  • 14h: Início do Credenciamento
  • 17h: Missa Amazônica- transmitida pelo Amazon Sat 
  • 18h: Jantar
  • 19h: Mesa de Abertura
  • 19h40: Celebração do Encontro e Noite Cultural
  • 21h: Encerramento

26 de setembro 

  • 8h30: Momento de Espiritualidade
  • 8h45: Memória do Dia Anterior
  • 9h: 1° Painel “Comunicação e Ecologia Integral”
    Gilvan Sampaio – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
    Rosiene Carvalho – BandNews Amazônia
    Mediação: Ivânia Maria Carneiro Vieira (UFAM)
  • 10h30: Intervalo para o Lanche
  • 11h: Conversa de Beira de Rio (Interação dos participantes com os Painelistas)
  • 11h45: Lançamento de Livros
  • 12h: Almoço
  • 14h: Atividades nos 12 Rios Amazônicos Temáticos
  • 15h30 – Intervalo para o Lanche
  • 16h – Trocar Ideias e Partilhar o Sentir
  • 17h30: Confluência dos Rios Amazônicos (Plenária Geral)
  • 18h30: Encerramento das Atividades do Dia

27 de setembro 

  • 8h30: Momento de Espiritualidade
  • 8h45: Memória do Dia Anterior
  • 9h: 2° Painel “Comunicação, Transformação Social e Sustentabilidade Justa”
    Cicilia Maria Krohling Peruzzo – Universidade Federal do Rio de Janeiro
    Elaíze Farias – Amazônia Real
    Mediação: Ricardo Alvarenga (UFMA/ GRECOM CNBB)
  • 10h30: Intervalo para o Lanche
  • 11h: Conversa de Beira de Rio (Interação dos participantes com os Painelistas)
  • 11h45: Homenagens
  • 12h: Almoço
  • 14h: Atividades nos 12 Rios Amazônicos Temáticos
  • 15h30 – Intervalo para o Lanche
  • 16h – Trocar Ideias e Partilhar o Sentir
  • 17h30: Saída para imersão nas Comunidades Manauaras

28 de setembro 

  • 8h: Saída do Centro de Convenções para o Porto do Ceasa
  • 9h: Celebração da Comunicação no Encontro das Águas
  • 11h30: Saída do Porto do Ceasa para o Centro de Convenções
  • 12h: Almoço de Encerramento – Centro de Convenções

“Há uma relação direta entre o clima e o desmatamento”, alerta geógrafo

Floresta Amazônica. Foto: Reprodução/Polícia Federal

A Floresta Amazônica, maior floresta tropical do mundo, passa por um processo de transformação devido ao avanço do desmatamento, e dos efeitos das mudanças climáticas globais. Esse processo ameaça levar o bioma a um ponto onde o retorno se torna inviável, e a floresta pode colapsar, perdendo sua capacidade de regular o clima, armazenar carbono e manter a biodiversidade.

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Segundo o doutor em geografia Deivison Molinari, professor na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), é fundamental compreender que as mudanças climáticas não são um fenômeno recente, mas assumiram características distintas a partir da ação humana.

“Na Terra já acontecem mudanças climáticas antes do ser humano surgir, como as atividades vulcânicas, a separação dos continentes e as glaciações, vistas nos filmes da Era do Gelo. No entanto, as mudanças climáticas que estão sendo discutidas hoje referem-se ao que o ser humano tem interferência, sobretudo por duas variáveis: a demanda de recursos naturais e o processo de industrialização”, explicou o professor. 

De acordo com Molinari, a demanda de recursos naturais como a água, energia e combustíveis fósseis para a mobilidade de carros, além do processo de industrialização com o uso de combustíveis fósseis, carvão e petróleo, vão determinar muitos impactos negativos ao clima.  

Leia também: Mudanças climáticas ameaçam biomas brasileiros e destacam papel do ecoturismo na COP 30

O papel da floresta 

A Amazônia, apesar de ser uma floresta do Brasil, cumpre funções vitais para todo o planeta. Os chamados ‘rios voadores’, massas de vapor d’água transportadas pela atmosfera, garantem chuvas que irrigam desde o Centro-Sul do Brasil até outras partes da América do Sul, mantendo um equilíbrio climático. 

