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Especialistas alertam para ‘crise hídrica severa’ em Rondônia em 2024

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Há menos de um ano da seca histórica que deixou milhares de ribeirinhos sem água e paralisou operações de uma das maiores hidrelétricas do Brasil, o rio Madeira entrou em “cota de alerta” após ficar abaixo dos 5 metros em Porto Velho (RO), conforme a Defesa Civil Municipal. Nos 15 primeiros dias de junho, o nível do rio diminuiu quase 3 metros.

Especialistas acreditam que os meses de agosto e setembro poderão apresentar o ápice da estiagem em 2024. Desde o início de junho, o nível do Madeira tem diminuído na capital, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Em 20 dias, a cota do afluente caiu de 8,23 metros (1° de junho) para 4,15 metros registrados no dia 19 de junho (até o momento essa é a menor cota de 2024).

Com o avanço da seca, ribeirinhos relataram apreensão, e poços começaram a ser escavados em comunidades ribeirinhas. A seca extrema que o Norte enfrenta desde outubro do ano passado, está relacionada a dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas — comprometendo o nível do manancial.

  • Oceano Atlântico Norte mais aquecido que o normal, e mais quente que o Atlântico Sul.
  • Fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa e enfraquecimento das chuvas iniciais do período.

Em resposta a essa queda, a Defesa Civil Municipal decretou “cota de alerta”: medida adotada quando o nível do rio Madeira fica abaixo de 5 metros. No mesmo período, em 2023, o rio estava 4 metros acima dessa marca, com 8,39 metros — a média para o mês é de 7 a 8 metros.

Seca mais severa e alerta

Especialistas do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) apontam que a seca será mais severa neste ano. Com a formação de bancos de areias, o retrato da crise hídrica já pode ser vistos ao longo do afluente.

Segundo o boletim hidrológico da Bacia do Rio Madeira (SAH Madeira), a tendência é que o processo de vazante no Rio Madeira em Porto Velho continue.

A vazante é a fase em que o nível da água do rio reduz, processo que ocorre geralmente após um período de cheia, caracterizada pela redução gradual do volume de água que flui pelo curso do rio.

Em todos os pontos de monitoramento do SAH Madeira, os níveis do afluente estão abaixo da faixa de normalidade para este período do ano. Em Jirau-Jusante Beni, o rio apresenta a cota histórica mais baixos registrada para a temporada.

Esse processo de “seca” está relacionado as precipitações de chuvas observadas nos últimos dias e previstas para as próximas semanas em pontos de monitoramento do Madeira, conforme informações do SGB.

Foto: Prefeitura de Porto Velho/Leandro Morais

Baixos índices de chuva

Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os índices de chuva estão abaixo da média em Rondônia. Em Porto Velho, por exemplo, ainda não houve acumulado de chuvas em junho. No ano de 2024, essa redução das precipitações iniciou em maio: período que marca o início da transição da estação chuvosa para a estação seca na região Amazônica.

Segundo o doutor em geografia e hidrossedimentalogia, Michel Watanabe, a previsão de chuvas para o período de estiagem deste ano é menor em comparação com o ano de 2023.

“Todos os grandes rios de Rondônia, incluindo o Madeira, já estão sentindo a intensidade desta estiagem. As cotas registradas estão abaixo dos dados de 2023. Os meses de agosto e setembro poderão apresentar o ápice da estiagem em 2024”, explica.

O boletim do tempo do Inmet para os próximos dias indica muito sol e possibilidade de chuva reduzida em todo o estado de Rondônia. No entanto, no oeste de Rondônia, pode chover isoladamente em algumas áreas.

Eventos climáticos

A redução dos níveis dos rios causado pelas baixas precipitações, continua relacionado ao evento climático que assolhou a região Norte, fez o Madeira chegar a níveis críticos e que inibe a formação de nuvens e chuvas: o El Niño.

Tradicionalmente, o fenômeno El Niño causa secas no Norte e Nordeste do país — e chuvas abaixo da média — principalmente nas regiões mais equatoriais; além de provocar chuvas excessivas no Sudeste e Sul do país. O El Niño é a fase positiva do fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). Ou seja, quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso.

Conforme o Censipam, o fenômeno está perdendo intensidade sobre a região do Pacífico Equatorial e deve passar por uma fase de neutralidade antes de se configurar como La Niña, sua fase oposta. Mesmo com a perda de intensidade, ele ainda deve exercer influência sobre o clima de Rondônia.

Segundo o International Research Institute for Climate and Society, os dois fenômenos, El Niño (EN) e La Niña (LN), têm as seguintes características:

  • tendem a se desenvolver entre abril e junho;
  • duram entre 9 e 12 meses;
  • atingem o pico entre outubro e fevereiro;
  • podem persistir por até aproximadamente 2 anos;
  • recorrem em intervalos de 2 a 7 anos.

De acordo com meteorologistas do Censipam, a La Niña comece a se manifestar sobre o Pacífico Equatorial entre julho e setembro, mas os efeitos dessa mudança climática devem demorar a ser percebidos no estado, sendo mais evidentes próximo ao final deste ano (2024).

Aquecimento do oceano

O segundo fenômeno afetando a Amazônia é o aquecimento anormal das águas do Oceano Atlântico, que também reduz a quantidade de chuva na região.

Com a água dos oceanos mais quente, as correntes ascendentes carregam ar aquecido para a atmosfera. Esse ar segue até a Amazônia por meio de duas correntes descendentes, onde vai diminuir a chuva.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos explica que, no setor mais a oeste, onde está localizado o rio Madeira, o Dipolo do Atlântico acaba tendo maior influência, pois esse aquecimento maior das águas do Atlântico Norte desfavorece a formação de nuvens de chuva sobre esta região.

Escavação de poços em comunidades ribeirinhas

Maria de Fátima mora na comunidade ribeirinha Terra Firme, na região do Baixo Madeira, em Porto Velho. Ela relata que ver o rio secando dia após dia é desesperador e afirma que neste ano a seca será mais severa do que em 2023.

