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Primeiro Centro Tecnológico em robótica é inaugurado em escola pública no Amapá

Para fomentar conhecimentos sobre robótica e tecnologia, serão implantados laboratórios em escolas de 16 municípios do Amapá até 2024. Primeira inauguração aconteceu em Santana.

Para estimular o desenvolvimento da ciência e tecnologia aos jovens do Amapá, o projeto Samaúma Tech foi lançado pelo governo. Ele visa promover a abertura de mais espaços estimuladores de tecnologia nos municípios do Estado.

A Escola Estadual Augusto Antunes, localizada no município de Santana, foi a primeira a utilizar o ‘Centro Tecnológico em Robótica’, um espaço com diferentes equipamentos, como: computadores, kits de robótica, softwares de programação, rede de internet, jogos educativos e outros.

Foto: Evandro Vilhena/Seed AP

Mais de 500 professores serão capacitados neste novo método, reforçando o conhecimento de cerca de 6 mil estudantes. O Objetivo é que as práticas tecnológicas se tornem comuns em sala de aula, estimulando novos mercados e a empregabilidade do jovem.

O projeto do governo do Estado possui uma parceria com as secretarias de educação de cada município, com investimentos parlamentares de R$6 milhões, articulados pelo senador Davi Alcolumbre, em parceria com a Universidade Federal do Amapá (Unifap).

A secretária de Educação do Estado, Sandra Casimiro, destacou que um mapeamento será realizado no Amapá, de escolas municipais e estaduais, para que estes recursos possam ser implementados. Ela afirmou que é necessário aplicar as novas tecnologias à educação.

“A inovação está em nossas mãos, no telefone, então é essencial também ensinar para o nosso aluno como estes aparelhos funcionam. Essa escola funciona em tempo integral, e terá um eixo de educação profissional com esta temática”, 

disse.

Equipamentos de tecnologia e inovação na escola pública de Santana. Foto: Evandro Vilhena/Seed

Indústria 4.0 

Essa nova implementação, nas escolas de ensino público, é uma tecnologia da indústria 4.0, que conceitua o aumento da eficiência da utilidade de recursos e no desenvolvimento de produtos em larga escala, integrando o país em cadeias globais de valor.

Centro de Robótica em Santana promove a inovação e tecnologia. Foto: Evandro Vilhena/Seed

Exploração de petróleo na Amazônia preocupa indígenas, segundo ministra

Sônia Guajajara manifestou receio sobre impacto ambiental na região.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, voltou a expressar preocupação com a exploração de petróleo e gás na Bacia do Amazonas. A manifestação ministerial ocorreu nesta quarta-feira (13), pouco antes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) leiloar 38 blocos exploratórios de 11 bacias sedimentares: Espírito Santo, Paraná, Pelotas, Potiguar, Recôncavo, Santos, Sergipe-Alagoas, Tucano, Santos e Campos, além da Amazonas.

“Lógico que preocupa”, respondeu a ministra ao ser perguntada sobre o potencial impacto ambiental da exploração petrolífera na bacia amazônica, especificamente.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Segundo o Instituto Arayara, organização não governamental (ONG) que defende o uso de recursos naturais de forma sustentável, a exploração de petróleo e gás natural em alguns dos blocos ofertados nesta terça-feira representam uma “ameaça socioambiental”. De acordo com o instituto, alguns destes blocos se sobrepõem a unidades de conservação ou a áreas de amortecimento que visam a proteger as mesmas unidades, não só na Amazônia, mas também em outras regiões. De acordo com a organização, há ao menos 23 terras indígenas nas áreas de influência de 15 dos blocos que a ANP ofertou.


“Somos povos resistentes e vamos continuar lutando, fazendo a resistência que precisa ser feita para evitarmos a exploração dentro dos territórios indígenas”, acrescentou a ministra, destacando o fato do leilão ocorrer no último dia da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), evento realizado em Dubai, nos Emirados Árabes, e cujos participantes aprovaram incluir, no documento final, menção à importância do mundo alcançar a “neutralidade carbônica” até 2050, por meio de uma transição da era dos combustíveis fósseis, principais causadores das mudanças climáticas. 

“Na Conferência do Clima [COP28], que termina hoje, acabaram de apresentar um documento em que a maioria dos países entende que é preciso fazer uma transição energética urgente ou não vamos conseguir evitar chegar ao ponto de não retorno [ponto a partir do qual os danos causados ao planeta serão irreversíveis, passando a ameaçar a vida humana e de outras espécies]”, afirmou a ministra, classificando como “lamentável que muitos países necessitem fazer esta transição energética a longo prazo”.

“Precisamos muito dessa consciência também por parte da sociedade, de entender esta emergência que vivemos para, inclusive, ajudar a pressionar os governos. Temos que sair deste modelo [energético, baseado no uso de combustíveis fósseis], uma transição é realmente necessária”,

disse a ministra.

Taxa de mortes violentas de indígenas em Roraima são as maiores da Amazônia Legal, diz estudo

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Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica taxa de 47,3 mortes violentas intencionais de indígenas por 100 mil habitantes no Estado em 2021.

Roraima é o Estado da Amazônia Legal com a maior taxa de mortes violentas de indígenas, segundo aponta um estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) com base em dados de 2021. No ano, foram 46 indígenas assassinados de forma violenta, uma taxa de 47,3 por 100 mil habitantes.

A Amazônia Legal é uma área delimitada em 1953 por lei federal com o objetivo de criar políticas para o desenvolvimento socioeconômico da região. É formada por nove Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e por parte do Maranhão, num total de 772 municípios.

Segundo o levantamento ‘Cartografias da Violência na Amazônia, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no dia 30 de novembro, a taxa de Roraima é consideravelmente maior que a do segundo colocado: Tocantins, que registrou 15 mortes de indígenas para cada 100 mil.

