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Pomada cicatrizante para pets é criada a partir de produtos naturais da Amazônia

Pesquisadores acreditam que em até dois anos a pomada possa ser produzida e comercializada em grande escala.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica

A partir de produtos naturais da Amazônia, pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) desenvolveram uma pomada cicatrizante para cães e gatos: a CicaPet. O medicamento, livre de petrolatos e parabenos, substâncias de origem do petróleo e comuns na indústria desse segmento, está em fase de testes e já se mostrou eficiente.

Os pilares da bioeconomia e a soberania da Amazônia são os os temas da edição de 2024 do projeto ‘Amazônia Que Eu Quero’ que vai abordar a ‘Amazônia Continental’.

Os testes da pomada com alto poder cicatrizante para ser utilizada em pets, especialmente cães e gatos, estão sendo feitos por pesquisadores do laboratório Bionorte, da Ufac.

O uso tópico da pomada totalmente natural, é feita com produtos da Amazônia ele foi capaz de regenerar o tecido da pele machucada de forma muito eficiente e muito mais rápido na comparação com produtos à base de petróleo.

A pesquisa faz parte do trabalho de doutorado da Adna Maia. Ela conta que o estudo une o conhecimento empírico de comunidades tradicionais da Amazônia com a ciência.

Foto: Reprodução Rede Amazônica

“Já fizemos esse teste em vitro, testamos em laboratório para ver a ação bactericida, ação anti-inflamatória, e aí agora já partimos para em vivo, que foram testes em camundongos, e assim a gente tem seguido e tem observado de fato o processo de cicatrização acontecendo, com 60% mais ativo que as pomadas convencionais vinculadas no comércio. 100% natural, com a possibilidade de entrar no mercado, com potencial enorme de também gerar fontes de renda para a comunidade local”, 

explica Adna Maia. 

A planta que dá origem ao princípio ativo da pomada, ou seja, o principal produto que garante a cicatrização, não pode ser revelada agora porque a pesquisa está em fase de patenteamento. Já a base da pomada é feita a partir de outro produto que existe em abundância na região: o bambu.

O professor do Ifac, Marcelo Ramon Nunes, explica o processo de desenvolvimento da pomada.

“A gente conseguiu desenvolver no nosso laboratório a Carboximetilcelulose, que é a base dessa pomada, que substitui bases de pomadas convencionais à base de petróleo, que geralmente apresentam alto teor e toxicidade, e pode ser até cancerígeno, e a gente conseguiu desenvolver no IFAC, juntamente com a parceria da Bionorte, durante o meu estágio de doutorado”,

esclareceu Nunes.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica

O coordenador laboratório Bionorte/Acre, Luis Maggi, reforça que o mais importante do estudo é a agregar valores aos produtos naturais e levar melhores condições de vidas às comunidades indígenas e tradicionais que moram na Amazônia.

“Esse é um dos grandes princípios da Bionorte hoje em dia. Nós sabemos que várias instituições internacionais vêm para o Brasil pegar nossos produtos e comercializar lá fora e deixando as comunidades sem seus grandes lucros, sem saber o seu valor agregado. Então, a ideia da Bionorte, bem como da UFAC e de todas as instituições que trabalham dentro da região Norte, é valorizar os produtos que são da Amazônia para dar maiores condições de vida às comunidades da Amazônia”, concluiu.

Experiências turísticas colaboram para valorização histórica dos povos indígenas no Tocantins

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Governo tocantinense investe em projetos voltados ao desenvolvimento do etnoturismo no Estado.

O etnoturismo ganhou evidência no estande do Estado do Tocantins montado na ABAV Expo 2023, no Rio. Foto: Mazim Aguiar/Governo do Tocantins

Um novo olhar para a cultura e as tradições indígenas tem atraído o interesse dos viajantes para o etnoturismo. Pessoas como a empresária paulista Katharina Brazil, que no mês de março percorreu mais de 2 mil quilômetros até a Ilha do Bananal para acompanhar o Hetohoky, um dos rituais mais conhecidos do povo Karajá.

