O duo ribeirinho Curumiz, formado pelos artistas Kemerson Freitas e Alziney Pereira, está à frente do projeto ‘Arte Ribeira: grafitando as comunidades ribeirinhas de Parintins‘, iniciativa cultural que leva a arte urbana para além das cidades e insere o graffiti no cotidiano de comunidades amazônicas.
A proposta contempla a produção de murais em três comunidades ribeirinhas próximas a Parintins:
Paraná do Espírito Santo do Meio,
Santa Terezinha do Caburi
e Vila Batista.
Casas, palafitas e espaços coletivos se tornarão telas para a arte dos Curumiz, que desenvolvem os trabalhos a partir de entrevistas com moradores e lideranças, retratando memórias, lendas e elementos do imaginário amazônico.
Além das intervenções artísticas, o projeto será documentado em vídeo, com registro do processo criativo, das interações comunitárias e da realização dos murais. O resultado será um documentário de média-metragem, disponibilizado gratuitamente em plataformas digitais, contribuindo para a divulgação cultural e para o fortalecimento do turismo comunitário.
Os artistas levam arte ao interior do Amazonas. Foto: Divulgação
Curumiz busca democratizar o gaffiti
Para os artistas, o projeto é também uma forma de democratizar o acesso ao graffiti.
“Muitos moradores nunca entraram em uma galeria de arte. Com o Arte Ribeira, queremos aproximar essas pessoas de uma linguagem que costuma estar presente apenas em capitais e metrópoles”, afirma Kemerson Freitas, do Curumiz.
O Arte Ribeira conta com o patrocínio do Plano Nacional Aldir Blanc 2024, aprovado através do edital nº 12/2024.
Brotos floridos de jambu (Acmella oleracea). Foto: Pallavi Sirsath via Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0)
Nativo da Amazônia, o jambu (Acmella oleracea) é famoso por causar um leve formigamento quando consumido ou utilizado no corpo. Essa característica, aliada ao alto valor nutritivo da espécie, permitiu que essa pequena planta conquistasse espaço em muitas receitas da culinária amazônica — sobretudo na região Norte do país.
Ao mesmo tempo, seu poder “dormente” desperta o interesse de outros setores da economia, como as indústrias farmacêutica e dos cosméticos, que tentam aproveitar as particularidades de uma planta que já vem sendo utilizada por comunidades indígenas há muito tempo.
Hoje em dia, os efeitos e benefícios do jambu também trazem novas possibilidades para a ciência. A partir de novas pesquisas, a espécie tem se tornado um ingrediente-chave para a bioeconomia brasileira, contribuindo para um campo que cresce a partir do desenvolvimento de produtos sustentáveis e que valoriza o manejo tradicional do bioma amazônico.
Uma dessas iniciativas é liderada por pesquisadores do Laboratório de Tecnologia Supercrítica (Labtecs), vinculado à Universidade Federal do Pará (UFPA). Desde 2019, cientistas desenvolvem aplicações para transformar produtos à base de jambu em itens de bioinovação, aproveitando o conhecimento vindo de técnicas indígenas transmitidas entre gerações.
A lista de criações é variada. O catálogo inclui um filme orodispersível de rápida dissolução, indicado para aliviar quadros de boca seca em pacientes com câncer, cremes faciais antienvelhecimento, lubrificantes íntimos com efeitos estimulantes e enxaguantes bucais sem álcool.
Enquanto isso, outros estudos exploram as propriedades antiarrítmicas do jambu — ou seja, o potencial de suas substâncias para corrigir anormalidades na frequência cardíaca humana.
“São características verdadeiramente únicas”, segundo Ana Paula Silva, doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFPA e pesquisadora do Labtecs. “É uma planta incrivelmente versátil, com aplicações medicinais, para os cosméticos e alimentos funcionais. Pouquíssimas espécies nativas oferecem uma gama tão ampla de possibilidades.”
A pesquisadora Ana Paula Silva exibe amostras de laboratório onde estuda o jambu há mais de cinco anos. Foto: Bruno Cecim/Agência Pará
Uma planta, múltiplas finalidades
Seja em produtos médicos, estéticos ou na culinária, as pequenas folhas verdes do jambu são verdadeiras protagonistas em todos os nove estados da Amazônia brasileira.
No Pará, a planta é um ingrediente indispensável na preparação de pratos típicos, como o famoso tacacá.
Muito antes de seu nome virar febre musical pelos quatro cantos do país, o caldo aromático, feito tradicionalmente com tucupi (extraído da raiz da mandioca-brava), goma de tapioca dissolvida, folhas cozidas de jambu e camarão, entre outros ingredientes, já vinha sendo servido nas ruas e restaurantes da capital Belém..
A leve picância e o efeito de formigamento que tornam a planta tão marcante — e cobiçada — vêm do espilantol, um composto bioativo com propriedades anestésicas e anti-inflamatórias naturais. A substância também tem características que estimulam a salivação, especialmente em seus botões florais.
Por muitos séculos, comunidades indígenas e não indígenas da Amazônia têm aproveitado esses efeitos, usando o jambu para fazer chás, medicamentos para dores do dia a dia e até na pesca — por sua leve capacidade “sedativa”, a planta pode atordoar os peixes brevemente, facilitando a captura.
