Para crescerem, as empresas e os novos negócios precisam, urgentemente, de uma educação corporativa criativa

O conceito de desenvolvimento econômico precisa ser alterado pelo desenvolvimento humano.

O século XX foi responsável pela aceleração de avanços em todos os âmbitos, desde a tecnologia com as mais diversas aplicações e áreas, com o desenvolvimento de novos modelos de negócios, com o alto investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos etc. Em contrapartida, revelou-se a gravidade dos problemas que ameaçam a humanidade.

Primeiramente, a iminente ameaça do aquecimento global, a escassez de recursos energéticos, a redução exponencial da disponibilidade de recursos naturais, a mecanização das carreiras profissionais e terminando com os gigantes problemas sociais como: pobreza, fome, deterioração dos valores sociais, mortalidade infantil, racismo, desemprego, sucateamento da saúde e dos serviços públicos, etc.

Atualmente, organizações do mundo inteiro estão em busca incessante por talentos profissionais cada vez mais especializados, tecnologicamente e tecnicamente, pois para atingirem as metas financeiras dos acionistas é necessário ser relevante em um mercado cada vez mais competitivo.

Só que essa busca por talentos é um jogo perigoso pelas incertezas dos próximos desafios no mercado global e pela escassez de profissionais criativos e inovadores.

Definitivamente, o caminho para o êxito das organizações, das nações e, consequentemente, da própria humanidade, não está no progresso econômico-financeiro. Porque se este fosse o caminho não haveriam mais mazelas no mundo.

Foto: Reprodução/Pexels

As pessoas que morrem de fome hoje em dia não é por falta de recursos econômicos em nível global, mas pela pura falta de uma consciência solidária e ecológica. Neste sentido, a Educação Corporativa Criativa (ECC) se caracteriza como um modelo que possui como premissa a criação de valores humanos com enfoque nos processos de aprendizagem, crescimento e desenvolvimento de novas perspectivas para os problemas e os desafios das organizações e da sociedade.

Portanto, a criatividade emerge como uma força que permite uma grande transformação social, possibilitando a todos os cidadãos uma função ativa e direta na construção de uma nova sociedade. Contudo, devido aos mais diversos fatores, a criatividade, considerada como o tesouro oculto da humanidade permanece até o momento como um gigante adormecido.

Muitos creditam às universidades a responsabilidade pela nossa incapacidade de “produzirem” uma população de profissionais competentes, diferenciados e criativos para enfrentar os desafios da Sociedade 5.0. Contudo, devemos reconhecer que todas as organizações são corresponsáveis nesta jornada.

Lamentavelmente, as universidades públicas se encontram falidas, sucateadas, com um corpo docente totalmente fragmentado em ilhas de egocentrismo e vivendo em mundo paralelo à realidade contemporânea presas numa burocracia do século XIX com professores do século XX querendo ensinar aos profissionais do século XXI e, paralelamente, as universidades privadas que cumprem o mínimo estabelecido pelo MEC para se adequarem às Diretrizes Curriculares Nacionais visando, só e somente só, o retorno financeiro.

O conceito de desenvolvimento econômico precisa ser alterado pelo desenvolvimento humano. E, neste ponto, a iniciativa privada tem um grande potencial de contribuição pela agilidade na construção, execução e aperfeiçoamento de programas e projetos que contribuam para um protagonismo muito maior do que em épocas passadas e recentes.

O despertar e o desenvolvimento de uma cultura de criatividade é resultado, primeiramente, de uma mudança na mentalidade dos líderes e gestores das organizações que continuam “iludidos” pela especialização desenfreada, ao invés da valorização das capacidades e habilidades verdadeiramente humanas para atingirem os objetivos organizacionais.

Podemos treinar profissionais para linguagens de programação Python ou Java, podemos ensiná-los como realizar reuniões e palestras deslumbrantes, podemos capacitá-los em áreas cada vez mais específicas como Machine Learning e Inteligência Artificial.

Mas até quando as organizações se manterão cegas e continuarão a abrir mão do verdadeiro potencial humano?

Quando se investe em uma Educação Corporativa Criativa, a partir deste estágio a criatividade adquire uma relevância e um significado duplo: como valor cultural que permite construir soluções eficazes para os problemas mais complexos da contemporaneidade e como uma necessidade fundamental do ser humano, cuja satisfação permite ser capaz de alcançar uma melhor qualidade de vida.

Para crescerem e se manterem relevantes as empresas e os novos negócios precisam urgentemente de uma educação corporativa criativa que valorize o potencial humano de seus colaboradores. O ponto central não é ser criativo para inventar novos produtos e/ou serviços, mas para ter a capacidade de ter diferentes perspectivas para os problemas e saber fazer as perguntas certas.

Sobre o autor

Vitor Raposo é empreendedor em diversos segmentos, mentor, consultor e professor. Doutorando em Humanidades e Artes pela Universidade Nacional de Rosario – UNR, na Argentina; especialista em inovação e negócios pela Nova Business School em Portugal, em Gerenciamento de Projetos pela FGV e em Gestão Estratégica de Negócios pela UCB. Atua como voluntário no Instituto Soka Amazonas e no Capítulo Amazônia do Project Management Institute (PMI-AM).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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