O turismo na Amazônia é importante para o seu desenvolvimento e o etnoturismo se tornou um aliado para a economia local. Por causa disso, surgiu o projeto Rotas Amazônicas Integradas (RAI).
A região amazônica não é apenas um bioma. Além da fauna e flora, que mostram a força da biodiversidade da Amazônia, também existe uma diversidade de povos indígenas que, por sua vez, possuem suas próprias tradições, culturas e conhecimentos. Por meio deles é possível conhecer os segredos escondidos na imensidão da floresta.
A vontade de “desbravar” a região e conhecer a vivência dos povos que habitam a Amazônia gerou um segmento do turismo chamado de etnoturismo, ou seja, uma imersão na cultura indígena, momento em que o visitante conhece de perto a cultura milenar dos povos originários.
Para entender melhor a criação do etnoturismo e a sua importância para o sustento das comunidades indígenas é preciso “voltar” aos anos quando o turismo no Brasil sofreu um crescimento desenfreado e os territórios indígenas passaram a sofrer com as pressões externas de curiosos que queriam aprender sobre a diversidade da floresta amazônica.
Devido a necessidade de alternativas econômicas para os indígenas e à demanda externa de pessoas interessadas em conhecer a vida indígena, aliada a falta de políticas públicas e legislação adequadas que possibilitassem o planejamento e a implementação sistematizada do turismo, esta pressão passou a causar impactos em várias comunidades indígenas no país, por causa da visitação desordenada.
Em 1997, o Ministério do Meio Ambiente publicou o ‘Manual Indígena de Ecoturismo‘, onde o termo etnoturismo apareceu pela primeira vez. A publicação foi resultado de uma ação coletiva entre indígenas, antropólogos, indigenistas e especialistas em turismo e ecoturismo preocupados com os impactos já conhecidos da atividade turística desordenada.
Empreendedorismo
O indígena Macuxi, Enoque Raposo conhece muito bem a importância do etnoturismo para as comunidades indígenas. Além de atuar como secretário de turismo de Normandia, ele atua como coordenador de Turismo na Raposa I, a primeira comunidade de Roraima a operar com o Etnoturismo de Base Comunitária.
“A importância do etnoturismo para nós, povos indígenas daqui da Comunidade Indígena Raposa I, não é só gerar renda, mas sim gerar outros benefícios como a autogestão do nosso território sagrado, onde os visitantes são levado a imersão cultural aprendendo a preservar, respeitar e valorizar os nossos trabalhos, a nossa terra sagrada”,
disse.
Para Enoque, o etnoturismo possibilita o empreendedorismo dentro das comunidades indígenas, principalmente, quando se trata da gastronomia e artesanato dos povos originários. “É uma das formas que encontramos de fazer a gestão de território através do turismo organizado pelos próprios indígenas”, destacou.
RAI
O turismo na Amazônia é importante para o seu desenvolvimento. E o etnoturismo se tornou um importante aliado para a economia local. Por causa disso, surgiu o projeto Rotas Amazônicas Integradas (RAI), que tem o objetivo de promover os produtos análogos dos estados da Amazônia brasileira por meio de, como o próprio nome diz, rotas turísticas integradas, fortalecendo e ampliando o turismo em toda região. O pontapé inicial foi com o segmento de pesca esportiva.
“A Amazônia tem um grande peso mundialmente. Todos conhecem a região e tem curiosidade de desbravar as florestas, além de entender mais sobre a cultura milenar. Nós nos reunimos para unificar os nossos esforços usando as particularidades de cada Estado”, afirmou o diretor do Departamento de Turismo de Roraima (Detur), Bruno Muniz, que também é coordenador geral das RAI.
Confira a descrição de cada Estado nas RAI:
ACRE
“O Acre é lindo! Viva essa experiência”
Nas aldeias indígenas do Acre, os visitantes terão momentos e vivências únicas, como o banho de igarapé, medicina da floresta, pintura corporal, cerimônia espiritual, caminhada pela natureza, danças e apresentações.
AMAPÁ
“Luz e cores no meio mundo”
A terra indígena Wajâpi está localizada nos municípios de Laranjal do Jari e Pedra Branca do Amapari, demarcada desde 1996, eles falam tupi-guarani e a maioria é bilíngue. As famílias em sua maioria vivem da agricultura, da caça, da pesca e da coleta. conhecer os costumes, modo de vida com turistas vem se tornando cada vez mais comum.
AMAZONAS
O Amazonas é o estado brasileiro com o maior número de indígenas do país, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Portanto, há um potencial grandioso em relação ao etnoturismo, promovendo a valorização da sociodiversidade e biodiversidade por meio da interação com povos indígenas, culturas materiais e imateriais, meio ambiente, além da alternativa de geração de renda. Eentre os municípios que mais se destacam estão Atalaia do Norte, Manaus, Maués, Parintins e São Gabriel da Cachoeira.
RORAIMA
“Força, cultura e respeito às tradições ancestrais”
Roraima um destino, mil roteiros – Etnoturismo: diferentes experiências ao longo da região turística “O Extremo Norte do Brasil”. Oportunidade única para conviver com quem conhece os segredos da floresta.
RONDÔNIA
“Rondônia – Nossa Terra”
O solo da Amazônia é rica em nutrientes naturais. É através dele que a vida ganha força e se torna berço de uma linda fauna. O solo que carrega a fertilidade, onde os povos plantam seus frutos. Solo que somente a Amazônia tem.
PARÁ
“O Pará valoriza seus povos originários”
Mais da metade do território do Pará é composto por áreas protegidas. São 684,000 km² distribuídos em 64 unidades de conservação públicas e 43 terras indígenas demarcadas.
“Cada região tem seu povo com características únicas”
Sejam elas físicas, culturais e identitárias. Abrigamos uma das maiores diversidades étnicas do País, com mais de 55 etnias, falantes de três dezenas de idiomas.
TOCANTINS
“Encante-se com essa experiência”/ “O Tocatins é lindo! Viva essa experiência”
Com territórios, tradições, costumes e rituais ancestrais, o Estado do Tocantins abriga uma diversidade cultural dos povos indígenas distribuídos em nove etnias de Norte a Sul. Esse conjunto de valores, conhecimentos, crenças e costumes fazem parte das etnias Krahô, Krahô Canela, Karajá, Karajá Xambioá, Javaé, Pankararu, Avá Canoeiro, Xerente e Apinajé.