Além de aliviar incômodos cotidianos, como dores de dente, os remédios caseiros preparados à base de jambu são utilizados para tratar diferentes doenças e complicações, até mesmo as consideradas mais complexas.
Problemas como indigestão, cálculos no trato urinário, enfermidades hepáticas, quadros respiratórios e até anemia e casos de escorbuto, causado pela falta de vitamina C no organismo, são tratados com o uso da planta em uma de suas variações.
Embora a maior parte dessas aplicações seja fruto de conhecimentos ancestrais, a ciência observa tudo isso bem de perto.
Folhas cozidas de jambu em uma tigela de tacacá. Foto: Bruna Brandão/Ministério do Turismo
Estudos desenvolvidos nos laboratórios do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, ligado à UFPA e com sede em Belém, confirmam cientificamente os efeitos transmitidos por meio da cultura popular.
Investigações mostraram que o espilantol interage com os receptores nervosos para proporcionar alívio temporário da dor, melhorar a circulação e reduzir a inflamação. Análises laboratoriais também descobriram que o composto pode causar efeitos benéficos ao sistema cardiovascular, ajudando, como já se supunha, a prevenir sintomas de arritmia.
Pesquisas em andamento no PCT também destacaram o potencial farmacêutico do espilantol para a saúde bucal de pacientes oncológicos. De acordo os especialistas, o filme de dissolução rápida produzido a partir dos compostos da planta tem um efeito duplo: à medida que ameniza dores locais, ele também estimula a produção de saliva, eliminando a necessidade de hidratação constante.
Enxaguantes de jambu, por sua vez, ajudam no cuidado com a higiene, produzindo, mesmo sem álcool, uma ação antimicrobiana considerada eficiente para pessoas com gengivas sensíveis.
Para os cientistas consultados pela Mongabay, essas bioinovações representam um “passo significativo” nos cuidados naturais para a saúde da boca, oferecendo alternativas práticas e, acima de tudo, sustentáveis.
“Nós também estamos usando o jambu em cosméticos com efeitos sensoriais, sem contar os itens de alimentação funcional, que levam óleo, pó liofilizado e condimentos derivados do jambu”, disse Silva.
“A planta é ideal para todas essas aplicações, uma vez que combina três qualidades muito valorizadas hoje em dia: bioatividade, sensorialidade e a origem amazônica. Para mim, é o exemplo perfeito de como a ciência pode transformar o conhecimento tradicional em soluções inovadoras para a saúde.”
Imagem aérea dos laboratórios do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, em Belém, onde são desenvolvidas inovações para a bioeconomia. Foto cedida pelo PCT
Jambu pode ser trunfo em meio ao crescimento da bioeconomia
O desenvolvimento de produtos fabricados a partir do jambu faz parte de um esforço amplo do Brasil para trilhar um caminho em direção a um modelo bioeconômico sólido. O formato baseia seu sistema de pesquisa e produção na relação sustentável entre a biodiversidade e a criação de itens para fins comerciais.
Como destacado em outras reportagens da Mongabay, a bioeconomia brasileira — que encontra muitas alternativas dentro do biodiverso ecossistema amazônico — tem entre seus objetivos fornecer soluções lucrativas, mas sem deixar de lado a preservação da floresta. Em todo o Pará, esse movimento ganha tração — e já se mostra promissor.
Segundo estudo da Nature Conservancy, uma organização sem fins lucrativos com sede nos Estados Unidos, o setor de bioeconomia paraense cresceu em média 8,2% ao ano entre 2006 e 2019. A pesquisa ainda mostra que uma combinação de políticas públicas, investimento, inovação e mudanças institucionais poderia fazer com que a receita do setor aumentasse 30 vezes até 2040, gerando cerca de 170 bilhões de reais anualmente.
Por essas razões, o Pará tem apostado alto no modelo sustentável como um caminho para o desenvolvimento.
Em 2022, o governo estadual lançou o Plano Estadual para Bioeconomia (PlanBio), dando o “caminho das pedras” para transformar a biodiversidade da Amazônia em um sistema econômico sustentável. A iniciativa estabelece dezenas de ações focadas no fortalecimento de cadeias produtivas que valorizam produtos florestais como — além do jambu — o açaí (Euterpe oleracea) e a copaíba (Copaifera langsdorffii).
O objetivo, segundo pessoas envolvidas com a atividade, é construir uma economia de baixo carbono que preserve as florestas e capacite comunidades indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais que se relacionam com o bioma.
“Nossa visão de bioeconomia vai além da produção sustentável e da resiliência climática: contempla ações relacionadas à infraestrutura verde, geração de empregos e potencial de crescimento socioeconômico de baixo carbono. Busca promover soluções baseadas na natureza (SbN), para viabilizar a transição para uma economia diversificada capaz de criar e/ou melhorar processos produtivos locais e da sociobiodiversidade, garantindo segurança ao patrimônio genético, proteção e valorização dos conhecimentos e cultura dos povos tradicionais”, diz o PlanBio em seu documento de apresentação.
Em 2025, iniciativas dessa natureza são ainda mais centrais em debates ambientais no estado, ano em que sua capital Belém conta os dias para receber a conferência climática da ONU, a COP30, em novembro.
