Líderes, chefes de Estado e chefes de Governo estarão reunidos na cidade de Belém (PA) para a Cúpula do Clima entre os dias 6 e 7 de novembro. Está confirmada a participação de 143 delegações dos 198 países signatários dos tratados internacionais que tratam do tema.
Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, esse será o momento que os líderes mundiais darão o “termo de referência” para que as delegações possam conduzir as negociações na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), entre os dias 10 e 21 de novembro.
Embora nas últimas duas COP, nos Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão, a reunião dos chefes de Estado também tenha aberto a conferência, esse encontro de alto nível pode ocorrer em outros momentos.
“Se convencionou uma tradição móvel de ser no início, meio ou final das COP. Cada uma delas tem um sentido”, explica Marina Silva.
Ministra Marina Silva destaca que líderes tem papel fundamental na Cúpula para a COP30. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Cúpula antecipada
No Brasil, pela primeira vez, esse momento será deslocado do calendário oficial da COP, mas cumprirá a função de orientação e impulsionamento da etapa de negociações.
Na programação da cúpula, está prevista uma plenária que será aberta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 6, e que permanecerá aberta até o final do dia 7 ou quando encerram os discursos nacionais dos líderes inscritos. Nos dois dias também haverá sessões temáticas.
O presidente do Brasil conduzirá mais três sessões temáticas, sendo uma ainda no dia 6 sobre Florestas e Oceanos. No dia 7, pela manhã, o tema será transição energética e, no período da tarde, o encontro tratará sobre os 10 anos do Acordo de Paris, Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC na sigla em inglês) e financiamento.
“Todos os líderes terão a possibilidade de fazer um discurso na plenária e posteriormente também participar de uma ou duas das sessões temáticas. Então nós estamos distribuindo os líderes para participarem das sessões que terão em média 40 líderes. Isso está sendo negociado com cada governo”, explica o embaixador Maurício Lyrio.
Desde o dia 5, a presidência brasileira da COP promoverá uma agenda de encontros bilaterais, que será divulgada somente no dia, mas de acordo com o embaixador, já está confirmado que os Estados Unidos e a Argentina não enviarão delegação para a cúpula.
Segundo Maurício Lyrio, das delegações confirmadas, estarão presentes 57 líderes mundiais: “Por razões de protocolo diplomático de segurança, nós não divulgamos os nomes antecipadamente, mas teremos uma presença muito significativa de líderes. Sobretudo com essa confirmação de 143 delegações, o fato de que a cúpula será muito representativa da comunidade internacional”.
Estudo realizado pela Embrapa mostra um panorama positivo e bastante promissor da cafeicultura das Matas de Rondônia, região do estado que se destacou na última década na produção dos robustas amazônicos, espécie desenvolvida para a região que também recebeu manejo e insumos próprios. O raio-x da principal região produtora do estado mostrou que lá o café se concentra em pequenas propriedades, com grau de tecnificação elevado, alta produtividade, sustentabilidade ambiental e boa margem de lucro.
O Perfil socioeconômico e produtivo dos cafeicultores da região das Matas de Rondônia abrangeu os 15 municípios formadores da região das Matas de Rondônia, Responsáveis por 75% da produção rondoniense de café robusta, esses municípios obtiveram, em 2021, o registro de Indicação Geográfica do tipo denominação de origem para o grão produzido na região. No estado como um todo, o trabalho identificou um dado impressionante: a área de cafezais em produção encolheu de 245 mil hectares, em 2001, para apenas 60,6 mil hectares, em 2023. No entanto, a produtividade saltou de 7,8 para 50,2 sacas por hectare no mesmo período, um efeito chamado de poupa-terra.
Baseando-se em um questionário, aplicado com a ajuda do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa do estado (Sebrae-RO), além de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e informações coletadas por satélite, o estudo foi realizado no âmbito do projeto CarbCafé, coordenado pela Embrapa Territorial (SP).
“Um dos registros mais positivos foi a boa rentabilidade do Robusta Amazônico”, relata Calixto Rosa Neto, analista da Embrapa Rondônia que assina o estudo.
“Uma saca de 60kg tem um custo de R$ 618,00 reais e é vendida a cerca de R$1.300,00, uma margem que tem ajudado a melhorar a vida de muitos produtores”, frisa. Importante efeito disso é a fixação dos jovens no campo, o que foi comprovado pela queda da idade média do cafeicultor que, em 15 anos, passou de 53 para 47 anos.