Floresta Amazônica vista de cima
Foto: Reprodução/Mapbiomas

Com o desmatamento esse ciclo é interrompido, já que menos árvores significam menos evapotranspiração, resultando na redução de chuvas e no aumento da temperatura.

“A Amazônia tem um papel muito importante, pois boa parte das chuvas que ocorrem no sul e no sudeste brasileiro vem da região. Se desmatar a Amazônia, menos umidade será levada para outras regiões do mundo, o que afeta o globo”, afirmou Molinari. 

Os impactos locais e imediatos

Além das mudanças globais, o desmatamento também traz efeitos negativos para as pessoas, já que cidades como Manaus (AM) já enfrentam ondas de calor mais intensas, ilhas de calor urbano e a diminuição das áreas verdes. 

Além disso, a redução da floresta modifica o regime de chuvas, prolonga o período seco e aumenta a ocorrência de queimadas. 

“Há poucas áreas verdes, poucos fragmentos e o calor é muito grande. Há uma relação direta entre o clima e o desmatamento em grande e em pequena escala”, afirmou o professor. 

Leia também: Riscos das mudanças climáticas e da poluição por microplásticos para a saúde dos igarapés da Amazônia são analisados em pesquisa

Área desmatada da Floresta Amazônica
Área desmatada da Floresta Amazônica. Foto: Mayke Toscano/ Gcom-MT

Um estudo publicado na Nature Communications analisou dados de 35 anos (1985–2020) para medir os impactos combinados das mudanças globais e do desmatamento sobre a Amazônia. 

Os resultados mostram que a cobertura florestal caiu de 89,1% para 78,7% no período, as pastagens aumentaram de 4,2% para 14,8%, a temperatura máxima do ar subiu em média 2 °C, sendo 83,5% desse aumento atribuídos ao aquecimento global e 16,5% ao desmatamento, a precipitação na estação seca caiu 21 mm e em regiões onde mais de 28% da floresta foi derrubada, a estação seca já dura cinco semanas a mais do que em 1979. 

Se esse limite for ultrapassado, a floresta úmida pode se converter em um ecossistema mais seco, semelhante ao Cerrado ou à Caatinga, e atingir uma perda irreversível de biodiversidade. 

Efeito dominó 

O cientista Philip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em seu estudo sobre ‘As mudanças climáticas globais e a floresta Amazônica’ também alerta para os riscos das interações entre o clima e o desmatamento, destacando que a redução da densidade da madeira, a morte de árvores por estresse hídrico e a liberação de carbono do solo aumentam a vulnerabilidade da floresta. 

Caso atinja uma situação extrema, existe um risco de um ‘efeito estufa fugitivo’, em que o processo de aquecimento global escaparia do controle humano.

Leia também: Editais são lançados pelo governo federal para restaurar áreas no Arco do Desmatamento: R$ 79 milhões

Floresta Amazônica
Fragmento de floresta Amazônica. Foto: Vinicius Braga

De acordo com o estudo, se a trajetória atual não mudar, até 2035 a Amazônia pode registrar:

  • Aumento de 0,62 °C na temperatura máxima;
  • Redução de 7,3 mm nas chuvas da estação seca;
  • Liberação crescente de dióxido de carbono (CO₂) e metano (CH₄).

Isso compromete não só a floresta, mas também setores da economia, como a agricultura, que depende das chuvas mantidas pela floresta, e a produção de energia hidrelétrica, ameaçada pela redução da vazão dos rios.

🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui 

Meios de preservação 

O climatologista e catedrático do Instituto de Estudos Avançados da USP, Carlos Nobre, durante sua apresentação na SciBiz Conference 2025, destacou no painel ‘Amazônia e a busca de soluções para evitar o ponto de não retorno’ as possíveis soluções para se evitar atingir o limite. 