“É desesperador, ta ficando muito dificil para a gente aqui da comunidade. Estamos achando que vamos ficar “ilhados” nesse ano. A seca está pior do que de 2023″, explica.

Bancos de areias no rio Madeira próximo a comunidade Terra Firme, no médio madeira, em Porto Velho. Foto: Maria Fátima

Outra preocupação é o acesso à água. Atualmente, a população da comunidade busca lugares onde há minas de água, que podem desaparecer com a seca do rio, segundo a moradora.

Uma alternativa encontrada pela administração municipal é a escavação de poços artesianos nas regiões do Baixo Madeira: cerca de cinco comunidades serão atendidas. Os estudos para a perfuração começaram nas localidades de Terra Firme e Papagaios. Em seguida, será a vez de Santa Catarina, Calama e Demarcação.

Após a identificação dos locais, serão escavados os poços e construídos os sistemas de captação, armazenamento e abastecimento de água nessas localidades, de acordo com a Prefeitura de Porto Velho.

Esse trabalho de identificação de locais adequados para perfuração é garante volume e qualidade de água. Os métodos aplicados se baseiam em encontrar o topo da coluna da água subterrânea através de pulsos elétricos emitidos no solo. Geralmente, o processo é rápido e fácil de se realizado.

Recuperação de nascentes

O especialista em geografia e hidrossedimentalogia, Michel Watanabe, explica que com os baixos volumes de chuva em várias regiões do estado, é possível que os reservatórios e mananciais não atinjam suas cargas máximas, o que pode afetar o fornecimento de água durante o verão.

Um dos projetos desenvolvidos pelo estado é trabalhar na recuperação e proteção de nascentes e cursos hídricos, importantes para a manutenção do abastecimento de água em várias regiões de Rondônia.

De acordo com o Governo, o ‘Projeto Recuperar’ visa promover e recuperar nascentes nas áreas rurais e urbanas degradadas por atividades humanas, além de dar segurança ambiental nas áreas de preservação permanente.

Uma das cidades que já recebem ações do projeto é Espigão d’Oeste (RO), que enfrentou, na seca de 2023, uma das piores crises hídricas da história da cidade. O rio Palmeiras, único canal hídrico usado para captação e distribuição de água, secou.

A seca em anos anteriores

A diminuição das chuvas causada pelo fenômeno El Niño vem sendo registrada há 7 anos pela Rede Amazônia. O período de maior estiagem deveria ocorrer em outubro, mas desde 2016 a seca tem avançado cada vez mais para meses anteriores.

Em 2016, o rio Madeira registrou 2,98 metros, o que na época representou a menor média registrada nos últimos 48 anos. Naquele ano, a preocupação dos órgãos era que a média registrada no início de agosto só deveria ser registrada em outubro.

Em outubro de 2020, o rio Madeira atingiu uma nova seca histórica, quando o nível do rio marcou 1,88 metro. Na época, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) afirmou que o menor nível registrado até então tinha sido 2,32 metros em 2016.

A terceira seca histórica registrada foi em outubro de 2023, quando o nível do rio Madeira diminuiu mais de 10 centímetros em 24 horas e ficou abaixo de 1,20 metro. No mesmo mês, o rio atingiu a marca histórica de 1,10 metro e, novamente, a estiagem foi apontada como principal fator da seca.

Em 2023, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) afirmou ainda que a estiagem estava relacionada a dois fatores que impediam a formação de chuvas na região: o aquecimento das águas no Atlântico Norte e o fenômeno El Niño.

Como foi apresentado anteriormente nesta matéria, o rio novamente atinge um nível alarmante. Em agosto de 2016, a média registrada estava abaixo do período esperado, mas agora, em junho de 2024, o nível do rio já está abaixo dos 5 metros.

*Por Emily Costa, do Grupo Rede Amazônica RO

‘O Acre existe?’ Saiba como surgiu a piada sobre a existência do Estado

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Se você mora no Brasil, certamente já deve ter ouvido ou até mesmo feito a brincadeira de perguntar: ‘O Acre existe?’. Que o Acre existe, isto é fato, pelo menos é o que o mapa do Brasil mostra. Mas por que ainda há essa pergunta em tom de chacota?

As origens deste ‘questionamento’ estão ligadas a fatores históricos e geográficos, de acordo com especialistas.

Distância: o primeiro fator é o distanciamento do Acre em relação aos grandes centros do país. Localizado no extremo oeste do Brasil. O estado fica a 2,135 km de Brasília; 3,034 km de São Paulo; e 3,322 km do Rio de Janeiro, por exemplo;

Sinônimo de morte: a morte de quase seis mil trabalhadores durante a construção da ferrovia Madeira-Mamoré em Rondônia criou uma atmosfera mística relacionada à região;

Lugar de punição: nos primeiros anos da República era comum que presos políticos fossem enviados ao Acre como forma de punição;

Esquecimento: após o fim do 1º Ciclo da Borracha o Acre perdeu importância política e econômica para o governo federal e empresariado. O território ainda conseguiu nova sobrevida com o 2º Ciclo da Borracha, durante a 2ª Guerra Mundial, mas perdeu novamente o interesse da classe dominante ao final do conflito;

‘Piada’ é antiga

Em uma pesquisa rápida na internet é possível ver diversos podcasts, vídeos, músicas, filmes, livros e textos respondendo à pergunta ou até mesmo afirmando que sim, o Acre existe.

Isto, inclusive, foi o que motivou a professora Giselle Lucena, da Universidade Federal do Acre (Ufac), a trabalhar esta temática. A jornalista conta que participou de diversos eventos acadêmicos onde pessoas de outras localidades do país estranhavam quando ela dizia ser acreana.

“Quando a pessoa percebe que tem um sotaque diferente ou algo assim, quando a pessoa fala que é do Acre, tem uma reação. Tipo: ‘nossa, do Acre?’. É sempre uma surpresa. E a gente vê que muitas vezes aciona uma brincadeira, de dizer assim: ‘ah, eu ouvi dizer que lá tem dinossauro’, ou então gente que realmente desconhece, pessoas mais humildes, mais simples, que desconhecem mesmo a história do Acre”, comenta.