O impacto social é mais impressionante quando se constata que a imensa maioria dos cafeicultores da região possuem pequenas propriedades, principalmente familiares. São fazendas de até 28,6 hectares, em média, e com cafezais que ocupam cerca de 3,4 hectares. “São mais de sete mil produtores no estado, o que ajuda a promover um amplo desenvolvimento social”, declara Rosa Neto.
“Um ponto positivo encontrado foi o tempo de espera para comercializar a safra. A grande maioria espera por melhores preços. Isso reflete uma certa maturidade econômica dos cafeicultores. Sinal que não estão endividados ou em desespero econômico”, explica o pesquisador Enrique Alves, que também assina o documento.
A atividade tem forte participação no PIB agrícola dos 15 municípios. O estudo retrata que a participação do Valor Bruto da Produção (VBP) do café em relação ao VBP agrícola total da região, verifica-se que ela é de 63,6%, na média, evidenciando a importância da cafeicultura no contexto socioeconômico desses municípios
Bom nível de tecnificação nos cafezais
Com mais dinheiro é possível reinvestir em tecnologia, que por sua vez aumenta a produtividade e a sustentabilidade, impulsionando o faturamento. Esse ciclo virtuoso também foi observado pelos pesquisadores. “Encontramos mais de 200 máquinas colhedoras no campo. A demanda é tanta que descobrimos uma empresa de aluguel de colhedoras de café semi-mecanizadas, algo que não existia na região”, conta Neto apontando esse como um dos sinais de que a cadeia produtiva está crescendo e se consolidando.
Além da mecanização da colheita, o levantamento encontrou outras práticas importantes que indicam bons níveis tecnológicos na lavoura. Manejos específicos de solos e plantas, a prática da fertirrigação (adubos adicionados à água), a adubação correta e as podas executadas nos períodos recomendados são indicadores de uso de conhecimentos, ferramentas e insumos atualizados. A adoção tecnológica começou há mais de dez anos com o plantio de cafeeiros clonais desenvolvidos especialmente para a região, híbridos de robusta e conilon.
Um salto impressionante observado aconteceu em um período menor que dez anos: o da conectividade. Em 2017, o Censo Agropecuário do IBGE havia registrado apenas 9,2% de propriedades conectadas nos 15 municípios que formam a região das Matas de Rondônia. Apenas sete anos depois, 97,7% dos produtores entrevistados para o estudo disseram ter acesso à internet. A tecnologia é usada principalmente para a aquisição de insumos, seguido de comunicação e da comercialização da produção.
“Esse é um dos principais desafios das residências rurais. A falta de conectividade afeta a administração da lavoura e é um dos motivos que provoca a evasão de jovens do campo”, revela Neto. “Por isso, esse alto índice de acesso à internet é uma excelente notícia”, completa.
O trabalho também lançou luz sobre problemas importantes que precisarão ser contornados como o da escassez de mão-de-obra, por exemplo. Neto explica que os cafezais demandam efetivo grande de trabalhadores nos períodos de colheita, que duram cerca de três meses. “Está cada vez mais difícil encontrar empregados temporários que aceitem atuar somente nesse período, por melhor que seja a remuneração. A mecanização pode ajudar a resolver parte do problema, ela substitui até cerca de 50% da mão-de-obra, mas ainda haverá um efetivo considerável a ser suprido”, prevê o analista da Embrapa ao informar que, desde 2011, a cafeicultura da região já perdeu cerca de 20 mil trabalhadores.
Há de se desenvolver tecnologias próprias de colheita para os Robustas Amazônicos. Com arquitetura diferente das plantas arábica, para as quais há colhedoras eficientes, os robustas ainda necessitam de máquinas específicas para essa atividade. Plantas arábicas possuem um único caule, enquanto os robustas têm vários caules, um dos motivos que impede que as duas espécies compartilhem o mesmo ferramental de colheita.
O controle financeiro é outro item a se aprimorar entre os produtores, 61% deles declararam não fazer registro algum. Apenas 6,6% usam planilha eletrônica para organizar as finanças e 35% anotam receitas e despesas em cadernos.
O custo médio de produção informado pelos produtores foi de R$17,8 mil por hectare. No entanto, o cálculo teve de ser refeito uma vez que a maioria não inclui nesse montante valores como o da mão-de-obra familiar, da depreciação de equipamentos e do custo da terra, por exemplo. “É comum, por exemplo, fazer a contratação temporária de empregados com almoço incluso. No entanto, o custo dos alimentos e a hora da cozinheira não são considerados”, conta Neto.