Saiba mais: Hetohoky: festa tradicional do povo karajá é rito de passagem dos adolescentes para a vida adulta

Assim como ela, há milhares de pessoas em busca de roteiros que promovam uma conexão com os povos originários e suas tradições. O Governo do Tocantins, por meio da Secretaria do Turismo, tem atuado para levar às comunidades indígenas as condições necessárias ao desenvolvimento pleno desta atividade.

“O etnoturismo é um importante ativo no processo de reconhecimento e valorização histórica, social e econômica dos povos indígenas”, 

explica o secretário de Turismo Hercy Filho.

O secretário destacou ainda, o compromisso do governo com a criação da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais. Além de inventários e capacitações, a Secretaria de Turismo tem estimulado a parceria entre aldeias e operadoras de turismo e levado a cultura indígena para eventos nacionais, como a ABAV Expo 2023, realizada no Rio de Janeiro.

Povos do Tocantins

No Tocantins, o IBGE estima uma população com cerca de 15 mil indígenas, distribuídos entre as etnias Karajá, Xambioá, Javaé (que formam o povo Iny), Xerente, Apinajè, Krahô, Krahô-Kanela, Avá-Canoeiro (Cara Preta) e Pankararu. Cada povo tem sua língua e tradições, sendo que alguns desses povos já vivem ou viveram experiências com o turismo.

É o caso dos Karajá da Ilha do Bananal, que atraem visitantes interessados em seus rituais e no artesanato. Eles formam o povo Iny (pronuncia-se ‘inã’), juntamente com os Karajá-Xambioá (ou apenas Xambioá) e Javaé, que também habitam a Ilha e recebem praticantes da pesca esportiva em seus lagos ricos em tucunarés e outras espécies apreciadas pelos esportistas. 

Katharina Brazil percorreu mais de 2 mil quilômetros até a Ilha do Bananal para ver um ritual Karajá. Foto: Mazim Aguiar/Governo do Tocantins

Conhecidos como “os senhores do cerrado” e por sua alegria genuína, o povo Krahô habita terra indígena situada na região de Itacajá e Goiatins. A Aldeia Manoel Alves já realizou parceria com operadora de turismo antes da pandemia e outras aldeias recebem visitantes esporádicos.

Assim como os Javaé, os Krahô-Kanela também buscam oportunidades para receber pescadores em sua terra, localizada em Lagoa da Confusão. Este povo alega descendência de duas etnias distintas, Krahô e Kanela, sofrendo um processo de dizimação e aculturamento. Hoje, este povo busca uma retomada dos conhecimentos tradicionais e de sua base cultural, incluindo a revitalização da língua materna.

Também com algumas experiências no etnoturismo, o povo Xerente – que se denomina Akwê, “gente importante”, “indivíduo” – vive na margem direita do rio Tocantins, perto da cidade de Tocantínia, na Terra Indígena Xerente. Apesar da proximidade com a capital, cerca de 80 km, este povo luta pela preservação de suas tradições e festas, destacando-se pelo artesanato com palhas e capim dourado.

O povo Apinajè, que se autodenomina Panhi, sobrevive da agricultura de subsistência, da caça, da coleta de babaçu e do artesanato. Sua terra abrange os municípios de Tocantinópolis, Maurilândia, Araguatins e Lagoa de São Bento, na região norte do Estado.

Povo Krahô também registra experiências com o etnoturismo. Foto: Seleucia Fontes/Governo do Tocantins

Os Avá-Canoeiro autodenominam-se Ãwa, que significa gente, pessoa, ser humano. Na região do Araguaia, são mais conhecidos como Cara Preta. Foram vítimas de um processo de dizimação e hoje vivem em pequenos grupos dispersos em aldeias Javaé e Karajá, além de um grupo isolado dentro do Parque Nacional do Araguaia (Ilha do Bananal).

Por fim, o grupo Pankararu existente no Tocantins está localizado nos municípios de Figueirópolis, no assentamento Vale Verde, e em Gurupi. São indígenas originários do sertão de Pernambuco, da aldeia Brejo dos Padres, e há cerca de 40 anos migraram para o antigo norte goiano, expulsos pela ação de posseiros, conquistando reconhecimento local.