Frasco com óleo de jambu, uma das principais fontes para a produção de produtos derivados da planta. Foto: P. S. Sena via Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0)
Transformando o conhecimento local em riqueza
Para Alfredo Homma, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), usar a ciência para elevar o conhecimento tradicional e o cultivo sustentável é “a única maneira” de impulsionar o crescimento econômico sem abrir mão de metas de conservação.
“Precisamos de laboratórios modernos e pesquisadores treinados para transformar a biodiversidade amazônica em riqueza. É assim que podemos de fato construir um modelo de bioeconomia”, disse.
O jambu é um exemplo de como isso pode funcionar na prática, segundo o especialista.
Ao contrário do que se vê em indústrias que exigem a derrubada da floresta, o jambu cresce em hortas domésticas e pequenas áreas de plantio, com um cultivo que depende, em grande parte, de técnicas agrícolas tradicionais.
Agora, a pesquisa científica busca apoiar as comunidades locais promovendo o uso sustentável da planta entre pequenos agricultores, de olho em gerar empregos e novas fontes de renda. O avanço da ciência também ajuda a reter a cadeia produtiva dentro das regiões amazônicas, o que alimenta o próprio setor.
Para a pesquisadora Ana Paula, “a ciência não substitui o conhecimento [tradicional], mas o reconhece e o amplifica, assim valorizando o que as comunidades locais e indígenas sempre souberam”.
Citação:
Prachayasittikul, V., Prachayasittikul, S., Ruchirawat, S., & Prachayasittikul, V. (2013). High therapeutic potential of Spilanthes acmella: A review. EXCLI journal, 12, 291-312. Retrieved from https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4827075
*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Sarah Brown
Área de desmatamento de floresta próxima ao rio Negro (2016). Foto: Léo Ramos Chaves/Pesquisa FAPESP
O desmatamento da Amazônia brasileira é responsável por cerca de 74,5% da redução de chuvas e por 16,5% do aumento da temperatura do bioma nos meses de seca. Pela primeira vez, pesquisadores conseguiram quantificar os impactos da perda de vegetação e das mudanças climáticas globais sobre a floresta.
Liderado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), o estudo traz resultados fundamentais para orientar estratégias eficazes de mitigação e adaptação, temas-alvo da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP30, marcada para novembro em Belém (PA). Os resultados do trabalho estão publicados na última edição da Nature Communications e são destaque da capa da revista.
Os cientistas analisaram dados ambientais, de mudanças atmosféricas e de cobertura da terra de aproximadamente 2,6 milhões de quilômetros quadrados (km2) – 29 blocos com área de cerca de 300 km por 300 km cada um – na Amazônia Legal brasileira em um período de 35 anos (1985 a 2020). Utilizando modelos estatísticos paramétricos, destrincharam os efeitos da perda florestal e das alterações na temperatura, na precipitação e nas taxas de mistura de gases de efeito estufa.
As chuvas apresentaram uma redução de cerca de 21 milímetros (mm) na estação seca por ano, com o desmatamento contribuindo para uma diminuição de 15,8 mm. Já a temperatura máxima aumentou cerca de 2 °C, sendo 16,5% atribuídos ao efeito da perda florestal e o restante às mudanças climáticas globais.
“Vários artigos científicos sobre a Amazônia já vêm mostrando que a temperatura está mais alta, que a chuva tem diminuído e a estação seca aumentou, mas ainda não havia a separação do efeito das mudanças climáticas, causadas principalmente pela poluição de países do hemisfério Norte, e do desmatamento provocado pelo próprio Brasil. Por meio desse estudo, conseguimos separar e dar peso para cada um desses componentes, praticamente mostrando uma espécie de ‘conta a pagar’”, resume o professor Luiz Augusto Toledo Machado.
Pesquisador do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e colaborador do Departamento de Química do Instituto Max Planck, na Alemanha, Machado diz à Agência FAPESP que os resultados reforçam a importância da conservação da floresta em pé para manter a resiliência climática.
Isso porque a pesquisa mostrou que o impacto do desmatamento é mais intenso nos estágios iniciais. As maiores mudanças no clima local ocorrem já nos primeiros 10% a 40% de perda da cobertura florestal.
“Os efeitos das transformações, principalmente na temperatura e precipitação, são muito mais importantes nas primeiras porcentagens de desmatamento. Ou seja, temos que preservar a floresta, isso fica muito claro. Não podemos transformá-la em outra coisa, como áreas de pastagem. Se houver algum tipo de exploração, precisa ser de forma sustentável”, complementa o professor Marco Aurélio Franco, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.
O programa é desenvolvido em parceria com a Academia Chinesa de Ciências e tem a pesquisadora Xiyan Xu como uma das responsáveis no exterior e autora do trabalho.
Seca no Amazonas em 2024. Foto: Aguilar Abecassis
Sensível equilíbrio do ecossistema na Amazônia
A Amazônia, como a maior e mais biodiversa floresta tropical do mundo, tem um importante papel na regulação do clima global. É responsável, por exemplo, pelos chamados “rios voadores” – cursos de água invisíveis que circulam pela atmosfera e abastecem outros biomas, como o Cerrado. As árvores retiram água do solo por meio das raízes, transportam até as folhas e a liberam para a atmosfera em forma de vapor.