Mudanças climáticas
Como toda atividade agrícola, a cafeicultura de Rondônia já está sendo obrigada a se adaptar às alterações climáticas. Os produtores estão registrando períodos bem maiores de seca. “Há pouco tempo, era preciso irrigar por cerca de três meses. Agora, com maiores temperaturas e períodos mais extensos de estiagem, os cafeicultores têm de estender a irrigação por até cinco meses”, revela o analista. Isso significa aumento no custo de produção, especialmente em energia elétrica, e, o mais preocupante, necessidade de maior suprimento de água. “Recentemente, observamos produtores do noroeste do Mato Grosso que não irrigaram, simplesmente, porque não encontraram água. Os rios secaram”, alerta Calixto Neto. Segundo ele, técnicas avançadas de eficiência hídrica serão cada vez mais necessárias.
Café em harmonia com a floresta em Rondônia
Estudo publicado pela Embrapa este ano comprovou que os cafezais das Matas de Rondônia sequestram 2,3 vezes mais carbono do que emitem (leia aqui). Os resultados mostram que a cafeicultura da região tem alta contribuição na mitigação dos efeitos nas mudanças climáticas.
A pesquisa também registrou que em sete dos 15 municípios da região das Matas de Rondônia, houve desmatamento zero entre 2020 e 2023. Em toda a região foram encontrados traços de retiradas de áreas florestais em menos de 1% da área total ocupada pela cafeicultura. O trabalho também demonstra que mais da metade dos territórios dos 15 municípios somados é coberta por florestas, o que totaliza 2,2 milhões de hectares com vegetação nativa e 56% da floresta preservada se encontra em terras indígenas. O trabalho, feito pela Embrapa Territorial (SP), comparou dados de 2020 e 2023 obtidos em fontes oficiais e analisou imagens de satélites dos dois períodos.
Foto: Enrique Alves
Além da conservação ambiental por parte dos produtores, o estudo destaca a contribuição das reservas indígenas, que preservam e conservam grandes “blocos” de florestas nativas primárias num total de 1,2 milhão de ha. Somadas, essas áreas de vegetação nativa chegam a 56% de todo o território das Matas de Rondônia, ou 2,2 milhões de hectares.
Enrique Alves conta que a sustentabilidade ambiental é um dos pontos mais importantes para os produtores, que além de se beneficiarem das vantagens de manter a floresta, também o usam como valor adicional à marca Robustas Amazônicos.
“Esse café está se consolidando como produto de alta qualidade, que promove o desenvolvimento social em pequenas propriedades e comunidades tradicionais e que ainda ajuda a manter a floresta Amazônica”, declara o pesquisador da Embrapa.
“É importante frisar que o café, apesar de estar entre as três principais culturas agronômicas do estado, ocupa apenas 0,8% da área das Matas de Rondônia, que responde por 75% da produção estadual”, compara Alves.
Esse e outros trabalhos do âmbito do projeto CarbCafé, liderado pelo pesquisador Carlos Ronquim, pode ser acessado AQUI.
*O conteúdo foi originalmente publicado pela Embrapa
Trecho de floresta às margens do Rio Negro, na Amazônia. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
A área desmatada na Amazônia atingiu 5.796 km² de agosto de 2024 a julho de 2025, o que representa queda de 11,08% do desmatamento em relação ao período anterior, de agosto de 2023 a julho de 2024, segundo estimativa do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgada no dia 30 de outubro, em Brasília (DF).
Esta é a terceira menor taxa da série histórica, que começou a ser medida em 1988, e o terceiro ano consecutivo de redução desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acumula 50% de declínio do desmatamento no bioma em 2025 na comparação com 2022.
“A redução do desmatamento na Amazônia pelo terceiro ano consecutivo nesta gestão e no Cerrado pelo segundo ciclo seguido é a confirmação de que a agenda ambiental é prioritária e transversal no governo do presidente Lula”, afirmou Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
O Cerrado também manteve a tendência de retração. A taxa oficial de desmatamento para o período foi de 7.235,27 km², o que equivale a uma queda de 11,49% em relação ao período de agosto de 2023 a julho de 2024. É o segundo ano consecutivo de redução, após cinco de alta (2019 a 2023).
Com o resultado, foi evitada a emissão de 733,9 milhões de toneladas de CO2e por desmatamento na Amazônia e no Cerrado desde 2022. O valor equivale às emissões relativas a 2022 de Espanha e França somadas.
