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Clubes de futebol lançam camisas oficiais em homenagem ao Círio de Nazaré 2025; conheça os times

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Modelos com camisas em homenagem ao Círio de Nazaré em 2024. Foto: Jorge Palheta/DFN

No dia 16 de setembro de 2025, a Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) vai apresentar as camisas oficiais em homenagem ao Círio de Nazaré, em parceria com os clubes Remo, Paysandu, Tuna Luso Brasileira e a novidade deste ano: o Vasco da Gama. A iniciativa faz parte do Projeto Selo do Círio e busca unir tradição, fé e esporte em um mesmo evento.

Leia também: Vasco lançará uniforme em alusão ao Círio de Nazaré em Belém

A cerimônia de lançamento ocorrerá na Casa de Plácido, localizada no estacionamento da Basílica-Santuário, em Belém (PA), e marcará uma edição especial, já que será a primeira vez que um clube de fora do Pará participa oficialmente da homenagem.

O Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, estreia nesta edição do projeto com uma camisa exclusiva, reforçando a importância do Círio de Nazaré para além das fronteiras do estado.

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Enquanto isso, os três principais clubes paraenses se reúnem pela quinta vez consecutiva em uma parceria que começou em 2021 e que já se tornou aguardada pelos torcedores e devotos.

A participação das quatro equipes tem como objetivo fortalecer os laços entre futebol, cultura popular e religiosidade, ao mesmo tempo em que contribui com a preservação e a valorização da festa.

Da esquerda para direita, camisas do Paysandu, Remo e Tuna Lusa do Círio de Nazaré 2022. Foto: Divulgação

Histórico dos clubes paraenses

Paysandu

Nomes do clube: Paysandu Sport Club, Papão, Papão da Curuzu
Nomes dos torcedores: Fiel bicolor, Papão bicolor, Fiel
Fundação: 2 de fevereiro de 1914
Mascote: Lobo mau (bicho-papão)
Técnico: Luizinho Lopes

Instagram: @paysandu

Títulos

Campeonato Paraense: 1920, 1921, 1922, 1923, 1927, 1928, 1929, 1931, 1932, 1934, 1939, 1942, 1943, 1944, 1945, 1947, 1956, 1957, 1959, 1961, 1962, 1963, 1965, 1966, 1967, 1969, 1971, 1972,1976, 1980, 1981, 1982, 1984, 1985, 1987, 1992, 1998, 2000, 2001, 2002, 2005, 2006, 2009, 2010, 2013, 2016, 2017, 2020, 2021 e 2024
Campeonato Brasileiro (Série B): 1991, 2001
Copa dos Campeões: 2002
Copa Verde: 2016, 2018, 2022, 2024, 2025
Copa Norte: 2002
Super Copa Grão-Pará: 2025
Torneio Início do Pará: 1917, 1926, 1929, 1930, 1932, 1933, 1937, 1938, 1944, 1957, 1958, 1962, 1965, 1966, 1967, 1969 e 1970

Remo

Nomes do clube: Clube do Remo, Leão Azul, Leão da Amazônia, Clube de Periçá
Nomes dos torcedores: Azulino, Remista, Fenômeno Azul
Fundação: 5 de fevereiro de 1905, como Grupo do Remo, voltado para atividades náuticas
Mascote: Leão Malino
Técnico: Daniel Paulista

Instagram: @clubedoremo

Títulos

Copa Verde: 2021
Campeonato Brasileiro – Série C: 2005
Campeonato Norte Nordeste: 1971
Taças Norte: 1968, 1969, 1971
Campeonatos Paraense: 1913, 1914, 1915, 1916, 1917, 1918, 1919, 1924, 1925, 1926, 1930, 1933, 1936, 1940, 1949, 1950, 1952, 1953, 1954, 1960, 1964, 1968, 1973, 1974, 1975, 1977, 1978, 1979, 1986, 1989, 1990, 1991, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2003, 2004, 2007, 2008, 2014, 2015, 2018, 2019 e 2022, 2025
Torneios Início do Campeonato Paraense: 1920, 1921, 1922, 1923, 1925, 1928, 1934, 1939, 1945, 1952, 1955, 1956, 1959, 1964
Torneio Quadrangular de Salvador: 1967
Torneio Pará-Goiás: 1972
Torneio Pará-Maranhão: 1977
Torneio Pará-Ceará: 1993

Tuna Luso

Nomes do clube: Tuna Luso Brasileira, Elite do Norte, Águia guerreira
Nomes dos torcedores: Tunante, Cruzmaltino
Fundação: 1 de janeiro de 1903
Mascote: Águia
Técnico: Ignácio Neto

Instagram: @tunaluso.oficial

Títulos

Campeonato Brasileiro – Série B: 1985
Campeonato Brasileiro – Série C: 1992
Campeonato Paraense: 1937, 1938, 1941, 1948, 1951, 1955, 1958, 1970, 1983 e 1988
Campeonato Paraense – Série B1: 1941, 2020
Copa Grão Pará: 2024
Torneio Início do Pará: 1941, 1942, 1943, 1947, 1948, 1953, 1983, 1990, 1991 e 1997
Taça Cidade de Belém: 2007

Homenagens dos clubes

Remo e Paysandu foram os primeiros a aderir ao Projeto Selo do Círio em 2021, lançando camisas que incorporavam elementos da devoção a Nossa Senhora de Nazaré. Já em 2022, a Tuna Luso Brasileira passou a integrar o projeto, ampliando a representatividade dos clubes locais na homenagem.

Ao longo dos anos, cada equipe tem se destacado ao lançar peças que unem identidade esportiva com símbolos do Círio, como a corda, a berlinda e a Basílica de Nazaré. Esse histórico mostra que a parceria já se consolidou como parte da programação cultural e religiosa que antecede a grande procissão. Em 2025, Remo, Paysandu e Tuna seguem unidos nesse projeto.

O Clube do Remo destaca, em seu novo uniforme, ilustrações que valorizam a berlinda, a Basílica e elementos da região amazônica, sem deixar de colocar Nossa Senhora de Nazaré como centro da homenagem.

