Quem é você?

Inicialmente, eu acreditava que tinha essa resposta bem definida na minha mente, mas com o passar dos dias constatei que ainda persistia um vácuo de conhecimento.

Particularmente, sou um indivíduo introspectivo, com a curiosidade aguçada sobre uma variedade de assuntos – e as pessoas mais próximas sabem do meu fascínio pelo autoconhecimento, pelos distintos saberes e pela aprendizagem. E, recentemente, a pergunta que é tema desta coluna “alugou um triplex na minha mente”, durante o trajeto para uma reunião, e fiquei ao longo de alguns dias refletindo sobre.

Inicialmente, eu acreditava que tinha essa resposta bem definida na minha mente, mas com o passar dos dias constatei que ainda persistia um vácuo de conhecimento. Então, fui buscar um dos mais influentes filósofos da Grécia Antiga, Platão – famoso pelo uso frequente em seus diálogos da célebre frase, “conhece-te a ti mesmo”. Busquei também outros pensadores.

Um ponto importante que preciso ressaltar é que, equivocadamente, as pessoas costumam definir vossas identidades, ou seja, quem elas são, com base nas respectivas formações acadêmicas (administrador, engenheiro etc.), nos acrónimos que representam as certificações que possuem, em relação ao local de nascimento (carioca, manauara, paraense etc.) e tantas outras “referências” que elas acreditam representar quem são. Ledo engano.

O que pude compreender como resultado da minha busca é que indivíduos grandiosos como Platão, Daisaku Ikeda, Josei Toda, e outros filósofos e humanistas que exploraram o conceito da revolução humana individual e da completude, é que esses pensadores valorizam e enfatizam a importância do autoconhecimento, da transformação pessoal como meio de contribuir para uma sociedade melhor.

Foto: Reprodução/Pexels

De certo, os pontos enaltecidos pelos pensadores estão diretamente relacionados com o “como” agimos e o “porque” agimos, fundamentando assim o nosso propósito – uma busca significativa que direciona uma pessoa, proporcionando um senso de direção, satisfação e significado na sua própria vida, estando assim relacionado a você e não ao outro.

A proporção que, fui reconstruindo a minha própria resposta e validando antigos e novos conhecimentos, me propus a refletir sobre como tudo isso será aplicado em uma visão ambiciosa de sociedade: a Sociedade 5.0.

Esse modelo de sociedade busca superar os desafios enfrentados pelas nações por meio da integração de tecnologias avançadas, personalização e serviços sob medida para solucionar o envelhecimento da população dos países – como é o caso do Japão; as desigualdades – econômica; social; de gênero; racial e étnica; educacional; de saúde; de acesso à tecnologia etc., assim como os desafios climáticos com os mais distintos efeitos colaterais.

Portanto, a ideia central da Sociedade 5.0 é mover-se em direção a uma sociedade que valorize a existência humana e a perenidade do capital natural. Todavia, assim como tudo na vida, a Sociedade 5.0 também possui alguns ônus e dentre eles: a robotização.

Nos cenários futuros (foresight) que venho avaliando é perceptível o grande impacto que as tecnologias avançadas (I.A., blockchain, robótica, biotecnologia, nanotecnologia etc.) terão nos mercados, em especial, na produção de bens de consumo, que ficarão cada vez mais baratos. Consequentemente, isso reduzirá significativamente os empregos humanos em funções com baixa demanda de conhecimento. Logo, em pouco tempo, muitas pessoas ficarão desempregadas e/ou serão obrigadas a transacionar de carreira.

É possível que diante de cenários que possuem uma grande probabilidade de acontecer, muitas pessoas irão sentir-se: perdidas, sem significado/propósito e até mesmo inúteis. Pois, as suas respectivas definições de identidade sempre foram definidas pelas “referências” equivocadas supracitadas.

Evoluindo um pouco mais, nos cenários futuros, o avanço da Sociedade 5.0 irá reconfigurar brutalmente toda a indústria global – inclusive a Zona Franca de Manaus. Fábricas que poderão ser reduzidas a pequenos centros avançados de produção, e de acordo com alguns estudos, não será necessário mais do que 10% de toda a força de trabalho atual. Já pensou como você, a sua família, os amigos e toda a sociedade serão impactados?