​Parceria busca estimular desenvolvimento socioeconômico sustentável na Amazônia

Acordo entre o MMA e o BB visa apoiar projetos de bioeconomia na região.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Banco do Brasil (BB) firmaram um acordo de cooperação técnica para estimular o desenvolvimento socioeconômico sustentável de comunidades da região amazônica. A assinatura ocorreu no primeiro dia do workshop ‘Impulsionando a Sociobioeconomia da Amazônia’, dia 18 de abril, no Parque Zoobotânico Mangal das Garças, em Belém (PA).

O objetivo é promover o fortalecimento e a inclusão produtiva de associações e cooperativas a partir de projetos de bioeconomia. A parceria terá como base o Plano Nacional de Sociobioeconomia, em elaboração pelos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, e com previsão de lançamento para este ano.

A iniciativa do governo federal é para aproximar o sistema financeiro da realidade dos povos e comunidades tradicionais. A articulação promoverá educação financeira, assistência técnica e oferta de crédito, sob a perspectiva integrada das cadeias de valor da sociobiodiversidade.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A parceria dará apoio técnico e financeiro a projetos de bioeconomia que respeitem as boas práticas ambientais e a cultura locais. O uso de tecnologias sociais e ações nas áreas de geração de renda, educação e meio ambiente serão prioritários.

O workshop foi promovido pelo BB e o Instituto Clima e Sociedade. Os dois dias de evento reuniram instituições financeiras, empresas-âncoras, empreendedores e representantes da sociedade civil e do governos.

“Com esse acordo vamos ampliar as estratégias de distribuição de crédito. O banco tem uma capilaridade muito grande nas várias cadeias do agronegócio, mas para a bioeconomia precisamos trabalhar as especificidades e uma estrutura dedicada”, 

afirmou a secretária Nacional de Bioeconomia do MMA, Carina Pimenta.

Segundo a secretária, técnicos do MMA e do banco cooperam para definir estratégias que não tratam apenas da concessão de crédito, mas de assessoria técnica às associações, cooperativas e empreendimentos que serão beneficiados.

O vice-presidente de Governo e Sustentabilidade Empresarial do Banco do Brasil, José Ricardo Sasseron, destacou a importância que a instituição dá à bioeconomia na Amazônia. 

“Essa é uma solução de preservação para a Amazônia, respeitando o meio ambiente, trazendo práticas sustentáveis e, ao mesmo tempo, incentivando uma nova forma de economia para a região”,

afirmou.

As articulação para a assinatura do acordo de cooperação técnica começaram durante a COP28, no fim do ano passado em Dubai, no Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, o MMA assinou protocolo de intenções para formalizar a parceria.

Desde fevereiro, foram realizadas várias reuniões entre Banco do Brasil e MMA para construção da parceria, que busca resolver gargalos históricos no acesso ao crédito para as cadeias da bioeconomia e da sociobiodiversidade. Há atenção especial para os públicos-alvo mais sensíveis, como empreendimentos que envolvem povos indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais e agricultura familiar, entre outros.

Resultados esperados incluem a formação de rede de agentes de crédito socioambiental, uma das principais estratégias para promover educação financeira, orientação para acesso a crédito integrado aos sistemas produtivos e assistência técnica para organizações econômicas da cadeia de bioeconomia.

Espera-se ainda o desenvolvimento de inovações nos serviços financeiros oferecidos para as cadeias da sociobiodiversidade, com apoio à inovação tecnológica, à certificação de produtos da sociobiodiversidade, à restauração produtiva e à transição agroecológica dos sistemas alimentares. Busca também apoio ao monitoramento ambiental, condição para atestar a sustentabilidade do manejo dos recursos naturais, entre outros objetivos.


Projeto mapeia artistas e agentes culturais com deficiência em Macapá

Iniciativa visa a elaboração de políticas públicas de formação voltadas para acesso, protagonismo e visibilidade das pessoas com deficiência nas artes e cultura.

Foto: Pedro Henrique

Mapear artistas e profissionais com deficiência que atuam em diversas áreas do setor artístico e cultural e profissionais com e sem deficiência que atuam no campo da acessibilidade cultural. Com esse objetivo, foi lançado no dia 24 de abril, em Macapá (AP), durante o I Norte de Arte Acessível, a primeira etapa do projeto ‘Mapeamento Acessa Mais’ – fruto de uma parceria entre a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Ministério da Cultura (MinC).