Estudo foi divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Foto: Divulgação/Cimi/Arquivo

O terceiro lugar é ocupado pelo Maranhão, com uma taxa de 14,2 mortes de indígenas para cada 100 mil.

Roraima tem 36 terras indígenas, sendo as maiores a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, localizada entre os municípios de Uiramutã, Pacaraima e Normandia, ao Norte do estado, e a Terra Indígena Yanomami, que passa pelos municípios de Amajari, Alto Alegre, Mucajaí, Iracema e Caracaraí.

Maior terra indígena do Brasil em extensão territorial, a Terra Yanomami enfrenta uma crise humanitária sem precedentes devido ao avanço do garimpo ilegal. Para enfrentar a desassistência sanitária dos indígenas, o Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública em janeiro.

Para o estudo, “além das ameaças socioambientais do garimpo ilegal e insegurança alimentar dos indígenas em Roraima, a violência letal também está muito presente” nas terras indígenas.

“Vale lembrar que, em termos de registros policiais, Roraima é um dos estados com menor nível de identificação de etnia/raça/cor das vítimas, o que significa dizer que as polícias podem ainda não ter se dado conta do tamanho do problema”, 

explica o estudo do Fórum.

A mortalidade de indígenas na Amazônia é 26% do que no restante do país: morreram 114 integrantes dos povos originários na região contra 86 nos outros 17 estados e no Distrito Federal. Roraima (46), Amazonas (41) e Maranhão (8) são os três estados com mais vítimas.

A população indígena nos 9 estados é de 867 mil pessoas, enquanto o restante do país registra 825 mil.

“Vale mencionar que as circunstâncias desses crimes são desconhecidas e não necessariamente se relacionam com questões territoriais e de crimes ambientais que povoam a Amazônia, podendo ser fruto de conflitos interpessoais, característica comum da violência letal no Brasil. Entretanto, é notório que a ameaça aos indígenas se intensifica à medida que o contexto de múltiplas ilegalidades se agrava na região”, diz o estudo.

Malocas de indígenas isolados no território yanomami. Foto: Funai/Arquivo

Entre os casos de indígenas mortos, de grande repercussão em 2021, está a morte de dois indígenas da comunidade isolada Moxihatëtëma, na Terra Yanomami, que foram mortos a tiros durante conflito com garimpeiros.

No mesmo ano, líderes indígenas relataram as mortes de dois meninos, de 1 e 5 anos, na comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami. As crianças foram encontradas mortas após um conflito armado entre garimpeiros e indígenas na região.

No recorte por municípios da Amazônia Legal, Roraima tem três cidades com os maiores números de indígenas assassinados entre 2018 e 2021, período analisado. Alto Alegre, que faz divisa com a TI Yanomami, ocupa o topo da lista, com 80 vítimas indígenas (veja os dados completos abaixo).

Na sequência estão os municípios de Caracaraí (RR), com 54 mortes e São Gabriel da Cachoeira (AM), a maior cidade indígena em número de pessoas, com 36 assassinatos de indígenas. Iracema, ao Sul de Roraima, ocupa o 6ª lugar: são nove mortes. 

Gráfico do G1 Roraima. Fonte: FBSP

Livro reúne detalhes da história da construção da centenária Paróquia de São Sebastião em Manaus

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Próxima ao Teatro Amazonas, a paróquia dá nome a uma das principais praças da cidade e peculiaridades de sua construção já levantaram diversas hipóteses.

A paróquia de São Sebastião é uma das construções que embelezam a arquitetura do Centro Histórico de Manaus (AM), juntamente com o largo do São Sebastião e o Teatro Amazonas. Localizado na rua 10 de julho e próximo a outras construções históricas da cidade, a centenária obra de estilo gótico atrai a atenção de turistas e dos residentes que passam pelo Centro.

Por conta de sua localização privilegiada, muitos chegam a acreditar que ela é a igreja Matriz da cidade. Apesar de não ser uma afirmação verdadeira, muitas curiosidades estão associadas à paróquia, que já possui mais de 150 anos. 

Como ocorreu sua construção? Por que conta com apenas uma torre e não duas? Quem é o santo homenageado pela paróquia? Para responder estas questões, o Portal Amazônia conversou com Aristóteles Comte de Alencar Filho, atual presidente da Academia Amazonense de Letras e escritor do livro ‘Centenário da Igreja de São Sebastião’.

Igreja de São Sebastião vista do Largo de São Sebastião. Foto: Rickardo Marques/Acervo g1 Amazonas

Cronologia da fundação  

O inauguração da paróquia ocorreu no ano de 1888, entretanto, o início de sua história tem data anterior, começando oficialmente em 1859. À época, o santo São Sebastião havia sido escolhido como padroeiro do Rio de Janeiro, antiga capital do Brasil. Por conta disso, o nome acabou se espalhando por diversas cidades e povoados país adentro.

Com Manaus não poderia ser diferente. A capital do Amazonas foi lar de idealistas cristãos que, em 1859, formaram a ‘Irmandade de São Sebastião’. A primeira capela era uma pequena construção de madeira, também considerada a primeira capelinha de que se têm registro na cidade. No entanto, por conta do clima amazônida, a capelinha não durou muito tempo, pela dificuldade de se preservar a madeira.

Abóbada com claraboia da igreja. Foto: Aristóteles Alencar/Acervo pessoal

Em 1868, Leonardo Ferreira Marque, presidente em exercício da província do Amazonas, anunciou oficialmente a construção da segunda capelinha. A roça adjacente ao local da construção ficou conhecida como ‘Praça de São Sebastião’. A construção da segunda ermida (denominação dada as pequenas igrejas) foi concluída em 1870.

Também construída em madeira, a segunda capela não estava resistindo aos intempéries climáticos da região – exposta às constantes chuvas e ao sol escaldante dos trópicos. Em 1875, a mesa presidencial da Irmandade optou pela construção de uma terceira capela, desta vez em alvenaria. 