No final do ano passado, um grupo internacional de pesquisadores, com a participação de Machado e do professor Paulo Artaxo, também do IF-USP, publicou um estudo na Nature mostrando, pela primeira vez, o mecanismo físico-químico que explica o complexo sistema de formação de chuvas no bioma. Envolve a produção de nanopartículas de aerossóis, descargas elétricas e reações químicas em altitudes elevadas, ocorridas entre a noite e o dia, resultando em uma espécie de “máquina” de aerossóis que vão produzir nuvens (leia mais em: agencia.fapesp.br/53490).
No entanto, o desmatamento e os processos de degradação da floresta contribuem com a alteração desse ciclo de chuvas, provocando a intensificação da estação seca em escala local e aumentando os períodos de incêndios florestais. A Amazônia brasileira perdeu 14% da vegetação nativa entre 1985 e 2023, de acordo com dados do MapBiomas, atingindo uma área de 553 mil km2, o equivalente ao território da França. A pastagem foi a principal causa no período. Mesmo chegando ao segundo menor nível de desmate entre agosto de 2024 e julho de 2025 – uma área de 4.495 km² –, o desafio tem sido conter a degradação, especialmente provocada pelo fogo.
A estação seca – entre junho e novembro – é o período em que os impactos do desmatamento são mais pronunciados, principalmente sobre a chuva. Os efeitos cumulativos intensificam mais a sazonalidade.
Para chegar aos resultados, os cientistas trabalharam com equações paramétricas de superfície considerando tanto as variações anuais quanto do desmatamento. Elas permitiram separar as contribuições específicas das mudanças climáticas globais e da perda de vegetação. Usaram ainda conjuntos de dados de sensoriamento remoto e de reanálises de longo prazo, incluindo as classificações de uso da terra produzidas pelo MapBiomas.
Além dos achados relacionados à chuva e à temperatura, o grupo analisou dados de gases de efeito estufa. Concluiu que, ao longo do período de 35 anos, o aumento nas taxas de dióxido de carbono (CO₂) e de metano (CH₄) foi impulsionado praticamente pelas emissões globais (mais de 99%). Foi observada uma alta de cerca de 87 partes por milhão (ppm) para CO₂ e cerca de 167 partes por bilhão (ppb) para CH₄.
Foram analisados dados ambientais, de mudanças atmosféricas e de cobertura da terra de aproximadamente 2,6 milhões de km2 na Amazônia Legal brasileira em um período de 35 anos (1985 a 2020). Gráfico: Marco Aurélio Franco et al./Nature Comm., versão
“Em um primeiro momento, esse resultado parecia antagônico com outros artigos que mostram o impacto do desmatamento na redução da capacidade de a floresta retirar CO2 da atmosfera. Mas não é porque a concentração de CO2 é algo em grande escala. Naqueles eram medições locais de fluxo de CO2. Quando se trata de concentração, o aumento é predominantemente devido às emissões globais”, explica Machado.
No artigo, os pesquisadores alertam que, se o desmatamento continuar sem controle, a extrapolação dos resultados sugere um declínio adicional na precipitação total durante a estação seca e maior elevação da temperatura.
Estudos recentes indicam que o desmatamento na Amazônia já está alterando os padrões da monção sul-americana (fenômeno climático que leva chuvas abundantes para o centro e Sudeste do Brasil durante o verão), resultando em condições mais secas que podem comprometer a resiliência de longo prazo da floresta. Eventos extremos, como as secas de 2023 e 2024, só agravam a situação.
Os cientistas estão sempre tentando explicar os motivos pelos quais os ecossistemas tropicais são tão ricos, tão biodiversos. Mas até hoje não sabemos exatamente quais são todos os processos ecológicos que criam e mantém esta diversidade.
E, portanto, ainda não sabemos quais serão os resultados dos impactos humanos sobre a grande diversidade de espécies que vivem em ambientes tropicais, justamente num momento em que o mundo atravessa por grandes transformações ambientais e uma crise climática bate à nossa porta.
Em uma pesquisa realizada pelo Instituto Mamirauá em parceria com a doutora Anne Magurran, professora de Ecologia e Evolução do Centro de Diversidade Biológica da Universidade de St. Andrews, buscou-se entender o que explica a maior diversidade de espécies dos ambientes tropicais.
Nesta pesquisa, de acordo com o Instituto, foi testada a ideia de que os altos níveis de mudanças ambientais nos lagos de várzea amazônica são um fator que limita a capacidade das espécies em dominar esses ambientes, ou seja, tornar-se muito abundantes e influenciar as demais espécies.
O estudo, publicado na revista Science Advances, foi desenvolvido em lagos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, região que concentra uma das mais altas riquezas e abundâncias de peixes de água doce do mundo. A grande diversidade de peixes, aliada a um ambiente muito heterogêneo, proporciona uma combinação de características que torna Mamirauá um ambiente favorável para avaliar quais são as influências que a variação ambiental exerce sobre a biodiversidade.
