A importância de Mrs. Margaret para a botânica na Amazônia

Margaret Mee foi uma ilustradora que desenhava as plantas da Amazônia e incentivava o interesse pela região.

Margaret Ursula Brown, nasceu em Chesham, na Inglaterra, no dia 22 de maio de 1909 e foi uma artista botânica que se especializou em plantas da Amazônia brasileira. Nascida na área rural da Inglaterra, a oeste de Londres, Margaret sempre foi muito atraída por botânica e desde sempre teve uma paixão por plantas, árvores e animais. Desde sua infância, cumpria as tarefas do professor de desenho, coletando plantas do seu quintal nos fins de semana para desenhar. Além disso, seu pai, naturalista amador, a incentivava a se interessar por plantas e por desenhá-las.

Em 1926, Margaret se matriculou na Escola de Arte, Ciência e Comércio em Londres, aos 16 anos, mas  não chegou a completar o curso por se sentir atraída pelos assuntos da política da época.

Devido ao período da Depressão, que aconteceu nos Estados Unidos em 1929, e o crescimento de Hitler ao poder, ela foi para a Alemanha no começo dos anos 1930. Depois retornou a Inglaterra onde acabou se casando e se filiando ao Sindicato dos Trabalhadores.

Foto: Reprodução/Mila Petry oficial

Durante a guerra na Europa, acabou se separando e retornando para a França em 1945 e ingressou em St. Martin School of Art no curso noturno. Ela chegou a trabalhar como artista gráfica durante o dia em uma agência de publicidade. Lá, acabou conhecendo Greville Mee, que viria a ser o segundo marido e companheiro até o fim da vida da artista.

Em 1952, Margaret e seu marido viajam para o Brasil com o objetivo de visitar a sua irmã Catherine, que vivia em São Paulo e estava doente. Eles planejavam ficar no país até que a sua irmã se recuperasse, algo estimado entre três a quatro anos.

A paixão despertada 

A artista ficou totalmente encantada pela beleza de espécies das florestas litorâneas, na vegetação da Mata Atlântica. Após ter explorado muitas informações da Mata Atlântica, em florestas ao redor de São Paulo, coletando espécies de rara beleza para serem pintadas, decidiu viajar para conhecer a Floresta Amazônica e, a partir dessa primeira viagem, Margaret pôde dar continuidade à sua pintura de aquarelas e guaches de plantas silvestres. Trabalhava, nas suas pinturas, a partir de plantas vivas, após ter feito esboços delas no meio da floresta.

Em 1958 realizou uma exposição e pelo Instituto de Botânica de São Paulo foi convidada pelo Dr. Lyman Smith para trabalhar na instituição para ilustrar a pesquisa do botânico sobre a família das bromeliáceas.

Este trabalho no Instituto de Botânica de São Paulo a conduziu à excursão ao norte e ao sul da região da Mata Atlântica. Essa rotina de trabalho proporcionou a ela agilidade e experiência para excursionar pelas matas.

A partir de 1964, iniciou a sua pesquisa nas florestas tropicais brasileiras, em particular a floresta amazônica, onde realizou várias pinturas de plantas observadas e coletadas na região. 

Criou 400 pranchas de ilustrações botânicas em guache/aquarela, 40 sketchbooks e 15 diários detalhados, produzidos entre 1956 e 1988, durante suas expedições. As três publicações mais conhecidas do seu trabalho são “Flowers of the Brazilian Forests” (1968), “Flowers of the Amazon” (1980) e “In Search of Flowers of the Amazon Forest” (1988) (Franco, 2007).

Foto: Reprodução/Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)

Suas obras foram importantes por conta da riqueza de detalhes que Margaret fazia, ela sempre tentava registrar em suas obras, a forma da planta, seu desenvolvimento, seu habitat e as condições na qual a planta se desenvolvia.

Graças aos seus estudos e documentação, algumas espécies só são conhecidas pelos seu trabalho, como é o caso da espécie Neoregelia margareteae quedevido à destruição do habitat das plantas, acabou levando-as à extinção e deixando apenas uma imagem de sua existência passada na forma das pinturas de Margaret.

Margaret Mee morreu na Inglaterra em 1988, em um acidente de automóvel. Em sua honra foi fundada a ‘Margaret Mee Amazon Trust‘, uma organização para educação e para a pesquisa e conservação da flora amazônica, promovendo bolsas para estudantes de botânica e ilustradores botânicos brasileiros que desejam estudar no Reino Unido ou conduzir pesquisa de campo no Brasil


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