Uma oficina de formação celebrou o início da atividade que contou com representante do MinC, Rafael Maximiniano, coordenador-geral das Políticas de Cultura e Educação; Aline Zeymer, coordenadora de Acessibilidade Cultural da Diretoria de Educação e Formação Artística da Secretaria de Formação Cultural, Livro e Leitura.

O evento I Norte de Arte Acessível, realizado entre os dias 24 e 26 de abril, contou com atividades como:

Formação e Profissionalização do Artista DEF;
atividade do Laboratório de Acessibilidade Cultural:
Encontro com Artistas e Agentes Culturais com Deficiência;
e a Mostra Amapá Cena Acessível.

Lançamento Acessa Mais

Rafael Maximiniano celebrou o momento e destacou que, durante o evento, foi apontado que o mapeamento se coloca ainda como importante ferramenta de gestão, identificação e formação de indicadores e dados, o que motiva a criação de políticas públicas.

“Está sendo feito também um resgate histórico, um reconhecimento do que já foi feito, e a possibilidade de reconhecer o trabalho e a luta de artistas com deficiência ao longo dos anos”, 

afirma Maximiniano.

Já Aline Zeymer avalia que o lançamento foi marcado por uma discussão muito importante sobre onde estão os artistas com deficiência e a importância deles ocuparem os espaços.

“Foi um momento de troca muito rica com a participação de artistas com deficiência, docentes e alunos da Universidade Federal e Estadual do Amapá. É uma discussão que precisa ser ampliada e ser realizada diretamente com o público-alvo do mapeamento acessa mais”, 

aponta a coordenadora de Acessibilidade Cultural.

“Fiquei bem feliz com o lançamento porque conseguimos reunir um público bem diverso, com a presença tanto de pessoas com deficiência, profissionais da área da acessibilidade, professores e professoras, pessoas docentes, estudantes e uma plateia que ficou atenta às nossas falas, ficaram interessados em saber mais, demonstraram a importância do mapeamento, dos desafios que vamos encontrar, com os diversos Brasis. Foi um momento de celebração muito importante, uma mesa muito produtiva, muito afetiva”, finaliza o coordenador-Geral do projeto, artista, professor, ativista, pesquisador e doutor pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Eduardo Oliveira. A ação está sendo conduzida por uma equipe de mais 25 pessoas especializadas na área – com e sem deficiência.

Mapeamento

O Mapeamento visa a elaboração de políticas públicas de formação voltadas para o acesso e para garantir o protagonismo e a visibilidade das pessoas com deficiência nas artes e na cultura. 

Outro objetivo é mobilizar artistas, pesquisadores e docentes com e sem deficiência com interesse de pesquisa em Arte e Deficiência para colaboração na mediação junto à comunidade surda, cega e com deficiências em geral, para cadastro no mapeamento.

O projeto prevê ainda ciclos de formação em acessibilidade cultural e cultura do acesso, iniciado em Macapá, com o Laboratório de Acessibilidade Cultural, e com um encontro com artistas DEFs e outros profissionais locais.

Funai recebe lideranças do povo Korubo em Brasília após 27 anos do primeiro contato

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No encontro, os Korubo pediram melhorias em direitos sociais e qualificação do serviço de saúde na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas.

Foto: José Rui Gavião/Funai

Pela primeira vez em 27 anos desde que aconteceu o primeiro contato com os Korubo, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) recebeu duas lideranças do povo indígena de recente contato que vivem na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. A visita aconteceu na segunda-feira (29), na sede do órgão, em Brasília.

É a primeira vez que integrantes da etnia visitam a Capital Federal por ocasião do Acampamento Terra Livre (ATL), evento que mobiliza, há 20 anos, milhares de povos no poder central do país para reivindicarem seus direitos. A agenda fechou o ciclo de delegações indígenas recebidas pela Funai no mês de abril.

As lideranças Korubo foram recebidas pela diretora de Administração e Gestão da Funai, Mislene Metchacuna, de ordem da presidenta Joenia Wapichana, que cumpre agenda no Pará. 