''O Acre Existe' é tema de documentário lançado em 2013 — Foto: Divulgação
 Foto: Divulgação

Das curiosas às grosseiras, as perguntas são as mais variadas possíveis, segundo ela, tais como: ‘no Acre é falado português?’ ou ‘quem é o presidente do Acre?’.

A tese de mestrado dela com o professor José Barros, feita em 2012, tem como tema: ‘O Acre existe? Variações e Perspectivas midiatizadas’ que, inicialmente, analisa a história e formação do território do Acre, que foi elevado a estado em 1962.

A pesquisa pontua que no início do século XX, muitas pessoas saíram dos grandes centros do país e foram trabalhar na ferrovia Madeira-Mamoré, que se entrelaça com a história de Rondônia, estado vizinho. Diversas pessoas morreram neste processo de construção, o que aumentou ainda mais o misticismo com relação a vir ao Acre, como sinônimo de morte.

“No início da história, pessoas eram enviadas para o Acre como forma de punição. Alguma situação de guerra, de conflito que tinha aqui no país, presos políticos, as cadeias estavam cheias, então pegavam essas pessoas e enviavam para o Acre. Essa questão foi representada, foi noticiada nos jornais, tinham charges políticas que falavam de isso, de uma ideia de vir pro Acre como uma punição”, diz.

O professor de História da Universidade Federal do Acre (Ufac), Airton Chaves da Silva, também pesquisa sobre história do Acre e falou que o contexto de isolamento atrelado à piada tem origens geográficas também, principalmente em razão de o estado estar distante das grandes metrópoles.

Seja bem-vindo ao Acre
 Foto: Departamento de Patrimônio Histórico do Acre – FEM

“O Acre, durante muito tempo, ficou geograficamente isolado. Quando surgiu o [território do] Acre, propriamente dito, a partir do Tratado de Petrópolis, em 1903, até 1960, quando surgiu a BR-364, voos de aviões a partir da década de 1940, principalmente de 1950 para cá, o Acre era totalmente isolado. Então, aí vem esse isolamento histórico, geográfico. Levou-se a essa coisa da inexistência do Acre”, comentou.

Negação e afirmação

Lucena discursa que quando as pessoas reproduzem a pergunta: ‘O Acre existe?’, se trata de uma atualização dos processos históricos envolvendo a história do Acre e a própria identidade, que foi formada no contexto de negação, afirmação e defesa do próprio território.

“O acreano tem uma identidade territorial, de defender a sua terra. Há um monumento no centro da cidade que tem a bandeira do Acre, tem o imperador Galvez e a frase que é muito vinculada a ele: ‘se a pátria não nos quer, criamos outra’. Então, isso já mostra para a gente, como que o acreano tem na sua memória um processo de negação e afirmação”, fala.

Para a análise, Giselle pesquisou e catalogou o comportamento das pessoas nas redes sociais, mapeando conversas no Orkut, Facebook, Google e Yahoo Respostas. Assim, ela conseguiu verificar como esses conteúdos mobilizavam pessoas em diversos aspectos e sentimentos. Somente no Orkut, segundo a dissertação, 15 comunidades com a temática ‘O Acre não existe’ foram criados na época.

Frase e estátua de Luis Galvez, imperador do Acre, está exposta em frente à Assembleia Legislativa do Acre, em Rio Branco — Foto: Giselle Lucena/Arquivo pessoal
 Foto: Arquivo pessoal/Giselle Lucena.

No entanto, segundo a jornalista, não há unanimidade sobre como o acreano pode reagir quando esta ‘dúvida’ surgir.

“A representação do Acre para algumas pessoas, é como um lugar onde as pessoas vão para desaparecer, sumir, um lugar misterioso, para onde está o mestre dos magos, onde foi filmado Lost, várias associações com conteúdos midiáticos, num tom de humor, de brincadeira, jocoso. Mas, ao mesmo tempo, acionando muita revolta no acreano, que precisava se defender, reagir dizendo: ‘não, não é assim, o Acre é um estado maravilhoso’. 

A rede social precisa de pessoas debatendo, reagindo umas às outras, é isso que torna a rede social dinâmica”, declara.

Acre tem 62 anos de emancipação — Foto: Assis Lima/Arquivo pessoal
 Foto:Arquivo pessoal/ Assis Lima.

Documentário

O questionamento foi tema do documentário ‘O Acre Existe’, produzido por Bruno Graziano, Milton Leal, Paulo Silva Jr. e Raoni Gruber, gravado em 2011. Os quatro paulistas estiveram no Acre por dois meses em 16 municípios e construíram um longa-metragem misturando ambientes e personagens e viajando pela história do estado, do Santo Daime, das tribos indígenas, da herança de Chico Mendes, soldados da borracha e do próprio Acre à época do documentário.

Bruno Graziano esclarece que os amigos haviam saído há pouco tempo da faculdade e queriam mostrar algo fora do habitual deles. A piada sobre a existência do Acre foi citada e assim, os quatro jovens decidiram fazer um filme alternativo para descontruir a ‘piada’.

“A gente sentou, conversou e decidiu que queríamos fazer um documentário viajando para um lugar que a gente não conhecesse. Um documentário de descobertas. Alguém levantou na mesa e disse que a gente poderia ir para um lugar que a gente menos conhecia no Brasil, ser algo mais extremo. Ninguém naquela época, com 20 e poucos anos, tinha sequer pisado na região amazônica. Conhecíamos muito pouco da cultura e da história da região”, comenta.

Documentário foi apresentado no Festival Pachamama em 2013 — Foto: Divulgação
 Foto: Divulgação

O cineasta ainda fala que os quatro queriam que quem se dispusesse a assistir o documentário feito por eles, entrasse numa imersão ‘de uma viagem pelo Acre naquele tempo e naquela época’. Ele menciona que em 2024, 13 anos depois da filmagem, talvez fizesse o longa de uma forma diferente.