Foto: Reprodução/Acervo Governo do Amazonas
Ecossistemas tropicais surpreendem
Neste trabalho foi realizado o acompanhamento das espécies de peixes nos ecossistemas tropicais por meio de coletas mensais nos mesmos lagos de várzea da Reserva Mamirauá, cobrindo um período de mais de 20 anos, em três ciclos anuais: 2003, 2012 e 2022. Este trabalho totalizou aproximadamente 76 mil peixes identificados, pesados e medidos. Nestes ambientes, foram encontrados mais de 290 espécies de peixes.
“Descobrimos que a quantidade de espécies encontradas é inversamente relacionada com a manutenção de sua dominância. Ou seja, quanto mais espécies são encontradas em um local, menor será a capacidade de uma única espécie manter sua dominância ao longo de mudanças ambientais. Encontramos uma forte substituição de espécies dominantes na estrutura e composição da assembleia de peixes, sendo que diferentes grupos funcionais são favorecidos à medida que as mudanças das condições ambientais vão ocorrendo. Esta forte substituição de espécies dominantes alimenta a coexistência das espécies, e este é um mecanismo ecológico que ajuda a explicar como a heterogeneidade ambiental pode contribuir para a diversidade tropical”, explica o Instituto.
“Embora este seja um ecossistema que varia naturalmente no espaço e no tempo, nos últimos anos tem-se observado uma tendência para um clima mais quente e seco na Amazônia. Nós descobrimos que, na parte final do estudo, com temperaturas mais altas e níveis mais baixos da água, certos grupos de peixes, particularmente os onívoros e os que se alimentam no fundo, prosperaram mais em detrimento de outros mais especializados, como os piscívoros. Também observamos reduções no tamanho corporal dos peixes e níveis mais elevados de mudança na composição – fenômenos que foram relatados em muitos outros ecossistemas em todo o mundo. Estas tendências precisam ser conhecidas em maior profundidade, para podermos entender de que modo este processo contínuo de alteração ambiental poderá afetar a biodiversidade dos trópicos de uma forma geral, e a diversidade, riqueza e abundância de peixes na várzea amazônica em especial. Entendendo como funcionam estes padrões, estaremos mais preparados para combater seus efeitos, e proteger este rico patrimônio que é a riqueza e diversidade de peixes da Amazônia”, completa a publicação.
Unidade em construção vai operar nos mesmos moldes das duas em funcionamento. Foto: Diane Sampaio/PMBV
Boa Vista avança com as políticas públicas voltadas à sustentabilidade, focando no descarte consciente de resíduos. A prefeitura está construindo o terceiro ecoponto da capital. A unidade vai funcionar no bairro Caçari, na zona Leste, no mesmo modelo dos equipamentos já existentes no Nova Cidade e Cidade Satélite.
Com uma área de 1.025,56 m², o novo ecoponto vai facilitar o acesso da população à coleta seletiva e reduzir o impacto de resíduos no meio ambiente urbano. De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Sandro Barbot, a construção do terceiro ecoponto representa um avanço significativo na implementação da política pública de gestão municipal de resíduos, conforme Lei 2.004/ 2019.
Serão três equipamentos com mesmo padrão. Foto: Andrezza Mariot/PMBV
“Esse novo espaço vai facilitar o descarte correto de resíduos recicláveis por parte da população, evitando o acúmulo desses materiais nas ruas ou em terrenos baldios, prevenindo enchentes e a proliferação de doenças. Moradores da região poderão descartar os itens em um local adequado, sem precisar se deslocar para bairros mais distantes”, explicou.
Em funcionamento há um ano, juntos, os ecopontos da cidade já recolheram mais de 300 toneladas de resíduos, com a colaboração de moradores que entendem a importância desse espaço para a preservação do meio ambiente, limpeza e organização urbana da cidade. Os resíduos nos ecopontos são removidos regularmente pela empresa responsável pelo gerenciamento do local.
População vai poder contar com mais um equipamento. Foto: Diane Sampaio/PMBV
Vale ressaltar que todo o material coletado é destinado para empresas licenciadas que são responsáveis pelo gerenciamento correto dos resíduos, promovendo a reciclagem, reutilização, geração de renda e destinação adequada desses materiais.
Os ecopontos NÃO RECEBEM resíduos úmidos, como os que entram rapidamente em decomposição e atraem vetores, como animais mortos, restos de alimentos e resíduos domésticos.
Boa Vista conta com dois ecopontos em funcionamento. Foto: Andrezza Mariot/PMBV
O que pode ser descartado em um ecoponto?
Nos ecopontos podem ser descartados restos de galhadas e demais materiais recicláveis, como: sobras de construção civil, sofás inutilizados, geladeiras sem utilidade, plásticos, alumínio, vidro, entre outros tipos de resíduos secos que não estão contaminados ou sujos por substâncias orgânicas.
Resíduos úmidos, como os que entram rapidamente em decomposição e atraem vetores, não são aceitos. Por exemplo: animais mortos, restos de alimentos e resíduos domésticos, ou seja, todo material que possui substância orgânica.
Pilhas, pneus, lâmpadas, embalagens de agrotóxicos, baterias e outros materiais que contém composição química devem ser entregues nos diversos pontos de coleta de logística reversa espalhados pela cidade, como supermercados e shoppings.
O Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou trechos de uma lei do Amazonas que trata da fiscalização, arrecadação e participações financeiras relativas à exploração de recursos minerais e hídricos, incluindo petróleo e gás natural, no território do estado. O entendimento é de que só a União pode legislar sobre as obrigações principais relacionadas ao tema.