O Paysandu, por sua vez, apresenta uma camisa que simboliza devoção, cultura e tradição, destacando-se pela expectativa gerada entre os torcedores bicolores e devotos da padroeira.

A Tuna Luso Brasileira traz em sua edição elementos inéditos que unem tradição e modernidade, exaltando a marca do clube e a devoção a Nossa Senhora, em mais uma participação que reforça sua ligação com a cultura paraense.

Leia também: Futebol na Amazônia #2: saiba quais são os principais times e campeonatos que movimentam o Pará

Vasco da Gama se une ao Círio

A presença do Vasco da Gama em 2025 é um marco histórico para o projeto. Em janeiro deste ano, a diretoria do clube carioca manifestou interesse em integrar a homenagem, tornando-se a primeira equipe de fora do Pará a lançar uma camisa oficial com o Selo do Círio.

Imagem colorida mostra jogador do Vasco da Gama, Paulo Henrique, comemorando vitória e apontando para o céu. O contexto é para falar do clube e o Círio de Nazaré
Vasco da Gama, clube do Rio de Janeiro, será o primeiro clube a ter uma camisa em homenagem ao Círio de Nazaré. Foto: Matheus Lima – Vasco da Gama

O uniforme vascaíno chega em tom branco predominante, com detalhes dourados que simbolizam luz, vitória e devoção. No peito, o escudo do clube divide espaço com uma delicada ilustração de Nossa Senhora de Nazaré, criando uma identidade visual que une tradição religiosa e esportiva. As imagens no entanto, não foram divulgadas.

Para reforçar o simbolismo da homenagem, o Vasco anunciou que a produção inicial será limitada a 127 unidades, número que faz alusão aos 127 anos de fundação do clube, comemorados em 2025. As camisas serão disponibilizadas inicialmente no site oficial do Círio, com vendas a partir de 17 de setembro, e posteriormente chegarão às lojas oficiais do clube em todo o Brasil. O gesto simboliza o estreitamento de laços entre o clube carioca e a comunidade paraense, além de demonstrar reconhecimento à importância cultural e religiosa do Círio.

Preço, vendas e destino da renda

As camisas oficiais do Círio de Nazaré 2025 terão o preço de R$ 199,00, tanto para os clubes paraenses quanto para o Vasco. Os torcedores poderão adquirir os modelos do Remo e do Paysandu em suas lojas oficiais, enquanto a camisa da Tuna estará disponível na sede do clube, localizada na Avenida Almirante Barroso, em Belém. Já os vascaínos terão acesso às unidades limitadas inicialmente pelo site oficial do Círio, com possibilidade de compra em todo o território nacional.

Parte da renda obtida com as vendas será destinada às obras sociais da Paróquia de Nazaré e à própria realização da festa. Essa contribuição tem sido uma característica importante do projeto desde a sua criação, já que garante recursos para ações sociais voltadas a comunidades carentes, creches, espaços pedagógicos e programas de capacitação de jovens. Além disso, auxilia na preservação da Basílica-Santuário e na manutenção de atividades ligadas à Arquidiocese de Belém.

O Selo do Círio e a dimensão cultural da festa

O Selo do Círio foi criado em 2017 como uma certificação de qualidade e autenticidade para produtos e serviços com temática relacionada à festa de Nossa Senhora de Nazaré. Desde então, a Diretoria da Festa de Nazaré tem utilizado o selo em diferentes itens, garantindo que cada produto carregue elementos de originalidade e compromisso com a preservação da cultura local. A iniciativa tem se mostrado relevante ao unir a religiosidade com o universo esportivo, ampliando o alcance da festa para novos públicos.

O Círio de Nazaré é considerado a maior manifestação religiosa do estado do Pará e uma das maiores do Brasil, reunindo milhões de pessoas todos os anos no segundo domingo de outubro, em Belém. Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, a procissão mobiliza não apenas fiéis e devotos, mas também diferentes setores da sociedade, como o esporte, a cultura e o comércio.

Nesse contexto, a participação dos clubes Remo, Paysandu, Tuna e Vasco fortalece ainda mais o elo entre tradição religiosa e identidade popular, fazendo com que a festa alcance dimensões ainda maiores em 2025.

Café de Açaí tem potencial antidiabético e valor sustentável, aponta pesquisa da Ufam

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Café de açaí apresenta potencial antidiabético. Foto: Celso Lobo/Alepa

O café de açaí, preparado a partir das sementes torradas do fruto amazônico (Euterpe sp.), é uma bebida da Região Norte que, aos poucos, tem conquistado novos consumidores também em outras partes do Brasil. Embora conhecido popularmente como uma alternativa natural para auxiliar no controle da diabetes e da hipertensão, até recentemente faltavam pesquisas científicas que comprovassem sua eficácia e segurança.

Essa lacuna começou a ser preenchida com a defesa da 163ª dissertação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Amazonas (PPGCF/Ufam), apresentada no dia 30 de julho de 2025 pelo mestrando Wilibran Candido de Barros, sob a orientação do professor Emersom Silva Lima.

O trabalho, intitulado ‘Avaliação da Toxicidade e Efeitos Antidiabéticos de um Extrato Aquoso das Sementes Torradas de Açaí (Euterpe sp.)‘, analisou os impactos do consumo do café de açaí em testes laboratoriais e, segundo os pesquisadores, trouxe resultados promissores para a ciência e para a valorização da biodiversidade amazônica.

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Resultados preliminares animadores

De acordo com os experimentos conduzidos ao longo de 2024 e 2025, não foram identificados indícios de toxicidade nos testes in vitro e in vivo realizados com o extrato obtido a partir das sementes. Mais do que isso, em camundongos diabéticos, a bebida demonstrou redução significativa dos níveis de glicose no sangue, reforçando relatos tradicionais de seu efeito hipoglicemiante.

Para o professor Emersom Lima, o estudo é um marco importante para a ciência amazônica.

“Trata-se de um trabalho pioneiro, que não apenas confirma a segurança do consumo do café de açaí, mas também abre caminho para novas pesquisas sobre seu potencial como alimento funcional de origem amazônica”, explicou.