O primeiro passo é zerar o desmatamento, especialmente em áreas de floresta intacta, ao mesmo tempo que é preciso investir na restauração de áreas degradadas, para recuperar o ciclo hidrológico e aumentar a resiliência do bioma.

Além disso, também é necessário fortalecer o papel dos povos indígenas e comunidades tradicionais, reconhecidos como os principais guardiões da floresta.

Mascote do Duolingo visita estados da Amazônia em preparação para a COP 30 

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Foto: Reprodução/Instagram-duolingobrasil

O mascote do Duolingo, aplicativo de idiomas conhecido mundialmente pelos vídeos na internet incentivando as pessoas a aprenderem novos idiomas, embarcou em uma viagem especial pela Amazônia, passando por estados da região Norte do Brasil. Até o dia 16 de setembro, o mascote já registrou sua passagem pelo Pará e pelo Acre.

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As viagens, que tiveram como plano de fundo a divulgação da plataforma com o intuito de incentivar a população a aprender novos idiomas para a COP 30 – que acontece em Belém (PA) no mês de novembro -, transformaram-se em uma imersão cultural, gastronômica e turística.

Primeira parada: Belém do Pará

A jornada começou em Belém, capital do Pará, onde o mascote, chamado de ‘Duo’, teve a oportunidade de conhecer algumas das principais expressões culturais e pontos turísticos do estado.

Em seguida, o mascote seguiu até a Ilha do Marajó, reconhecida por sua pecuária, onde viveu a experiência de nadar ao lado dos famosos búfalos marajoaras, animais que fazem parte do cotidiano local.

Outro destaque da viagem foi a visita ao tradicional Mercado do Ver-o-peso, em Belém, considerado um dos maiores mercados a céu aberto da América Latina.

Além disso, o mascote também conheceu a diversidade de produtos amazônicos, como o açaí fresco, que diferente do consumido em outras partes do país, é servido de forma salgada e acompanhado de farinha e peixe frito.

Leia também: Projeto universitário cria roteiro geo-turístico voltado à COP 30 em Belém

‘Duo’ também mergulhou no ritmo do carimbó, dança tradicional que mistura influências indígenas, africanas e europeias. Em vídeos publicados em sua conta do Instagram, o mascote compartilhou os passos animados da dança regional: 

O mascote também teve uma experiência completa com passeios de barco pelos rios amazônicos. Ele aproveitou para conhecer as festas de cultura local e, em um momento inusitado, foi “engolido” por uma aparelhagem, grandes estruturas sonoras que animam as festas de tecnobrega e outros gêneros musicais da região.

Segunda parada: Rio Branco, no Acre

Do Pará, o ‘Duo’ seguiu viagem para o Acre e logo nos primeiros passeios, o mascote teve contato com as capivaras, animais que circulam livremente em espaços urbanos e áreas verdes do estado.

Mascote do Duolingo no Acre
Foto: Reprodução/ Instagram-Duolingo

A culinária do estado também foi destaque, já que o mascote se aventurou em experimentar os pratos típicos acreanos, preparados com ingredientes amazônicos. Entre os sabores, destacam-se preparações com peixe, mandioca e frutas nativas.

No Acre, o ‘Duo’ também aproveitou para criar diversos conteúdos para suas redes sociais, como vídeos divertidos que reúnem músicas e piadas com a região (como os dinossauros). 

Preguiça-de-três-dedos é um mamífero lento, porém fundamental para a natureza

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Preguiça-de-três-dedos. Foto: Reprodução/123 ecos


As espécies de preguiças-de-três-dedos pertencem à família Bradypodidae, sendo mamíferos de pelo denso, primariamente arborícolas e de comportamento singular. Atualmente, existem cinco espécies, todas pertencentes ao gênero Bradypus, distribuídas na América Central e América do Sul, com distribuição ampla no Brasil, especialmente na Mata Atlântica e na região amazônica.

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Uma das espécies mais raras é a Bradypus pygmaeus, ou preguiça-pigmeu. Considerada a menor das espécies, ela ocorre exclusivamente em uma pequena ilha marinha no Panamá, sendo considerada criticamente ameaçada de extinção.