“Talvez um filme mais maduro, um pouco mais profundo. Mas, o filme que a gente fez ali com vinte e poucos anos foi com muita vontade e muita ânsia de conhecimento, e um arrepio diário de estar em contato pela primeira vez com muita coisa que a gente nunca tinha visto, só no cinema e televisão. A gente teve muita sorte, muita satisfação de poder estreá-lo no festival Pachamama em 2013. Foi muito emocionante, foi muito lindo”, relata emocionado.

Sobre voltar ao Acre, Graziano comenta que os quatro pensam em voltar quando o documentário completar 20 anos, para fazer um segundo filme.

“Talvez a gente se junte e volte para fazer um panorama desse comparativo (…) [O Acre] está nas nossas memórias, mudou a nossa vida, nossa relação. Cada um de nós teve mudanças profundas depois do contato com o povo, com a cultura e com a geografia”, declara.

Dentro do próprio filme, os jovens documentaristas analisam os acontecimentos — Foto: Reprodução
 Foto: Reprodução

‘Caricatura’

Silva diz que a piada que se alastrou pela web se trata de uma ‘caricatura’ com o intuito de desfazer uma história coletiva, construída por nordestinos, indígenas, ribeirinhos, negros e trabalhadores no geral.

“O Acre teve uma grande contribuição econômica para a história do país através da borracha nos primeiros anos da década de 1910, grande contribuição à história do país também. A história do Acre tem uma prova de colonização, existe uma subalternização, o que não quer dizer que as pessoas tenham (…) é uma provocação que a gente não deve aceitar e devemos fazer valer os nossos valores históricos e sociais e culturais”, frisa Airton.

*Por Helen Monteiro, do g1 Acre

‘Era uma vez na Ilha de Parintins’: obra de Jacob Cohen reúne memórias da cidade amazonense

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Parintins é um lugar recheado de talentos. A prova disso é a magnitude do Festival Folclórico, produzido por artistas locais. Porém, outras vertentes da cultura parintinense também possuem os seus representantes. Na literatura, por exemplo, um dos destaques é o médico e escritor Jacob Cohen, que escreveu a obra ‘Era uma vez na Ilha de Parintins’.

Segundo o autor, a obra nasceu de crônicas que ele fez, durante cinco anos, falando sobre as memórias de sua infância e adolescência. “Comecei a buscar esses escritos e a escrever crônicas sobre o modo de vida do parintinense e de sua forma de se expressar. Aí o livro ganhou forma”, disse ele.

Você foi um jovem travesso? Cohen foi. Em entrevista ao Amazon Sat, o autor lembrou que fugia de casa para assistir as apresentações do boi bumbá Garantido, que se tornou o seu boi do coração.

“Na infância, a gente dormia em redes, então eu colocava algo na minha rede para simular que havia alguém e ia assistir aos ensaios que aconteciam na Baixa de São José”, relembrou.

Foto: Reprodução

Rivalidade

Uma das marcas do Festival Folclórico de Parintins é a rivalidade entre Caprichoso e Garantido. Inclusive, Cohen confirmou que muitas pessoas iam para as vias de fato, usando a violência uns contra os outros. Porém, os anos foram passando e a rivalidade se atenuou. Inclusive, um momento de união entre os bumbás marcou Cohen.

“Em 2023, faleceu Marcos Azevedo, conhecido como Markinho, ele era ex-tripa do Caprichoso, mas também trabalhou no Garantido. No dia do enterro os bumbás foram prestar uma homenagem, eles andaram lado a lado, enquanto entravam no cemitério”, disse o autor.

Trilogia

De acordo com Cohen, essa obra é a primeira de uma trilogia planejada por ele. “O primeiro livro fala sobre o que vivi e o que me contaram sobre folclore, a organização social da cidade, essa estrutura toda que vivemos com o folclore levando artistas para todo o Brasil”, explicou o médico.

O segundo livro vai abordar quem foram as pessoas que viveram à frente do seu tempo na educação, na arte e na política parintinense. Já o terceiro livro retratará quais foram os diversos povos que já viviam em Parintins – como os indígenas – e os povos que aportaram tempos depois, como os italianos, judeus, turcos, portugueses e africanos.

O segundo livro, intitulado ‘Parintinenses que viviam à frente do seu tempo’ já está pronto e irá para a gráfica em breve, assegurou o autor. O lançamento da obra estava previsto ainda para o mês de junho. Já o terceiro livro, ainda sem nome, está em processo de produção e não possui previsão de lançamento.

Festival de Parintins e o impacto da rivalidade histórica dos bois Caprichoso e Garantido

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Chegou o Festival de Parintins. Em junho, mês em que os bois Caprichoso e Garantido entram na arena do Bumbódromo, em Parintins (AM), para uma das maiores manifestações culturais do mundo. Com muita torcida dos brincantes, a tradição mais forte do Festival de Parintins é a rivalidade histórica dos dois bumbás, que começou no início do século XX.

Apesar de saudável, o embate também reflete nas cores de roupas, espaços divididos na cidade e até em mudança na cor da logo de grandes marcas.

Sobre os protagonistas

O Festival de Parintins tem como tema central a disputa dos bumbás Caprichoso, representado pelas cores azul e branca; e Garantido, simbolizado pelo vermelho e branco.

O boi Caprichoso foi fundado pelo artesão cearense Roque Cid e o boi Garantido pelo pescador parintinense Lindolfo Monteverde. A criação dos dois bumbás data de 1913.

Atualmente, os bois têm sedes próprias, os chamados galpões, para a construção de todas as alegorias e fantasias apresentadas na arena do Bumbódromo. Já os ensaios técnicos, shows e apresentações são realizados nas ‘casas’ dos bois, conhecidos como currais. O reduto do boi Caprichoso é chamado de Curral Zeca Xibelão enquanto do boi Garantido é conhecido como Cidade Garantido

O Caprichoso venceu o Festival de Parintins 24 vezes e o Garantido foi campeão 32 vezes.

