Extratos de açaí, guaraná e tucumã são utilizados como matérias-primas na produção de materiais com aplicações biomédicas

Resultados preliminares apontam que nanoestruturas de prata obtidas por meio do extrato de tucumã apresentam atividade contra a bactéria Escherichia coli.

Extratos de açaí, guaraná e tucumã são utilizados como matérias-primas na fabricação de insumos em nanoescala, com potencial para combater microrganismos que causam doenças infecciosas em seres humanos. O trabalho é desenvolvido pela pesquisa ‘Produção de nanopartículas de prata mediada por extratos vegetais da Amazônia’.

De acordo com o coordenador da pesquisa e doutor em Ciências, Gustavo Frigi Perotti, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), campus de Itacoatiara (distante 176 quilômetros de Manaus), o trabalho busca entender como os extratos destas frutas típicas da Amazônia podem atuar no processo de formação de nanoestruturas de prata que apresentam capacidade microbicida, ou seja, estruturas com potencial para combater bactérias e fungos.

“Nosso grupo de trabalho é focado especialmente na investigação do processo de formação das nanopartículas de prata (AgNPs) utilizando diferentes frutos. Vale ressaltar que isso é possível porque foram escolhidas espécies vegetais que reconhecidamente apresentam características antioxidantes, isto é, apresentam biomoléculas em sua composição química que são capazes de se sacrificar”, ressaltou o pesquisador, adiantando que a previsão para a conclusão do projeto seja em janeiro de 2023.

Foto: Gustavo Frigi Perotti/Acervo pessoal

Ainda de acordo com o doutor, os resultados preliminares mostraram que nanoestruturas de prata obtidas por meio do extrato de tucumã apresentam atividade contra a bactéria Escherichia coli, empregada em ensaios microbiológicos.

“Deste modo, a pesquisa visa enaltecer as potencialidades de recursos Amazônicos. na área tecnológica de vanguarda no cenário nacional e internacional, como forma de trazer a atenção da comunidade científica para aplicações menos tradicionais dessas espécies, possibilitando a sua exploração em outras áreas de pesquisa e, principalmente, aliando práticas mais sustentáveis no contexto científico”, contou.

Foto: Gustavo Frigi Perotti/Acervo pessoal

A equipe multidisciplinar que trabalha na pesquisa é formada por cientistas de diferentes áreas do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Ufam, da Universidade Federal do Sergipe (UFS), do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Conforme relatou Gustavo Frigi Perotti, as avaliações do potencial microbiológico das amostras produzidas pela pesquisa também são conduzidas em parceria com pesquisadores da área de química, odontologia e farmácia da Universidade de Araraquara (Uniara), da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA).

A pesquisa conta com o apoio do Governo do Estado, via Programa de Apoio à Interiorização em Pesquisa e Inovação Tecnológica no Amazonas (Painter), edital 003/2020, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). 


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