No Brasil, quatro espécies diferentes habitam diferentes biomas. A mais amplamente distribuída é a Bradypus variegatus, conhecida como preguiça-de-garganta-marrom ou preguiça-marmota, que ocorre em grande parte do território brasileiro, estendendo-se até a América Central.

A espécie encontrada nos arredores de Manaus é a Bradypus tridactylus, conhecida popularmente como preguiça-de-garganta-amarela ou preguiça-de-bentinho. Sendo que o próprio nome científico dessa espécie indica que ela possui três dedos.

“Essa espécie ainda vive relativamente bem na capital amazonense, em fragmentos florestais urbanos, inclusive dentro do campus da UFAM. Mas é muito sensível a alterações ambientais e climáticas”, explica o biólogo coordenador do Laboratório de Manejo de Faunas do ICB/UFAM, Ronis Da Silveira, ao Portal Amazônia.

Foto: Eduardo Gomes/Acervo INPA

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Alimentação e comportamento da espécie 

As preguiças têm hábitos bastante peculiares, já que são mamíferos de metabolismo extremamente lento e que passam mais de 90% do tempo imóveis na vegetação. Além disso, elas inclusive precisam se aquecer sol, o que não é comum entre os mamíferos.

“Todas essas espécies são mamíferos exclusivamente arborícolas, mas não quer dizer que elas não se desloquem no chão. Sim, quando querem ir de uma árvore para outra, e as copas não se comunicam, elas descem, se “arrastam” e sobem novamente mas, ela é adaptada para viver nas alturas”, afirma Ronis Da Silveira.

preguiças
Foto: Reprodução/MUSA

A espécie é folívora, ou seja, possui o hábito alimentar de comer folhas. Nasce apenas um filhote por gravidez, e a mãe o ensina quais folhas são seguras para consumo. Essa transmissão de conhecimento é crucial para a sobrevivência do filhote nos primeiros meses de vida.

Sua dieta é composta principalmente por folhas, como da embaúba e várias outras espécies de árvores.

De acordo com Da Silveira, a espécie desce até a base do tronco das árvores semanalmente para defecar no solo da floresta, um comportamento típico das preguiças-de-três-dedos que resulta em relações ecológicas singulares com várias espécies de mariposas adaptadas para viver na sua pelagem e, utilizam as suas fezes para a deposição de seus ovos.

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Ameaças à sobrevivência

O principal risco enfrentado por essas espécies é o deflorestamento, que elimina árvores essenciais tanto para abrigo quanto para alimentação. Além disso, atropelamentos, choques elétricos e o uso indevido para selfies no turismo ilegal agravam a situação.

“Essa espécie ainda é bem comum em Manaus, vivendo nos fragmentos florestais urbanos. Na UFAM ocorrem dezenas, talvez mais, e como eu disse, quando necessário elas descem de uma árvore na busca de outra para subir. No entanto, muitas vezes tem uma via pública no meio do caminho, resultando em atropelamentos frequentes, às vezes até com filhote”, conta o biólogo.

Os indivíduos feridos são levados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do IBAMA/AM, onde recebem cuidado especializado.

Importância para a natureza

A espécie possui papel relevante na manutenção do equilíbrio ecológico, funcionando como presas para diversas espécies de carnívoros e a sua pelagem como abrigo de algas e insetos que colaboram na ciclagem de nutrientes no solo.

Além disso, a espécie ajuda na indicação da qualidade ambiental, já que sua presença sugere a presença da vegetação ainda relativamente intacta.

bicho preguiça
Foto: NTCO/Getty Images

Preservação da espécie

Mesmo vivendo em meio urbano, como nos fragmentos de floresta em Manaus, as preguiças ainda encontram dificuldades para sobreviver, por isso a manutenção desses ambientes e o combate ao turismo ilegal de interação com a fauna silvestre são fundamentais.

“Elas são extremamente adaptadas ao ambiente arbóreo e qualquer alteração, como a queda de árvores ou incêndio, pode ter consequências fatais”, alerta Da Silveira.