“Estes números são fruto do compromisso do nosso governo em zerar o desmatamento em todo o país até 2030 e das ações implementadas desde o início de nossa gestão. Manter a floresta em pé é mais lucrativo que destruí-la”, afirmou o presidente Lula em postagem nas redes sociais.
Os números, segundo o governo, são fruto do compromisso em zerar o desmatamento em todo o país até 2030 e das ações implementadas desde o início da gestão do presidente Lula para cumprir essa meta. Entre elas, a reestruturação da governança ambiental, com a criação de Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento para a Amazônia, o Cerrado e demais biomas brasileiros, e a retomada da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas, que reúne 19 ministérios sob a presidência da Casa Civil e a secretaria-executiva do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA)
Evolução do desmatamento na Amazônia segundo a medição do Inpe.
Ibama e ICMBio
Na Amazônia, de 2023 a 2025 em comparação ao intervalo de 2020 a 2022, o Ibama ampliou a aplicação de autos de infração relacionados à flora em 81%, de multas, em 63%, e de embargos, em 51%, com crescimento de 49% da área embargada.
No Cerrado, o órgão aumentou, no período, a aplicação de autos de infração relacionados à flora em 24%, de multas, em 130%, e de embargos, em 38%, com elevação de 26% da área embargada.
Já o ICMBio realizou, na Amazônia, de agosto de 2024 a julho de 2025, 312 ações de fiscalização e lavrou 1.301 autos de infração e 816 embargos em unidades de conservação federais. No Cerrado, foram realizadas 91 operações, 402 autos de infração e 218 embargos.
Uiara é a primeira embarcação nacional projetada para o monitoramento das águas na Amazônia. Foto: Divulgação/ANA
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e a Marinha do Brasil, por meio do Comando do 9° Distrito Naval (Com9°DN), realizaram, nesta sexta-feira (31/10), a cerimônia de lançamento da Embarcação de Apoio Fluvial nº 1 (EApFlu1). Uiara, como foi batizada, é a primeira embarcação nacional projetada para o monitoramento das águas na bacia Amazônica, consolidando uma parceria inédita entre a agência, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) e a Marinha.
Construída em Simões Filho, na Bahia, a Uiara percorreu cerca de 2.600 milhas náuticas contornando o litoral brasileiro até chegar à capital amazonense navegando pelo rio Amazonas. O projeto foi executado por meio de um Acordo de Cooperação Técnica entre a ANA e a Marinha, que supervisionou e assessorou tecnicamente a construção, garantindo a qualidade da embarcação e os padrões navais.
Nos termos das parcerias estabelecidas, o Centro de Hidrografia e Navegação do Noroeste (CHN-9) será responsável pela operação, manutenção e guarda da embarcação, que será utilizada por profissionais da ANA, do SGB e da própria Marinha em atividades de monitoramento no contexto da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) e, eventualmente, em levantamentos hidrográficos.
Instrumentação hidrológica de ponta será usada para compreender o comportamento dos rios da Amazônia. Foto: Divulgação/ANA
Monitoramento e segurança hídrica na Amazônia
Responsável pela coordenação das atividades desenvolvidas pela Rede Hidrometeorológica Nacional, a ANA, em parceria com o Serviço Geológico do Brasil, desempenha o papel de monitoramento das águas do País.
Nesse sentido, visando a superar os desafios enfrentados para se operar as estações hidrológicas na Região Amazônica, a Agência contratou a construção de duas Embarcações de Apoio Fluvial, que permitirão um deslocamento rápido e seguro para as equipes responsáveis pelos trabalhos de monitoramento sobretudo nas regiões de difícil acesso, contribuindo para o monitoramento dos rios e a fiscalização dos usos de recursos hídricos no Brasil.
Equipada com instrumentação hidrológica de ponta, a Uiara permitirá a realização de medições de vazão, parâmetros de qualidade da água e transporte de sedimentos, informações fundamentais para compreender o comportamento dos rios da Amazônia e apoiar as previsões de cheias e secas na região. A embarcação também será essencial para a segurança da navegação e para o estudo da dinâmica geomorfológica dos rios da Amazônia Ocidental.
Além da Uiara, uma segunda embarcação, batizada de Jaci, em homenagem à deusa lua das tradições indígenas, está sendo construída no Estaleiro B3, em Simões Filho (BA). Ambas foram nomeadas em votação interna promovida pela ANA e pelo SGB em 2024, na qual “Uiara”, que significa “mãe d’água” ou “a dominadora”, recebeu 31,8% dos votos registrados. Por sua vez, “Jaci” ganhou 19,4% dos votos.
