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Eventos climáticos extremos no Acre tem maior ocorrência a partir de 2010, indicam pesquisadores

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Resultados sugerem que o Acre pode estar se aproximando ou já ter ultrapassado um ponto crítico de desastres climáticos.

O ano de 2010 pode ter sido um ponto de virada para a ocorrência de eventos climáticos extremos no estado do Acre, no Norte do Brasil. É o que aponta artigo publicado nesta terça (21) na revista “Perspectives in Ecology and Conservation”. O estudo, uma parceria entre a Universidade Federal do Acre (UFAC), a Universidade Estadual do Ceará (UECE), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o centro de pesquisas americano Woodwell Climate, sugere que o estado pode ser uma das regiões brasileiras mais afetadas pelos eventos climáticos extremos.

Foto: Gleison Miranda / Secom AC / Agência de notícias do Acre

A fim de quantificar a frequência de inundações, secas, crises hídricas e incêndios florestais no estado do Acre, além de identificar suas causas e impactos, os pesquisadores examinaram uma série de estudos publicados entre 1987 e 2023, bem como decretos estaduais e municipais relacionados a alertas climáticos e ambientais emitidos no mesmo período. Os dados mostram que a região enfrentou 254 eventos climáticos extremos nos últimos 36 anos e que, desde 2010, há uma tendência constante de aumento na frequência e na intensidade dessas ocorrências.

“A partir de 2010, vemos uma quebra, uma ruptura do padrão que se mostrava até então”, destaca Sonaira Silva, pesquisadora da UFAC e autora do estudo. Até 2004, os registros indicavam a ocorrência de, em média, um evento extremo por ano nas cidades acreanas. No entanto, desde então e, principalmente, após 2010, dois ou mais eventos têm sido registrados com frequência no mesmo ano em um mesmo município.

“Esse é o padrão que está se mostrando para o futuro. O ambiente não está conseguindo se regenerar depois de cada evento e, a cada ano, está mais frágil”,

explica a autora.

Segundo o artigo, 60% das ocorrências enfrentadas pelos cidadãos acreanos no período analisado foram caracterizadas como incêndios florestais ou queimadas em áreas desmatadas, enquanto 33% foram inundações e 6% crises hídricas. “Geralmente as pessoas mais afetadas são aquelas que estão em áreas de risco, pessoas mais pobres e com menos estrutura”, destaca Silva. As perdas econômicas em larga escala também são alarmantes: registros do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres do Brasil mostram que, entre 2000 e 2015, de todos os 27 estados brasileiros, o Acre teve o maior custo financeiro por evento: o prejuízo estimado é de mais de 15 milhões de reais a cada crise.

A equipe também identificou tendências e semelhanças nas áreas mais atingidas pelos eventos. A capital Rio Branco e o município de Cruzeiro do Sul, duas das áreas mais populosas do estado, são os principais locais afetados. 

“As regiões que têm menos floresta são aquelas em que os eventos climáticos mais ocorrem, mas o prejuízo está por todos os lados”,

diz Silva.

Para a pesquisadora, as alternativas para mitigar a situação são recompor a vegetação nativa, adaptar as cidades para modelos mais sustentáveis e inteligentes, criar políticas e cumprir legislações ambientais. “Ao que tudo indica, os eventos extremos vão continuar não só ocorrendo, mas aumentando. Pretendemos continuar olhando isso muito de perto para tentar ajudar na tomada de decisões que podem mudar esse cenário”, conclui a autora.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Bori

Vazante

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Na Bacia Amazônica o termo é utilizado para descrever o processo de descida do nível dos rios, após a cota máxima ser atingida.

Foto: Michel Castro/Rede Amazônica

Seja nas grandes metrópoles ou nas comunidades ribeirinhas próximas ao Rio Amazonas, a vida se organiza em torno do ciclo das enchentes e vazantes. O termo vazante é muito utilizado pelas populações que vivem em torno da Bacia Amazônica, caracterizando para o processo de descida do nível dos rios após a cota máxima ser atingida, as enchentes. Normalmente, este fenômeno ocorre nos meses entre junho e novembro. 


*Com informações do Instituto Mamirauá 

Meio ambiente

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Caracterizado pela interação de todos os elementos físicos, químicos e biológicos do planeta. 

Foto: Pedro Devani/Secom Acre

O conceito de meio ambiente é frequentemente utilizado para a demonstração de paisagens exuberantes, riquezas de fauna e flora, entretanto, sua conceituação é muito mais abrangente.

O meio ambiente é caracterizado pela interação de todos os elementos físicos, químicos e biológicos do planeta. Ou seja, ele é tudo que circunda ou interfere sobra a vida, seja em menor ou maior grau. 

A água, rochas, o ar, a atmosfera, a fauna e flora diversas do planeta, são todas parte de uma grande sistema formado por elementos, orgânicos e inorgânicos, que se equilibram. A esse sistema complexo dá-se o nome de meio ambiente. 