O pesquisador destacou ainda que os próximos passos envolvem estudos clínicos em seres humanos, algo considerado viável devido ao histórico de consumo do produto. “O processo de testagem em humanos é relativamente mais simples, pois já existe um uso tradicional consolidado. A etapa seguinte será desenhar um modelo de estudo clínico, submetê-lo ao Comitê de Ética e avaliar efeitos como o hipoglicemiante em indivíduos”, acrescentou.

O aluno responsável pela dissertação, Wilibran Barros, lembrou que o nome “café de açaí” é uma denominação popular, já que o grão não contém cafeína.

“A realidade é que o termo é bastante empregado pelas populações ribeirinhas. O que nos levou a investigar essa bebida foi justamente o uso tradicional, especialmente no Pará, onde há relatos de que ajudaria a reduzir a glicemia. A partir disso, estruturamos um projeto científico para comprovar essa hipótese”, disse.

Leia também: Produção de café de açaí no Amapá reaproveita mais de 200 toneladas de caroços do fruto

Café de Açaí pode ser comercializado em pó, como comumente é comercializado o café. Foto: Wilibran Barros/Acervo pessoal

O desenvolvimento da pesquisa, segundo ele, envolveu desafios como a adaptação da semente para se tornar semelhante a um pó de café, o cumprimento de exigências éticas para estudos em animais e a colaboração entre instituições.

Parte dos testes foi conduzida no laboratório BIOPHAR, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Ufam, e outros, como o ensaio de toxicidade em modelo Zebrafish, foram realizados em parceria com a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).

Valorização da biodiversidade e aproveitamento sustentável

Além dos resultados relacionados à saúde, o estudo chama atenção para a dimensão ambiental e econômica do aproveitamento das sementes de açaí. Estima-se que elas representem cerca de 80% do fruto, sendo normalmente descartadas como resíduo após a produção da polpa. Esse descarte em larga escala chega a se tornar um problema ambiental, uma vez que os caroços acumulados podem gerar impactos negativos.

Nesse contexto, a pesquisa evidencia que o café de açaí pode ter um destino mais nobre.

“O café de açaí está sendo um uso mais nobre porque é um alimento, e esse tipo de pesquisa vai valorizar com certeza o uso desse produto”, destacou o professor Emersom Lima.

Ele ressalta que o estudo fortalece a possibilidade de regulamentação do produto junto à vigilância sanitária, já que a comprovação científica é requisito para empresas que pretendem comercializá-lo de forma oficial.

O mestrando Wilibran complementa que a bebida também pode ser enquadrada como alimento funcional, agregando benefícios à saúde humana.

“As expectativas relacionadas a essa pesquisa são que, a partir da comprovação da atividade antidiabética, possamos elaborar um produto que valorize o caroço de açaí, gerando impacto positivo tanto para a saúde, com o controle glicêmico e a presença de fibras e antioxidantes, quanto para o meio ambiente, ao evitar que esse material seja descartado”, afirmou.

Apresentação de mestrado sobre o potencial do café de açaí
Apresentação de mestrado de Wilibran Corrêa. Foto: Reprodução/UFAM

O pesquisador lembra ainda que o aproveitamento da semente gera valor econômico adicional à cadeia produtiva do açaí, trazendo oportunidades para comunidades locais. Além disso, reforça a importância de unir conhecimentos tradicionais e metodologia científica para fortalecer a credibilidade de produtos regionais.

Um futuro promissor para o café de açaí

Apesar de ser um estudo inicial, a dissertação da Ufam já oferece bases sólidas para novas investigações. O orientador e o aluno afirmaram que a continuidade da pesquisa está nos planos, com a perspectiva de transformar os dados obtidos em publicações internacionais e avançar para uma tese de doutorado.

A meta é aprofundar a análise de formulações e, futuramente, realizar ensaios clínicos em humanos que possam confirmar os benefícios identificados.

“Apesar desses resultados preliminares serem bem promissores, tanto em relação à segurança quanto em relação à eficácia, é fundamental que outros estudos sejam realizados para garantir total confiabilidade. Nossa ideia é continuar com pesquisas mais focadas, especialmente em ensaios clínicos”, destacou Emersom Lima.

Vasco lançará uniforme em alusão ao Círio de Nazaré em Belém

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Foto: Matheus Lima/CRVG

O Club de Regatas Vasco da Gama (CRVG) vai lançar um uniforme especial em homenagem ao Círio de Nazaré, tradicional manifestação religiosa que ocorre todos os anos em Belém, capital do Pará. A apresentação foi confirmada pelo clube e pela Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) para 16 de setembro, na Casa de Plácido, espaço do complexo de Nazaré dedicado à acolhida de romeiros e visitantes.

O anúncio marca a participação do Vasco, um clube carioca, ao lado de Remo, Paysandu e Tuna Luso, equipes paraenses que historicamente lançam coleções alusivas ao Círio.

Leia também: Futebol na Amazônia #2: saiba quais são os principais times e campeonatos que movimentam o Pará

Será a primeira vez que um time de fora do estado do Pará participa com uma camisa dedicada ao Círio de Nazaré. Os detalhes do uniforme, no entanto, só serão divulgados no dia.

O Círio é realizado no segundo domingo de outubro e está entre as maiores procissões católicas do país e do mundo, com reconhecimento nacional e internacional. No Brasil, a festividade é registrada como bem cultural pelo IPHAN e, em nível global, integra desde 2013 a Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO.

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Vasco e a Amazônia

A aproximação do clube com manifestações culturais da Amazônia não é recente. Em 2023, no lançamento de uma camisa, o Vasco desenvolveu uma campanha fotográfica em Manaus, no Amazonas, com torcedores locais. O ensaio destacou paisagens, elementos ribeirinhos e cenários naturais, estabelecendo um diálogo visual com o imaginário amazônico e com a base de torcedores no Norte do país.

A campanha foi registrada em pontos simbólicos da capital amazonense, incluindo o atelier do artista Cláudio Andrade e paisagens às margens dos rios Negro e Ariaú, além de embarcações ligadas ao Amazônia Jungle Hotel.