Ao encontrar uma preguiça em risco iminente ou machucada, o ideal é não pegar o o indivíduo. Geralmente a atitude correta é acionar os órgãos responsáveis.

Em Manaus, o Resgate de Fauna Silvestre é realizado pela equipe da Gerência de Fauna do IPAAM, pelo WhatsApp/telefone (92) 98438-7964, ou ainda a Polícia Ambiental ou o Corpo de Bombeiros. Mas, não contate essas instituições simultaneamente.

“Dessa forma, todos podem contribuir com a manutenção da preguiça-de-bentinho, essa graciosa espécie da fauna nativa amazônica”, destaca o especialista.

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

As velas do Divino: tradição, fé e sustentabilidade nas águas do município de Alvarães no Amazonas

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Velas do Divino no lago de Alvarães. Foto: Reprodução/Instagram-miguelmonteirowild

O município de Alvarães, localizado no Amazonas, todos os anos no dia 31 de maio se transforma em um espetáculo de fé, cultura e natureza. Neste dia acontece a celebração da Festa do Divino Espírito Santo, uma das manifestações religiosas mais antigas do Brasil, marcada por rituais únicos que emocionam quem presencia. 

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Entre os diversos símbolos do festejo, as velas do Divino, luzes flutuantes que iluminam o lago de Alvarães, posta sobre ‘barquinhas’ rodeadas de papel colorido, destacam-se entre os fiéis. Além dos efeitos visuais causados pelas velas, elas contam uma história de tradição centenária, espiritualidade e consciência ambiental.

Lucas Ramos, do perfil do instagram Eulucasramos, fez uma curadoria e reuniu informações acerca do festejo e das Velas do Divino. Para ele as velas “são o símbolo final de uma promessa, de uma oração, de uma esperança que flutua no coração de Alvarães”.

Tradição centenária 

Conhecido em todo o estado, a festa do Divino Espírito Santo é uma das mais antigas tradições do catolicismo no Brasil. A festa teve origem em Portugal, no século XIV, e foi trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses, após uma promessa feita pela Rainha Isabel de Aragão ao Espírito Santo. 

Velas do Divino
Reprodução/Instagram-miguelmonteirowild

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Como as velas do Divino são feitas ? 

A produção das velas do Divino Espírito Santo começa no Aningal, terreno onde são encontradas as aningas, vegetação aquática dos rios e igarapés da Amazônia. A extração das madeiras é cercada de rituais, como um pedido e uma promessa ao Divino Espírito Santo ao retirar a primeira tora. 

Velas do Divino. Foto: Reprodução/Instagram-miguelmonteirowild

Após a retirada, as toras são levadas para Alvarães, onde são cortadas em pequenos pedaços que servirão como base para as ‘barquinhas’. Professores, alunos e funcionários das escolas do município se mobilizam para a construção artesanal das velas.  

Diferente do que muitos podem pensar, as velinhas e barcas não poluem o lago, já que são feitas com papel biodegradável e cera natural. A decomposição ocorre em poucos minutos ou horas após o ritual, e o que resta é recolhido pelas comunidades ribeirinhas.

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Significado religioso das Velas

As velas para o cristianismo representam Jesus Cristo como a luz do mundo. Desde os primórdios da igreja, acender uma vela é um gesto de oração e conexão com o divino já que em missas, batismos e funerais, as velas iluminam tanto o espaço físico quanto o espiritual.  

Segundo a tradição católica, o batismo é conhecido como ‘iluminação’, já que é nele que recebe-se a luz de Cristo, onde a vela acesa representa a fé viva e ativa daquele que crê. Na Festa do Divino, essa simbologia se materializa com a luz que flutua sobre as águas e leva as intenções dos fiéis diretamente ao céu.

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O festa do Divino Espírito Santo

A programação começa com a tradicional elevação do mastro, quando os fiéis carregam o mastro em procissão até o local onde será levantado e fixado durante os 10 dias de festa. A festa segue com novenas, cortejos, celebrações e culmina com uma missa campal, ao ar livre, onde fogos de artifício anunciam o encerramento da festa.