*Com informações da PUC-SP

Terra Indígena em Roraima deve ter demarcação iniciada até fevereiro de 2026, estabelece Funai

O prazo foi firmado em um acordo com o Ministério Público Federal (MPF). No território, vivem 54 indígenas dos povos Wapichana e Macuxi, divididos em 14 famílias que pedem a demarcação há mais de 50 anos.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) estabeleceu o prazo de até 28 de fevereiro de 2026 para iniciar a regulamentação administrativa para a demarcação da Terra Indígena Arapuá, localizada no município de Alto Alegre, Norte de Roraima. O prazo foi firmado em um acordo com o Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com o MPF, a Funai deve constituir, até 30 de abril de 2024, um grupo técnico especializado destinado à elaboração de um relatório com informações sobre o território e, em seguida, no dia 31 de agosto de 2024 deve ser iniciado o processo de demarcação física.


Terra Indígena Arapuá fica no município de Alto Alegre, onde vivem famílias dos povos Wapichana e Macuxi. Foto: Divulgação/Arquivo 

No território, vivem 54 indígenas dos povos Wapichana e Macuxi, divididos em 14 famílias que reivindicam a demarcação há mais de 50 anos. Segundo o MPF, o acordo foi alcançado por meio de ação civil pública proposta em 2022 para obrigar a União e a Funai a promoverem os atos de identificação, demarcação e homologação da TI Arapuá.

Com o acesso pela RR- 205 saindo de Boa Vista, a TI Arapuá é rodeada por fazendas de soja, milho e pastagem para gado. O Conselho Indígena de Roraima “afirma que a região é território resiste à expansão do agronegócio e vive intensa luta pela demarcação”.

O MPF destaca que desde que a ação civil pública foi proposta foram realizadas ao menos três audiências judiciais a fim de viabilizar o início do processo de demarcação, o que não ocorreu até então. O procedimento de demarcação na Funai será dividido em três etapas.

De acordo com o procurador da República Alisson Marugal, responsável pela ação, o acordo representa importante marco na garantia dos direitos originários dos povos indígenas Wapichana e Macuxi sobre as terras que tradicionalmente ocupam.

“O início do processo demarcatório é o primeiro passo no sentido do reconhecimento dos direitos territoriais dos indígenas de Arapuá e atende a uma reivindicação de mais de 50 anos dos seus povos. Em um contexto de intensa pressão fundiária, a demarcação do território é fundamental para garantir segurança jurídica aos indígenas e viabilizar o efetivo acesso a direitos, especialmente, à saúde e educação diferenciadas”,

afirma.

Prédio do MPF em Boa Vista. Foto: Divulgação/Arquivo MPF-RR

Para garantir a transparência e facilitar a fiscalização, o MPF terá acesso “integral e permanente aos autos administrativos relativos ao procedimento de identificação, delimitação e demarcação da TI Arapuá”. 

Terra Indígena Arapuá

A comunidade indígena Arapuá, situada na região conhecida como Tabaio, corresponde a uma ocupação tradicional indígena que remonta à década de 1950. A primeira reivindicação da área como território tradicional formalizada junto à Funai ocorreu em 1975. Apesar disso, quase 50 anos depois, o processo demarcatório sequer foi iniciado.

Durante visita à TI Arapuá, em agosto de 2022, o MPF constatou a presença de não indígenas no território, em sua grande maioria fazendeiros, que utilizam a área para o plantio de monoculturas como soja e milho, e também para a criação de gado.

Na ocasião, os indígenas denunciaram a contaminação do igarapé utilizado para consumo da comunidade, causada pelos agrotóxicos usados nessas plantações.

Diante da situação, renovaram o pedido de reconhecimento de suas terras e pediram providências ao MPF para dar celeridade ao processo de demarcação. 

Especialista analisa relação do café e do cacau com desmatamento da Pan-Amazônia

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O desmatamento intensivo causado pelo plantio dessas culturas ameaça a Amazônia, quando feito de forma irregular.

O café e o cacau têm muito em comum. Ambos são descendentes de árvores de sub-bosque adaptadas às condições de baixa luminosidade no solo da floresta. Cada um tem diversas variedades cultivadas que diferem em relação à qualidade, definida pelos aromas e outros fitoquímicos que atuam como intensificadores de sabor e estimulantes. Ambas são culturas comerciais perenes que exigem mão de obra não qualificada na colheita e certo grau de proficiência técnica para o processamento pós-colheita. A commodity básica do comércio é a semente, chamada de grão, enquanto os frutos são submetidos à fermentação para facilitar a coleta dos grãos, que são lavados, secos e ensacados para transporte e venda.

Foto: Reprodução/Mongabay

Ao contrário do que ocorre com o dendê, o processamento pós-colheita do café e do cacau não exige uma grande instalação industrial de capital intensivo. Isso é importante porque permite que os pequenos agricultores que residem em vilarejos remotos processem sua própria produção e a transportem até o centro logístico mais próximo. Como em todos os sistemas artesanais, há práticas de cultivo e procedimentos de processamento que influenciam a qualidade do produto. Uma combinação desses fatores leva à produção de cafés de elite e cacaos finos, que têm mercados de nicho que afetam os preços pagos aos agricultores.