A ANA coordena as atividades desenvolvidas no âmbito da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) conforme estabelecido pela Lei nº 9.984/2000 . A Agência possui uma rede de monitoramento de níveis e vazões de rios e de chuvas em todo o Brasil.
São mais de 4,5 mil estações de monitoramento, sendo aproximadamente 1.900 estações fluviométricas (medem níveis e/ou vazões de rios) e 2.800 estações pluviométricas (medem chuvas).
A primeira clínica veterinária pública de Rondônia foi inaugurada no dia 29 de outubro em Porto Velho. De acordo com a Prefeitura da capital, o hospital vai oferecer estrutura completa para consultas, internações e cirurgias para pets de famílias de baixa renda, protetores independentes e animais em situação de rua.
A clínica está localizada no mesmo terreno do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e conta com equipamentos como canis, mesa cirúrgica, aparelho de raio-x, ultrassom e instrumentos para castração.
De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), o serviço estará disponível de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Para ter acesso aos serviços gratuitos, os tutores devem apresentar o CadÚnico. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Vinicius Miguel, os atendimentos serão feitos por ordem de chegada, com distribuição de senhas e triagem no local.
A gestão do espaço ficará sob responsabilidade da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária, escolhida em julho por meio de chamamento público.
Nome é em homenagem à deusa da Lua na mitologia tupi-guarani, companheira de Tupã, nome do antigo supercomputador. Foto: Divulgação/Inpe
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciam nesta sexta-feira (31) o nome escolhido para o novo supercomputador do Instituto: Jaci, em homenagem à deusa da Lua na mitologia tupi-guarani, companheira de Tupã, nome do antigo supercomputador.
A escolha foi feita por meio de uma votação aberta à sociedade, realizada pelas redes sociais do MCTI e do Inpe, entre 16 e 26 de outubro. Foram mais de 2 mil votos e quatro opções de nomes: Jaci, Arani, Aracy e Arandu, todos inspirados em línguas e mitologias de povos originários brasileiros.
A campanha intitulada ‘Um Nome para o Futuro’ simbolizou a integração entre ciência, tecnologia, cultura brasileira e participação pública.
O nome Jaci representa sabedoria, renovação e a força da natureza. O mito apresenta Jaci e Tupã como forças complementares, cuja união reflete o equilíbrio e a harmonia necessários para a existência.
Assim como Tupã, que simboliza o trovão e o poder dos céus, Jaci representa o brilho da Lua e o ciclo da noite, refletindo de forma simbólica a missão científica do Inpe.
Um salto tecnológico para a ciência e a sociedade
Instalada no Centro de Dados Científico do Inpe, em Cachoeira Paulista (SP), Jaci é uma máquina de alto desempenho que multiplica por até seis vezes a capacidade de processamento e amplia em 24 vezes o armazenamento de dados em relação ao Tupã. Com isso, o Brasil avança significativamente na geração de previsões de tempo e clima mais rápidas, detalhadas e confiáveis, fundamentais em um contexto em que os eventos climáticos extremos se acentuam.
A nova máquina permite rodar modelos de previsão de tempo e clima com resolução espacial de até 3 km, um salto em relação aos 20 km do supercomputador anterior. Essa melhoria permite identificar fenômenos locais, como ondas de calor em áreas específicas de grandes cidades, tempestades intensas em regiões delimitadas e efeitos de serras e vales sobre o clima.
Essa melhoria contribui diretamente para a emissão de alertas antecipados de desastres naturais e climáticos, oferecendo apoio estratégico à Defesa Civil, à agricultura, ao setor energético e à gestão pública, além de mais segurança para a população.
Projeto Risc e Monan: infraestrutura estratégica e soberania científica
Jaci é o primeiro supercomputador do Projeto Risc (Renovação da Infraestrutura de Supercomputação do Inpe), financiado pela Financiador de Estudos e Projetos (Finep) com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O projeto prevê a aquisição de outros três supercomputadores até 2028, além da modernização de toda a infraestrutura elétrica, de refrigeração e de armazenamento de dados e da implementação de uma usina de geração de energia elétrica fotovoltaica, tornando o centro de dados do Instituto mais eficiente e sustentável.