Festival de Parintins

O Festival de Parintins acontece todos os anos na ilha de Parintins, município localizado na região do baixo Amazonas, distante 369 quilômetros de Manaus e com uma população de mais de 96 mil habitantes, de acordo com dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A festa, considerada Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), é realizada sempre no último final de semana do mês de junho.

O boi-bumbá é uma tradição centenária do estado do Amazonas, que surgiu como brincadeira dos caboclos ribeirinhos parintinenses, nos terreiros das casas – como são chamados os quintais no interior do Amazonas -, durante as festividades juninas, sob influência do Bumbá meu boi, do Maranhão, e das festas de folguedo comuns no Nordeste brasileiro.

Porém, ao longo dos seus mais de 100 anos de existência, o boi-bumbá ganhou identidade e elementos próprios, unindo elementos dos povos indígenas, quilombolas e caboclos, tornando-se a representação da rica e encantadora cultura do Amazonas.

Cores de roupas

Para quem ainda está conhecendo os dois bois e não decidiu para qual torcer, a melhor opção é utilizar cores neutras, como preto, branco, verde, cinza, amarelo, bege, caramelo e marrom.

No Boi Caprichoso, a cor principal é o azul, mas cores complementares entram na paleta, como azul em tons claros, verde escuro, verde mar, violeta, roxo e lilás. Ao visitar o Curral Zeca Xibelão, reduto do boi, por exemplo, as cores do contrário não são permitidas.

No Boi Garantido, a cor principal é o vermelho. Nas cores complementares, o bumbá também utiliza em suas apresentações o vermelho em tons claros, laranja, rosa claro e escuro, rosé e terracota. Assim como no curral do contrário, há restrição de cores no Curral Lindolfo Monteverde: ao visitar o local, nenhuma das cores do adversário é permitida.

Itens oficiais dos bumbás Caprichoso e Garantido. Foto: Reprodução/Secom

Divisão da cidade e das marcas

Assim como o Bumbódromo, que é dividido nas cores azul e vermelho, a cidade de Parintins também se divide em uma linha imaginária, traçada pelo palco da festa. O lado sul é denominado como Caprichoso, enquanto o lado norte é reduto do Garantido.

Apesar da divisão, muitos torcedores contrários vivem nos dois lados. No entanto, em um passeio pela cidade, é possível identificar por meio das cores das casas, bandeiras hasteadas e esculturas nas ruas, em qual lado você está.

Outro diferencial na cidade é a logo de grandes marcas. Coca-Cola e Brahma, por exemplo, patrocinadoras da festa, além das tradicionais embalagens vermelhas, lançam edições temporárias na cor azul.

É comum observar em Parintins lojas, bancos e outros empreendimentos com as fachadas divididas em vermelho e azul, com o objetivo de atrair torcedores dos dois bois.

*Com informações da Agência Amazonas

Amazon Sat vai transmitir o ‘Kwati Club 2024’; confira a programação

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O aguardado ‘Kwati Club 2024′, um dos maiores eventos de música da Amazônia, será transmitido ao vivo pelo canal Amazon Sat. O evento acontece de 27 a 30 de junho no Kwati Club, localizado às margens do Lago Macurany, em Parintins (AM).

No dia 28 de junho, o evento musical será transmitido a partir das 00h. Depois, ainda no dia 28 e também 29 e 30, a transmissão inicia às 15h30.

O lineup do Kwati Club está repleto de grandes nomes da música brasileira, incluindo Péricles, Matheus Fernandes, Arlindo Neto, John Veiga, entre outros.

A apresentadora Deborah Oliveira conta detalhes da programação: “No primeiro dia, serão só toadas e nos intervalos com DJs. Nos próximos dias terão pagode, sertanejo, forró, além de DJs nos intervalos. Vamos ter dia 29 a atração nacional com Péricles e vai ter também o Andrezinho, do Grupo Molejo. De cantores regionais teremos George Japa e John Veiga e Caboclos. No último dia terá outra atração nacional, o Matheus Fernandes, então tem variedades de atrações pra todos os gostos”.

“É minha primeira vez no Kwati Club, então estou muito feliz de poder fazer parte desse evento que traz todos os gostos musicais e que abrange todos os públicos. É um grande festival de música da Amazônia e é uma experiência única em Parintins”, comenta.

Confira a programação completa:

28 de junho

00h à 00h30 – DJ
00h30 à 01h30 – Sebastião Júnior e Jr. Paulain
01h40 às 02h – David Assayag, Batucada do Garantido e Marujada de Guerra

28 de junho

15h30 às 16h30 – Kaboclos
17h às 18h30 – Farofa do Japa

29 de junho

15h30 às 16h – Uendel Pinheiro e convidados
16h às 16h40 – DJ
16h40 às 18h30 – Péricles

30 de junho

15h30 às 16h – John Veiga
16h às 16h40 – DJ
16h40 às 18h30 – Matheus Fernandes

Primeiro amazonense a apresentar para o Brasil evento esportivo internacional no Amazonas

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Nos anos 80, a TV Amazonas estava filiada a Rede Bandeirante (Band) e em outubro de 1985 meu irmão Edgar e eu estávamos realizando em Manaus o IV Campeonato Pan-Americano de Handball – adulto masculino – no ginásio do SESI – Clube do Trabalhador, com os países: Brasil Canadá, Estados Unidos, Cuba, México, Argentina e Uruguai.

Um dia recebo a ligação de Luciano do Vale pedindo o jogo entre Brasil × Argentina que estariam decidindo o título sul-americano. No dia seguinte desembarca em Manaus um cinegrafista e um repórter.

Foto: Eduardo Monteiro de Paula/Acervo pessoal

No deslocamento até o ginásio do SESI, o repórter passou mal e eu acabei fazendo a reportagem do jogo. Assim que me tornei o primeiro amazonense a apresentar para o Brasil em evento esportivo internacional no Amazonas.