Tanto o cacau quanto o café têm sido implicados na perda de habitat de florestas naturais, a maioria associada a sistemas de produção de pequenos produtores. A principal causa desse desmatamento é o desejo de expandir a produção ou a necessidade de substituir as plantações existentes que se tornaram infestadas por pragas ou perderam o vigor devido à idade. Essas são culturas comuns na fronteira agrícola, onde o modus operandi dos agricultores é ocupar e desmatar a floresta para estabelecer novas plantações.

Muitas das variedades mais populares de café e cacau são adaptadas à luz solar plena; nesses casos, o terreno é completamente desmatado antes do plantio. Algumas variedades de ambas as culturas crescem melhor sob a sombra, o que motiva os proprietários de terras a expandir a produção para o habitat da floresta para aproveitar o dossel das árvores. Embora isso seja menos prejudicial do que desmatar toda a biomassa da floresta, ainda é uma forma de desmatamento críptico e contribui para a perda da biodiversidade e dos serviços do ecossistema. À medida que as árvores amadurecem e a produção diminui, os agricultores tendem a remover as árvores que dão sombra para manter a produtividade no curto prazo; por fim, a terra é convertida em outro uso, geralmente pasto para a criação de gado e gado leiteiro. 

Os frutos de cacau (cápsulas carnudas) são incomuns porque nascem nos caules em vez de nos galhos e amadurecem gradualmente ao longo de vários meses. Foto: Maria Nelasova/Shutterstock.com

O cacau é uma cultura de mão de obra intensiva que requer um processo de fermentação artesanal pós-colheita, o que o torna uma boa opção para os pequenos agricultores. Tanto o café quanto o cacau são frequentemente promovidos como alternativas ao cultivo da coca ilícita, em parte porque têm um preço decente, mas também porque seu sistema de produção de pequenos agricultores é semelhante ao da folha de coca. Várias iniciativas buscaram promover o café e o cacau como opções de desenvolvimento em paisagens conflituosas, e a maioria dessas iniciativas também buscou evitar novos desmatamentos oferecendo assistência técnica. Infelizmente, esses esforços não foram particularmente bem-sucedidos, seja na erradicação da coca ilícita ou na prevenção do desmatamento.

O cultivo de cacau e café expandiu-se em algumas, mas não em todas, as suas paisagens tradicionais na Amazônia; em alguns casos, a produção diminuiu. As mudanças na área de cultivo ocorrem, em grande parte, em resposta à demanda do mercado, que é determinada pelas condições em outras partes do mundo, seja por eventos climáticos ou desafios estruturais que estão motivando os comerciantes de commodities a diversificar suas cadeias de suprimentos.

No caso do declínio da produção de café no Equador, a concorrência externa fez com que os produtores abandonassem um sistema de cultivo há muito estabelecido em favor de outras culturas. O aumento dos suprimentos da América do Sul foi acompanhado por tentativas renovadas de desvincular a expansão do café e do cacau de novos desmatamentos; essas iniciativas estão tirando proveito de novos subsídios vinculados a programas de mudança climática ou de melhores mecanismos de preços vinculados a sistemas de certificação que apoiam os agricultores que adotam os conceitos de sustentabilidade.


Sobre a análise

A Mongabay está lançando uma nova edição do livro ‘Uma Tempestade Perfeita na Amazônia’; a obra está sendo publicada em versão online, por partes e em três idiomas: espanhol, inglês e português. O autor, Timothy J. Killeen, é um acadêmico e especialista que estuda desde a década de 1980 as florestas tropicais do Brasil e da Bolívia, onde viveu por mais de 35 anos.

Narrando os esforços de nove países amazônicos para conter o desmatamento, esta edição oferece uma visão geral dos temas mais relevantes para a conservação da biodiversidade da região, serviços ecossistêmicos e culturas indígenas, bem como uma descrição dos modelos de desenvolvimento convencional e sustentável que estão competindo por espaço na economia regional.

As informações foram retirados do livro ‘Uma tempestade perfeita na Amazônia‘, de Timothy Killeen, que contém as opiniões e análises do autor. A segunda edição foi publicada pela editora britânica The White Horse em 2021, sob os termos de uma licença Creative Commons (licença CC BY 4.0).

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, com análise feita por Timothy J. Killeen, traduzida por Lisete Correa

Seca no Amazonas prejudica locomoção das comunidades ribeirinhas

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Moradores enfrentam problemas para sair e voltar às comunidades com a estiagem recorde de 2023.

A situação crítica do Rio Negro, no Amazonas, tem afetado a vida da população ribeirinha local que enfrenta problemas de acessibilidade para sair e voltar às suas comunidades. Na Marina do Davi, principal terminal público de Manaus para deslocamento a comunidades ribeirinhas – a exemplo de Igarapé, Tarumã Mirim, Praia da Lua e Praia do Tupé –, o cenário é de muita dificuldade para a população que precisa chegar a diferentes locais.

Na Marina, após descer uma ladeira, os passageiros têm de caminhar quase um quilômetro atravessando lama, bancos de areia, pontes precárias de madeira, em um percurso arriscado, até chegar ao local onde aguardam os pequenos barcos que ainda conseguem fazer a travessia.