No centro desse avanço está o Monan (Modelo para Previsões de Oceano, Terra e Atmosfera), o modelo climático brasileiro de código aberto, desenvolvido para representar com mais fidelidade as condições tropicais e subtropicais da América do Sul. O Monan integra dados da atmosfera, dos oceanos, da superfície terrestre e da química atmosférica, permitindo antecipar ondas de calor, estiagens e enchentes com maior exatidão.
Com a máquina Jaci já em operação, o Inpe entra em uma nova fase da supercomputação científica no Brasil. Essa nova capacidade computacional fortalece as pesquisas sobre mudanças climáticas, permitindo a elaboração de cenários futuros que subsidiam as Comunicações Nacionais do Brasil à Convenção do Clima e a participação do País em iniciativas internacionais, como o CMIP do IPCC, consolidando o instituto como referência em ciência, tecnologia e soberania climática.
Glossário sobre o Baile de São Gonçalo foi criado por meio de pesquisa da UFMA. Foto: Reprodução/UFMA
Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) registrou, pela primeira vez, os termos e as expressões usados no Baile de São Gonçalo, em São Luís. A manifestação religiosa e cultural, trazida de Portugal no período colonial, permanece viva em comunidades da capital formadas por migrantes da Baixada Maranhense.
O estudo foi realizado pela mestra em Letras, Tatiana do Nascimento Cunha, e tem por foco a preservação dessa tradição que reúne dança, música e recitação de versos, geralmente, como pagamento de promessas ao santo São Gonçalo.
De acordo com Tatiana, “os termos utilizados no Baile de São Gonçalo são próprios dos participantes, e, com o glossário, o público em geral poderá compreender, de uma forma mais clara e mais pontual, sobre esses termos”.
A pesquisa de campo ocorreu em cinco bairros com forte presença de famílias oriundas da Baixada: Bairro de Fátima, Primavera Bom Jesus, Residencial Paraíso, Vila Bacanga e Vila Embratel.
Foram entrevistadas doze pessoas que exercem funções no Baile, como promissários, guias e dançantes. As conversas geraram mais de dez horas de gravações, posteriormente transcritas e analisadas com auxílio de ferramentas de inteligência artificial e softwares de processamento linguístico.
Foto: Reprodução/Instituto Nova Era – Maranhão
Glossário representa fortalecimento cultural
O resultado foi um glossário com 56 termos especializados, organizados em seis campos semânticos. O mais produtivo deles foi o campo da dança, com 38 palavras relacionadas aos passos e movimentos.
Consta entre os termos, “glancher”, passo no qual o casal gira com uma mão na cintura, e a outra, levantada; “capacete”, enfeite usado pelos dançantes; e “contraguia”, dançarino que conduz o grupo por dominar os rituais do baile.
A pesquisadora também identificou variações denominativas, ou seja, expressões diferentes usadas para o mesmo gesto ou objeto, dependendo da comunidade entrevistada.
“Para as comunidades onde a pesquisa foi feita, esses relatos representam o fortalecimento de suas raízes ligadas à cultura popular. Para o meio acadêmico, a pesquisa em terminologia cultural leva ao glossário, que é fundamental para salvaguardar termos próprios de um grupo social específico, que, nesse caso, são os participantes do Baile de São Gonçalo”, diz, Tatiana.
O trabalho contribui para a documentação de uma manifestação popular que se mantém viva, principalmente, pela oralidade e práticas comunitárias. A expectativa é que o glossário estimule novos estudos e ações de valorização do Baile de São Gonçalo em São Luís.
A pesquisa foi orientada pela professora do Curso de Letras – Português-Espanhol da UFMA, Georgiana Márcia Oliveira Santos, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
Projeto usa drones para proteger terras indígenas no Tumucumaque, no Amapá. Foto: Glauber Tiriyó/Acervo pessoal
Um projeto criado pelo estudante de direito Glauber Tiriyó, da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), está levando o uso de drones para comunidades indígenas no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. A iniciativa busca reforçar a vigilância do território com apoio da tecnologia e já foi reconhecida em premiações nacionais.
Chamado de Tarëno Enu — que significa “olho do indígena” na língua Tiriyó — o projeto une o conhecimento tradicional dos mais velhos com a habilidade dos jovens em operar equipamentos modernos. A proposta é preservar a floresta e garantir a segurança das comunidades que vivem na região.
Glauber, que é indígena do povo Tiriyó, iniciou o projeto em 2023 com um curso de operação de drones. Quinze indígenas participaram da primeira turma. Segundo ele, a ideia é valorizar o modo como os mais antigos faziam a vigilância a pé, conectando esse saber com a tecnologia.
