Conheça a história de Airão Velho e a lenda das formigas de fogo, no Amazonas

Essa é uma das principais lendas sobre a construção da cidade amazonense que foi abandonada, uma vez que não existe comprovação de tal acontecimento.

Airão Velho ou Velho Airão, antiga sede do município de Novo Airão, no Amazonas, é uma vila que foi abandonada no meio da floresta amazônica e que, aparentemente, ficou assim após um ataque de formigas de fogo. Essa é uma das principais lendas do local, uma vez que não existe comprovação de tal acontecimento.

Montagem: Portal Amazônia

De acordo com o historiador Victor Leonardi (1998), “na confluência do Rio Jaú com o Negro existem ruínas de uma pequena cidade chamada Airão, antiga Santo Elias do Jaú, fundada por missionários em 1694. Depois veio o processo de arruinamento definitivo do Airão, após rápido e não sustentável crescimento econômico gerado nos seringais entre 1880 e 1914. A velha cidade de Airão é hoje uma cidade morta às margens do rio Negro, 250 quilômetros a noroeste de Manaus”.

A vila foi, no passado, uma das mais importantes no Médio Rio Negro, desde a época dos colonizadores portugueses até a Segunda Guerra Mundial, quando os aliados encontravam sua maior fonte de borracha para a fabricação de pneus e materiais cirúrgicos no látex da Amazônia.

Decadência

Airão concentrava toda a produção de borracha do Alto Rio Negro, do Rio Jaú e seus afluentes, e do Rio Branco, trazendo a produção de vilarejos próximos à Boa Vista (Roraima). Com o fim da guerra, os ingleses passaram a comprar látex de sua colônia na Malásia. Os produtores amazonenses não estavam preparados para isso e como Airão era um ponto de captação e distribuição, a cidade faliu.

Com a decadência do ciclo da borracha, seus moradores passaram a abandoná-la, até ser deixada pelo último morador em 1985. Boa parte de sua população mudou-se para vilarejos mais próximos à capital do Estado, Manaus, mas a maioria (108 pessoas) foi transferida para a vila de Itapeaçu, que passou a se chamar Novo Airão.

Lenda das formigas

Com o abandono da cidade surgiu a lenda das formigas de fogo. Um político da época divulgou que a população estava sendo atacada por formigas e pediu ajuda para mudar a sede do município. Verdade ou mentira, o fato é que a partir de 1950 a população começou a ser transferida para onde hoje é Novo Airão.

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Formiga de fogo, a vilã de Velho Airão. Foto: Divulgação

Shigeru Nakayama. Foto: Reprodução/Rede Amazônica AM

Ruínas 

A partir de 1985, a Marinha do Brasil começou a usar a cidade abandonada como alvo para treino de tiros de seus navios até o ano de 2005, quando a cidade foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Mas apenas em 2010 técnicos do IPHAN começaram a levantar dados no lugar.

Desde 2005, cerca de sete famílias retornaram ao lugar, fazendo suas casas em volta das ruínas e auxiliando na condução dos turistas que visitam o antigo vilarejo. Entre os moradores, há uma pessoa que ganhou notoriedade: trata-se de Shigeru Nakayama, um japonês que chegou ao Brasil na década de 1960 junto com o grande fluxo migratório japonês.

Ele chegou em Velho Airão em 2001, encontrou ruínas e o matagal tomando conta do patrimônio e decidiu limpar a área para restaurar a história do local. Com o decorrer do tempo, Nakayama passou a ser conhecido como guardião da cidade fantasma. 

De acordo com a prefeitura de Novo Airão, “a extração do látex (borracha nativa) era o que movimentava a economia entrou em declínio. Com o fim das atividades as pessoas iniciaram o processo de abandono. Os últimos a saírem foram os Bezerra, família lusitana que ocupou a administração do município e comercializava a borracha”.

Hoje, apesar do processo de deterioração, ainda se vê uma série de ambientes que antes serviram como igreja, escola, casas coloniais, cemitério e prédios municipais. Abandonada, a cidade tornou-se apenas ruínas, com a vegetação ameaçando encobrir todo o local que, antes, guardava uma cidade próspera, e ainda aguarda iniciativas que superem os fantasmas do abandono e devolvam a glória do passado. 

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