É o caso da dona de casa Madalena Soares Fernandes, de 73 anos, que toda vez que precisa se deslocar enfrenta essa saga. Moradora de Tarumã, dona Madalena reclamou sobre a dificuldade de caminhar para chegar até o local de embarque.

“É muita dificuldade, com muita areia. Está difícil de chegar em casa, está horrível. Vamos esperar, não é?”, 

disse a dona de casa referindo-se à volta do período de chuva.

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Madalena fala sobre a maior seca dos últimos 120 anos. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Segundo Madalena, já são quase três meses enfrentando essa situação. Ela relatou ainda ter vivido uma seca similar, em 2010, mas de curta duração. “Em 2010 deu, mas não foi tanto quanto neste [período], entendeu? Foi uma seca grande, mas rápida. Essa aqui não, está sendo demorada”, disse.

Entre as compras que tenta levar para casa está um garrafão de água. Para auxiliar no transporte, ela contratou uma pessoa para carregar o saco com ração para as galinhas que cria. Entre sorrisos, dona Madalena contou que após o desembarque em Tarumã precisaria caminhar cerca de três horas para chegar em casa, já que, com o rio seco, o barco não consegue entrar na comunidade. No caminho, não contará com o auxílio do filho que mora com ela, para transportar as compras.

“Quando está cheio, o barco vai até perto de casa e agora acho que demora umas três horas para chegar”, afirmou. “E ele [o filho] nem está aqui, só vamos eu e Deus”, completou.

O carregador Leandro da Silva conta que para fazer transportes a pé demora muito mais do que quando fazia em lancha. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O cenário desafiador também gera oportunidades diversas para os moradores locais, que encontram na dificuldade vivenciada por uns a oportunidade de gerar renda. É o caso de Leandro da Silva, de 27 anos, que trabalha na Marina carregando mercadorias de quem quer atravessar para as comunidades. Ele foi contratado para transportar a ração das aves de dona Madalena.

“A gente carrega tudo, tanto variedades quanto mudanças e dá para fazer uma moeda”, disse Leandro. Segundo o jovem, o expediente começa bem cedo e acaba, em geral, por volta das 17h, em razão das dificuldades para voltar à comunidade.

Na volta, ele segue um caminho similar ao traçado por dona Madalena. “A maior dificuldade é na comunidade – o que era feito em 15 minutos você faz em uma hora de perna, areia, praia, lama”, observou Leandro, refletindo sobre a situação vivenciada na marina.

“A seca quebra as pernas de todo mundo, tem gente que sobrevive de flutuante e pode ver, tudo parado. As lanchas não passam, agora só as rabetinhas [tipo de embarcação], ainda encalhando porque está seco”.

João da Rocha Lopes, da cooperativa dos profissionais de transporte fluvial da Marina do Davi comenta os reflexos da seca. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A situação dos flutuantes, encalhados na Marina do Davi desde outubro, também é preocupante. Localizada no bairro Ponta Negra, às margens do Igarapé do Gigante, a marina também é utilizada para passeios turísticos no Rio Negro.

Um grupo de 56 barqueiros, organizados em torno da Cooperativa dos Profissionais de Transporte Fluvial da Marina do Davi (Acamdaf), presta tanto serviços para as comunidades, quanto realiza passeios turísticos na região.

Um dos cooperativados, João da Rocha Lopes, 52 anos, também disse que só tinha visto uma seca similar em 2010, mas com impacto muito menor. Parado desde outubro, ele contou que está sobrevivendo como pode. 

“A gente se vira com o que tem, com o que conseguiu ganhar e guardar um pouquinho, não é? Vai se virando”, afirmou. “Perdeu o comércio, perderam muitas áreas. Por exemplo: o Uber parou o movimento. Alguns colegas nossos ainda estão trabalhando na rabeta. A gente trabalha com sete comunidades e os transportes estão sendo feitos por meio de rabetinhas, que andam praticamente na lama. E eles [os moradores] têm necessidade de ir e vir, porque precisam comprar alimentos, remédios, precisam fazer essa locomoção”.

Seca 

Após a volta de nuvens de fumaça em pontos de Manaus durante o fim de semana, o Instituto Nacional de Meteorologia lançou alerta de perigo para a possibilidade de chuvas intensas na capital amazonense.

O alerta, divulgado nessa segunda-feira (20), vale até esta terça (21) e também abrange regiões dos estados do Acre, de Mato Grosso, do Pará, de Rondônia e Roraima.

Segundo o Inmet, o alerta vale para as regiões do vale do Acre, leste rondoniense, centro amazonense, sudoeste amazonense, norte mato-grossense, sul amazonense, norte amazonense, madeira-guaporé, sul de Roraima, vale do Juruá e sudoeste paraense. 


Rio Negro, no bairro São Raimundo em Manaus, próximo ao estaleiro Santa Fé. Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Em Manaus, a nuvem de fumaça que deixou o céu cinzento voltou no sábado (18) e pôde ser observada até a manhã de ontem. No início da tarde, a cidade registrou chuva em pontos isolados. Segundo o monitoramento do Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), da Universidade do Estado do Amazonas, a qualidade do ar em boa parte da capital ficou moderada.

