Conheça os cinco maiores predadores da floresta amazônica

Espécies são consideradas predadoras porque caçam, matam e consomem suas presas.

A Amazônia  possui uma imensa diversidade de animais. Alguns deles são considerados predadores, por possuírem três características em comum: eles caçam, matam e consomem suas presas.

Eles provocam medo não só nas espécies mais vulneráveis, mas também nas pessoas que se arriscam a entrar na floresta. O biólogo Obed Barros explica quais são, entre todos, os maiores predadores da  floresta amazônica.

Antes de tudo, o que são predadores? 

O biólogo Obed Barros explicou que para um animal ser considerado um predador, ele precisa praticar três ações diferentes na natureza: capturar, matar e consumir suas presas. Este ato, segundo ele, é chamado de “predação”.

O biólogo contou que os predadores costumam ter armas biológicas e bioquímicas que facilitam a caça de suas presas, além de habilidades específicas de cada espécie e força. 

“Os predadores têm normalmente a camuflagem para aproximação. São velozes. Para matar, podem usar garras, dentes, saltos específicos, força. Existem também os que matam com armas bioquímicas, como as cobras, que matam pelo veneno e também para o consumo, como uma digestão mais rápida, um aproveitamento maior do que se come”, explicou.

Onça pintada (Panthera onca) 

Onça pintada é considerada um dos maiores predadores da Amazônia. — Foto: Edir Alves/Divulgação

Segundo o biólogo, a onça pintada é o terceiro maior felino do mundo. Ele pode chegar a pesar entre 60 e 95 quilos. Da ponta do focinho até a cauda, mede cerca de 1,5 metros e tem cerca de 75 centímetros de altura.

“É um animal que habita desde lá do sul do México até a Argentina. Vários ambientes, mas na  Amazônia, ele é encontrado principalmente em florestas de terra firme, mas pode estar em várzeas e igapó. Você pode encontrar o bicho o dia inteiro, mas ele tem hábitos crepusculares para predação. É a hora que está mais ativa para predação”, informou.

Saiba maisVocê sabe a diferença entre Igapó e Várzea? Confira:

Barros informou que a onça pintada tem a força de mordida com as mandíbulas mais forte entre todos os felinos do mundo. A predação desse animal costuma acontecer através de uma aproximação até a presa e, em seguida, atacam.

“Elas detectam a presa por faro, visão, audição e tentam se aproximar o máximo possível para dar um bote certeiro. Um bote é uma corrida curta, muito rápida, para tentar capturar o animal. Ela tenta pegar na região do pescoço. As garras são mais para abraçar e os dentes enormes são usados para quebrar a coluna e o animal acabar morrendo”, explicou.

Em seguida, as onças pintadas costumam comer animais grandes, como antas, por até três dias. Já as presas menores, elas comem grande parte dos animais e deixam os restos no local onde o ataque aconteceu.

Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta) 

Surucucu-pico-de-jaca é vista com menos frequência na natureza. — Foto: Willianilson Pessoa/Arquivo

A surucucu-pico-de-jaca é a maior serpente peçonhenta da região amazônica, segundo Barros. O nome, segundo ele, vem das características da cobra de ter uma cor amarela, triângulos pretos e escamas grandes e ásperas, que remetem a fruta jaca.

Ela pode chegar a medir até 3,5 metros. É um animal que vive sozinho e é um predador que possui dentes articulados e específicos para aplicar veneno em suas presas.

“A técnica de captura delas é o ‘senta e espera’. Elas normalmente percebem trilhas por onde animais passam pelo faro. Se aproximam dessa trilha e utilizam suas armas. O olfato delas é realizado com a língua, que capta as partículas do ar. Outro sensor que utilizam é a vibração, quando animais andam. Ela percebe também mudanças de calor no ambiente através de um canal que fica entre a narina e os olhos. O animal, quando está muito perto, ela consegue perceber e dá o famoso bote”, disse.

Para o ataque, a cobra joga parte do corpo para frente, morde a presa, e volta para onde estava, rapidamente. Na mordida, ela solta a maior quantidade possível de veneno no animal que atacou, para comê-lo em seguida.

“No veneno dela, tem substâncias que atacam o sistema nervoso, que destrói o tecido, causa necrose e hemorrágico que evita a coagulação do sangue. Quando o animal é picado, a tendência é correr. O neurológico faz com que o animal pare logo a frente. Junto co

A junção do efeito dessas substâncias faz com que as presas não consigam fugir, soltem sangue após a mordida e até fazer com que o animal urine de dor. Com isso, a surucucu-pico-de-jaca consegue farejar, sentir o calor do sangue e urina da presa e comê-la.