Velas do Divino
Velas do Divino no lago de Alvarães. Foto: Reprodução/Instagram-miguelmonteirowild

É nesse momento que o Lago de Alvarães e milhares de velinhas coloridas e flamejantes formam uma cidade iluminada, que mistura fé, arte e natureza.

*Com informações de Assembleia Legislativa do Amazonas e Canção Nova

Parque Nacional Mapinguari: guardião da biodiversidade e da cultura entre Amazonas e Rondônia

Foto: Reprodução/Global National Parks

Localizado entre os estados do Amazonas e de Rondônia, o Parque Nacional do Mapinguari é uma das maiores unidades de conservação da Amazônia. Criado no dia 5 de junho de 2008, o parque possui uma área de 1.572.422 de hectares e é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

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“Dentro das unidades de conservação, de acordo com o Sistema Nacional de Unidade de Conservação, ele é de proteção integral. Significa que há restrição de ter pessoas morando nessa área”, explicou o doutor em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Deivison Molinari, em entrevista ao Portal Amazônia.

O parque nasceu como resposta às crescentes ameaças ambientais da região, especialmente o avanço do desmatamento e da exploração ilegal de recursos naturais, no início dos anos 2000.

De acordo com Molinari, o parque possui uma singularidade que justifica a sua criação, já que está na região de Cerrados Amazônicos. Na Amazônia, o cerrado está concentrado no Centro-oeste brasileiro, permitindo que o sul do Amazonas possua algumas manchas de Cerrado chamadas de enclaves, considerado um dos motivos para criação do Parque Nacional em 2008. 

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De onde vem o nome do parque?

O nome do Parque Nacional remete ao Mapinguari, criatura lendária das mitologias indígenas amazônicas. Descrito como uma besta de um olho só, o Mapinguari seria a forma amaldiçoada de um pajé que, ao descobrir os segredos da imortalidade, foi punido por abusar desse conhecimento.

O mito simboliza o respeito à força da natureza e aos saberes tradicionais. Além disso, o Mapinguari destaca-se na Amazônia como o terror dos seringueiros e o predador dos caçadores.

Mapinguari
Imagem: Reprodução

Existem diversas lendas que contam a origem do protetor, já que há pessoas que afirmam que a criatura seria o destino finado indígenas dos anciãos que ao atingirem uma idade mais avançada evoluiriam e se transformariam no Mapinguari, quando passariam a habitar o interior das florestas.

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Outros acreditam que o Mapinguari era o rei de uma tribo e um guerreiro muito forte, que durante uma batalha, morreu, mas sua valentia era tanta que a mãe natureza o fez renascer e se tornar em um guardião da floresta. Ele, então, começa a impedir os caçadores e madereiros na floresta, os afugentando com seu urro e avisando à Mãe Natureza para que ela repare a floresta.

Biodiversidade preservada

O objetivo principal do parque é preservar os ecossistemas e possibilitar o desenvolvimento de pesquisas científicas, além de estimular a educação ambiental e atividades de lazer em contato com a natureza.

Mapinguari
Foto: Reprodução/ Entre Parques

Com ecossistemas variados, que incluem florestas de terra firme, várzeas, rios e cachoeiras, o parque é lar de uma fauna diversificada composta por onças-pintadas, antas, jaguatiricas, araras, tucanos, gaviões-reais e mais.

Na flora, destacam-se espécies de uso medicinal e árvores como o jatobá, fundamentais tanto para o ecossistema quanto para o conhecimento tradicional das comunidades locais.

Ecoturismo no Parque Nacional Mapinguari

O parque possui três grandes atrativos como destino de ecoturismo e que chamam a atenção dos visitantes da região:

  • Trilhas ecológicas guiadas, que aproximam turistas da fauna e da flora;
  • Rios e cachoeiras, ideais para banho e contemplação;
  • Observação de aves, com mais de 300 espécies registradas.

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As visitas são acompanhadas por guias capacitados, muitos deles oriundos das comunidades locais, que compartilham saberes sobre o ecossistema, a cultura tradicional e práticas de sustentabilidade.