Encabeçada pelo arquiteto manauara João Carlos Antony, a nova capela, inaugurada em 1888, possuía um estilo eclético, com  inspirações tanto góticas quanto neoclássicas na sua construção.

“O templo possui forma de Cruz latina, ligeiramente romboidal [quadrilátero de lados adjacentes com tamanhos diferentes] , em alvenaria. Apresenta uma cúpula de cimento armado, encimada por um zimbório [parte mais alta de uma cúpula], também de cimento, que serve de claraboia. Possui uma torre com seis sinos”, descreve o autor sobre os detalhes da construção.

As torres da igreja 

Um dos principais boatos a cerca da capela diz respeito a sua ‘segunda torre’, que nunca foi construída. Os motivos são alvo de especulação até hoje, já que a obra deveria, sim, contar com duas torres.

A principal crendice popular é de que a torre teria afundado junto ao barco que trazia os materiais de sua construção, que vinham de barco da Europa. Outros dizem que não teria duas torres por não ter como público os nobres e a ‘alta-sociedade’. 

Por mais que sejam hipóteses conhecidas, a verdade é que novamente o clima amazônico foi o “vilão”. Por conta das chuvas frequentes, a segunda torre teve uma paralização em suas obras, que nunca foi retomada, já que na época a nave central da construção precisava de um ‘reforço extra’, por um risco de ser tombada. 

“Frei Fulgêncio desmistifica todas as teorias existentes. Explica que faltou dinheiro para sua construção, pois a quantia disponível teve que ser usada para a recuperação da Igreja”, 

diz o autor.

O santo dos mártires 

São Sebastião, padroeiro da paróquia, está entre os santos mais venerados pelo povo brasileiro, sua história de devoção diante das adversidades inspira a fé cristã. 

De acordo com informações da Arquidiocese de Manaus, o santo nasceu em Milão, no século terceiro. Tendo sido um soldado do Império Romano, São Sebastião precisava professar sua fé em segredo, já que à época, no Império de Dioclesiano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos.

Por conta de sua grande aptidão física e mental, São Sebastião ascendeu ao posto de primeiro capitão da guarda do Império. Utilizando de sua influência ele consolava os cristãos que eram presos, sendo considerado o apóstolo dos mártires. 

Foto: Reprodução/Arquidiocese de Manaus

Posteriormente, o santo foi denunciado ao imperador e condenado pelo crime de traição. Sentenciado à morte por flechadas, enquanto amarrado a um tronco. Apesar de levar ter sido alvejado por inúmeras flechas, São Sebastião foi encontrado ainda com vida, por uma fiel cristã. 

Ainda assim, após sua recuperação, ele voltou a se apresentar ao imperador, com a inteção de professar sua fé. Entretanto, desta vez ele foi duramente martirizado, no ano de 288 d.C..

O santo é considerado um exemplo de devoção para a fé católica, justamente por não ter abandonado sua crença mesmo diante da ‘segunda chance’ que recebeu, por ter sobrevivido a primeira pena.

‘Centenário da Igreja de São Sebastião de Manaus’ 

O livro ‘Centenário da Igreja de São Sebastião de Manaus 1888-1988’, lançado em 9 de dezembro, conta com uma riqueza de detalhes toda a história da construção e das figuras célebres que participaram de alguma forma da cronologia da paróquia. 

O livro foi escrito pelo atual presidente da Academia Amazonense de Letras (AAL), o médico Aristóteles Comte de Alencar Filho, inspirado pela obra de Frei Fulgêncio Monaceli. 

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

“São diversas as histórias contadas por Frei Fulgêncio em seu livro. A cronologia dos fatos colocada por ele necessita ser lida. Tem a história da segunda torre, a da invasão da Igreja pelos policiais, a diminuição do tamanho geográfico da Paróquia, entre outras”,

recomenda Aristóteles.

Frei Fulgêncio ao lado de Aristóteles Alencar. Foto: Aristóteles Alencar/Acervo pessoal


*Estagiário sob supervisão de Clarissa Bacellar


Noruega anuncia aporte de R$ 245 milhões para o Fundo Amazônia

Reino Unido também prometeu apoio ao Fundo durante a COP28

A Noruega anunciou nesta segunda-feira (11) um aporte de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia. O valor equivale a aproximadamente R$ 245 milhões. A informação sobre a doação foi feita durante um painel para comemorar os 15 anos do fundo, na Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP 28) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Com o novo aporte, a Noruega – primeiro país a colaborar com o Fundo Amazônia – se consolida também como o maior doador. Desde 2008, foram mais de R$ 3 bilhões.

“Este anúncio renova os compromissos da Noruega e é demonstração da confiança de que, com o governo Lula, retomamos o enfrentamento ao desmatamento, depois de quatro anos em que o Fundo Amazônia ficou paralisado”,

comentou a diretora socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Tereza Campello.

Ainda durante a COP28, o Reino Unido anunciou um aporte suplementar de cerca de R$ 215 milhões, de um total de R$ 500 milhões.

O Fundo Amazônia é a maior iniciativa do mundo para redução de emissão de gases do efeito estufa provenientes de desmatamento e degradação florestal. 

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O fundo é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Brasil, gerido pelo BNDES e apoia projetos de monitoramento e combate ao desmatamento, além de promoção do desenvolvimento sustentável na região amazônica.

O Brasil é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. Metade dessas emissões é provocada por desmatamentos e queimadas.

O anúncio desta segunda-feira foi feito pelo ministro do Clima e Meio Ambiente norueguês, Andreas Bjelland Erikssen. Participaram da cerimônia a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, e o superintendente de Meio Ambiente do BNDES, Nabil Kadri. 

Retomada 

O ano de 2023 marca a retomada do Fundo Amazônia, depois de quatro anos sem aportes e aprovação de projetos de conservação. O Decreto n.º 11.368, de 1º de janeiro, determinou a recomposição do Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa).