O estado do Amazonas enfrenta seca severa, com o Rio Negro alcançando o pior marca em 121 anos, quando começaram as medições. No dia 26 de outubro, a cota do rio chegou ao nível mais baixo registrado, ficando em 12,7 metros. No início de novembro começou a subir, ficando novamente acima dos 13 metros. A última medição registrada pelo Porto de Manaus, no dia 17 deste mês, mostrou recuo no volume, com a calha do Rio Negro ficando em 12,96 metros.

De acordo com o mais recente boletim divulgado pela Defesa Civil do Amazonas, todos os 62 municípios do estado permanecem em situação de emergência. São 598 mil pessoas e 150 mil famílias afetadas. 

*O conteúdo foi publicado originalmente pela Agência Brasil, escrito por Luciano Nascimento

Sustentabilidade

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O desenvolvimento sustentável é aquele que não esgota os recursos finitos do planeta, deixando-os para as gerações futuras. 

Foto: Annette/Pixabay

O conceito de sustentabilidade está fortemente atrelado ao termo ‘desenvolvimento’ e surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU, visando o não esgotamento dos recursos finitos que o planeta possui, em detrimento do lucro e do corporativismo.

Em suma, o desenvolvimento sustentável é aquele que não esgota os recursos finitos do planeta, deixando-os para as gerações futuras. Isto pode ser feito à partir de do desenvolvimento de ações voltadas para a conservação,  reciclagem, reflorestamento, enfim, da consciência ambiental no geral.

A responsabilidade com o meio ambiente é uma pauta em crescente nos últimos anos e, cada vez mais, as empresas visam oferecer um retorno socioecológico – considerando que o consumidor é cada vez mais engajado com causas ambientais – seja por conta da importância atrelada a conservação ambiental ou por obrigações jurídicas.

*Com informações do WWF

Conheça a história das bandeiras dos Estados da Amazônia Legal

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Cada bandeira tem uma simbologia que representa parte da história de seu Estado.

As bandeiras dos Estados são carregadas de simbologia. Cada cor, detalhe e estampa são cuidadosamente escolhidos para representarem acontecimentos significativos para a população ou para a historicidade desses locais. 

Pensando nesses aspectos, o Portal Amazônia buscou as explicações para as representações simbólicas de cada uma das bandeiras dos Estados que compõem a Amazônia Legal brasileira. Confira:

Bandeira do Acre 

A bandeira do último Estado anexado ao território brasileiro existe desde 1899, quatro anos antes da sua anexação ao Brasil. Inicialmente, ela representava os tratados de limites territoriais e tinha a diagonal invertida, em relação ao que é hoje. Apenas em 1920 a bandeira foi oficializada como representativa do Acre.

Suas cores, as mesmas da bandeira do Brasil – amarelo e verde – representam a integração ao território brasileiro e tem significados específicos, com o amarelo representando a riqueza da terra e o verde sendo uma representação da esperança e força do povo acreano. Ademais, a estrela vermelha surgiu para homenagear a Revolução Francesa e aqueles que lutaram para que o Estado fosse anexado ao Brasil. 

 Bandeira do Amapá

Localizado no norte do país e tendo saída marítima, o Estado do Amapá já foi muito disputado por invasores que visavam colonizar a região. Essa história está simbolizada na figura geométrica presente em sua bandeira, que representa o Forte de São José de Macapá. O forte é considerado uma defesa completa contra invasões de todos os tipos, ao menos os que estavam disponíveis na época, contando com possibilidade de disparar balas de canhão em 360 graus, algo extremamente avançado naquele momento histórico. Entretanto, a construção jamais chegou a ser efetivamente utilizada, já que sua principal função era proteger a Bacia do Rio Amazonas.

Ainda assim, o Estado foi amplamente invadido por piratas de diversas etnias, que visavam colonizar o território para si ou para os países que representavam, diversas vidas foram perdidas em prol da defesa do Amapá e da independência da região, o que está representado na bandeira pela cor preta.

As outras cores da bandeira têm também seus significados específicos, com o azul representando o céu, o amarelo as riquezas minerais e o branco a paz. 

Bandeira do Amazonas

A bandeira do Amazonas teve sua seleção de cores com o objetivo de ser levada a Batalha de Canudos, ocorrida em 1897, pelo batalhão militar amazonense, que se integrou às forças dos demais Estados naquela luta. Cada uma das 25 estrelas de prata representam um dos municípios do Estado que existiam em agosto de 1897, com a maior delas representando a cidade de Manaus, capital do Estado.

Da esquerda para a direita as estrelas simbolizam os municípios de Borba, Silves, Barcelos, Maués, Tefé, Parintins, Itacoatiara, Coari, Codajás, Manicoré, Barreirinha, São Paulo de Olivença, Urucará, Humaitá, Boa Vista (atual capital de Roraima), Moura, Fonte Boa, Lábrea, São Gabriel da Cachoeira, Canutama, Manacapuru, Urucurituba, Carauari e São Felipe do Juruá. 