*Com informações do 123ecos

Grupo brasileiro faz nova apresentação com elementos da Amazônia no America’s Got Talent e avança para semifinais

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Grupo Lightwire no America’s Got Talent. Foto: Reprodução/Instagram-Lightwire

O grupo brasileiro Lightwire representou a Amazônia mais uma vez na competição de talentos norte-americana America’s Got Talent. Depois de vencerem o Botão Dourado em sua primeira apresentação, os artistas avançaram nas quartas de final encantando o público e os jurados, seguindo para as semifinais da competição.

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A apresentação contou com novos elementos da fauna e da flora amazônica, como as árvores da floresta, o jacaré e o grande destaque da noite, a arara vermelha.

O grupo, formado por brasileiros, combina dança e tecnologia com figurinos de LED que criam uma experiência imersiva e transportam os espectadores para a floresta amazônica durante as apresentações. 

Leia também: Grupo brasileiro apresenta ‘Amazônia’ em audição do America’s Got Talent e ganha “botão de ouro”

O encanto com a Amazônia nas apresentações 

Em maio de 2025, o grupo participou das audições e ganhou destaque com uma apresentação também sobre a Amazônia, com elementos como a onça-pintada, detalhes da floresta, macacos, cobras e os povos originários, o que garantiu ao grupo o ‘botão de ouro’ e uma passagem direto para a fase ao vivo da competição. 

O recurso do ‘botão de ouro’ é usado quando um dos jurados acredita que aquele número vale ‘passar na frente’ e ir direto para as apresentações ao vivo com foco nas finais. Eles foram os primeiros a receber o ‘golden buzzer’ nesta temporada, do jurado Simon Cowell. 

No dia 20 de agosto de 2025, o grupo participou das quartas de finais da competição ao vivo no palco do programa. A apresentação ganhou novamente reconhecimento com elementos da fauna amazônica e garantiu ao grupo uma vaga nas semifinais da competição. 

Amazônia
Araras vermelhas na apresentação do grupo. Foto: Reprodução/ Youtube-America’s Got Talent

Em suas avaliações, Sofía Vergara, uma das juradas do programa, comentou que apesar de já ter visto o espetáculo com luzes antes, a apresentação tinha sido espetacular.

“Já vimos esse show antes, mas isso é algo especial, é hipnotizante. Tudo! A trilha sonora deveria ser de um filme. É espetacular, alucinante”, afirmou Sofía. 

Simon Cowell, jurado e criador do programa, comentou que “honestamente foi uma das melhores apresentações ao vivo” que ele presenciou, e agradeceu o grupo por isso. 

“Sabe o que eu estava pensando? Eu estava pensando que seja na Copa do Mundo, seja nas Olimpíadas, sabe, quando você vê algo realmente incrível na cerimônia de abertura, isso é algo comparável. Então acho que vamos ver vocês abrindo o que vier a seguir, as Olimpíadas por exemplo. Foi muito bom, na verdade foi melhor do que a audição, estou muito orgulhoso”, comentou Cowell.

Em suas redes sociais o grupo agradeceu o apoio da torcida e do time que se dedica para que as apresentações sejam de um nível cada vez mais encantador.

“De todo coração, agradecemos ao nosso time, que se dedica com amor e profissionalismo em cada detalhe. À família, parceiros e a cada pessoa que está na torcida e nos enche de carinho nessa jornada, nossa eterna gratidão”, publicou o perfil oficial do grupo.

Assista a apresentação:

America’s Got Talent 

A competição de talentos norte-americana America ‘s Got Talent (AGT) está na sua 20ª temporada em 2025. No programa, cantores, dançarinos, mágicos, comediantes e outros diversos talentos amadores disputam o título de melhor atração do programa e um prêmio milionário. 

A franquia global foi criada por Simon Cowell, um dos jurados, e que realizou o sonho de muitos artistas que participam do programa. Além de Cowell, Sofía Vergara, Howie Mandel e Melanie Janine Brown (Mel B) também julgam os candidatos a melhor talento da América, e Terry Crews é o responsável por conduzir as apresentações dos participantes.