Foto: Lais Gonçalves da Costa Brocco/Acervo pessoal
Uma placa resistente feita de fibras vegetais e resina biodegradável, que pode substituir o plástico tradicional em móveis, embalagens ou até mesmo peças estruturais, sendo mais sustentável e menos poluente.
Esse é um dos benefícios do uso de biocompósitos, objeto de de pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que permitiu o aproveitamento de resíduos agroflorestais.
Amparado pela Fapeam no âmbito do ‘Programa de Fixação de Recursos Humanos para o Interior do Estado: Mestres e Doutores por Calha de Rio (Profix-RH)’, o estudo ‘Produção de biocompósitos a partir de resíduos agroflorestais amazônicos e fungos lignocelulolíticos’, foi coordenado pela professora e doutora em Ciências Florestais, Lais Gonçalves da Costa Brocco, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), campus Itacoatiara (distante a 176 km da capital).
A pesquisadora explica que os biocompósitos são materiais feitos a partir da combinação de uma matriz (geralmente um polímero, que pode ser natural ou sintético), com reforços de origem biológica, como fibras vegetais, resíduos agroindustriais ou até mesmo fungos.
Para a composição do substrato ou a chamada “terra preparada”, que consiste em um material que dá suporte e nutrientes às plantas, permitindo o seu crescimento, o estudo utilizou três tipos de resíduos agroflorestais, sendo eles: serragem da madeira de tauari (Cariniana micrantha), fibra da folha (coroa) do abacaxi (Ananas sp.) e cacho do açaí (Euterpe sp.).
Outro ingrediente utilizado na composição foi uma variedade de fungos lignocelulolíticos, que são aqueles especializados na degradação de celulose, hemicelulose e lignina, componentes essenciais das paredes celulares das plantas, como da madeira e das folhas. Os biocompósitos miceliais foram feitos com os seguintes: Pycnoporus sanguineus, Irpex lacteus, Trametes versicolor e Pleurotus ostreatus.
“Durante a produção dos biocompósitos, observamos que o substrato com 100% de resíduos fibrosos do abacaxi e inoculado com o fungo P. ostreatus, desenvolveu-se de forma satisfatória, sendo possível obter um biocompósito com boa agregação e mais homogêneo”, explicou Lais Brocco.

A engenheira florestal complementa que o mesmo ocorreu com a mistura de substrato de 50% resíduos fibrosos de açaí e 50% resíduos fibrosos do abacaxi. No entanto, o estudo também analisou que alguns fungos não foram capazes de se desenvolverem em determinados substratos, devido a contaminações relacionados ao tipo de substrato e a capacidade dos fungos crescerem.
“A partir do desenvolvimento desta pesquisa foi possível conhecer o potencial de resíduos agroflorestais amazônicos e seu melhor aproveitamento para a produção dos biocompósitos”, salientou a pesquisadora.
O aproveitamento de resíduos agroflorestais, que antes seriam descartados, e o conhecimento do potencial de substituição do uso dos materiais poliméricos sintéticos (plásticos) obtidos a partir de recursos não renováveis (petróleo, carvão mineral e gás natural) por materiais alternativos são outros benefícios da utilização de biocompósitos pela sociedade em geral.
E ainda averiguou a avaliação das propriedades tecnológicas dos biocompósitos, onde os resultados dos ensaios físicos e biológicos indicaram de forma geral, que os biocompósitos produzidos com resíduos de açaí e os fungos P. ostreatus e T. versicolor apresentaram os menores valores de inchamento, absorção de água e maior resistência ao apodrecimento.
*Com informações da Fapeam