É bom lembrar que eu já tinha conhecido pessoalmente Luciano do Vale em 1983 nos Jogos Universitários Mundiais em Edmonton no Canadá e foi uma outra aventura que contarei em outro artigo.

Por hoje é só, semana que vem tem mais! FUUUUUUUUUIIIIIIIII!!! 

Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Conheça 6 animais amazônicos nas cores dos bois do Festival Folclórico de Parintins

Por Luciana Frazão

Olá, entusiastas da natureza! Bem-vindos à Amazônia! O Festival de Parintins é um espetáculo de cores, cultura e tradição que celebra os bois Caprichoso e Garantido. Inspirados nesse evento vibrante, vamos explorar alguns dos incríveis animais da Amazônia que, com suas cores exuberantes, parecem homenagear essa festa popular.

Azul e preto – o capricho da natureza

Arara-Azul

A arara-azul (espécie Anodorhynchus hyacinthinus) é uma das maiores e mais deslumbrantes araras do mundo, com plumagem predominantemente azul vibrante e detalhes em preto ao redor dos olhos e bico. Encontrada nas florestas tropicais da Amazônia, é conhecida por sua plumagem vibrante e sua vocalização estridente, sendo um ícone da Amazônia. São aves de grande porte, chegando a atingir mais de um metro de comprimento, medindo-se da ponta do bico à ponta da cauda.

Elas se alimentam principalmente de frutas, sementes e oleaginosas encontradas na copa das árvores. As araras-azuis são aves sociais e são conhecidas por viverem em grupos familiares, formar casais e pela vocalização típica. Além disso, elas se comunicam por gestos, acariciam com seus bicos e até mesmo compartilham alimentos uns com os outros. Assim como o boi Caprichoso, a arara-azul encanta com sua presença imponente e elegante.

Araras-azuis (espécie Anodorhynchus hyacinthinus). Foto: Peter Schoen

Borboleta Morpho

A borboleta Morpho (espécie Morpho helenor) é um espetáculo voador com asas de um azul metálico hipnotizante, que parecem cintilar sob a luz do sol. A parte inferior das asas, em tons de marrom e preto, serve de camuflagem perfeita contra predadores. Nestas borboletas, encontradas em clima tropicais, os machos apresentam asas iridescentes que lhes dão uma aparência azul, que se destaca no verde da floresta quando estas borboletas podem ser admiradas voando ao longo dos igarapés.

Em contraste, a parte inferior é marrom com pontos oculares utilizados para camuflagem de pássaros e insetos, semelhante com a coloração das fêmeas desse grupo de borboletas. Nessa espécie machos e fêmeas, além da coloração diferem nos hábitos. Os machos voam mais próximos de rios e na beira de florestas e fêmeas são encontradas dentro da mata e tem coloração menos notável. Na natureza alimentam-se de frutos maduros que caem das árvores e que estão em processos de fermentação. Esse inseto mágico é como uma dança no ar, lembrando a graça e a fluidez das apresentações do boi Caprichoso.

Borboleta azul (Morpho helenor). Foto: Adrian Hoskins

Sapo ponta de flecha

O sapo ponta de flecha (espécie Adelphobates galactonotus), também conhecido como sapo-de-pinta-azul, é um anfíbio que se destaca por sua coloração azul brilhante com manchas pretas. Este sapo vive nas florestas amazônicas e é conhecido por seu comportamento interessante e seu visual deslumbrante.

São animais muito territoriais, que defendem seus territórios, alcançando até 4,5cm de comprimento e apresentam cuidado parental, onde o macho transporta os girinos nas costas até uma poça de água para que ele possa se desenvolver. Se alimentam de invertebrados, como formigas, grilos etc. Sua aparência marcante é um verdadeiro capricho da natureza, assim como as coreografias elaboradas do boi Caprichoso.

Sapo ponta de flecha (Adelphobates galactonotus). Foto: Jack Small

Vermelho e branco – a vibração da torcida Garantida

Guará

O guará (espécie Eudocimus ruber), é uma ave de plumagem intensamente vermelha que se destaca nas paisagens amazônicas. O guará mede cerca de cinquenta a sessenta centímetros. Possui bico fino, longo e levemente curvado para baixo. A plumagem é de um colorido vermelho muito forte, pois sua dieta alimentar inclui animais ricos em um pigmento vermelho responsável pelo rubro da sua plumagem, que impressiona de tão vibrante que é.

A reprodução também interfere na coloração do guará. Neste período, o bico do macho fica ainda mais escuro e brilhante, já as fêmeas mantêm a coloração original, com as pernas vermelho-esbranquiçadas e o bico pardo com a ponta preta. A cor vermelha vibrante é tão impressionante quanto o espírito do boi Garantido, trazendo vida e paixão às margens dos rios.

Guará (Eudocimus ruber). Foto: Leonardo Casadei

Cobra-coral

As cobras-corais verdadeiras, espécies dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus, são famosas por suas cores vivas de vermelho, preto e branco, formando padrões distintos. E apesar da fama ruim, as cobras corais possuem pouquíssimos casos de acidente ofídico registrados. Isso se deve por essas espécies terem um comportamento bastante tímido. Elas costumam se locomover por baixo das folhas secas do chão da floresta e até mesmo no solo.

Isso faz com que os encontros com os seres humanos sejam raros, e geralmente o acidente ofídico ocorre quando elas são pisadas ou tocadas sem querer, o que poderia ser evitado caso as pessoas se protegessem ao andar na floresta, usando botas ou calçados fechados e olhando antes de colocar a mão em algum lugar. Assim como o boi Garantido, que atrai com seu brilho, mas também impõe respeito, a cobra-coral é uma joia da floresta que deve ser admirada com cautela.

Cobra coral verdadeira (Micrurus spixii). Foto: Sérgio Marques – Projeto SISBIOTA

Uacari

O uacari de cara vermelha (espécie Cacajao calvus) é um primata fascinante que chama atenção com sua face vermelha brilhante contrastando com a pelagem branca. Esse macaco raro é um dos guardiões secretos da Amazônia, com uma aparência que parece saída de um mito indígena. Locomove-se no alto dos galhos de diferentes formas, utilizando-se dos quatro membros sem posição horizontal, saltando de galhos altos para galhos mais baixos e, verticalmente, escalando os troncos.