Saiba mais: Surucucu, a cobra mais venenosa da América Latina

 Gavião Real (Harpia harpyja)

Gavião-real (Harpia harpyja) fotografado em Manaus (AM). — Foto: Priscilla Diniz/VC no TG

O Gavião Real é a maior águia do mundo, segundo Barros. O animal pode chegar até um metro de altura, quando adulto e faz parte do grupo de aves de rapina, que usam garras para matar durante a predação.

“As garras de um gavião real pode chegar a sete centímetros de comprimento. O animal tem muita força na pata. Quando ele prende com os três dedos da frente e crava com os de trás, entra sete centímetros no corpo da presa e é um animal que mata dessa forma”, disse.

Os animais da espécie costumam andar sozinhos. As principais presas dos gaviões reais são macacos, roedores e preguiças. O bico afiado é usado para cortar as carnes das presas.

“Ele procura árvores bem grandes. Ficam por lá observando, mudando. Encontrando a presa, ele vai se lançar em cima dela. Presas de chão, eles procuram áreas com mata um pouco mais abertas, que possam ver o chão. Como são muito grandes, quando precisam ir ao chão, eles têm que dar preferência para essas áreas mais abertas. Não é um bicho tão comum de ver”, informou Barros. 

Saiba mais: Conheça o gavião-real: A maior águia das Américas e que desfila sua realeza pela floresta amazônica

 Ariranha (Pteronura brasilienses)

Ariranhas podem ser encontradas na região norte da Amazônia, em Roraima — Foto: Thiago Orsi Laranjeiras/Divulgação

A ariranha é considerada a maior lontra do mundo. Ela vive em grupos familiares que pode ir de três até 20 animais, dependendo da quantidade de filhotes que nascem por geração reprodutiva. Quando está em grandes grupos, Barros afirmou que nem onças conseguem atacar as ariranhas.

“São animais bastante ferozes. Não tem predador natural depois que são adultos, porque os grupos se defendem. Elas conseguem se defender de todo e qualquer tipo de predação”, afirmou.

A espécie tem 16 formas de comunicação específicas, para sinalizar diferentes situações. As ariranhas vivem nas margens dos rios, mas também dentro da água. A prática de predação das ariranhas só acontece dentro do ambiente aquático, segundo o biólogo.

“Elas podem comer até 56 espécies de peixes, aqui na Amazônia. Elas têm uma certa preferência por sardinhas, piranhas, pescadas, pacú, jaraqui, aracu. Depende muito de onde elas estão, se ambientes de água preta ou branca”, disse.

Quando captam suas presas, elas costumam levar as presas até a margem, com as mãos e come o peixe pela cabeça, com seus dentes grandes e afiados. 

 Jacaré-Açu (Melanosuchus niger)

Jacaré-açu. — Foto: Divulgação/Ibama

O jacaré-açu é considerado o maior jacaré de água doce do mundo. Ele pode chegar até seis metros e é extremamente feroz, de acordo com Barros. Costumam viver em lagos e comem, de preferência, peixes, mas também outras espécies.

“Eles são oportunistas. Se encontram uma carcaça, ou alguma presa mais fácil, como um pato, ou uma garça, eles podem sim se aproveitar da oportunidade, por isso chamamos de oportunistas”, informou o biólogo.

Conforme Barros, os jacarés-açu têm uma mordida extremamente forte que causa grandes danos em suas presas. Por isso, costuma matar rápido os animais maiores, para que não fujam.

“Quando vê uma presa, normalmente dentro d’água, ele afunda, nada até ela e ataca ela por baixo. Se for na margem, ele vai se aproximar por baixo d’água o máximo que ele conseguir e dar o que a gente chama de bote. Uma corrida rápida até capturar o animal. Com presas grandes, eles mordem e sacodem com muita violência e arrancam um pedaço e engolem, até se saciar”, explicou o biólogo.

Ainda segundo o biólogo, quando os jacarés-açu engolem suas presas, eles conseguem digerir 98% dos animais. Com isso, eles podem comer um peixe grande como tucunaré e ficarem até um mês sem precisar se alimentar novamente.

Por Patrick Marques, g1 AM

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Povo Juma luta para sobreviver em meio a invasões e desmatamento no sul do Amazonas

Avanço do desmatamento na região preocupa indígenas Juma, que quase foram exterminados em 1964.

Leia também

Publicidade