Em 2019, durante o governo Jair Bolsonaro (2019-2022), o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, extinguiu comitês responsáveis pela gestão dos recursos do Fundo Amazônia, inviabilizando o financiamento de projetos e a continuidade das doações. A existência desses comitês é uma condição contratual dos doadores.

Ao longo de 2023, também anunciaram doações a União Europeia – aproximadamente R$ 110 milhões – e a Dinamarca, com R$ 105 milhões. A Alemanha colaborou com R$ 110 milhões, a Suíça com R$ 30 milhões, e os Estados Unidos enviaram R$ 15 milhões, de uma doação total anunciada de R$ 2,5 bilhões. Além desses países, a Petrobras é colaboradora do fundo.  

A COP-28 foi cenário da maior chamada pública já realizada pelo Fundo Amazônia, o Restaura Amazônia. O programa destina R$ 450 milhões a projetos de restauração ecológica de grandes áreas desmatadas ou degradadas em três macrorregiões: Acre, Amazonas e Rondônia; Mato Grosso e Tocantins; e Pará e Maranhão.

Além do Restaura Amazônia, foram aprovados e contratados este ano outros quatro novos projetos para monitoramento da floresta e ações produtivas sustentáveis em territórios do Maranhão, Acre e Amazonas.

Benefícios 

Desde sua criação, em 2008, o Fundo Amazônia apoiou 106 projetos, em um investimento total de R$ 1,8 bilhão, de acordo com o BNDES. As ações apoiadas beneficiaram aproximadamente 241 mil pessoas com atividades produtivas sustentáveis, além de 101 terras indígenas na Amazônia e 196 unidades de conservação.

Considerados os recursos já ingressados, o Fundo Amazônia possui cerca de R$ 4 bilhões disponíveis para apoio a novos projetos de desenvolvimento sustentável.

Informações sobre os projetos apoiados, doações e auditorias estão disponíveis no site. 

Manaus perdeu, em 10 anos, floresta nativa equivalente a 347 Arenas da Amazônia

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Segundo ambientalista, ao longo da última década, a capital amazonense foi avançando sobre áreas de mata em função da expansão populacional.

Com a expansão populacional e urbana, Manaus (AM) perdeu 29 km² de floresta nativa em 10 anos, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). É como se a capital do Amazonas tivesse perdido 347 Arenas da Amazônia, o maior estádio do Estado.

De acordo com o Imazon, de janeiro de 2013 a setembro de 2023, áreas de mata de Manaus foram dando lugar ao desmatamento.

O professor de Matemática Daniel Sombra comparou os 29 km² perdidos com o tamanho do bairro Cidade Nova, um dos maiores da cidade. Os dados indicam que Manaus perdeu o equivalente a dois bairros do tamanho do Cidade Nova.

O bairro tem 1.419,38 hectares de área total. Quando esse número é transformado para km², o tamanho da região é 14,1938 km², metade do quanto a capital amazonense perdeu de floresta em uma década.

Ocupação irregular no bairro Alvorada em Manaus, perto da Arena da Amazônia, avança sobre área de floresta nativa. Foto: William Duarte/Rede Amazônica

Perda gradativa 

O ano em que a capital amazonense mais perdeu área florestada foi 2021, com o sumiço de 5,25 km² de vegetação nativa. A média dos demais anos é de até 3,47 km². O número mais baixo foi registrado em 2015, quando a cidade perdeu 0,84 km² de mata nativa.

Apesar de estar localizada no Estado que abriga a maior parte da floresta amazônica, dados do último Censo, feito pelo IBGE em 2010, apontam que Manaus é a terceira capital menos arborizada do país, com apenas 23,90% de área arborizada.

Apesar de outro levantamento ter sido feito em 2022, o órgão ainda não divulgou os dados e, por isso, os parâmetros de 2010 seguem sendo levados em consideração.

Em imagens de satélite de Manaus do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e divulgadas pelo Museu da Amazônia (Musa), é possível ver que em uma comparação visual, pequenos pontos de áreas florestadas deram lugar ao urbanismo. Áreas que antes eram verdes, foram substituídas pelo cinza do cimento de prédios e casas.

Segundo o ambientalista Erivaldo Cavalcanti, ao longo dos anos, Manaus foi avançando sobre áreas de floresta nativa. Aos poucos, a capital perdeu cobertura vegetal para os bairros que tiveram um crescimento exponencial nos último anos.

“A cidade de Manaus é o exemplo de um município que cresceu avançando sobre a área de floresta nativa. Além disso ela vem perdendo, em seu perímetro urbano, cobertura vegetal, ficando apenas com fragmentos florestais dentro dela”,

disse o ambientalista.

O ambientalista apontou que o crescimento urbano desordenado e ocupações irregulares em áreas ambientais nativas e protegidas, além da falta de fiscalização, são as principais causas da perda de floresta em Manaus. 

Como a falta de florestamento afeta a população?

A baixa cobertura vegetal e a falta de arborização afetam a saúde da população. De acordo com Erivaldo Cavalcanti, esses fatores também contribuem para as altas temperaturas na cidade. 

“Estamos numa cidade cuja posição geográfica faz com que os raios solares incidam com mais intensidade por conta da linha do equador. Seus efeitos seriam amenizados com uma maior quantidade de árvores, pois gerariam sombreamento e conforto térmico diminuindo, assim, as ilhas de calor”,

disse o ambientalista.

Neste ano, Manaus bateu um recorde histórico, registrando o dia mais quente dos últimos 30 anos, no inicio do mês, em 2 de outubro. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os termômetros da capital amazonense chegaram a medir 39,2ºC. 

Foto mostra parte da zona urbana de Manaus e a área de floresta do Museu da Amazônia, na Zona Norte da cidade. Foto: Adriano Liziero/Museu da Amazônia

Conforme o ambientalista, com o passar dos anos, se não houver cobertura vegetal, o calor só aumentará, gerando problemas de saúde, como as doenças de pele. 