Vasco já lançou uniforme em ensaio na amazônia
Foto: Arquivo/CRVG

Conheça três peculiaridades de estádios de futebol construídos na Amazônia

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Foto: Felipe Cold/Wikimedia Commons

O Norte do Brasil, uma região vasta e rica em diversidade cultural e geográfica, oferece uma perspectiva única sobre o futebol, onde os estádios se tornam mais do que simples campos de jogo. Eles são reflexos do ambiente e da identidade de suas cidades, abrigando histórias e características que os distinguem de qualquer outro lugar do país, inclusive algumas peculiaridades.

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Apesar de a região não ser tradicionalmente um polo de grandes clubes em competições nacionais de elite, seus estádios se destacam por características únicas que capturam a atenção e a imaginação.

De arena cercada pela natureza a campo cortado por linha imaginária, o futebol amazônico revela sua essência em detalhes singulares:

Afonsão: a aventura do gandula aquático

No interior do Amazonas, em Careiro, o Estádio Antônio Afonso Jacob de Souza, carinhosamente apelidado de Afonsão, oferece uma experiência que é a cara do Norte. Sua localização transforma cada partida em uma aventura inusitada. A peculiaridade mais notável do local é o gandula aquático. Devido à proximidade com o rio, é quase inevitável que a bola caia lá durante um jogo.

Saiba mais: ‘Gandula aquático’, uma peculiaridade do futebol amazonense no estádio Afonsão

estádio de futebol afonsão, no amazonas, é perto do rio
Afonsão é tão próximo do rio, que agora possui um gandula que navega em canoa para buscar as bolas que acabam na água. Foto: Janailton Falcão

Zerão: dividindo hemisférios em campo

Em Macapá, capital do Amapá, o Estádio Milton de Souza Corrêa, mais conhecido como Zerão, carrega uma distinção geográfica que o torna um dos mais singulares do mundo. O campo de jogo está posicionado exatamente sobre a Linha do Equador, o que faz com que a linha que divide o campo ao meio seja a própria linha imaginária que separa os hemisférios Norte e Sul. Essa característica única transforma uma partida de futebol em um evento global em miniatura, onde cada equipe joga em um hemisfério diferente.

Saiba mais: Estádio Zerão: o único do mundo com linha central na Linha do Equador

Meio campo do ‘Zerão’ está localizado bem na linha do Equador que divide o hemisfério norte e sul do planeta. Foto: Rafael Moreira/ Sedel Amapá

Mangueirão: um monumento histórico

Em Belém, capital do Pará, ergue-se o Estádio Jornalista Edgar Proença. Conhecido como Estádio Olímpico do Pará, é popularmente chamado de Mangueirão, um dos pilares do futebol na Região Norte. Inaugurado em 1978, o Mangueirão não só é o estádio mais antigo em funcionamento da região entre os grandes palcos esportivos, mas também é um verdadeiro monumento à paixão pelo futebol paraense e amazônico. Ao longo de mais de quatro décadas, o estádio foi palco de inúmeros momentos históricos, testemunhando a evolução do esporte e abrigando os grandes clássicos locais, em especial o emocionante Re-Pa, o confronto entre Remo e Paysandu.

Saiba mais: Mangueirão, conheça o maior estádio da Região Norte

Estádio do Mangueirão em Belém, capital do Pará, com cadeiras vazias, mostra pintura que remete a bandeira do estado do Pará. Foto: Hiarley Marques/ Wikimedia Commons

Cuíca-de-colete: marsupial raro no Brasil é encontrado na Amazônia Legal

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Cuíca-de-colete (Caluromysiops irrupta). Foto: Marcio Martins

A cuíca-de-colete (Caluromysiops irrupta), também conhecido como cuíca ou cuíca-amazônica, é um marsupial da família Didelphidae que habita a região amazônica e a única descrita para o gênero Caluromysiops.

O nome popular “cuíca-de-colete” refere-se à coloração distinta de sua pelagem, que pode se assemelhar a um colete preto nas costas.

Leia também: “Muita água, xixica”: conheça espécie de marsupial que viralizou por conta de áudio

Trata-se de um marsupial raro e noturno, que habita as florestas amazônicas do Brasil, Peru e Colômbia. A espécie está em risco crítico de extinção no Brasil.

O único registro, até então, que existia da espécie no país datava de 1964, depositado no Museu de Zoologia da USP. Porém, em dezembro de 2013, a bióloga da USP Júlia Laterza Barbosa encontrou um exemplar durante um resgate de fauna em Paranaíta, município de Mato Grosso, localizado dentro da Amazônia Legal. O caso foi publicado no periódico científico De Gruyter.

Cuíca-de-colete Foto: Júlia Laterza Barbosa
Cuíca-de-colete registrada em 2013. Foto: Júlia Laterza Barbosa

Distribuição e habitat

A cuíca-de-colete é encontrada em partes do oeste do Brasil, sudeste do Peru e no extremo sul da Colômbia. No Brasil, registros da espécie foram feitos no alto Rio Jaru, em Rondônia, e mais recentemente em Paranaíta, no Mato Grosso. A ocorrência da espécie na Colômbia é possivelmente decorrente de animais introduzidos.

Como um animal de hábitos noturnos e arborícolas, a cuíca-de-colete vive em árvores, onde encontra abrigo e alimento. A espécie é considerada solitária.

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Características

A cuíca-de-colete é um animal de porte médio, com um comprimento que varia entre 250 mm e 330 mm, e a cauda tem entre 310 mm e 340 mm. A cauda é preênsil, o que auxilia o animal em seu modo de vida nas árvores.

Embora a cuíca-de-colete seja um marsupial, o que significa que as fêmeas possuem um marsúpio para abrigar e nutrir os filhotes, como os cangurus, a alimentação dessa espécies não é amplamente documentada. Informações sobre os hábitos reprodutivos também são limitados.