A decisão foi tomada na sessão plenária virtual encerrada no dia 22 de agosto, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5335. A ação foi proposta pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a Lei estadual 3.874/2013.
O relator, ministro Nunes Marques, explicou que, de acordo com a Constituição Federal, a União, os estados e os municípios têm competência comum para registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.
Contudo, embora a Constituição Federal assegure aos estados os royalties decorrentes da participação no resultado da exploração desses recursos em seu território, a sistemática de definição, arrecadação e lançamento de compensações e participações financeiras deve ser disciplinada por lei federal.
Obrigações acessórias
Em relação às obrigações acessórias, Nunes Marques destacou que, em casos semelhantes, o Supremo julgou constitucionais leis locais que as regulam. Nesse sentido, votou pela validade das disposições da lei estadual que tratam da fiscalização das quota-partes repassadas pelas concessionárias exploradoras situadas no território do Amazonas.
Efeitos da ação do STF
Em razão do interesse público e da segurança jurídica, além do risco de impacto financeiro-orçamentário ao estado, a decisão terá efeitos a partir do julgamento. Ficam ressalvadas as ações ajuizadas individualmente até a publicação da ata do julgamento. A decisão foi unânime.
Com o objetivo de reduzir perdas na produção de pimenta-de-cheiro no Amazonas, uma pesquisa avaliou o uso combinado de adubação mineral (NPK) e fungicidas no manejo da antracnose, uma das principais doenças causadas por fungos, que afeta os cultivos no Estado.
Coordenado pela professora, engenheira agrônoma e doutora em Fitopatologia, Jânia Lília da Silva Bentes Lima, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o estudo foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), amparado pelo Programa Estratégico de Desenvolvimento do Setor Primário Amazonense (Prospam/Fapeam), via edital nº 008/2021.
A pimenta-de-cheiro (Capsicum chinense), amplamente utilizada na culinária regional e fonte de renda para milhares de agricultores familiares, pode sofrer perdas de até 100% da produção devido à antracnose, doença causada por fungos do gênero Colletotrichum spp.
Foto: Jânia Lília da Silva Bentes Lima/Acervo
Segundo a coordenadora, no Amazonas, a antracnose tem forte impacto sobre os cultivos de pimenta-de-cheiro, podendo impedir completamente a venda da produção quando a incidência chega a níveis elevados.
Com o objetivo de reagir a esse problema e oferecer soluções sustentáveis aos agricultores, a pesquisa ‘Integração de adubação e controle químico no manejo da antracnose da pimenta-de-cheiro: Estratégia para redução do uso de fungicidas e aumento da produtividade’ buscou determinar uma combinação entre adubação e controle químico para aumentar a produtividade da pimenta-de-cheiro, um dos temperos mais característicos e apreciados da culinária amazônica.
A proposta da equipe foi integrar práticas de adubação mineral (NPK) com o uso racional de fungicidas, de forma a reduzir a incidência da doença, aumentar a produtividade e diminuir o número de aplicações químicas durante o ciclo da cultura.
“A combinação de doses de NPK com fungicidas foi avaliada em experimentos de campo. Medimos a incidência e severidade da antracnose, a produtividade em número e peso de frutos e o crescimento das plantas”, explicou a pesquisadora Jânia.
Foto: Jânia Lília da Silva Bentes Lima/Acervo
Os experimentos foram realizados em 2022 e 2023, na Fazenda Experimental da Ufam, localizada na BR-174, que liga Manaus a Presidente Figueiredo (distante a 117 quilômetros da capital). Durante o processo, foram testadas diferentes doses de NPK associadas ao uso de fungicidas.
O estudo testou doses com nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), em conjunto com três tipos de fungicidas: Tenaz, Amistar Top e Clorotalonil. Ao todo, foram avaliados 16 tratamentos.
A pesquisadora reforça que a integração da nutrição mineral com o controle químico poderá resultar em menor número de aplicações de fungicidas e maior produtividade da cultura, trazendo benefícios diretos à agricultura familiar.
Resultados
Os resultados apontaram redução da incidência e severidade da doença nas plantas submetidas a doses de adubação de 100% e 200%.
“Quando associadas ao fungicida Azoxistrobina+Difeconazol, resultou no maior número e peso de frutos. Já o crescimento das plantas, em altura e biomassa, não foi afetado”, destacou Jânia.
Com a conclusão dos experimentos, o estudo abre caminho para novas recomendações técnicas que podem transformar o manejo da pimenta-de-cheiro no Amazonas, fortalecendo um cultivo que é símbolo da economia local e da identidade cultural da região.
Nova rota permite economia nos custos e redução no tempo para transportar cargas entre Brasil e China. Foto: Márcio Pinheiro/MIDR
O Amapá passa a ter destaque na rota marítima internacional, com a inauguração da rota de conexão entre o Porto de Gaolan, em Zhuhai, na China, e o Porto do município amapaense de Santana. A interligação é parte da articulação do Governo do Brasil, por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), para fortalecer o comércio bilateral.