Áreas florestadas e arborizadas de Manaus

Embora a falta de arborização seja um dos principais problemas da capital, Manaus possui fragmentos de áreas florestais nativas que podem ser considerados exemplos de arborização.

Erivaldo citou as unidades de conservação municipais. Seis delas são Áreas de Proteção Ambiental (APA) e duas são parques – o Parque do Mindu e o Parque Nascente do Mindu.

Há, ainda, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Tupé e o Refúgio Sauim Castanheira.

A lista também inclui a Reserva Adolpho Ducke, que tem 100 km² de extensão de floresta nativa. O local abriga o Museu da Amazônia (Musa), administrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), onde os visitantes podem se inserir em um pedaço da Floresta Amazônica.

O que fazer para reflorestar Manaus?  

Além de planos de arborização do poder público, a cidade pode contar com a colaboração dos moradores, segundo o ambientalista. Não desmatar, preservar e até plantar árvores estão entre as opções. Denunciar crimes ambientais é outra alternativa.

“De início, pode parecer uma ação simplória, mas a população precisa plantar e preservar as árvores nos ambientes particulares e, por um ato cidadão, denunciar quando observar árvores sendo derrubadas”, 

destacou o ambientalista.

Pescadores afetados pela estiagem na Região Norte começam a receber auxílio

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Região teve a pior seca dos últimos 43 anos em 2023.

O governo federal inicia, a partir desta quarta-feira (6), o pagamento do auxílio extraordinário para pescadores artesanais afetados pela estiagem na Região Norte. Este direito é válido para quem tem seguro defeso concedido até 1º de novembro, referente ao ciclo passado (setembro de 2022) e ao atual.

O crédito será depositado em parcela única de R$ 2.640 na conta bancária do beneficiado. A primeira leva, a ser depositada nesta quarta-feira, será paga para quem tem Cadastro de Pessoa Física (CPF) terminado em 0, 1, 2 e 3.

Na quinta-feira (7), serão feitos os depósitos para beneficiados cujo CPF termina com os números 4, 5 e 6; e na sexta-feira (8), serão contemplados os pescadores com CPFs terminados em 7, 8 e 9.

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O benefício está previsto na Medida Provisória 1.192, e contempla pescadores que moram nos estados do Acre, Amazonas, Amapá e Pará.

A seca pela qual passa a Região Amazônica é considerada “a pior dos últimos 43 anos”, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). 

Lista de municípios atendidos 

Acre: Acrelândia, Assis Brasil, Brasiléia, Bujari, Capixaba, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Jordão, Mâncio Lima, Manoel Urbano, Marechal Thaumaturgo, Plácido de Castro, Porto Acre, Porto Walter, Rio Branco, Rodrigues Alves, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira, Senador Guiomard, Tarauacá e Xapuri.

Amazonas: Anori, Atalaia do Norte, Autazes, Barcelos, Barreirinha, Benjamin Constant, Beruri, Boa Vista do Ramos, Boca do Acre, Borba, Carauari, Careiro, Careiro da Várzea, Coari, Codajás, Eirunepé, Envira, Fonte Boa, Guajará, Humaitá, Ipixuna, Iranduba, Itacoatiara, Itamarati, Japurá, Juruá, Jutaí, Lábrea, Manacapuru, Manaus, Manicoré, Maraã, Nhamundá, Nova Olinda do Norte, Novo Airão, Novo Aripuanã, Parintins, Rio Preto da Eva, Santa Isabel do Rio Negro, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, São Sebastião do Uatumã, Silves, Tabatinga, Tapauá, Tefé, Uarini, Urucará e Urucurituba.

Amapá: Amapá, Tartarugalzinho

Pará: Alenquer, Almeirim, Aveiro, Belterra, Bom Jesus do Tocantins, Curuá, Faro, Itaituba, Jacareacanga, Juruti, Mojuí dos Campos, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Pacajá, Porto de Moz, Prainha, Rurópolis, Santarém e Terra Santa. 

‘Amazonas 2030’: projeto do Estado prevê arrecadação de R$ 1 bilhão com venda de créditos de carbono

Programa foi apresentado no segundo dia de compromissos da comitiva amazonense na COP 28, que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

O governador do Amazonas, Wilson Lima lançou o programa ‘Amazonas 2030‘ durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), no dia 3. O programa, que busca reduzir o desmatamento no Estado, prevê arrecadação de R$ 1 bilhão com a venda de créditos de carbono.

Créditos de carbono são unidades de medida que representam a redução de uma tonelada de emissões de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente em outros gases de efeito estufa.

O ‘Amazonas 2030′ foi apresentado no segundo dia de compromissos da comitiva amazonense na COP 28, que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

“Por um lado, a gente trabalha para preservar, com nossa meta mais ousada que é desmatamento líquido zero até 2030, e também para preservar as pessoas gerando oportunidade de renda, gerando emprego e combatendo a pobreza, que com pobreza a gente não consegue preservar as nossas florestas”, disse Wilson Lima.

Wilson Lima apresenta ‘Amazonas 2030’ na COP 28. Foto: Diego Peres/Secom AM

Como parte dos objetivos do Amazonas 2030, o Governo do Estado espera arrecadar R$ 1 bilhão, em 2024, com a venda de créditos de 809,6 milhões de toneladas de carbono equivalente (tCO2e), geradas a partir de reduções de emissões entre 2006-2015. 

O recurso financiará as propostas do documento. Para isso, foi criado o Programa Jurisdicional de REDD+ (sigla para Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal) do Amazonas.