A bandeira do Estado do Amazonas foi consolidada pela Lei n.º 1.513, de 14 de janeiro de 1982 e seu uso foi regulamentada pelo Decreto n.º 6.189, de 10 de março de 1982. 

Bandeira do Maranhão 

A bandeira do Maranhão possui nove listras intercaladas em três cores (vermelho, branco e preto) e são uma homenagem a cada uma das etnias que compõe a origem do Estado: brancos, negros e indígenas.

A bandeira foi criada no século XIX, pelo artista e poeta Joaquim de Sousândrade. A estrela localizada no topo superior esquerdo, representa a estrela do Estado em relação à bandeira brasileira. Além disso, o modelo foi inspirado na bandeira dos Estados Unidos.

Bandeira do Mato Grosso 

A bandeira do Mato Grosso é uma das bandeiras estaduais mais antigas do país, criada em 1890, apenas 73 dias após a Proclamação da República. O criador da bandeira foi também o primeiro governador do Estado, o Marechal Antônio Maria Coelho, que, além de ter participado da proclamação, foi também um dos heróis da Guerra do Paraguai.

As cores dessa bandeira são as mesmas da bandeira brasileira. Cada cor, entretanto, representa algo único do Estado, sendo o azul representativo da pureza de suas águas, o verde representando a mata, o amarelo representando o ouro e o branco que representa o céu do Estado. 

Bandeira do Pará 

Uma das bandeiras marcadas pelo sangue e luta de sua população é a do Estado do Pará. O vermelho da bandeira representa justamente o sangue derramado em prol da defesa dos interesses do povo que habitava no local durante a revolta conhecida como Cabanagem. O objetivo da revolta era separar o território do  Estado do restante do país, formando uma república.

A estrela da bandeira do Pará é a única que se encontra solitária na bandeira do Brasil, pois, naquele momento, o território de Grão-Pará era o único que tinha em sua delimitação territorial, terras acima da linha do Equador. Já a faixa branca presente na bandeira simboliza o Rio Amazonas, de acordo com as interpretações mais aceitas. 

Bandeira de Rondônia 

A bandeira de Rondônia conta uma história a respeito do desenvolvimento do Estado. Foi criada nos anos 80 por um jovem estudante de arquitetura, Silvio Carvajal Feitosa, que na época tinha ainda 17 anos de idade, e venceu um concurso para a elaboração da bandeira, que deveria conter as cores da bandeira nacional.

Cada um dos componentes desse símbolo do Estado retrata algo de importante, a faixa verde representa a BR 364 e, ao mesmo tempo, o Rio Madeira, ambas as formas de acesso da região; a estrela no fim da estrada verde simboliza a esperança no desenvolvimento de Rondônia. 

Bandeira de Roraima 

A bandeira do Estado de Roraima foi projetada em 1996, por Mário Barreto. As cores utilizadas na sua composição representam, em especial, a integração do Estado com o Brasil. 

No entanto, cada cor tem, também, um significado específico: o verde representa as matas densas e o cerrado, o amarelo a riqueza mineral, o branco a paz, o azul o céu e ar puro e a faixa vermelha simboliza a linha do equador. 

Bandeira de Tocantins 

O Estado mais jovem do Brasil luta por uma bandeira própria desde antes de sua oficialização como região independente de Goiás. Um grupo de pessoas lutava pela separação do território como uma forma de ter acesso às riquezas da região e são justamente essas riquezas que são simbolizadas na bandeira.

Cada cor da bandeira do Tocantins representa algo específico, o amarelo representa o ouro, muito presente no Estado; o azul representa os rios Tocantins e Araguaia; os elementos em branco, juntamente com o sol amarelo sobre um fundo azul, transmitem a ideia de um futuro iluminado e esperançoso. 

Cacau de Rondônia recebe selo de Indicação Geográfica

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Indicação Geográfica (IG) na espécie Indicação de Procedência (IP) é válido para todos os municípios de Rondônia.

O cacau produzido em Rondônia recebeu, o selo de Indicação Geográfica (IG) na espécie Indicação de Procedência (IP). O registro foi publicado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

O selo de Indicação Geográfica é concedido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem.

Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Cacau acontece em Rondônia. Foto: Frank Néry/Governo de Rondônia

De acordo com o Inpi, o cacau produzido em Rondônia “possui sabor inconfundível e uma gordura de qualidade diferenciada para a produção de alimentos achocolatados de consistências e sabores diversos”.

O pedido de reconhecimento do produto foi protocolado pela Associação dos Cacauicultores e Chocolateiros de Rondônia (Cacauron). O documento aponta que todos os municípios de Rondônia fazem parte da delimitação da área geográfica da Indicação Geográfica. 

Robusta Amazônico 

Café Robusta Amazônico. Foto: Divulgação/Armando Junior

Além dessa IP, o Estado possui uma Denominação de Origem (DO) para o café das Matas de Rondônia, o Robusta Amazônico. A área classificada como ‘Matas de Rondônia’ na Identificação Geográfica abrange 15 municípios, sendo todos na Zona da Mata.

De acordo com os documentos apresentados pela Associação dos Cafeicultores da Região das Matas de Rondônia (Caferon), o café robusta amazônico de Rondônia é comprometido com a produção sustentável.