Brasil e China inauguram rota marítima direta com passagem pelo Porto de Santana. Foto: Reprodução/Acervo PMS
Com a nova rota, o Amapá amplia a visibilidade e abre novas possibilidades para o crescimento na movimentação portuária, na geração de empregos e no fortalecimento da economia local.
“É resultado das articulações do governo brasileiro na agenda de cooperação com a China. A rota promove benefícios mútuos, uma vez que facilita a entrada de produtos chineses para alavancar atividades comerciais e industriais no estado, como também garante que os chineses possam consumir produtos do nosso agro e da bioeconomia”, explicou o ministro Waldez Góes. A conexão reduz em aproximadamente 14 dias o tempo de transporte em comparação às rotas tradicionais, em geral pelo Porto de Santos (SP).
Produtos amazônicos devem ter envio acelerado ao mercado chinês com a nova rota. Canal Dourado, na China. Foto: Divulgação/MIDR
Segundo o ministro, a nova rota permite economia nos custos e redução no tempo para transportar cargas entre os dois países. “Se você sair hoje com o produto do Centro-Oeste, comparado com o Porto de Santos, para a Europa, você diminui, por exemplo, a soja, o custo de 14 dólares por tonelada. E se for para a China, 7,8 dólares por tonelada. Além do tempo de viagem que diminui. Isso agrega na recompensa ao produtor, seja ele da Amazônia ou do Centro-Oeste”, destacou Góes ao Bom Dia, Ministro.
É resultado das articulações do governo brasileiro na agenda de cooperação com a China. A rota promove benefícios mútuos, uma vez que facilita a entrada de produtos chineses para alavancar atividades comerciais e industriais no estado, como também garante que os chineses possam consumir produtos do nosso agro e da bioeconomia” Waldez Góes, ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional
Porto de Santana fica na foz do Rio Amazonas — Foto: CDSA/Divulgação
Durante a inauguração, houve o primeiro descarregamento de produtos chineses na área de alimentos e equipamentos de energia solar. As mercadorias, vindas de Zhuhai, região chinesa conhecida como Grande Baía, foram recebidas em containers pela Companhia Docas de Santana (CDSA).
Referência Amazônica
O governador do Amapá, Clécio Luís, enfatizou o papel estratégico do estado no processo logístico, que passa a ter mais protagonismo com a criação da nova rota. “Seremos referência para outras regiões da Amazônia e para o Centro-Oeste. O estado será corredor de importação de toneladas de produtos que serão transportados e serão beneficiados por meio das políticas de livre comércio e Suframa. É um marco histórico para o Amapá”, acrescentou.
Mais negócios
O presidente da Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil – China, Fábio Hu, destacou a aproximação do Amapá com a China para o fechamento de novos acordos de cooperação. “A partir de hoje, podemos fechar mais negócios com o Amapá. A China está disposta a cooperar de forma significativa para o desenvolvimento do estado, focando na sustentabilidade e boas práticas”.
Empregos
O prefeito do município de Santana, Bala Rocha, apontou o potencial de geração de empregos e desenvolvimento com a rota. “Nosso Porto de Santana ficará mais estruturado para esse maior fluxo de mercadorias. É a possibilidade de contratação de mais mão de obra e mais benefícios para a população da nossa cidade”, concluiu.
Avó participa de festival de pipas com os netos na 54ª edição da Expofeira. Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica AP
Uma avó se divertiu junto com os netos na 54ª Expofeira do Amapá durante o festival de pipas. Edna Sacramento, de 67 anos, levou os netos e o bisneto para o festival realizado nesta segunda-feira (1º), na pista de motocross. Ela contou que o passeio foi feito especialmente para atender ao pedido das crianças.
“Eu sou vó e bisavó, eles queriam vir pra cá e não tinha quem trouxesse, pra fazer a vontade de neto e bisneto. Eu tô achando muito divertido. Meu bisneto é autista e ele tá muito feliz empinando a pipa dele”, disse Edna, que tem três netos e bisnetos.
O festival de pipas é uma das atrações da expofeira e acontece novamente no domingo (7), o Dia da Família. Serão distribuídas 750 pipas e 750 carretéis de linhas.
Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica AP
“É muito importante tirar o foco da comunidade de outras atividades e trazer as crianças para o lazer. O esporte salva vidas, então esse incentivo é essencial”, afirmou Venilton Teixeira, representante da Secretaria de Estado do Desporto e Lazer do Amapá (Sedel).
Festival de pipas da 54ª Expofeira do Amapá reúne famílias
O jovem Idaison Batista, de 25 anos, também participou do evento e aproveitou uma folga no trabalho para se divertir. Ele trabalha como autônomo vendendo pipoca, algodão doce e batata frita na feira.
“É um evento legal, tem várias pessoas se divertindo e empinar pipa é algo que a gente faz desde criança. Tive um tempo livre agora e é bom aproveitar pra uma diversão e depois trabalhar de novo”, disse.
Foto: Isadora Pereira/Rede Amazônica AP
Esta é a primeira edição do evento promovido pela Sedel, que tem como objetivo oferecer lazer seguro para crianças e famílias.
“Hoje estamos realizando o primeiro festival de pipas. Distribuímos 250 pipas e 250 carretéis com linha branca, que são do tipo sem cerol, mais seguras para quem participa e para quem circula pelo local”, explicou Venilton.
