Conheça 6 animais amazônicos nas cores dos bois do Festival Folclórico de Parintins

Chegou a hora de celebrar o Festival Folclórico de Parintins. Conheça espécies que possuem as cores dos bois do maior espetáculo folclórico a céu aberto do mundo.

Por Luciana Frazão

Olá, entusiastas da natureza! Bem-vindos à Amazônia! O Festival de Parintins é um espetáculo de cores, cultura e tradição que celebra os bois Caprichoso e Garantido. Inspirados nesse evento vibrante, vamos explorar alguns dos incríveis animais da Amazônia que, com suas cores exuberantes, parecem homenagear essa festa popular.

Azul e preto – o capricho da natureza

Arara-Azul

A arara-azul (espécie Anodorhynchus hyacinthinus) é uma das maiores e mais deslumbrantes araras do mundo, com plumagem predominantemente azul vibrante e detalhes em preto ao redor dos olhos e bico. Encontrada nas florestas tropicais da Amazônia, é conhecida por sua plumagem vibrante e sua vocalização estridente, sendo um ícone da Amazônia. São aves de grande porte, chegando a atingir mais de um metro de comprimento, medindo-se da ponta do bico à ponta da cauda.

Elas se alimentam principalmente de frutas, sementes e oleaginosas encontradas na copa das árvores. As araras-azuis são aves sociais e são conhecidas por viverem em grupos familiares, formar casais e pela vocalização típica. Além disso, elas se comunicam por gestos, acariciam com seus bicos e até mesmo compartilham alimentos uns com os outros. Assim como o boi Caprichoso, a arara-azul encanta com sua presença imponente e elegante.

Araras-azuis (espécie Anodorhynchus hyacinthinus). Foto: Peter Schoen

Borboleta Morpho

A borboleta Morpho (espécie Morpho helenor) é um espetáculo voador com asas de um azul metálico hipnotizante, que parecem cintilar sob a luz do sol. A parte inferior das asas, em tons de marrom e preto, serve de camuflagem perfeita contra predadores. Nestas borboletas, encontradas em clima tropicais, os machos apresentam asas iridescentes que lhes dão uma aparência azul, que se destaca no verde da floresta quando estas borboletas podem ser admiradas voando ao longo dos igarapés.

Em contraste, a parte inferior é marrom com pontos oculares utilizados para camuflagem de pássaros e insetos, semelhante com a coloração das fêmeas desse grupo de borboletas. Nessa espécie machos e fêmeas, além da coloração diferem nos hábitos. Os machos voam mais próximos de rios e na beira de florestas e fêmeas são encontradas dentro da mata e tem coloração menos notável. Na natureza alimentam-se de frutos maduros que caem das árvores e que estão em processos de fermentação. Esse inseto mágico é como uma dança no ar, lembrando a graça e a fluidez das apresentações do boi Caprichoso.

Borboleta azul (Morpho helenor). Foto: Adrian Hoskins

Sapo ponta de flecha

O sapo ponta de flecha (espécie Adelphobates galactonotus), também conhecido como sapo-de-pinta-azul, é um anfíbio que se destaca por sua coloração azul brilhante com manchas pretas. Este sapo vive nas florestas amazônicas e é conhecido por seu comportamento interessante e seu visual deslumbrante.

São animais muito territoriais, que defendem seus territórios, alcançando até 4,5cm de comprimento e apresentam cuidado parental, onde o macho transporta os girinos nas costas até uma poça de água para que ele possa se desenvolver. Se alimentam de invertebrados, como formigas, grilos etc. Sua aparência marcante é um verdadeiro capricho da natureza, assim como as coreografias elaboradas do boi Caprichoso.

Sapo ponta de flecha (Adelphobates galactonotus). Foto: Jack Small

Vermelho e branco – a vibração da torcida Garantida

Guará

O guará (espécie Eudocimus ruber), é uma ave de plumagem intensamente vermelha que se destaca nas paisagens amazônicas. O guará mede cerca de cinquenta a sessenta centímetros. Possui bico fino, longo e levemente curvado para baixo. A plumagem é de um colorido vermelho muito forte, pois sua dieta alimentar inclui animais ricos em um pigmento vermelho responsável pelo rubro da sua plumagem, que impressiona de tão vibrante que é.

A reprodução também interfere na coloração do guará. Neste período, o bico do macho fica ainda mais escuro e brilhante, já as fêmeas mantêm a coloração original, com as pernas vermelho-esbranquiçadas e o bico pardo com a ponta preta. A cor vermelha vibrante é tão impressionante quanto o espírito do boi Garantido, trazendo vida e paixão às margens dos rios.

Guará (Eudocimus ruber). Foto: Leonardo Casadei

Cobra-coral

As cobras-corais verdadeiras, espécies dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus, são famosas por suas cores vivas de vermelho, preto e branco, formando padrões distintos. E apesar da fama ruim, as cobras corais possuem pouquíssimos casos de acidente ofídico registrados. Isso se deve por essas espécies terem um comportamento bastante tímido. Elas costumam se locomover por baixo das folhas secas do chão da floresta e até mesmo no solo.

Isso faz com que os encontros com os seres humanos sejam raros, e geralmente o acidente ofídico ocorre quando elas são pisadas ou tocadas sem querer, o que poderia ser evitado caso as pessoas se protegessem ao andar na floresta, usando botas ou calçados fechados e olhando antes de colocar a mão em algum lugar. Assim como o boi Garantido, que atrai com seu brilho, mas também impõe respeito, a cobra-coral é uma joia da floresta que deve ser admirada com cautela.

Cobra coral verdadeira (Micrurus spixii). Foto: Sérgio Marques – Projeto SISBIOTA

Uacari

O uacari de cara vermelha (espécie Cacajao calvus) é um primata fascinante que chama atenção com sua face vermelha brilhante contrastando com a pelagem branca. Esse macaco raro é um dos guardiões secretos da Amazônia, com uma aparência que parece saída de um mito indígena. Locomove-se no alto dos galhos de diferentes formas, utilizando-se dos quatro membros sem posição horizontal, saltando de galhos altos para galhos mais baixos e, verticalmente, escalando os troncos.

Essa espécie de primata se alimenta de frutos, insetos, sementes, néctar e brotos de plantas. Os machos são maiores que a fêmeas e podem pesar até 3,5 kg. Eles habitam as florestas de terra firme e de várzea do norte da Amazônia. O uacari pode representar a vitalidade e a força do boi Garantido, mostrando que a natureza também pode ser exuberante e protetora.

Uacari (Cacajao calvus). Foto: Evgenia Kononova

É isso pessoal! Assim como o Festival de Parintins celebra a cultura e a tradição com cores vibrantes e histórias envolventes, a fauna amazônica exibe uma paleta de cores que encanta e fascina. Os animais amazônicos são verdadeiros símbolos da diversidade e riqueza da nossa floresta, cada um com sua beleza e mistério, lembrando-nos da importância de preservar esse tesouro natural. Abraços de sucuri para vocês e até o próximo texto com informações sobre a nossa exuberante fauna da amazônica!

Sobre a autora

Luciana Frazão é pesquisadora na Universidade de Coimbra (Portugal), onde atua em estudos relacionados as Reservas da Biosfera da UNESCO, doutora em Biodiversidade e Conservação (Universidade Federal do Amazonas) e mestre em zoologia (Universidade Federal do Pará).

*O conteúdo é de responsabilidade da colunista

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