Wilson Lima apresenta ‘Amazonas 2030’ na COP 28. Foto: Diego Peres/Secom AM

“A gente está criando o Fundo da agenda 2030 para que, efetivamente, a gente comece a receber por esses créditos de carbono já seguindo a linha do que faz o mundo. E a gente tem muita tranquilidade com relação ao arcabouço legal, a todas as leis que a gente está construindo, aprovando, para dar segurança necessária para aqueles que, voluntariamente, apresentarem seus projetos com essa finalidade possam ter essa segurança jurídica no estado do Amazonas”,

disse o governador.

Wilson Lima e Eduardo Taveira na COP 28. Foto: Diego Peres/Secom AM

Amazonas 2030

O Programa Amazonas 2030 prevê eixos de atuação como a mitigação das Mudanças Climáticas e Conservação e Desenvolvimento Sustentável. O Estado criou um Plano de Trabalho com metas e mecanismos de acompanhamento, definindo prazos, órgãos envolvidos e parceiros.

Além disso, no documento também constam 22 projetos existentes no Estado conforme o que prevê os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Entre eles: o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal; projeto Escola da Floresta; Programa Guardiões da Floresta; e ações de segurança alimentar.

Outros cinco projetos, também alinhados aos ODSs e presentes no documento, contemplam: Manejo Integrado da Bacia do Rio Putumayo-Içá, localizada na fronteira entre a Colômbia, Equador, Peru e Brasil; Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das Águas – PROGESTÃO (3º Ciclo); Energia Fotovoltaica; Parque Tecnológico do Amazonas; e Infraestrutura Logística Regional.

O novo programa também busca sensibilizar países e nações desenvolvidas para a responsabilidade com o financiamento de iniciativas que cooperem com regiões mais pobres, com o objetivo de vencer o duplo desafio de diminuir drasticamente o desmatamento e reduzir a pobreza prevalente nessas regiões.

O programa ressalta que o Estado, além de ser o maior do Brasil, com mais de 1,5 milhão de km² de extensão territorial, é detentor da maior floresta do mundo com 97% da cobertura natural conservada, sendo 53,8% em áreas protegidas, e que concentra a maior população pertencente indígena do país. 

Aru

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Camadas de vapor formadas por conta do processo de devolução das águas da chuva à atmosfera, ocasionada pela própria floresta amazônica.

Foto: Reprodução/Funbio

O fenômeno chamado de ‘aru’ é uma intensa friagem que ocorre geralmente em alguns dias de maio e junho, quando a temperatura no rio Negro, por exemplo, costuma cair durante a alta enchente

Nele, são formadas camadas de vapor por conta do processo de devolução das águas da chuva à atmosfera, ocasionada pela própria floresta amazônica – processo conhecido como evapotranspiração. 

Chuvas finíssimas ou ‘serenos’ caem na forma de uma névoa que cobre toda a paisagem, impedindo, inclusive, de não se poder ver a outra margem dos rios mesmo durante o dia. O nevoeiro que se desenvolve costuma se dissipar durante o dia.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), estima-se que uma árvores de 10 metros de diâmetro pode produzir mais de 300 litros de água por dia, e uma árvore com o dobro do tamanho, por sua vez, pode bombear para a atmosfera mais de 1.000 litros de água por dia.

O termo “aru” é usado em nheengatu, mas pode ter sido uma incorporação de alguma língua arawak do passado.

*Com informações do Inpa e da Revista Aru (revista de pesquisa intercultural da bacia do Rio Negro, editada no Programa Rio Negro do Instituto Socioambiental)

Açaí do Acre é o primeiro a receber certificação de origem no país e estimula bioeconomia local

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Comunidades locais e especialistas dizem esperar que a formação, a pesquisa e o apoio à produção ajudem a consolidar a cadeia de produção e evitar o envolvimento de intermediários.

Distante 363 quilômetros (225,5 milhas) da capital do estado Acre, a cidade de Feijó é conhecida como a Terra do Açaí. O produto está tão entremeado à cultura local que também dá nome ao festival mais popular da cidade, reunindo centenas de pessoas como uma forma de cultuar o fruto da palmeira Euterpe precatoria, nativa da Amazônia, e protagonista na cultura e história do município.

Os produtores locais consideram a fruta a “pedra preciosa da floresta” e agora estão comemorando uma recente conquista: o açaí de Feijó agora é considerado, de fato e de direito, um dos melhores do país.

Foto: Reprodução/Agência Acre

Em setembro deste ano, o fruto cultivado nas terras feijoenses recebeu a Indicação Geográfica (IG) dada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), sendo a primeira certificação do país para este produto. Antes disso, o açaí cultivado no Arquipélago do Bailique, na foz do Amazonas, havia recebido a certificação Forest Stewardship Council (FSC), que atesta que o açaí é extraído de forma responsável, com manejo sustentável.

Já a IG dada ao açaí de Feijó reconhece as características do produto pelo seu local de origem, o que lhes atribui reputação e identidade própria. Produtos com esse reconhecimento apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e a forma como é cultivado.

O açaí produzido em Feijó é conhecido por sua espessura e sabor. Para quem percorre a BR-364, é fácil descobrir quando se aproxima da cidade, já que as placas anunciando “Açaí de Feijó” são inúmeras durante o trajeto.

A certificação foi resultado de um trabalho desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Acre, governo estadual, produtores, agricultores e associações da cidade. Um processo que começou ainda em 2021 com levantamento de todos os dados e a organização dessa estrutura econômica entre os produtores de açaí.

“Nós fizemos toda a parte diagnóstica do território, pleiteando ao que os normativos do instituto solicitam, juntada do dossiê, capacitação dos produtores para adequarem e estarem aptos a emitir os documentos junto ao INPI e no dia 12 de setembro tivemos a emissão da IG para o produto açaí em Feijó”, 

disse o assessor técnico do Sebrae Acre, Fabry Saavedra.

Agora, o açaí de Feijó é um dos 108 produtos com identificação geográfica no Brasil reconhecido pelo INPI — 14 deles são da Amazônia.