Pareço-me, possivelmente ao olhar de um indivíduo desatento com os fatos, um mensageiro do apocalipse, mas o grande ponto é como uma “simples” pergunta despretensiosa que surgiu em minha mente durante o trajeto para uma reunião, desencadeou toda essa reflexão sobre a interdependência e a interdisciplinaridade de temas que passam despercebidos pela grande parte da sociedade.

Portanto, o desafio para os profissionais que querem manter-se ativos e desfrutar dos princípios e dos benefícios na Sociedade 5.0 é a busca por uma visão futura e estratégica da carreira alinhada com a Economia do Conhecimento – que é caracterizado pela produção, distribuição e uso do conhecimento como principal motor de crescimento, riqueza e emprego.

A informação e o conhecimento são e serão ainda mais reconhecidos como os principais motores de crescimento econômico, inovação e desenvolvimento social, oportunizando: aumento da empregabilidade, maior capacidade de inovação e solução para problemas complexos, desenvolvimento de competências transversais, adaptabilidade às mudanças do mercado e, consequentemente, acesso a melhores oportunidades de carreira.

Logo, com toda essa fusão de temas tratados aqui: identidade; propósito; Sociedade 5.0; e Economia do Conhecimento. Acredito que a pergunta “elementar” passe a ser: quem é você na Sociedade 5.0 em plena era da Economia do Conhecimento?

A minha resposta para essa nova pergunta é: Eu sou um indivíduo em constante evolução, um ser pensante que busca incessantemente entender sua própria essência e a verdade mais profunda da existência. Inspirado pelos ensinamentos de grandes filósofos e humanistas, reconheço em mim a capacidade para a revolução humana – uma transformação pessoal que me leva além das limitações e egoísmos, em direção a uma vida de contribuição e valor significativo para a sociedade. Minha identidade não está apenas nas minhas ações e pensamentos presentes, mas também na minha aspiração de contribuir para um mundo onde a dignidade, a justiça, e a compaixão sejam valores vividos por todos. Portanto, ‘quem sou eu?’ é uma pergunta cuja resposta se encontra na jornada de busca pelo autoaperfeiçoamento, pelo entendimento mútuo e pela criação de valor na vida minha e dos outros.

E você, quem é você? 

Sobre o autor

Vitor Raposo é Humanista e Empreendedor. Fundador da Hayashi Consultoria, Sócio-Diretor da TravelCorp e da Sala VIP Harmony Lounge.

Atua como empreendedor, mentor e consultor. Foi gestor de grandes organizações no Brasil e no exterior. Articulista sobre Sociedade 5.0, Novos Negócios, Revolução Humana Individual, Sustentabilidade e ESG no Portal Amazônia. Idealizador e apresentador do Ser Humano Podcast, um programa sobre a essência das pessoas de valor e o impacto de ser genuíno.

Idealizador e realizador do Amazonia Forest Summit – fórum para debater as oportunidades para a Amazônia com diversidade e um olhar para o futuro da região com foco na inovação, na sustentabilidade, nos recursos humanos, no ESG, nos negócios, na tecnologia e nas tendências.

Doutor em Administração e Mestre em Ciências da Educação para a Sociedade 5.0 pela Facultad Interamericana de Ciências Sociales – FICS; Foresight Practitioner; Especialista em Sustentabilidade pelo MIT; em Inovação e Negócios pela Nova Business School, em Gerenciamento de Projetos pela FGV e em Gestão Estratégica de Negócios pela UCB.

Paralelamente, atua como voluntário e Presidente no Capítulo Amazônia do Project Management Institute (PMI-AM), foi por 14 anos como Diretor de Programas e Projetos Ambientais do Instituto Soka Amazonia. Recentemente, foi indicado e conduzido à função de Presidente do Conselho Fiscal da Fundação Opção Verde.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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