Brasil pode tornar-se líder em bioeconomia e movimentar R$ 1,3 trilhão até 2030

Destaque à agricultura sustentável, exploração sustentável do vasto campo da produção de hidrogênio verde e biocombustíveis, bem como à produção sustentável de energias renováveis.

Dados do Ministério da Agricultura demonstram que o mercado verde brasileiro pode movimentar cerca de R$ 1,3 trilhão em investimentos e novas receitas, o equivalente a 12% do Produto Interno Bruto (PIB), até 2030. Destes, cerca de 70% dos recursos devem ser alocados no desenvolvimento de um mercado de carbono e agricultura sustentável para que o Brasil se torne uma superpotência no segmento. A expectativa de geração de receitas com créditos de carbono até 2030 estimativamente poderá alcançar R$ 590 bilhões. O país, todavia, tem de sobra outras fontes factíveis ajustadas à cultura, à economia e à geopolítica do país. Destaque à agricultura sustentável, exploração sustentável do vasto campo da produção de hidrogênio verde e biocombustíveis, bem como à produção sustentável de energias renováveis. Segmentos capazes de projetar o país como potência verde já nos próximos anos, todos com forte potencial de impacto no curto/médio prazo na economia nacional.

Relevante salientar que o Brasil tem implantado, segundo o IBGE, 282,5 milhões de hectares, em torno de 33,7% do território, dedicados à agropecuária, sendo que 66,3% ou 631.758.477 hectares estão cobertos por vegetação nativa. Cerca de 160 milhões de hectares são de pastagens que sustentam um rebanho bovino de mais de 200 milhões de cabeças. Capital natural que projeta o país a ocupar lugar estratégico no processo de transição energética no tocante à descarbonização da economia global e à produção verde de alimentos. Segundo a FAO, os cinco países que mais produzem alimentos no mundo são China, com US$ 1,14 trilhão; Índia – com US$ 906 bilhões; Estados Unidos – com US$ 829 bilhões; Brasil, com US$ 573 bilhões e Rússia – com US$ 500 bilhões. No tocante às exportações o Brasil ocupa a quinta posição, atrás da Comunidade Econômica Europeia, Estados Unidos, China e Canadá. 

Foto:Ronaldo Rosa/Embrapa

Dados do IBGE revelam que a participação brasileira no comércio internacional de produtos agropecuários saltou de 2,8% do total em 2000 para 6,4% em 2020. O estudo destaca que o país precisa continuar investindo forte em processos de intensificação sustentável de sorte a consolidar a produção de duas safras por ano numa mesma área e para o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação à Mudança do Clima para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), e ao emprego de tecnologias mais sustentáveis, tais como: recuperação de pastagens degradadas; integração Lavoura-pecuária-floresta (ILPF); sistemas agroflorestais, sistema de plantio direto (SPD), fixação biológica de nitrogênio (FBN); florestas plantadas e tratamento de dejetos animais.

O Amazonas pode sem problema fazer parte desse boom. Apenas em relação ao polo petróleo e gás, segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), a produção líquida do energético no Estado pode chegar a 12 milhões de m³/dia até 2030 – crescimento à razão de 34% em relação ao nível de 8 milhões de m³ registrado em 2021. O potencial advém da entrada de novas jazidas já conhecidas e dos blocos SOL-168 e SOL-191, na Bacia de Solimões, recentemente desenvolvidos. De outro lado, segundo “Avaliação do Potencial de Potássio no Brasil”, até o momento pode-se afirmar a existência de depósitos em Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara, com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas, volume que pode tornar o Brasil autossuficiente na produção do estratégico minério, cuja demanda hoje é suprida graças a importações da Rússia e Ucrânia.

O maior desafio, contudo, consiste em superar gigantescos óbices impostos pelo próprio governo Federal, particularmente orientados pelo MMA e seus tentáculos Ibama e ICMBio. O atual governo abertamente prefere “apenas zerar” o desmatamento via uso de força (com suporte da mídia internacional) do que promover o desenvolvimento regional por meio do incentivo à exploração sustentável dos recursos de nossa biodiversidade.

FELIZ 2024! QUE SE REALIZEM NOSSOS SONHOS DE TORNARMOS O BRASIL UM PAÍS SOCIAL, JURÍDICA E POLITICAMENTE JUSTO, AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL E ECONOMICAMENTE VIÁVEL. 

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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