Museu Goeldi inaugura Centro de Exposições com exibição de ‘Diversidades Amazônicas’

A exposição reúne acervos, tecnologias e conhecimentos científicos e tradicionais de vários territórios amazônicos.

A Amazônia é fértil de formas de vida e de olhares para entender o mundo. Pensando nisso, o Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA), inaugura em 28 de setembro a exposição ‘Diversidades Amazônicas’, que reúne conhecimentos de cientistas, povos tradicionais e artistas para mostrar a diversidade deste vasto bioma habitado por tantas culturas. 

De acordo com o Museu, esta é uma oportunidade de ver de perto alguns itens valiosos de diversas coleções reunidas desde o século XIX, em áreas como a Paleontologia, Zoologia, Botânica, Arqueologia, Antropologia e a Linguística indígena. 

Os itens das coleções científicas ajudam a demonstrar a complexidade da região e os vários aspectos dela estudados pelo Museu Goeldi. As mais de 300 peças estarão acompanhadas de instalações interativas, e experiências imersivas, para compor um amplo caminho expositivo que começa no passado remoto da Amazônia e chega até o seu presente. 

A diretora do Museu Goeldi, a bióloga Ana Luisa Albernaz, conta que montar uma exposição com tantas áreas diferentes, com uma diversidade de ideias e visões, foi um processo complexo e demorado, conduzido coletivamente, para que o melhor resultado pudesse ser apresentado ao público. “A grande contribuição de muitos profissionais, bolsistas e estudantes da instituição faz com que a exposição seja uma conquista de todos”, afirma.

Crânio do jacaré ‘Purussaurus brasiliensis’ é uma das atrações da exposição. Foto: Janine Valente

A exposição ocupa 480 metros quadrados e marca também a inauguração do novo Centro de Exposições Eduardo Galvão do Museu Goeldi. Com 1850m², o Centro de Exposições tem, além da sala onde está a exposição, um mini auditório com capacidade para 58 pessoas, um mezanino para exposições temporárias e um Café e um Mirante.

O prédio foi projetado para uso racional de energia, acessibilidade para pessoas com deficiência, com rampas e elevador. Sua fachada é adornada por um Jardim Vertical que procura harmonizar a construção com o paisagismo da flora do Parque Zoobotânico. O Centro também abriga a Reserva Técnica de Museografia, para guarda e conservação dos acervos que serão expostos, e uma oficina de apoio à montagem das exposições.

Ana Luisa Albernaz ressalta que a instituição ficou por longo tempo sem espaço adequado para exposições de longa duração, que permitem acesso mais direto aos conhecimentos gerados e aos acervos científicos sob a guarda do Museu. Uma exposição de longa duração, reunindo acervos de todas as áreas de pesquisa da instituição, não acontecia há quase 20 anos.

Peças de diferentes coleções zoologógicas serão exibidas. Foto: Janine Valente

Atrações 

Na exposição, o público encontra um caminho dividido em cinco módulos: “Origens”, “Espécies”, “Ambientes”, “Culturas” e “Futuros”. Neles, estão integradas peças de diferentes coleções científicas, além de conteúdos interativos, modelos em 3D e trabalhos artísticos que traçam uma linha do tempo da Amazônia, desde a sua formação há milhões de anos, passando pela importância de seus ecossistemas e populações, até chegar no presente, quando precisamos de esforços coletivos para garantir o seu futuro.

De acordo com Fernanda Queiroz, coordenadora de Museologia do Museu Goeldi, em cada um dos espaços desses módulos há sempre algo que desperta de imediato a atenção, com curiosidades para todos os gostos. “A mim, chama atenção saber um pouco mais da megafauna que há tempos atrás já viveu por aqui e poder imaginar e experenciar o tamanho desses animais”, exemplifica Fernanda, referindo-se ao painel com o tamanho real de alguns animais extintos do módulo “Origens”, como uma espécie gigante de jacaré, o Purussaurus brasiliensis.
A primeira parte da exposição, “Origens”, traz ainda peças do acervo de paleontologia do Museu Goeldi e mostra algumas das principais transformações ao longo de milhões de anos até que a Amazônia se tornasse o que conhecemos hoje. “Espécies” resgata a árvore da vida para apresentar os diferentes grupos de organismos que encontramos na Amazônia atual e sua enorme variedade de tamanhos, formas e funções, com exemplares de folhas, frutos, insetos e outros seres das coleções de Botânica e Zoologia da instituição. 
O novo Centro de Exposições Eduardo Galvão. Foto: Janine Valente/Divulgação

Já o módulo “Ambientes” tem como propósito apresentar a diversidade ambiental da Amazônia de maneira mais sensorial, por meio de imagens, mapas e uma experiência imersiva. “Um atrativo sensorial a parte! Uma viagem na floresta de Caxiuanã que me faz sentir até o cheiro da terra molhada, mesmo que na sala não haja cheiro” adianta Fernanda.

O módulo “Culturas” apresenta aspectos culturais e estéticos das populações humanas originárias e tradicionais, do presente e do passado, trazendo peças das coleções de arqueologia e etnografia do Museu Goeldi, como cerâmicas e itens cotidianos e festivos. Os módulos “Espécies” e “Culturas”, são ligados pela imagem de uma animal sob a ótica da arte: uma grande cobra pintada em grafite, de autoria da artista Cely Feliz, inspirada em uma pintura indígena sobre tururi, Tikuna Maguta (AM), que estará compondo o espaço.

O módulo final, “Futuros”, indica que o porvir ainda está indefinido para a região e convida o público a refletir e imaginar o que será do futuro da Amazônia.

A diretora do Museu Goeldi espera que “a exposição desperte a curiosidade do visitante e a busca por mais conhecimentos. Também esperamos ampliar o entendimento sobre os vários aspectos da diversidade na Amazônia, para contribuir com a valorização da enorme riqueza de formas de vida. Além disso, a exposição pretende possibilitar uma maior compreensão das pesquisas e conhecimentos que vem sendo produzidos na região”.

Centro de exposições

O Centro de Exposições Eduardo Galvão foi idealizado em 2000 e seu projeto arquitetônico desenvolvido pelo escritório do conhecido arquiteto Jorge Derenji (1936-2021). Seu nome é uma homenagem ao antropólogo carioca Eduardo Enéas Gustavo Galvão (1921-1976), um dos responsáveis pela consolidação da Antropologia no Brasil e referência nos estudos de populações indígenas da Amazônia. 

Foi o primeiro doutor brasileiro em Antropologia na Columbia University (EUA), em 1952, e contribui para a expansão dos estudos em Ciências Humanas no Museu Goeldi, ao assumir sua Divisão de Antropologia em 1955, sendo também seu Diretor entre 1961 e 1962. Contribuiu ainda com outras importantes instituições, como a Universidade Federal do Pará, o Museu do Índio e a Universidade de Brasília. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Dinamarca se junta aos grandes doadores do Fundo Amazônia: R$ 127 milhões

Contribuição foi anunciada na reunião anual de doadores, que apresentou dados sobre a queda do desmatamento na Amazônia. O encontro também marcou o lançamento da iniciativa Naturezas Quilombolas.

Leia também

Publicidade