Acompanhada por servidores da Coordenação da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari (CFPE-VJ), da Coordenação-Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato (CGIIRC), da Coordenação-Geral de Promoção aos Direitos Sociais (CGPDS), da Assessoria Parlamentar (Aspar) e da Ouvidoria da Funai, Mislene acolheu as demandas acerca das reivindicações apresentadas com relação ao monitoramento territorial, fiscalização, segurança alimentar, acessibilidade a direitos sociais e de cidadania e demais serviços públicos, compreendidos pelas lideranças Korubo como necessários, sobretudo, melhoria e qualificação do serviço de saúde indígena, de acordo com suas especificidades.

“Ficamos muito felizes em receber pessoalmente as demandas do povo Korubo. Tomamos nota de tudo que foi apresentado. E o que cabe à Funai, vamos conversar com as outras diretorias para tentar melhorar a estrutura de atendimento. E as outras que não são de competência da Funai, também vamos conversar com órgãos que têm sua responsabilidade na política indigenista”,

explicou a diretora de Administração e Gestão, Mislene Metchacuna.

A CFPE-VJ tomará todas as medidas necessárias para realização de exames médicos das duas lideranças korubo, para que possam retornar às suas aldeias com a devida segurança e, assim, prevenir quaisquer tipos de contágios aos demais indígenas recém-contatados.

Foto: José Rui Gavião/Funai

Promoção de direitos 

As lideranças vieram a Brasília acompanhadas do coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari, Iltercley Rodrigues, e do especialista em indigenismo Marco Túlio da Silva Ferreira, que também atua na CFPE-VJ. Além da Funai, os Korubo visitaram outros órgãos federais na capital do país, momento em que participaram, pela primeira vez, do Acampamento Terra Livre, ocorrido no período de 22 a 26 de abril, no Eixo Cultural Ibero-Americano.

Segundo Iltercley Rodrigues, essa mobilização inédita partiu das próprias lideranças Korubo, que já vinham manifestando o desejo de sair da aldeia em busca de melhorias para o povo, a exemplo da participação em uma das reuniões do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), em 2023, evento do qual eles nunca haviam participado.

Percebendo esse anseio, a CFPE-VJ vem oportunizando esse contato com a sociedade, uma vez que, antes, o único contato que eles tinham era com os servidores do órgão indigenista.

“É um avanço porque estamos cumprindo o papel institucional da Funai de promover os direitos dos povos, a partir da perspectiva dos próprios indígenas. É um movimento muito mais deles do que nosso. É satisfatório contribuir para promover isso e fico mais feliz, ainda, em saber que eles estão nesse movimento de entender seus direitos e, a partir daí, criar suas próprias demandas”,

afirmou Iltercley Rodrigues.

A CFPE-VJ vem atuando para a concretização de diversas iniciativas na promoção de direitos, como ações de acessibilidade à documentação civil e educação indígena do povo Korubo. A expectativa, segundo Rodrigues, é estender a medida ao povo Tsohom Dyapá, também de recente contato. 

Foto: José Rui Gavião/Funai

Frente de Proteção Etnoambiental

A Coordenação da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari é uma das 11 unidades descentralizadas da Funai especializadas na proteção de indígenas isolados e de recente contato distribuídas em sete estados da Amazônia Legal.

É com a ação executada por essas unidades que a Funai garante a autodeterminação dos povos indígenas isolados sem contatá-los e nenhuma interferência nos seus modos de vida. Também acompanha a garantia da promoção de direitos, respeitando as especificidades dos povos indígenas de recente contato.

A CFPE-VJ possui cinco bases distribuídas em pontos estratégicos da Terra Indígena Vale do Javari que monitoram a intrusão e invasão de não indígenas a fim de que a política pública de proteção ao isolamento voluntário e aos de recente contato se concretize.

Primeiro contato

O primeiro contato da Funai com os Korubo foi em 1996, feito pelo etnógrafo Sydney Possuelo, quando ele participava de uma expedição no Vale do Javari, no Amazonas. Considerado um dos principais indigenistas do país, Possuelo foi presidente da Funai de 1991 a 1993 e responsável pela criação da Coordenação-Geral dos Índios Isolados, em 1987.