Produtos amazônicos com selo de Indicação Geográfica (IG)


  1. Farinha de mandioca de Bragança (PA)
  2. Farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul (AC)
  3. Açaí de Feijó (AC)
  4. Pirarucu manejado de Tefé (AM)
  5. Queijo de Soure (PA)
  6. Café em grão Robusta Amazônico de Cacoal (RO)
  7. Guaraná de Maués (AM)
  8. Abacaxi de Itacoatiara (AM)
  9. Artesanato em capim dourado produzido em Palmas (TO), na região do Jalapão
  10. Peixes ornamentais de Barcelos (AM)
  11. Waraná (guaraná nativo) e pães de waraná (bastão de guaraná) de Parintins (AM)
  12. Cacau de Tomé-Açu (PA)
  13. Farinha de mandioca de Uarini (AM);
  14. Tambaqui, peixe amazônico, in natura e processado de Ariquemes (RO)

A concessão da IG, no entanto, não significa o fim do processo. Pelo contrário, é o começo. A partir de agora, produtores e diversos atores desse mercado precisam se enquadrar nos requisitos técnicos para manter a qualidade do produto e emplacá-lo no mercado não só nacional, mas também internacional.

“Começamos agora uma terceira fase, que é a de capacitações, participação do produto e produtores em feiras, rodadas de negócios, concursos, ou seja, a parte de promoção desse produto”, pontua Saavedra. 

Complementação histórica

Um dos documentos exigidos nesse processo foi o dossiê de notoriedade da região produtora do açaí de Feijó, elaborado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas do Patrimônio Imaterial, assinado pela historiadora Irineida Nobre.

Essa complementação histórica demonstra como o fruto faz parte da identidade do município, sendo a cor roxa predominante em marcas de prédios públicos, serviços de mobilidade e outros. Não é à toa que Feijó também é conhecida como a “capital do açaí”.

“É um registro da relação da comunidade com aquele fazer, com aquele produto. A gente teve que visitar as comunidades para entender o motivo de o açaí de Feijó ser tão famoso. Íamos buscando informações em entrevistas, conversas e fomos tendo as respostas para essas perguntas”, explica Irineida Nobre.
A edição de 2023 do Festival do Açaí, em Feijó, reuniu mais de 53 mil pessoas. Foto: Reprodução/Josciney Bastos/Agência de Notícias do Acre.

A historiadora destacou que a forma de fazer o açaí na cidade é uma tradição dos povos originários, assim como tantas outras atividades extrativistas na região. “Não posso fechar os olhos para onde tudo começa”, Nobre disse. “Nossas tradições vêm dos povos originários. Hoje a questão do açaí é tão forte na cidade que a faixa do táxi, por exemplo, é na cor roxa e também a tinta roxa na cidade é mais cara.”

Nobre diz que o próximo passo é tornar o Festival do Açaí, que ocorre na cidade desde 1999, um bem cultural e imaterial do estado. Ao longo destes anos, a participação popular tem aumentado e o evento se tornou um dos mais tradicionais da região.

A última edição ocorreu entre os dias 18 e 20 de agosto e reuniu, segundo a organização, 53 mil pessoas. Nos três dias de evento, empreendedores expuseram seus produtos e movimentaram a economia da cidade.

“O festival tem uma solidez que permite que a gente pleiteie o Festival do Açaí como o primeiro festival acreano a ser registrado como bem cultural e imaterial do estado. Ele ocorre há 23 anos, de maneira ininterrupta, nem na pandemia deixou de acontecer, e todas edições têm registros, então tem um material histórico importante pra que a gente faça esse trabalho”,

disse Irineida Nobre.

Uma curiosidade é que até o final da década de 1990 a cidade estava longe de alcançar o título de “capital do açaí”. Naquele período, a coleta dos frutos do açaí ocorria de modo concentrado no Vale do Juruá, composto pelos municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Porto Walter e Rodrigues Alves. Apenas em 2002 Feijó ganhou destaque na produção dos frutos da palmeira.

Em 2022, a cadeia do açaí amazônico cresceu a produção em 8,8%, atingindo 247 mil toneladas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em termos de valor, a safra apresentou aumento de 7,7%, totalizando R$ 830,1 milhões.

Organização dos produtores 

Há dois anos, a cadeia do açaí em Feijó passou a se organizar em torno da cooperativa AçaíCoop Feijó, que reúne atualmente cerca de 60 cooperados, entre produtores, coletores e batedores (locais de processamento e coleta do açaí). A entidade foi importante para a conquista da certificação.

A cooperativa está se ajustando, inclusive, de acordo com o presidente, José Jevanis de Lima Nascimento, e ainda não tem uma estrutura física. Segundo ele, o foco agora é organizar esse sistema para tentar atingir novos mercados e investidores e ter um real controle da produção.

“Estamos ainda na fase de conversas, mas já recebemos convites de exportação, de mandar açaí no pote para os chineses, por exemplo, mas precisamos de incentivos da iniciativa privada e também dos órgãos públicos”, Nascimento disse. 

“Estamos esperando uma das maiores safras dos últimos 10 anos em 2024 e precisamos nos organizar para isso”.

A palmeira do açaí é nativa da região e atualmente a colheita dos cachos é feita de maneira manual. Escalando a palmeira e de posse de uma faca afiada, os coletores mais habilidosos conseguem colher de três a cinco cachos em uma única escalada.

Depois, os cachos são colocados em uma lona para evitar o contato direto ao solo. O presidente da cooperativa explica que o município tem duas safras diferentes, mas que o ápice é entre fevereiro e março.

“Uma das safras ocorre às margens dos rios Envira e Jurupari e a outra na safra da terra alta, à margem da BR, que essa segunda vai de junho até início de outubro e acaba que uma safra completa a outra. Por isso, Feijó é considerado especial por ter essas duas safras”, explica Nascimento.

