Conheça o Vale do Javari, terra indígena com maior concentração de povos indígenas isolados do mundo

Com 8,5 milhões de hectares demarcados, a Terra Indígena foi homologada em 2001 e possui ao todo, 19 registros de povos indígenas isolados.

O caso do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips no Amazonas movimentou a imprensa internacional. Os dois desapareceram durante uma investigação na Terra Indígena Vale do Javari. Os corpos da dupla que viajava na região foram encontrados uma semana depois do anúncio do desaparecimento, denunciado por indígenas, após intensas buscas.

A Terra Indígena Vale do Javari é a segunda maior terra indígena do Brasil, com 8.544 milhões de hectares demarcados, sendo a primeira a Terra Yanomami, com 9,4 milhões de hectares.

A área abrange os municípios de Atalaia do Norte e Guajará, no oeste do Amazonas, e é considerada a Terra Indígena com maior concentração de povos isolados do mundo. E também faz fronteira com Peru e Colômbia.

Foto: Reprodução / Povos Isolados da Amazônia – Centro de Trabalho Indigenista

Ao todo, são 19 registros de indígenas isolados reconhecidas pela Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Fundação Nacional do Índio no Vale do Javari, em 2014. 

Área é habitada por:

  • Isolados do Alto Jutaí
  • Isolados do Igarapé Alerta
  • Isolados do Igarapé Amburus
  • Isolados do Igarapé Cravo
  • Isolados do Igarapé Flecheira
  • Isolados do Igarapé Inferno
  • Isolados do Igarapé Lambança
  • Isolados do Igarapé Nauá
  • Isolados do Igarapé Pedro Lopes
  • Isolados do Igarapé São José
  • Isolados do Igarapé São Salvador
  • Isolados do Jandiatuba
  • Isolados do Rio Bóia/Curuena
  • Isolados do Rio Coari
  • Isolados do Rio Esquerdo
  • Isolados do Rio Itaquaí
  • Isolados do Rio Pedra
  • Isolados do Rio Quixito
  • Isolados Korubo
  • Kanamari
  • Korubo
  • Kulina Pano
  • Marubo
  • Matis
  • Matsés
  • Tsohom-dyapa

São povos falantes de línguas da família Pano, com exceção dos Kanamari e dos Tsohom Dyapá (ambos da família linguística Katukina). Dados do Instituto Socioambiental (ISA), de 2020, apontavam que existiam 6.317 mil de habitantes na Terra Indígena Vale do Javari. Ainda de acordo com o ISA, são 26 povos registrados na região.

Ameaças

A região é considerada uma das mais perigosas da Amazônia brasileira. Devido a sua localização, a terra indígena é rota para o tráfico internacional de drogas, além de ameaçada por garimpeiros ilegais. Em abril de 2022, o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), organização que atua em parceria com povos indígenas há mais de 40 anos, divulgou relatos anônimos de indígenas que presenciaram a ação dos criminosos ambientais.

Nas denúncias feitas, garimpeiros realizavam festas até o amanhecer e obrigavam a alguns dos indígenas de recente contato, a beberem água misturada com gasolina. De acordo com o CTI, moradores da Jarinal alertaram parentes de outras aldeias via áudios de WhatsApp. Eles também informaram a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Conselho Indígena dos Kanamari do Juruá e Jutaí (Cikaju) e a Associação dos Kanamari do Vale do Javari (Akavaja).

Na comunidade Jarinal vivem 160 pessoas do povo Kanamari e 47 indígenas Tyohom-dyapa, povo de recente contato que nas últimas décadas sofreu um forte decrescimento populacional por um histórico de doenças e conflitos. A região do Alto Jutaí, acima da aldeia Jarinal, é habitada exclusivamente por indígenas isolados.

A União dos Povos Indigenas do Vale do Javari (Unijava) e o Centro de Trabalho Indígena (CTI) foram informados no mês de maio de 2022, novamente, sobre as denúncias de uma invasão de garimpeiros à comunidade de Jarinal, na Terra Indígena Vale do Javari, no Oeste do Amazonas, para uma festa em que indígenas foram abusadas sexualmente.

A região também é alvo de caçadores, madeireiros e pescadores, que atuam de forma ilegal. 

Existem 10 organizações indígenas na região:

  1. Associação de Apoio a Saúde e Educação no Vale do Javari (ASASEVAJA)
  2. Associação de Desenvolvimento Comunitário do Povo Indígena Marubo do Rio Curuçá (ASDEC)
  3. Associação dos Kanamary do Vale do Javari (AKAVAJA)
  4. Associação dos Matsés do Alto Jaquirana (AMAJA)
  5. Associação Indígena Matis (AIMA)
  6. Associação Marubo de São Salvador (AMASS)
  7. Associação Marubo de São Sebastião (AMAS)
  8. Organização das Aldeias Marubo do Rio Ituí (OAMI)
  9. Organização Geral dos Mayoruna (OGM)
  10. União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA)
Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Maior taxa de alfabetização da Região Norte é de Rondônia, aponta IBGE 

Apesar de se destacar na taxa de alfabetização, Rondônia ainda possui disparidades de raça e idade.

Leia também

Publicidade