O objetivo dessa coordenação era proteger os povos que viviam em regiões remotas do contato com “os brancos” para que não fossem vítimas de violência e de doenças. O referido departamento permanece na atual estrutura da Funai como Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC), vinculada à Diretoria de Proteção Territorial (DPT). É sob a coordenação da CGIIRC que atuam as Frentes de Proteção Etnoambiental.

6 grupos de trabalho são criados pela Funai para estudos em terras indígenas na Amazônia

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Lideranças indígenas estiveram presente no ato do pronunciamento que ocorreu no  final da programação do Acampamento Terra Livre.

Foto: Reprodução/Funai

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) anunciou a constituição de Grupos Técnicos (GTs) para estudos de seis Terras Indígenas localizadas na Amazônia, no dia 26 de abril. Os GTs têm o objetivo de realizar os estudos multidisciplinares de natureza etno-histórica, antropológica, ambiental e cartográfica das áreas, trabalho que corresponde a uma das etapas do processo demarcatório.

A assinatura dos atos ocorreu na sede do órgão indigenista sob a condução da presidenta Joenia Wapichana. Também participaram lideranças indígenas da região e representantes governamentais, entre outros convidados.

Os GTs instituídos pela Funai se referem aos seguintes territórios:

Terra Indígena Baixo Marmelos – reivindicada por indígenas pertencentes às etnias Torá, Matanawi, Munduruku, Mura e Tenharim, localizada nos municípios de Humaitá e Manicoré, no Estado do Amazonas;

Terra Indígena Aldeias Santa Maria e Nova Bacaba (Baixo Rio Jatapu) – reivindicada por indígenas pertencentes às etnias Okoymoyana, Xowyana e Kararayana, localizada nos municípios de Urucará, São Sebastião do Uatumã e Nhamundá, no Estado do Amazonas;

Terra Indígena Baixo Rio Negro e Rio Caurés – reivindicada por indígenas pertencentes às etnias Baré, Tukano, Baniwa, Macuxi, Tikuna, Arapaso, Pira-tapuia, entre outras, localizada no município de Barcelos, no estado do Amazonas;

Terra Indígena Curriã – reivindicada por indígenas pertencentes à etnia Apurinã, localizada no município de Lábrea, no estado do Amazonas;

Terra Indígena Kapyra Kanakury – reivindicada por indígenas pertencentes às etnias Apurinã e Jamamadi, localizada no município de Pauini, no estado do Amazonas;

Terra Indígena Arapuá – reivindicada por indígenas pertencentes às etnias Macuxi e Wapichana, localizada no município de Alto Alegre, no estado de Roraima.

O anúncio se deu ao final da programação do Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização indígena do Brasil realizada ao longo desta semana em Brasília. Durante a assinatura dos atos, Joenia Wapichana ressaltou que, com as medidas, a Funai dá mais um passo no cumprimento da sua missão constitucional.

“A constituição desses GTs é uma obrigação do Estado brasileiro. Isso não é um favor aos povos indígenas, é o cumprimento do dever constitucional do Governo Federal. Nós estamos aqui cumprindo com os nossos deveres”,

frisou Joenia.

Foto: Reprodução/Funai

Integraram a solenidade membros da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) e do Conselho Indígena de Roraima (CIR), bem como o secretário Nacional de Direitos Territoriais do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Marcos Kaingang, e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César Fernando Schiavon Aldrighi.

Visitação em terras indígenas

Na mesma cerimônia, foram assinadas a Carta de Anuência para o Plano de Visitação Menanehaliti para a Associação Waymare e Associação Halitinã, e a Carta de Anuência para o Plano de Visitação para Associação Indígena Balatiponé. Os projetos de visitação turística e sustentável nos territórios indígenas são desenvolvidos por indígenas do povo Paresi no estado do Mato Grosso.

Demais anúncios

Mais cedo, a presidenta da Funai assinou um Termo de Doação de território para uso exclusivo do povo Maxakali de Minas Gerais. Durante a semana, a Funai também assinou um Acordo de Cooperação Técnica com a Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (IEPÉ) para avançar na demarcação física da terra indígena Kaxuyana-Tunayana, no estado do Pará. A presidenta da Funai assinou ainda uma carta de intenções em conjunto com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) para avançar nos processo de demarcação de terras indígenas na Amazônia.