Status de conservação

A situação de conservação da cuíca-de-colete é uma preocupação. A espécie é classificada como “Criticamente em Perigo” (CR) pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no âmbito do Brasil, e pela Portaria MMA n.º 444/2014. Essa classificação reflete a raridade da espécie e a falta de mais registros em território brasileiro.

Leia também: Nova espécie de marsupial é descoberta em Parque Nacional na Amazônia peruana

Curiosidades

  • A cuíca-de-colete é considerada o único marsupial brasileiro classificado como criticamente ameaçado de extinção.
  • O único registro da espécie no Brasil, por um longo período, foi uma pele datada de 1964, depositada no Museu de Zoologia da USP.
  • Um novo registro da cuíca-de-colete foi feito na Amazônia brasileira, após 50 anos sem ser observada no país.

A falta de informações sobre sua ecologia e biologia dificulta os esforços de proteção, mas a redescoberta da espécie em território brasileiro reacendeu a esperança de que medidas mais eficazes possam ser tomadas no futuro.

A conservação da cuíca-de-colete e de outras espécies ameaçadas depende de um esforço conjunto da comunidade científica, do governo e da sociedade. O conhecimento aprofundado sobre a biologia e a ecologia da espécie pode orientar ações de conservação mais eficazes e, no futuro, permitir que seja retirada da lista de espécies ameaçadas.

Dia da Amazônia: três temas que merecem reflexão sobre o futuro da região

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Indígena com a bandeira do Brasil. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

A Amazônia concentra alguns dos maiores desafios sociais, econômicos e ambientais do Brasil. A região abriga mais de 30 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e ocupa uma posição estratégica por compartilhar 11 mil quilômetros de fronteiras terrestres com oito países da América do Sul.

Essa localização a torna vulnerável ao tráfico internacional de drogas, à exploração ilegal de recursos naturais e à presença de organizações criminosas. Além disso, comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas convivem diariamente com dificuldades de acesso a serviços básicos como saúde, educação, alimentação saudável e água potável.

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O Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, levanta uma série de questões sobre a região, mas apesar do foco em 2025 ser grande, muito em função da realização da COP 30, três temas poderiam ganhar mais visibilidade nos debates sobre os problemas estruturais amazônicos: segurança pública; alimentação sustentável e água potável; e direitos humanos.

Os temas se interligam e revelam alguns dos principais entraves para o desenvolvimento sustentável e para a preservação da floresta e de seus povos.

Segurança pública

A segurança pública é um dos temas mais críticos na Amazônia. Em 2024, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou que facções criminosas atuam em 260 dos 772 municípios da Amazônia Legal, evidenciando o avanço do crime organizado na região. Essas organizações exploram rotas fluviais e terrestres, utilizadas tanto para o tráfico de drogas como para contrabando e transporte de minérios extraídos de forma ilegal.

Leia também: Conflito por território é principal gerador de violência na Amazônia, aponta estudo

No campo do combate, operações como a operação Ágata Amazônia, coordenada pelo Ministério da Defesa, intensificaram a presença das Forças Armadas em mais de 600 mil quilômetros quadrados de fronteira, com foco no enfrentamento ao garimpo ilegal e ao tráfico de drogas. Já a Polícia Rodoviária Federal informou que, em 2025, realizou a maior apreensão de ouro do garimpo ilegal de sua história, interceptando 143 quilos do minério nas rodovias do Pará e de Roraima.

Leia também: Explosão do tráfico de drogas na Amazônia atrai a atenção do mundo

garimpo na amazônia
Garimpo ilegal em terras indígenas no Pará em agosto de 2021. Foto: Reprodução/Polícia Federal

Um caso emblemático também marcou a pauta de segurança: os assassinatos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, em junho de 2022, no Vale do Javari. Em 2025, o Ministério Público Federal denunciou Ruben Dario Villar, conhecido como “Colômbia” e que apontado como mandante do crime. Sobre o episódio, Beto Marubo, membro da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) declarou ao jornal The Guardian que “a ausência do Estado possibilita a consolidação de regiões controladas por traficantes”, reforçando a necessidade de maior presença governamental em áreas isoladas.

Leia também: Livro póstumo de Dom Phillips propõe esforço coletivo para salvar a Amazônia

Alimentação sustentável e água potável

A insegurança alimentar e hídrica é outro ponto de destaque. Um estudo realizado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em 2024 mostrou que 69,3% dos domicílios urbanos de Itapiranga (AM) vivem algum grau de insegurança alimentar, e que 46,2% sofrem insegurança hídrica. A pesquisa concluiu que a falta de acesso à água potável está diretamente associada às formas mais graves de insegurança alimentar.

Em nível regional, dados da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) apontam que apenas 60% da população amazônica tem acesso à água potável e somente 14% dispõe de esgotamento sanitário adequado. Essa precariedade compromete a saúde pública e amplia a dependência de políticas emergenciais.

Para enfrentar o problema, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social informou, em maio de 2025, que ampliou o Programa Cisternas para comunidades ribeirinhas e indígenas, instalando sistemas que captam e armazenam água da chuva.

Outro ponto chave é sobre a caça de subsistência de comunidades tradicionais, necessária para a sobrevivência dessas pessoas, mas que deve ter a atenção de ações educativas, para que não exceda aquilo que a floresta pode oferecer sem ser explorada de modo prejudicial.

Leia também: Estudo aponta que caça de subsistência tem papel importante para segurança alimentar de comunidades tradicionais

Direitos humanos

A violação de direitos humanos na Amazônia está relacionada à exploração ilegal, à violência contra defensores da floresta e à falta de políticas públicas universais. A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece, desde 2010, o acesso à água potável e ao saneamento como direitos humanos essenciais. No entanto, relatórios da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) indicam que esses direitos ainda não são plenamente garantidos para indígenas, quilombolas e ribeirinhos da Amazônia.

A atuação de movimentos sociais tem sido fundamental. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), por exemplo, denuncia constantemente ameaças à vida e ao território de lideranças locais. Isso porque muitas vezes os crimes ambientais (como o garimpo, desmatamento, etc) estão ligados à violações de direitos, principalmente de populações tradicionais na região.