As condições ambientais e climáticas da região rondoniense, somadas ao trabalho especializado no manejo do solo, proporcionam a alta qualidade do grão. 

Tambaqui de Rondônia 

Entender a boca do tambaqui pode levar à melhor compreensão sobre os mecanismos de cicatrização da pele, avalia cientista. Foto: Reprodução/GETTY IMAGES

O peixe tambaqui amazônico, produzido na região do Vale do Jamari em Rondônia, também é reconhecido pelo Inpi e recebeu a primeira Indicação Geográfica (IG) na espécie Indicação de Procedência (IP).

Leia também: Primeira Indicação de Procedência de Rondônia é reconhecida pelo INPI

De acordo com o Inpi, o tambaqui criado em Rondônia “possui atributos similares aos existentes em ambiente natural, sendo um produto de carne branca, com textura tenra, firme, macia e suculenta, de sabor marcante e peculiar”. 

Rita Benneditto: cantora maranhense combina música pop com a cultura afro-brasileira

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Conhecida inicialmente como Rita Ribeiro, cantora construiu uma carreira com 8 álbuns, apresentações internacionais e uma indicação para o Grammy.

A maranhense Rita Benneditto é uma das principais vozes da música brasileira contemporânea e referência das artes com inspiração na cultura afro-brasileira que se manifestam dentro e fora dos palcos. Sua carreira iniciou-se ainda nos anos 1980, quando usava o nome de Rita Ribeiro. Desde então, já gravou oito CDs, dois DVDs e quatro singles, foi indicada para um Grammy e continua construindo uma trajetória de sucesso na música.

Ela nasceu em 13 de junho de 1966, na cidade de São Benedito do Rio Preto, Maranhão (Estado que compõe a Amazônia Legal), com o nome de Rita de Cássia Ribeiro. “Venho de uma família muito grande, somos 11 irmãos. Apesar de termos passado boa parte da nossa vida em São Luís, meus pais eram do interior do Maranhão. Somos a típica família grande nordestina”, diz. 

Ela conta que os pais nunca a proibiram de ir em busca de seus sonhos, porém, recorda,  “tinham aquele conceito de que os filhos precisavam receber uma formação: você vai estudar, ser médico, engenheiro, agrônomo etc”.

Não havia músicos profissionais na família, mas o pai tocava violão, cavaquinho, banjo e até integrava uma banda de pau e corda. Mas, “por conta das dores e da necessidade das urgências da vida”, parou de tocar.

“Vendo essa história, entendi que teria que correr atrás e a minha vida artística foi construída a partir da minha própria consciência. Na escola já me envolvia com arte, dança e fui sendo levada. A música me pegou e disse: ‘Filha, você nasceu para isso. Só tem de ter coragem e força de seguir’. Foi o que eu fiz”.

Foto: reprodução/Jornal da Unesp

Ela começou a cantar por volta dos 15 anos de idade, participando de festivais e grupos vocais, e cantando nas noites de São Luís. Em 1986, morou no Chile. Lá integrou o Coro Sinfônico da Universidad de Chile e estudou canto erudito. No ano seguinte, de volta ao Brasil, conquistou o prêmio de melhor intérprete e segundo lugar no FUMP (Festival Universitário de Música), de Minas Gerais. Em 1989, apresentou seu primeiro show solo, Cunhã, no Teatro Municipal Arthur de Azevedo, na capital maranhense. A direção musical foi de Zeca Baleiro.

Já no início dos anos 1990, mudou-se para São Paulo e deu continuidade a sua carreira montando bandas e apresentando-se em inúmeros lugares. A possibilidade de gravar seu primeiro CD veio em 1997. Nessa época surgiu a gravadora Velas. Os criadores do novo selo, a famosa dupla de compositores Vitor Martins e Ivan Lins, convidaram Rita para gravar.

“Na verdade, éramos um trio morando em São Paulo, sobrevivendo e batalhando a história da vida artística. Eu, Zeca Baleiro e Chico César, que também se tornou um grande parceiro, sempre nos ajudando. O Zeca estava começando a produzir meu primeiro disco, mas estava também batalhando o disco dele. Não tinha tempo disponível, nem tanta experiência de produção profissional. Aí chamamos o Manga para somar. Ele era um cara irreverente de São Paulo, que eu conhecia da época do Premeditando o Breque, e que tinha experiência em produção”, diz. O álbum foi intitulado Rita Ribeiro, seu nome artístico à época. Ela o chama de “meu primeiro filho”. 

“Posso dizer que foi então que me profissionalizei, quando me tornei cantora, intérprete, compositora, recebi retorno do público e da crítica e me senti dona da minha história”,

afirma.

Posteriormente, assinou contrato com a gravadora MZA Music, do produtor Marco Mazzola. E em 1999, gravou seu segundo CD, Pérolas aos Povos, ainda sob a produção musical de Mario Manga. O disco foi bem recebido pelo público e até pelo rádio. Neste mesmo ano, ao lado de Ney Matogrosso, Milton Nascimento, Zeca Baleiro e Chico César, apresentou-se na noite brasileira do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, e foi convidada para se apresentar no Festival Brasil-Caracas na Venezuela. Outro destaque foi sua participação no festival Todos os cantos do mundo, dividindo o palco com Lokua Kanza, grande nome da música pop africana. 