Em 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, a Funai assinou um um Protocolo de Intenções com órgãos do governo do estado do Pará e a Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) para avançar nos processos de regularização das terras indígenas e na gestão ambiental no estado.

O instrumento indica a intenção dos órgãos envolvidos de colaborarem entre si para celebrar um ACT com o objetivo de avançar na regularização fundiária e coordenar a elaboração, revisão e implementação dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) e demais instrumentos de gestão a serem definidos em diálogo com os povos indígenas interessados.

A Funai também celebrou um ACT com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e o Instituto Socioambiental (ISA) para fortalecer os direitos dos povos indígenas, a gestão ambiental e territorial e as políticas públicas a serem implementadas nas terras indígenas do Rio Negro, no estado do Amazonas.

Alenquer

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 Alenquer é um município do oeste do Pará.

Foto: Marcos Santos/Agência Pará

Município localizado no Pará, Alenquer tem uma área territorial de 23.645,452km² e uma população residente de cerca de 69.377 pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de geografia e estatística (IBGE) no Censo 2022.

A origem de Alenquer tem registro desde o século XVIII, quando estabeleceram a sede da catequese no Rio Curuá. Naquele local, os indígenas Arabés enfrentaram uma série de doenças tropicais que os levaram até o Rio Surubiú, onde permaneceram.

Em 1775, o então governador do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, subiu o Amazonas dando nomes portugueses as antigas missões religiosas. Assim o Surubiú passou a ser chamado Alenquer, elevando à categoria de Vila através da Carta Régia, de 06 de julho de 1775. 

Depois disso, por um breve período, a partir de 1833, Alenquer passou a ser anexada a Santarém, conquistando sua autonomia definitiva em 23 de julho de 1848, sendo elevada a categoria de cidade em 10 de julho de 1881.

Alenquer é uma cidade rica em belezas naturais e como opção turística histórica está o sítio arqueológico Cidade dos Deuses, além do Lago do Cumurú, Cachoeira do Vale do Paraíso, Praia de Iracema, entre outros pontos. 

*Com informações da Prefeitura de Alenquer e IBGE

Ananindeua

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Ananindeua é um município paraense que chegou a pertencer a Santa Isabel do Pará e da própria capital, Belém. 

Foto: Leandro Santana

Ananindeua é uma cidade localizada no Pará que possui uma área territorial de 190,581km² e uma população residente, segundo o Censo IBGE 2022, de 478.778 pessoas.

O município chegou a pertencer a Santa Isabel do Pará e da própria capital, Belém. O nome da cidade vem do tupi e tem relação com a grande quantidade de árvores chamada Anani, já o sufixo ‘deua’ tem origem popular, que vem de “abundância”. Em 1943, Ananindeua torna-se município através do Decreto-Lei nº 4.505, cuja a instalação ocorreu em 3 de janeiro de 1944.

Quanto a geração de renda, a cidade segue em crescimento impulsionada pelo Distrito Industrial de Ananindeua, que conta com aproximadamente 60 empresas em uma área de mais de 470 mil hectares, com o 4º maior PIB do Pará (2018/IBGE).

Repletos de belezas naturais, é um verdadeiro paraíso escondido com praias paradisíacas, rios cristalinos e uma abundante floresta, além de uma rica cultura gastronômica.

*Com informações da Prefeitura de Ananindeua, Companhia de Desenvolvimento do Pará e IBGE

Anapu

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Anapu é um município paraense que a origem do seu nome, acredita-se, seja devido ao barulho produzido pelo rio de mesmo nome.

Foto: Reprodução/Youtube-TVAnapu

A cidade de Anapu fica localizada no Pará e possui uma área territorial de 11.895,270km², com cerca de 31.850 habitantes. Quanto a origem do seu nome, Anapu vem do Rio Anapu, que provém do tupi ′anã′, que significa Forte, Grosso e ′pu′, ruído: ruído forte. Acredita-se o nome se deve ao barulho produzido pelo rio.

A cidade foi elevada à categoria de município e distrito com a denominação de Anapu pela Lei Estadual nº 5.929, de 28 de dezembro de 1995, desmembrado dos municípios de Pacajá e Senador José Porfírio.