‘Gandula aquático’, uma peculiaridade do futebol amazonense no estádio Afonsão

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Estádio Afonsão, no Careiro Castanho. Foto: Janailton Falcão

O Estádio Antônio Afonso Jacob de Souza, conhecido como Afonsão, está localizado no município de Careiro Castanho, no Amazonas. Inaugurado em 1994, recebeu esse nome em homenagem ao ex-prefeito Antônio Afonso Jacob de Souza. Mas sua fama não é por conta do nome.

O estádio possui capacidade estimada de cerca de 8 mil lugares, o que atende aproximadamente um quinto da população do município (em torno de 30.792 habitantes, conforme o Censo Demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística – IBGE).

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Sua infraestrutura inclui vestiários, área destinada à imprensa e um campo de futebol para competições locais e regionais. E o Afonsão tem sido utilizado, predominantemente, para jogos amadores e competições como a ‘Copa dos Rios’ e a ‘Copa Afonsão’ — esta última reunindo dezenas de equipes locais anualmente.

O Rio Castanho e o cenário único do Afonsão

A fama do Afonsão surgiu por conta de uma característica peculiar. O estádio foi erguido em rara estrutura: rodeado por corpos d’água, especialmente o Rio Castanho. E ele apresenta uma proximidade tão estreita com as margens que, em alguns setores, o rio envolve três lados da praça esportiva.

Essa configuração geográfica lhe confere certa singularidade: durante os jogos, se uma bola for chutada com força além do gramado, pode parar diretamente nas águas do rio. Nesse cenário, o gandula designado, Dione Santos Souza, conhecido localmente como “Vinte e Um”, utiliza uma canoa e um remo para recuperar os artefatos esportivos. O procedimento o destaca como único “gandula aquático” no âmbito nacional.

Dione descreve sua rotina com entusiasmo:

“Trabalhamos no esporte por amor e quando disseram que precisava ser gandula, eu aceitei na hora. Pra mim é um prazer buscar a bola nas águas de uma das nossas maiores riquezas, que são nossos rios. Pego a canoa e vou remando atrás da bola porque o espetáculo lá no campo não pode ser interrompido”.

Ele acrescenta: “Ser gandula entrou de uma tal forma na minha vida, que agora não consigo me imaginar sem minha canoa, remo e indo buscar as bolas. Sinto muito orgulho de trabalhar no Rio Castanho, que é tão importante para o povo da nossa cidade”.

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gandula aquatico do afonsão
‘Vinte e Um’, o “gandula aquático” do estádio Afonsão. Foto: Yago Rudá/Acervo GE Amazonas

Uso e reconhecimento regional

A Federação Amazonense de Futebol (FAF), responsável pela organização de competições no Amazonas e vinculada à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), recebeu, em 2023, Ednailson Leite Rozenha como seu presidente.

Desde então, a FAF tem promovido eventos com foco regional com mais empenho, como a Copa da Floresta, ligações com comunidades indígenas, inclusão do futebol de base e feminino.

Com essa visão, nos últimos anos, o estádio tem sido avaliado como alternativa para sediar partidas do Amazonas Futebol Clube (Amazonas FC), clube da Série B do Campeonato Brasileiro. A intenção é realizar de duas a quatro partidas no Estádio Afonsão, inclusive contra times como Paysandu e Mirassol, caso o estádio cumpra as exigências técnicas e de segurança da CBF.

Dados resumidos

AspectoDetalhes
NomeEstádio Antônio Afonso Jacob de Souza — “Afonsão”
LocalizaçãoCareiro Castanho, Amazonas — cerca de 100–123 km de Manaus
Inauguração1994
Capacidade aproximada8.000 lugares — cerca de 1/5 da população local
Característica única“Gandula aquático” – recuperação de bolas com canoa no Rio Castanho
Uso principalJogos amadores, eventos locais e estudado para partidas da Série B

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Tucunaré Vazzoleri rende recorde histórico na pesca esportiva para amazonense

Foto: Salomão Rossy Elgaly/Acervo pessoal

O pescador esportivo amazonense Salomão Rossy Elgaly conquistou mais um feito para o Hall da Fama da pesca esportiva no Brasil. No dia 18 de agosto de 2025, ele registrou um recorde unificado brasileiro e amazonense ao capturar um tucunaré vazzoleri de 78 centímetros, homologado pela BGFA Recordes, entidade responsável pela validação oficial dos maiores exemplares de pesca esportiva do país.

A captura ocorreu no Rio Paratucu, em Nhamundá (AM), durante uma expedição em caiaque. A façanha foi registrada na categoria Caiaque Absoluto Masculino, na modalidade comprimento. O recorde foi certificado tanto no âmbito nacional quanto estadual, confirmando o tucunaré capturado por Salomão como um dos maiores exemplares já catalogados na Amazônia.

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A captura do tucunaré de 78 cm

Segundo os dados oficiais divulgados pela BGFA Recordes, o tucunaré media 78 cm, respeitando todos os critérios de aferição estabelecidos pela entidade. O pescador utilizou carretilha de perfil baixo, linha multifilamento de 65 libras e jig Zoiudo como isca artificial. O guia da operação foi João Maciel, em expedição organizada pela River X Amazon.

Salomão relatou que o momento da captura foi marcado por grandes desafios.

“O rio ainda estava cheio, era o terceiro dia de pesca e havia pouquíssimas ações. Voltei para o lago por volta das 14h, e como a pescaria de caiaque é bem dificultosa, precisei intercalar arremessos e remadas para manter a posição. Quando arremessei o jig para o meio do lago, no segundo arremesso, senti o impacto em cima do gigante”, descreveu ao Portal Amazônia.

O tucunaré, de grande força, levou muita linha para o meio do lago antes de ser controlado. “Parecia uma gigante barra de ouro, com filamentos azuis. O tucunaré vazzoleri é realmente um dos peixes mais incríveis de toda a Amazônia”, acrescentou.