O coordenador do Projeto TED Bioeconomia no Acre, que analisa as cadeias produtivas de importância na agricultura familiar, o engenheiro florestal Daniel Papa, explica que os açaizeiros da região de Feijó são, em sua grande maioria, nativos, mas isso vem mudando.

Açaí de Feijó ganhou o primeiro registro de Indicação Geográfica. Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

“Recentemente, na última década, com o aumento do valor do fruto no mercado nacional e internacional, os extrativistas começaram a transplantar as mudinhas da mata para perto das suas casas, em seus quintais”, disse Papa. “Esse processo nós chamamos de domesticação. E esse é o futuro do açaí, ele vai continuar sendo colhido na floresta, mas cada vez mais as pessoas irão plantar para poder ter uma produção maior e mais perto de casa.”

Hoje, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está ajudando os extrativistas no processo de domesticação, pesquisando como plantar, qual espaçamento entre plantas, como preparar a muda, qual adubação fazer e como controlar pragas e doenças. Resultados dessa pesquisa são esperados para 2024.

“Temos que estimular o plantio do açaí-solteiro, que é nativo e está mais adaptado aos solos e clima do Acre. Mesmo que ele demore 8 anos, precisamos estimular o plantio da espécie”, disse Papa.

Conceitos agroflorestais podem ajudar no cultivo da planta, de acordo com o especialista. Uma alternativa, segundo Papa, é plantar o açaí-solteiro com banana e em consórcio com outras espécies de ciclo mais curto. Assim, o produtor tira renda da área com outras coisas até o açaí começar a produzir. 

Coroação e premiação 

 O presidente da cooperativa diz ainda que a emissão da certificação é a coroação de um longo trabalho que tem sido feito pelos produtores e atores do setor no Acre. Nos últimos anos, cursos de capacitação têm sido levados até as comunidades que vivem da produção do açaí.

“O principal objetivo é a valorização. Temos que investir na estruturação e na formação, temos cadernos de especificações técnicas, estamos padronizando os produtores, coletores e processadores para que sigam esse padrão para embasar a IG”, Nascimento disse. “Temos o melhor açaí da região, temos um produto de excelentíssima qualidade, então temos que seguir esse padrão também na estruturação do nosso pessoal. Essa IG vem coroar todo esse trabalho que já vem sendo feito”.

Outro ponto importante, segundo o presidente, é que essa certificação contribui também para a questão ambiental na cidade. Feijó é uma das cidades que lidera o ranking de desmatamento e queimadas e o extrativismo pode ser um aliado para mudar esse cenário.

“Um dos nossos maiores medos é do boi comer o açaí, uma metáfora para o desmatamento por conta da pecuária, porque destrói parte da floresta que tem uma grande quantidade desse produto que é o nosso trunfo. Isso é motivo para a gente brigar pela preservação da nossa floresta.”

Julia Gomes trabalha com açaí há 10 anos. Ela tem reserva nativa e também agroindústria. O carro-chefe é a produção do vinho do açaí, mas ela também trabalha com outros derivados, como licor e cocada. Para ela, a certificação traz mais notoriedade para o açaí cultivado em Feijó, o que deve abrir as portas para novos negócios.

Foto: Vanísia Nery/ G1 Acre

“Acredito que possamos alcançar outros públicos e assim aumentar a procura e agregar mais valor ao produto. Mas, primeiro precisamos de uma sede estruturada para depois fazer com que esse produto seja comercializado por quem realmente tenha autorização legal para isso”, disse.

Adevilson Paiva da Silva é produtor há cerca de 15 anos e mora no baixo Rio Envira, com uma terra de cerca de 300 hectares. “O primeiro de tudo é ter um barco grande para transportar o açaí, porque se você não tiver, tem que pegar de outra pessoa e pagar por isso, então já perde. Depois é ter produto pra vender. Se o cara tiver uma safra boa, consegue um lucro bom.” 

 Estruturar o arranjo produtivo

 Judson Valentin, do Centro de Pesquisa Agroflorestal do Acre, explica que a IG foi uma grande conquista, assim como a IG da farinha, mas ressalta que é necessário pensar na organização deste mercado para que os resultados possam ser sentidos pelos produtores e que impacte o município economicamente de forma significativa.

“Isso é um exemplo de que as cadeias da sociobiodiversidade, da bioeconomia, podem ser um vetor importante. São milhares de extrativistas no Acre que têm no açaí parte da sua fonte de renda”, pontua.

Mas, é preciso ficar atento aos desafios, segundo Valentin, principalmente para que o lucro não passe dos extrativistas para os grandes empresários.

“O ideal é que a gente tenha iniciativas, tanto de inovação tecnológica, como também de políticas públicas, que consigam apoiar essas populações para que possam agregar valor ao produto através da biodiversidade, da bioeconomia, uma bioeconomia inclusiva, que inclua as pessoas no mercado, que elas tenham oportunidade de melhorar a renda e tenham oportunidade de mudar sua qualidade de vida fazendo o uso sustentável dos recursos naturais.”

Márcio Bayma, analista da Embrapa e mestre em economia aplicada, esclarece que é necessário se apropriar desse selo de qualidade para alcançar mercados específicos.

“Entendo que nesta fase é imprescindível o engajamento dos produtores ligados à IG para o fortalecimento do associativismo e cooperativismo, por ser a única forma de se obter um grau maior de desenvolvimento comunitário e econômico. Eles precisam de crédito para a construção de uma agroindústria e assim poderem comercializar em mercados e precisarão agregar valor à produção e serem protagonistas deste arranjo”, disse.

Para que esse tipo de modelo dê certo, Bayma destaca que precisa ser um fluxo contínuo de usos e de forma que se retroalimenta. “A floresta oferece os seus produtos e os extrativistas se beneficiam dos mesmos e, ao mesmo tempo, cuidam da floresta.”

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Tácita Muniz.