Entre os principais atrativos turísticos da cidade estão as festas tradicionais que celebram a cultura e a religiosidade da população, como de São Francisco de Assis, padroeiro da cidade, e o Festival do Açaí. 

Um ponto bastante visitado é o Memorial Dorothy Stang em homenagem à missionária norte-americana que dedicou sua vida em defesa dos direitos dos trabalhadores rurais na Amazônia. 

*Com informações Prefeitura de Anapu e IBGE

Câmaras elétricas e caixas térmicas para distribuição de soro antiofídico são enviadas a terra Yanomami

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Soro antiofídico é o medicamento utilizado para tratar mordidas de animais peçonhentos, como cobras, aranhas e escorpiões. Equipamentos também foram entregues ao Dsei-Leste, responsável pela saúde de outros povos indígenas de Roraima.

Foto: Divulgação/MS

Terra Indígena Yanomami, em Roraima, recebeu câmaras elétricas e caixas térmicas para a distribuição de soro antiofídico, medicamento utilizado para tratar mordidas de cobras, aranhas e escorpiões, as comunidades do território, facilitando o acesso a saúde. A ação foi anunciada nesta segunda-feira (29) pelo Ministério da Saúde (MS).

A ação faz parte da rede de suprimentos e da logística de soros, vacinas e imunoglobulinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e deve aprimorar o acesso ao tratamento contra acidentes com animais peçonhentos.

Com ela, a distribuição de soros antiofídicos será descentralizada. A descentralização deve aumentar o número de pontos de atendimento aos indígenas que são picados por serpentes. O objetivo é reduzir o tempo de socorro às vítimas, diminuindo os riscos de morte e de sequelas permanentes.

As câmaras e caixas térmicas foram entregues ao Distrito Sanitário Yanomami (Dsei-Y) devido a maior vulnerabilidade aos ataques. São cinco câmaras elétricas, dez câmaras solares e 447 caixas térmicas entre 2,7 litros e 20 litros.

Conforme o MS, a população dos territórios indígenas correm risco quatro vezes maior de sofrer um acidente com animal peçonhento em comparação com as de outras regiões. Já a letalidade é seis vezes maior entre os indígenas.

Foto: Divulgação/MS

A consultora técnica da Coordenação Geral da Vigilância de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores do MS, Lúcia Montebello, explica que nesses casos a maior acessibilidade para diagnóstico e tratamento é essencial.

“A partir da necessidade, também programamos qualificação de médicos e enfermeiros. Os grandes desafios são a profissionalização dos profissionais e a estruturação dos polos base para que possam atender o paciente fazendo os primeiros socorros e iniciando a soroterapia. É exatamente isso que temos feito”, comentou a consulta técnica.

Diante desse cenário, o Distrito Sanitário Leste (Dsei-Leste), responsável pela saúde de indígenas de outros povos em Roraima, também recebeu cinco câmaras elétricas e 16 câmaras solares, além de 327 caixas térmicas. Os casos graves continuarão sendo transferidos para hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).

A descentralização do serviço já ocorreu em sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) do Amazonas, onde está parte da TI Yanomami, no começo deste ano. E deve ser implementada em outros estados do Norte que registram altos números de ataques e óbitos por acidentes com animais peçonhentos.

Reestruturação

Além do urso de caixas e freezers para armazenar os soros, o Ministério prevê o treinamento de profissionais de saúde para a aplicação do protocolo.

Segundo a técnica do PNI especialista em saúde pública, Josineia Oliveira, é necessário garantir a gestão de qualidade da temperatura e de armazenamento que é indicada pelo fabricante.

“Esse é um marco histórico. O PNI tem 50 anos de história e, com o avanço da tecnologia, temos equipamentos que garantem estabilidade térmica para o armazenamento adequado. Armazenar corretamente garante a eficiência”, completa Josineia.

O Ministério da Saúde ainda estuda o aumento de produtores credenciados. Atualmente, apenas um laboratório produz soro, mas a expectativa é que o número passe para três a partir de 2025.

“Hoje estamos em articulação com os laboratórios produtores. O Brasil é um país de tamanho continental, então esse processo é necessário e está em andamento”, adianta Lúcia.