Essa espécie de primata se alimenta de frutos, insetos, sementes, néctar e brotos de plantas. Os machos são maiores que a fêmeas e podem pesar até 3,5 kg. Eles habitam as florestas de terra firme e de várzea do norte da Amazônia. O uacari pode representar a vitalidade e a força do boi Garantido, mostrando que a natureza também pode ser exuberante e protetora.

Uacari (Cacajao calvus). Foto: Evgenia Kononova

É isso pessoal! Assim como o Festival de Parintins celebra a cultura e a tradição com cores vibrantes e histórias envolventes, a fauna amazônica exibe uma paleta de cores que encanta e fascina. Os animais amazônicos são verdadeiros símbolos da diversidade e riqueza da nossa floresta, cada um com sua beleza e mistério, lembrando-nos da importância de preservar esse tesouro natural. Abraços de sucuri para vocês e até o próximo texto com informações sobre a nossa exuberante fauna da amazônica!

Sobre a autora

Luciana Frazão é pesquisadora na Universidade de Coimbra (Portugal), onde atua em estudos relacionados as Reservas da Biosfera da UNESCO, doutora em Biodiversidade e Conservação (Universidade Federal do Amazonas) e mestre em zoologia (Universidade Federal do Pará).

*O conteúdo é de responsabilidade da colunista

Pesquisa realizada no Pará aumenta tempo de validade da pimenta-do-reino

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A pimenta-do-reino recoberta foi apresentada com três propostas de embalagens para comercialização no mercado, o kit completo, o pote plástico com 150g, e o pote de vidro de 250g. O produto é resultado da pesquisa que desenvolveu uma película protetora feita de amido de mandioca, e que conserva por maior tempo as sementes, já que possui um biofilme que serve como barreira contra a contaminação por microrganismo durante o armazenamento e transporte, atendendo às normas sanitárias.

“Ela é estável microbiologicamente e tem atributos sensoriais, o que permite ser armazenada por períodos mais longos que a pimenta não recoberta. Isso é um ganho industrial importante, pois diminui a taxa de desperdício do produto com o passar do tempo”, detalha Davi Brasil, pesquisador e coordenador da pesquisa.

Investimentos em ciência

A pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi financiada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), e executada pela Fundação Guamá. 

“Esse projeto é um grande exemplo, demonstra o potencial do nosso capital intelectual aqui no Pará para promoção da inovação e tecnologia através da pesquisa aplicada. É um avanço a entrega de um produto de alto potencial comercial porque traz vantagens em relação ao aumento do tempo na prateleira da pimenta-do-reino, e a possibilidade de aumentar a escala disso”, enfatiza Milkson Campelo, gerente de tecnologia e mercados da instituição.

Foto: Divulgação/FAPESPA

Foram mais de R$ 1 milhão de reais de fomento do Governo do Estado para execução do projeto.

“Sem o investimento nada seria possível, a pesquisa científica necessita de muito recurso, os equipamentos de ponta são onerosos e os insumos e reagentes precisam ter qualidade comprovado, seus preços também são altos. Quando esse investimento gera resultados importantes, verificamos que vale muito a pena”, reforça Davi.

O tempo de validade da pimenta-do-reino para comercialização costuma ser em média de dois anos, já a técnica de recobrimento utilizada preserva a especiaria por um período de até oito anos no tipo de embalagem elaborada, como foi observado na tese de doutorado que deu origem ao projeto.

As características como sabor e aroma da especiaria, assim como aparência foram mantidas no produto final. A criação de uma película para a pimenta-do-reino se mostra como uma alternativa econômica e sustentável ao setor do agronegócio no Pará, aumenta a qualidade do produto, que é muito apreciado pelos paraenses, e ainda tem potencial para virar negócio. O coordenador do projeto explica que uma startup foi personificada, e depende de investimentos para chegar ao mercado. 

Foto: Divulgação/FAPESPA

“Várias portas se abriram, estamos estudando agora a obtenção e escalonamento de outros produtos da pimenta-do-reino, em especial, seu princípio ativo, piperina, e o óleo essencial da pimenta-do-reino. Além disso, estudamos as formulações da película a partir da mandioca, suas propriedades mecânicas podem ser modificadas através de estudo”, reforça. O Pará está entre os estados brasileiros com a maior produção de pimenta-do-reino.

Fomento

O projeto foi aprovado pela Fapespa em 2021 e finalizado em abril deste ano. As pimentas-do-reino utilizadas na pesquisa vieram de produtores paraenses. O amido de mandioca foi a matéria-prima utilizada na pesquisa por ser biodegradável e não oferecer riscos ao meio ambiente. O trabalho envolveu pesquisadores, professores e alunos dos programas de pós graduação em Engenharia Química, Ciência e Meio ambiente, Inovação Farmacêutica da Ufpa.

Foto: Divulgação/FAPESPA

“A pimenta do reino apresenta uma sazonalidade que afeta drasticamente o preço tanto para o consumidor como para o produtor, causando grandes transtornos na cadeia produtiva. Pesquisas como essa trazem um benefício enorme para o produtor e para o consumidor final, para a sociedade, porque tem o condão de estabilizar o preço, melhorar a qualidade do produto e, com isso, trazer grandes benefícios para a sociedade de modo geral. O governo do Estado se preocupa com todas as cadeias produtivas do nosso Estado e, com isso, traz benefícios estratégicos para a economia paraense. É isso que a Fapespa vem fazendo, atendendo as designações do nosso governador para fortalecer a bioeconomia, para fortalecer as cadeias produtivas do nosso Estado”, explica o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

*Com informações da Fapespa

Plano de conservação de biodiversidade em Terras Indígenas receberá investimento de U$ 10 milhões

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Alinhado com a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental (PNGATI), o projeto Conservação da Biodiversidade em Terras Indígenas será implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), com execução do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), e coordenação do Ministério dos Povos Indígenas (MPI). A iniciativa irá contemplar 61 mil indígenas em 15 Terras Indígenas (TIs) de cinco estados do Brasil. O valor aproximado do projeto é de U$ 10 milhões, com duração prevista de cinco anos.