“A gente garante a dignidade dos idosos e dos jovens. Os mais velhos conhecem os caminhos da floresta, e os jovens trazem a inovação”, explicou Glauber.
Encontro com lideranças indígenas do Amapá debate a COP 30
Por enquanto, a ação foi realizada apenas uma vez, devido ao alto custo dos equipamentos. O estudante também pretende criar um curso de formação de guarda-parques voltado exclusivamente para indígenas.
Mesmo com recursos limitados, o projeto já foi finalista do Prêmio Chico Vive e do Bioma Amazônia. Glauber chegou a apresentar a proposta ao ator Bruno Gagliasso, um dos idealizadores do prêmio.
“Fiquei muito feliz por ter sido finalista. Apresentei o projeto e convidei o Bruno para conhecer o processo de formação dos guarda-parques indígenas”, contou.
O Tarëno Enu também está entre os finalistas do Prêmio Na Prática: Protagonismo Universitário, que reconhece estudantes com impacto social e resultados acadêmicos e profissionais. A premiação acontece na próxima segunda-feira (3), em São Paulo.
Foto: Reprodução/ICMBio
Parque Tumucumaque
O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é a maior unidade de conservação de proteção integral do Brasil.
Criado em 2002, ele ocupa mais de 3,8 milhões de hectares nos estados do Amapá e Pará, abrangendo municípios como Almeirim, Calçoene, Laranjal do Jari, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio.
A área preserva uma das regiões mais remotas da Amazônia, com rica biodiversidade, trilhas, corredeiras e cachoeiras. O parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e recebe visitantes mediante autorização prévia.
O livro ‘Contos de Terror de Marabá‘, de autoria da professora Suellen Cordovil, do Instituto de Linguística, Letras e Artes (ILLA) reúne dez narrativas inspiradas nas visagens e assombrações tradicionais da região marabaense, no Pará.
O evento de lançamento foi realizado no dia 22 de outubro com apoio financeiro oriundo da modalidade de fomento à execução de ações culturais, conforme previsto no inciso I do art. 8º do Decreto nº 11.453/2023, celebrado com agente cultural selecionado nos termos da Política Nacional da Aldir Blanc (PNAB).
Como contrapartida à iniciativa de incentivo, foi promovida uma oficina de escrita criativa, voltada ao público interessado em literatura, especialmente nas áreas do gótico e do fantástico. O objetivo da atividade foi estimular a produção literária local e valorizar as manifestações culturais da Amazônia.
Segundo a autora, a inspiração para os contos surgiu a partir das histórias sobrenaturais relatadas por moradores da região.
“Essas narrativas fazem parte da nossa memória amazônica. Marabá é um lugar de mistérios e misturas culturais, e as visagens e assombrações são parte viva da identidade da região”, destacou Suellen Cordovil.
A pesquisadora explica que o livro nasceu a partir de reflexões e debates em seu grupo de pesquisa sobre os estudos do fantástico, o que a motivou a unir a ficção fantástica à vertente gótica marabaense. Os contos também apresentam elementos de eco-horror, explorando a relação entre o ser humano e o meio ambiente amazônico.
“O terror é constantemente vivido pela humanidade. Por isso, busquei retratar essas vivências sombrias e fantasmagóricas de Marabá, um território rico para o desenvolvimento dessa ambientação gótica”, ressaltou a autora.
Entre as principais influências para a obra está o livro ‘Visagens e Assombrações de Belém’, do escritor amazônico Walcyr Monteiro, que serviu como referência para a criação de uma narrativa voltada à cultura do Sul e Sudeste do Pará.
Suellen Cordovil agradeceu o apoio da Lei Paulo Gustavo, que viabilizou a publicação e distribuição do livro em escolas e bibliotecas da região.
“Eu espero que o leitor crie/escreva novas narrativas e lembre de suas vivencias com essas personagens sobrenaturais e monstruosas na obra. Eles poderão vislumbrar novos fins as histórias que escrevi, podendo ir mais além do que eu já escrevi ou imaginei”, concluiu.
O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Chamon, esteve na França para participar da 7ª Summit for Space Sustainability (Cúpula para a Sustentabilidade Espacial), realizada nos dias 22 e 23 de outubro, em Paris.