Além do festival de pipas, a Sedel também organiza outras atividades na Expofeira. No estande da secretaria, funciona a Tenda Olímpica, com exposição de atletas olímpicos e paralímpicos do estado.
A programação começou no domingo (31) e segue até o dia 7 de setembro. Estão previstos aulões de beach tennis, na quadra de areia, e de jiu-jitsu, na quadra coberta.
*Com informações da matéria de Isadora Pereira, da Rede Amazônica AP
Expofeira na Rede
A Expofeira na Rede tem o objetivo de valorizar e ampliar o impacto social, cultural, econômico e turístico da tradicional ExpoFeira do Amapá. É uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM), com apoio do Grupo Equatorial, Tratalyx e Governo do Amapá.
A segunda etapa do projeto de conservação e restauro do Parque Cemitério Soledade, em Belém, foi entregue à população este ano em um trabalho conjunto entre a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Secretaria de Cultura do Estado Pará.
Os trabalhos, conduzidos pelo Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação (Lacore) e pela Faculdade de Conservação e Restauro da UFPA, resultaram na recuperação de 150 túmulos, mausoléus e espaços históricos remanescentes de irmandades, devolvendo à população um dos mais importantes marcos históricos da capital paraense.
O processo foi conduzido por equipes da UFPA sob a coordenação do professor Alexandre Loureiro, com a participação das professoras Rose Norat, Flávia Palácios e Thais Sanjad, além de técnicos e estudantes do faculdade de Conservação e Restauro. As atividades incluíram desde diagnósticos do estado de conservação, as recomendações técnicas de restauro e a execução dos trabalhos. A UFPA tem colaborado desde o início do projeto. Na primeira fase, concluída em 2023, cerca de 130 estruturas foram restauradas.
A cerimônia de assinatura referente à Etapa II da Restauração de Bens da Arquitetura Mortuária do Cemitério de Nossa Senhora da Soledade foi realizada no dia 30 de agosto, em frente à capela do Parque Cemitério, e reuniu o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva; a vice-reitora da UFPA, Loiane Prado Verbicaro; a superintendente do Iphan no Pará, Cristina Vasconcelos Nunes; o secretário-adjunto de Cultura do Pará, Bruno Chagas; o diretor-executivo da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), Riberto Ferraz; e o coordenador da Segunda Etapa do Projeto de Restauro, professor Alexandre Máximo Silva Loureiro, que conduziu parte dos trabalhos de pesquisa e acompanhamento da obra.
Para o reitor da UFPA, o projeto reafirma a relevância da Universidade na preservação do patrimônio cultural da Amazônia. “Este é um momento de grande alegria para nós. A UFPA trouxe sua expertise técnica, por meio do nosso Laboratório e dos cursos da área, para garantir a recuperação desse espaço histórico. É uma conquista para toda a sociedade e um legado para as futuras gerações. A Universidade permanece à disposição para continuar contribuindo com iniciativas que preservem a memória e a cultura do nosso povo”, destacou.
A superintendente do Iphan no Pará, Cristina Vasconcelos, comemorou a entrega.
“O Soledade representa muito mais que um cemitério. Aqui falamos de história, de contextualização, de patrimônio. O Cemitério da Soledade é um dos patrimônios mais representativos do nosso estado, pois evidencia um momento da história que precisamos trazer conosco e relembrar. Essa segunda etapa significa revitalizar a nossa história”, disse.
“O Soledade faz parte de um contexto de transformação da cidade de Belém, e o compromisso que o governo do Estado vem assumindo nos últimos anos é de resgatar a memória e restaurar o nosso patrimônio”, complementou o secretário-adjunto de Estado de Cultura, Bruno Chagas.
A programação do evento incluiu aula pública com o historiador Michel Pinho, oficinas de conservação realizadas pelo Lacore, feira criativa e apresentação musical do Quinteto Caxangá.
“Somente quem conhece o seu passado e reconhece a sua importância pode saber que o futuro precisa de memórias, sem elas não há histórias e se não há história nos tornamos objeto. Que o restauro desse lugar nos permita compreender melhor nossas próprias histórias”, saudou o diretor executivo da Fadesp.
Foto: Alexandre de Moraes/UFPA
Restauro e conservação do parque
O coordenador do Lacore, Alexandre Loureiro, ressaltou a complexidade do trabalho e o orgulho pelo trabalho. “Enfrentamos desafios técnicos que exigiram precisão e planejamento. Juntamente com nossos estudantes, trabalhamos desde a catalogação de material fóssil, reestabelecimento de volumetrias perdidas, trabalho de réplicas. Ver o resultado final e saber que esse esforço contribui para a valorização cultural de Belém é extremamente gratificante destacou coordenador da Segunda Etapa do Projeto de Restauro.
Os trabalhos desta etapa incluíram a continuidade das ações de restauração e conservação de bens da arquitetura mortuária do Parque Cemitério da Soledade; de qualificação e formação de mão de obra especializada para a conservação e restauro de bens culturais e aquisição de equipamentos para as atividades de restauro.
Como resultado das intervenções, a UFPA incentiva a produção científica, a divulgação do conhecimento produzido no estado do Pará, assim como estimula a valorização do patrimônio cultural, o fomento à indústria ao turismo e à economia regional.