Reconhecimento oficial e recorde homologado

Após a aferição realizada com régua oficial da BGFA, o feito foi homologado e concedeu a Salomão Rossy Elgaly dois certificados: Recorde Brasileiro e Recorde Amazonense na categoria Caiaque Absoluto Masculino.

A BGFA destacou o simbolismo do registro: “A abertura dos recordes brasileiro e amazonense foi marcada por esse exemplar de tucunaré vazzoleri, que se junta ao histórico da pesca esportiva nacional. A homologação confirma os 78 cm de acordo com as regras da BGFA”.

Salomão, que comemorou aniversário no dia 25 de agosto, recebeu antecipadamente a publicação oficial de seu recorde como uma forma de presente. “Foi uma situação especial e por isso antecipamos a divulgação”, declarou a BGFA.

A trajetória de Salomão Rossy Elgaly

Com 46 anos, Salomão já acumula diversos feitos na pesca esportiva. Empresário e recordista, ele é reconhecido como um dos nomes de destaque no cenário brasileiro. Em anos anteriores, seus registros de tucunarés de grande porte também foram homologados pela BGFA, consolidando seu nome no Hall da Fama da Pesca Esportiva.

Leia também: Amazonense está entre maiores recordistas de pesca esportiva do país

Ao longo de sua trajetória, o pescador amazonense destaca a importância da prática do pesque e solte, preservando a biodiversidade da Amazônia. Em entrevista, explicou que o uso da régua homologada pela BGFA é essencial para garantir a lisura dos recordes. “A aferição é feita com uma régua específica, deferida e produzida pela BGFA Recordes no Brasil. Meus recordes de 2022 e 2023 já haviam sido registrados dessa forma”, afirmou.

Além disso, Salomão destacou que a maioria de suas conquistas foi registrada em rios próximos à capital amazonense. “Meus recordes foram todos registrados bem próximo à cidade de Manaus, aqui do lado, no Rio Solimões”, disse.

aém do tucunaré, salomão já pescou outras espécies que também renderam recordes
Foto: Salomão Rossy Elgaly/Acervo pessoal

Pesca esportiva na Amazônia

Bacia Amazônica é também um dos cenários mais ricos para a prática da pesca esportiva. Com centenas de espécies catalogadas, os rios da região abrigam exemplares de grande porte que atraem pescadores do Brasil e do exterior.

Na modalidade esportiva, a prática não tem fins comerciais nem alimentares. Os pescadores utilizam equipamentos específicos para cada tipo de peixe e ambiente, respeitando a natureza e devolvendo os animais ao rio após a captura.

A homologação de recordes como o de Salomão Rossy Elgaly reforça o potencial da Amazônia como palco de conquistas esportivas e como um dos ecossistemas mais impressionantes do planeta.

Leia também: Entenda como funciona a pesca esportiva e como deixar o peixe menos ‘estressado’ durante a pescaria

Compromisso ambiental e futuro da pesca esportiva

Além de seus feitos em rios amazônicos, Salomão também participa de projetos voltados para a conscientização sobre saúde ambiental e biodiversidade. Durante conversa recente, ele ressaltou sua experiência de 10 anos no centro de zoonoses, onde trabalhou em estudos relacionados a aves urbanas e doenças transmitidas.

“O Dudu Monteiro, jornalista de Palmas, queria fazer uma reportagem, mas eu disse que precisávamos abordar isso dentro de um programa mais amplo, voltado à biologia e meio ambiente. A ideia é alertar a população sobre doenças que atingem várias cidades, incluindo Manaus”, contou.

Essa conexão entre ciência, meio ambiente e pesca esportiva reforça o papel dos recordistas não apenas como atletas, mas também como agentes de conscientização ambiental.

Um marco para a história da pesca esportiva

O tucunaré vazzoleri de 78 cm capturado no Rio Paratucu entrou para a história como mais um recorde de Salomão Rossy Elgaly, consolidando o amazonense entre os maiores pescadores esportivos do Brasil.

Os certificados concedidos pela BGFA Recordes garantem a oficialidade do feito e destacam a Amazônia como território privilegiado para a prática da pesca esportiva. Para Salomão, cada captura é uma oportunidade de valorizar a biodiversidade da região e demonstrar a força dos rios amazônicos no cenário mundial da pesca esportiva.

Milton Hatoum: dos prêmios literários à Academia Brasileira de Letras

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Milton Hatoum. Foto: Divulgação

Milton Hatoum, um dos nomes mais proeminentes da literatura brasileira contemporânea, tem sua trajetória marcada não apenas pela profundidade de suas obras, mas também por um notável reconhecimento em forma de prêmios literários. Ao longo de sua carreira, o escritor amazonense conquistou distinções que validam a qualidade de sua prosa e a relevância de sua narrativa no cenário nacional e internacional.

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Milton Hatoum
Escritor Milton Hatoum. Foto: Hamyle Nobre/Menina Miúda Produções Artísticas

Sua escrita, que se debruça sobre temas como a memória, a identidade, a política e a complexidade das relações humanas, ressoou com críticos e leitores, resultando em uma coleção impressionante de honrarias.

A consagração de Hatoum começou cedo, com seu romance de estreia, “Relato de um Certo Oriente”, de 1989. A obra, que tece a história de uma família libanesa em Manaus, foi agraciada com o Prêmio Jabuti de 1990, na categoria de Livro do Ano. O Jabuti, um dos mais tradicionais e prestigiados prêmios literários do Brasil, foi um marco inicial que sinalizou a ascensão de um novo talento na literatura brasileira. A conquista não foi um evento isolado, mas o prelúdio de uma série de reconhecimentos que se seguiram, solidificando o nome de Hatoum no panteão literário.

Foto: Reprodução

O sucesso de “Relato de um Certo Oriente” foi seguido por “Dois Irmãos”, de 2000. Este romance, que narra a história de uma família dividida pelo conflito entre dois irmãos gêmeos, Omar e Yaqub, tornou-se um fenômeno editorial e crítico. A obra rendeu a Hatoum mais um Prêmio Jabuti, desta vez em 2001, na categoria de Melhor Romance.