O evento, coorganizado pela Secure World Foundation, pelo Centre National d’Études Spatiales (CNES) e pelo Governo da França, reuniu especialistas e autoridades de diversos países para discutir soluções que garantem a sustentabilidade de longo prazo das atividades espaciais.
Durante a cúpula, a AEB e o CNES assinaram um acordo de cooperação para o desenvolvimento de uma base de lançamento de balões estratosféricos na região de Palmas (TO). A assinatura foi realizada pelo presidente da AEB, Marco Chamon, e pelo CEO interino do CNES, Lionel Suchet, e reforça o compromisso entre os dois países no avanço de tecnologias e pesquisas em ambiente de alta altitude.
Presidente da AEB, Marco Chamon, e CEO interino do CNES, Lionel Suchet, assinam acordo de cooperação. Foto: Divulgação/AEB
UFT participa do projeto
O projeto conta com a participação da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e integra um programa mais amplo da AEB, voltado à oferta de oportunidades frequentes de voos por balões à comunidade espacial brasileira e sul-americana.
A iniciativa também amplia a cooperação científica internacional, ao permitir que o CNES disponibilize novas oportunidades de voo em latitudes equatoriais — centradas em torno de 10° Sul — para pesquisadores europeus.
Na segunda quinzena de agosto de 2023, o então reitor, professor Luís Eduardo Bovolato, participou da delegação brasileira (composta por representantes da AEB e da UFT) em visita técnica à base de balões estratosféricos da cidade canadense de Timmins (na província de Ontário).
O objetivo da visita foi acompanhar as atividades de lançamento de balões estratosféricos conduzidas pela Agência Espacial Canadense (CSA) e pela Agência Espacial Francesa (CNES) e explorar possibilidades de cooperação espacial e tecnológica.
Para o coordenador de Segmento Solo da AEB, Carlos Eduardo Quintanilha, o acordo marca o retorno do Brasil às operações com balões estratosféricos de grande porte. Segundo ele, essa modalidade de voo é uma alternativa eficaz e econômica para testar tecnologias e sensores que poderão ser utilizados em satélites.
“Os dados coletados em grandes altitudes são fundamentais para o estudo do acoplamento atmosfera-ionosfera — a interface entre o espaço sideral e o geoespaço — e contribuem para o aprimoramento da modelagem científica da circulação global, beneficiando diretamente a previsão de tempo e clima”, destacou.
Quintanilha acrescentou que o acesso aos voos do CNES permitirá à AEB lançar anúncios de oportunidades para pesquisadores de todo o país, incentivando experimentos e parcerias com grupos internacionais.
Ele ressaltou ainda a importância da UFT na implantação do Centro de Operações com Balões da Região Amazônica (COBRA). “Essa cooperação tem potencial para gerar resultados significativos, especialmente em modelos hidroagrometeorológicos que beneficiarão a região de Palmas e seu entorno”, completou.
Brasil sediará o próximo encontro
Na mesma ocasião, a AEB firmou um acordo com a Secure World Foundation para que o Brasil sedie, em 2026, a oitava edição da Summit for Space Sustainability. O evento é um dos principais fóruns internacionais dedicados à discussão de práticas e políticas que asseguram o uso responsável e duradouro do ambiente espacial. O acordo foi assinado pelo presidente da AEB, Marco Antonio Chamon, e pelo diretor executivo da Secure World Foundation, Peter Martinez.
Para Chamon, o tema da sustentabilidade espacial é cada vez mais urgente diante do aumento de satélites em órbita e da crescente geração de detritos espaciais. Ele lembrou que, em 2023, o satélite Amazonia 1 foi atingido por uma pequena peça de lixo espacial, o que reforçou a importância de manter atenção constante sobre o assunto.
“O espaço exterior tornou-se indispensável em nosso cotidiano — da meteorologia às comunicações —, mas sua preservação é essencial para a continuidade dessas atividades”, afirmou o presidente da AEB.
Foto: Divulgação/AEB
Segundo Chamon, a realização da próxima edição do Summit for Space Sustainability no Brasil reforça o papel do país nas discussões globais sobre o tema. “Sediar esse evento coloca o Brasil no centro das discussões internacionais sobre sustentabilidade espacial”, concluiu.
A presença da AEB na 7ª Summit for Space Sustainability destaca o protagonismo do Brasil nas discussões globais sobre sustentabilidade espacial e cooperação internacional em ciência e tecnologia.
AEB
A Agência Espacial Brasileira (AEB), órgão central do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (Sindae), é uma autarquia pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira.
Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.