O aporte para a iniciativa será feito pelo Fundo Global para a Biodiversidade, que foi criado em 2023 para apoiar a implementação das metas Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework. O acordo foi adotado durante a Conferência da Partes (COP) 15, realizado em 2022, para endossar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que possuem 23 metas até 2030 e mais quatro até 2050.

A ação tem como foco a conservação e uso sustentável da biodiversidade em cerca de 6,4 milhões de hectares em que habitam nove povos indígenas. São eles: Kayapó e Munduruku, no Pará; Kadiwéu, Terena, Kinikinau, Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul; Pataxó, na Bahia; Pankararu, em Pernambuco, e Tremembé, no Ceará.

O projeto funciona em torno dos eixos de consolidação das TIs, como produção sustentável para benefícios econômicos, sociais e ambientais; governança territorial; gestão de projetos e gestão do conhecimento.

É importante salientar que os Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs), elaborados pelas comunidades indígenas e executados com participação de entidades indígenas, serão a principal ferramenta de organização do projeto. Os biomas contemplados serão Amazônia, Pantanal, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.

Prioridade

“O projeto se insere no contexto de prioridades do Ministério, que é o de implementação a PNGATI por meio do Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs)”, disse João Lucas Moraes Passos, gerente de projetos da Secretaria Executiva do MPI.

As primeiras atividades serão de consulta e envolvimento dos indígenas para definirem as ações prioritárias de trabalho dentro das suas terras e quais atividades previstas nos PGTAs devem ser executadas. O protagonismo dos indígenas é o diferencial, visando um legado para que após o projeto sigam capacitados a desenvolver outras ações que protejam a biodiversidade e a sustentabilidade dos territórios. 

A iniciativa também será acompanhada pelo Comitê Gestor da PNGATI, reinstalado em abril de 2023 pelo Decreto 15.512, garantindo que as ações serão conhecidas pelas organizações indígenas regionais, mas também possibilitando ampla disseminação das lições aprendidas.

Terras Indígenas demarcadas correspondem a 13,9% do território brasileiro, abrigando 109,7 milhões de hectares de vegetação nativa, ou 19,5% da vegetação nativa do Brasil, em 2020. Cerca de 58% dessas terras estão localizadas na Amazônia Legal, que representam 23% dessa região e mais de 98% da área referente às TIs do país. Atualmente, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) inclui 628 TIs e seis áreas com regulamento de conservação e restrições de uso.

Assim como em outros países, diversos estudos e análises demonstram que TIs estão entre as principais barreiras para o avanço do desmatamento no Brasil. Estão entre as áreas naturais mais preservadas, com biodiversidade e proteção de serviços de ecossistema e da biodiversidade.

De acordo com dados do Mapbiomas, de 2022, nos últimos 30 anos, as terras privadas perderam 20,6% de vegetação nativa por causa do desmatamento, enquanto nas TIs a perda foi de apenas 1%. Além disso, conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de 80% da biodiversidade está em territórios e comunidades indígenas.

*Com informações do MPI

Obras de expansão de rede de esgoto começam na quarta-feira (26) no cruzamento entre avenidas Djalma Batista e João Valério

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A partir da noite desta quarta-feira (26/06), as equipes da Águas de Manaus iniciam uma frente de obras no cruzamento entre as Avenidas Djalma Batista e João Valério, em um trabalho que seguirá até o início da semana que vem. O serviço faz parte do programa Trata Bem Manaus e tem previsão para ser finalizado na madrugada da próxima segunda-feira (01/07).

Durante a execução da implantação das tubulações, as equipes alternarão trabalho nas faixas, sempre com uma liberada para o tráfego. Agentes de trânsito e fiscais de transporte do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) farão a orientação aos motoristas.

A rede coletora, com extensão de 170 metros, que será instalada no local faz parte do sistema que abrange, também, a avenida Constantino Nery. Neste período, a obra de construção de rede de esgoto que ocorre na Constantino será interrompida para que os condutores que trafegam diariamente pela Djalma Batista tenham uma rota alternativa. Os motoristas também podem optar por fazer o trajeto pelas avenidas Maceió, Mário Ypiranga e Umberto Calderaro.

Foto: Divulgação/Águas de Manaus

Cronograma

Na quinta (27/6), as obras avançam para o sentido Centro/bairro avenida Djalma Batista, próximo à Praça Domingos Russo. Na sexta-feira (28) e sábado (29) as obras avançam pela avenida Djalma Batista, até alcançar o sentido bairro/Centro. No domingo (30) e na madrugada de segunda-feira (01/07), a concessionária fará ajustes finais para garantir a trafegabilidade da avenida.

“Esta obra irá permitir que todo esgoto coletado no bairro Nossa Senhora das Graças seja interligado no sistema que está sendo construído na avenida Constantino Nery. Ele será transportado até a Estação Elevatória no bairro São Jorge, e, posteriormente, encaminhado para a Estação de Tratamento de Esgoto do Educandos, em um processo que contribui diretamente na preservação dos recursos hídricos da cidade”, explica o gerente de Projetos da Águas de Manaus, Jean Damaceno.

Trata Bem Manaus

O trabalho integra o cronograma de expansão do esgotamento sanitário na cidade, por meio do programa Trata Bem Manaus.

O programa garante a universalização dos serviços de coleta e tratamento de esgoto da cidade em menos de dez anos. Estão previstas a implantação de mais de 2,7 milhões de metros de redes coletoras de esgoto nos próximos anos, além de obras de implantação e ampliação de pelo menos 70 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), espalhadas por todas as zonas da cidade.

*Por Águas de Manaus