“Pérolas aos Povos é uma continuidade sonora do primeiro álbum. Creio que tudo na vida seja uma continuidade. Entretanto, eu estava com uma gravadora bem maior, com muito mais projeção no mercado. Realmente, foi um momento de grande visibilidade. Recebi indicação ao Grammy Awards, na categoria de Melhor Álbum de Pop Rock. Eu estava lá ao lado da Shakira, disputando com o João Gilberto. Falei ‘gente, já ganhei o prêmio e eles nem sabem’ (risos)”,

conta.

Nesse mesmo período, em 1999, os executivos da gravadora Putumayo World Music assistiram um show seu junto com Chico César no Programa Bem Brasil da TV Cultura, adoraram e a convidaram para uma turnê nos EUA e Canadá. “A gente se jogou nessa turnê. O pessoal da gravadora lançou esse trabalho em mais de 60 países onde atuavam”, diz.

No início dos anos 2000 ela gravou seu terceiro CD, ‘Comigo’. A obra foi produzida por Marco Mazzola, com coprodução da própria Rita e de Pedro Mangabeira. O álbum também trouxe alguns hits, mas foi em 2003 que veio a público um dos seus principais trabalhos, e que até hoje repercute, Tecnomacumba.

O projeto teve início na cidade do Rio de Janeiro, em shows que contaram com participações de nomes como Leci Brandão, Sandra de Sá e Marcos Susano. O show experimentou temporadas de grande sucesso em várias cidades brasileiras e recebeu o Prêmio Rival Petrobrás de Música na categoria Melhor Show. Veio então o álbum Tecnomacumba, gravado em estúdio em 2006, pelo selo Manaxica Produções em parceria com a gravadora Biscoito Fino.

“Na verdade, Tecnomacumba surgiu lá no início, quando gravei no meu primeiro disco a faixa ‘O ponto da Jurema’. Eu estava num terreiro lá no Maranhão, olhando a gira acontecer e falei: ‘Caramba! Olha que interessante, a catalização de energia de um ritual religioso’. No caso a umbanda, o candomblé, as religiões de matrizes africanas. O que faz a capitalização de energia é o som, a música e a dança ao som do tambor. O orixá, o caboclo, a entidade se manifestam a partir do toque, da cantiga e do canto. Eu transportei isso para um palco, transportei para uma rave, para uma discoteca, para uma noite de beat e dança”, conta.

Rita diz que quando estão em um show ou uma danceteria, as pessoas também são movidas por dois elementos de catalização, a música e a dança. Isso acontece independentemente do contexto em que elas estejam. “Você faz o corpo vibrar e a mente pensar. Achei que aquilo ia dar uma liga muito grande. Por que não trazer todo esse ritual para dentro de um espetáculo? Um palco com luzes, cenários, figurinos e arranjos diferenciados.Vou usar o que chamam de pontos cantados nos terreiros, aquelas cantigas que são tradicionais. Vou colocar músicas populares brasileiras, conhecidas do grande público. E vou botar isso num beat, porque o som do tambor sampleado é processado para soar com aquele groove de transe”, conta.

Essa é a origem do nome Tecnomacumba: uma referência ao uso de novas tecnologias para o processamento do som. 

“Quando lancei esse disco, a imprensa ficou querendo saber o que era aquilo, essa mistura do ponto da Cabocla Jurema com o beat eletrônico. Eu respondi: é a Tecnomacumba”,

explica Rita.

O impacto do álbum foi tamanho em sua carreira que algumas canções continuam no repertório de seus shows vinte anos depois. Eventualmente, ela faz apresentações reproduzindo o álbum na íntegra. “Tenho o projeto há 20 anos, mas não foi fácil. Muita gente criticou. Familiares, amigos, até o dono de gravadora. Disseram que eu ia jogar minha carreira no lixo e ficar na ‘prateleira’ da macumba, entre outras coisas. Mas eu acreditei, e disse às pessoas que deixassem de ser preconceituosas pelo fato de que escolhi usar o nome macumba”, diz.

Rita diz que é adepta da religiosidade afro-brasileira, mas seu projeto não é converter ninguém. 

“Não sou apenas simpatizante, eu sou atuante nos terreiros. Além disso, digo que as pessoas precisam entender a história do Brasil. Nossa referência estrutural é direta do povo africano, dos povos originários. Precisamos parar de colocar as coisas debaixo do tapete e assumir. Só temos a ganhar”,

defende.

Em 2012, Rita decidiu trocar seu nome artístico, de Rita Ribeiro para Rita Benneditto. A ideia foi homenagear seu pai, Fausto Benedito Ribeiro, sua cidade natal, São Benedito do Rio Preto (MA) e reverenciar São Benedito, um santo cristão negro, padroeiro das festas populares, especialmente do Tambor de Crioula do Maranhão. 

*O conteúdo foi publicado originalmente pelo Jornal da Unesp, escrito por Renato Coelho