“Dois Irmãos” também foi agraciado com o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira em 2005. O prêmio, que visava a valorização da literatura contemporânea em língua portuguesa, reafirmou a importância da obra de Hatoum para o cenário lusófono. A adaptação da obra para a televisão e o cinema também demonstra a relevância e o impacto cultural do livro.

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A Continuidade de Prêmios e a Reconquista do Jabuti

A trajetória de Milton Hatoum é caracterizada pela consistência. A cada novo lançamento, o escritor continuou a colecionar prêmios, confirmando sua maestria narrativa. Seu terceiro romance, “Cinzas do Norte”, publicado em 2005, recebeu diversos reconhecimentos. A obra, que retorna à paisagem de Manaus e explora as transformações sociais e políticas da região, garantiu a Hatoum o Prêmio Jabuti de 2006, na categoria de Livro do Ano de Ficção. O romance também foi vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Literatura em 2006, consolidando a obra como um marco na literatura brasileira e lusófona.

Milton Hatoum. Foto: Ed Figueiredo/instagram cpfsesc

Em 2008, o livro “A Cidade Ilhada”, uma coletânea de contos, foi aclamado com o Prêmio Jabuti, na categoria de Livro do Ano de Ficção. Essa vitória marcou a quarta vez que Hatoum era laureado com o prêmio mais importante da literatura brasileira. A obra, que reúne histórias sobre a cidade de Manaus e seus habitantes, demonstra a versatilidade do autor em diferentes formatos literários. A coleção de prêmios de Hatoum não se restringe apenas ao Brasil. Sua obra tem sido traduzida para diversas línguas, e ele também foi reconhecido no exterior, como com a condecoração de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, concedida pelo governo francês em 2005.

A mais recente conquista notável de Hatoum foi com o romance “O Sol na Cabeça”, de 2018. A obra, que aborda temas como a violência urbana e a amizade, foi finalista de diversos prêmios. A recepção crítica da obra foi amplamente positiva, reforçando a posição de Milton Hatoum como um dos maiores expoentes da literatura contemporânea. A sequência de prêmios literários ao longo de sua carreira atesta a qualidade de sua produção literária e o seu impacto duradouro na literatura brasileira. A extensa lista de honrarias reflete o valor de suas narrativas e sua capacidade de dialogar com o leitor por meio de histórias que exploram as complexidades da vida humana.

Jijukè, a líder indígena que marcou a história da nota de mil cruzeiros

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Jijukè, da aldeia Hãwalo, tinha cem anos. Montagem: Reprodução

A história de Jijukè, uma figura proeminente do povo Iny Karajá, se entrelaça com a história do dinheiro no Brasil. Sua imagem foi estampada no verso da histórica cédula de 1.000 cruzeiros, lançada em 1990, tornando-a uma das primeiras mulheres indígenas a ser homenageada em uma nota brasileira.

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Jijukè, a líder indígena que marcou a história da nota de mil cruzeiros

A cédula de 1.000 cruzeiros e o reconhecimento indígena

A inclusão da imagem de uma mulher indígena em uma cédula de circulação nacional representou um marco simbólico para o reconhecimento e a valorização dos povos originários no Brasil. A cédula de 1.000 cruzeiros, emitida em 1990, foi a segunda na história do país a homenagear a cultura indígena, após uma cédula de cinco cruzeiros em 1962. A imagem no anverso era do Marechal Cândido Rondon, um explorador e sertanista que dedicou sua vida à causa indígena, e no verso, a fotografia de Jijukè.

A fotografia, capturada pelo fotógrafo José Américo, mostrava Jijukè em um momento de sua vida cotidiana na aldeia Hãwalo. Essa representação não apenas destacou a beleza e a dignidade dos povos indígenas, mas também colocou em evidência a importância de sua presença na sociedade brasileira. A cédula se tornou um veículo para a conscientização sobre a riqueza cultural e a diversidade étnica do país, expondo a imagem de Jijukè para milhões de pessoas.

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A biografia e a relevância de Jijukè

Jijukè era uma matriarca e uma líder respeitada do povo Iny Karajá, da aldeia Hãwalo, a maior aldeia da etnia, localizada em Santa Isabel do Morro, no estado do Tocantins. Sua sabedoria e conhecimento eram referências para sua comunidade. Ela era uma guardiã das tradições, das lendas e dos costumes de seu povo, desempenhando um papel crucial na transmissão do conhecimento ancestral para as novas gerações.

Além de sua atuação como guardiã da cultura, Jijukè era uma líder ativa no cotidiano da aldeia. Sua participação em rituais e nas atividades de subsistência era essencial para a manutenção da vida comunitária. Sua figura representava a força, a resiliência e a dignidade do povo Karajá, que, assim como outras etnias indígenas, enfrenta desafios na luta pela demarcação de terras e pela preservação de suas identidades.

A morte de Jiju

Jijukè faleceu no dia 11 de agosto de 2025, aos 100 anos de idade. Sua morte representa a perda de uma liderança comunitária e de um elo com a memória indígena brasileira. A causa do óbito não foi divulgada.

O falecimento de Jijukè é um lembrete da finitude dos guardiões da cultura e da importância de registrar e preservar o conhecimento ancestral. Sua vida foi uma jornada de luta e resistência, e sua imagem na cédula de 1.000 cruzeiros a tornou uma figura inesquecível, um símbolo de dignidade e força.

O legado de Jijukè

A cédula de 1.000 cruzeiros teve uma vida curta devido à transição da moeda brasileira, mas o legado de Jijukè permaneceu. Sua imagem, impressa em papel, se tornou uma marca na história do Brasil, um lembrete do reconhecimento da cultura indígena e da luta por seus direitos.

A história de Jijukè é um exemplo de como a representatividade, mesmo que simbólica, pode ter um impacto duradouro. Sua imagem na cédula de cruzeiros abriu portas para um debate mais amplo sobre a participação dos povos indígenas na sociedade brasileira e a necessidade de valorizar e respeitar suas culturas e tradições. O legado de Jijukè é um convite à reflexão sobre a importância da diversidade e da inclusão na construção de um país mais justo e igualitário.