Estudo busca combater escassez de camarão no rio Amazonas

Objetivo é contribuir para a sustentabilidade da cadeia produtiva do pescado no Pará.

Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

O escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), em Afuá, no Marajó, está participando de um movimento multiinstitucional de investigação conduzido pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) sobre a escassez do camarão-amazônico (Macrobrachium amazonicum) no estuário do rio Amazonas. 

Leia também: Portal Amazônia responde: existe camarão de água doce?

Reuniões ao longo de novembro com diversas representações, a exemplo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), são mais uma etapa dos esforços conjuntos que consideram, inclusive, marcos de futuro imediato, como a regulamentação de um período de defeso e assinatura de acordos de cooperação técnica. 

De acordo com os especialistas da Emater, o fenômeno de diminuição significativa da quantidade e do tamanho da espécie nos fluxos que entrecortam e banham Afuá vem sendo observado, desde 2021, e já causa prejuízos à socioeconomia das ilhas do município, pois o produto é quem abastece restaurantes de veraneio e o turismo nas praias. 

Ano passado, a Emater promoveu o I Fórum de Pesca e Aquicultura de Afuá e a partir de então vem coletando dados empíricos de uma amostra de 12 famílias com um cotidiano de pesca artesanal na Baía do Vieira e nos rios Aningal, Afuá e Piraiaura, dentro dos assentamentos federais Ilha Cajuúna e Charapucu.

O objetivo é contribuir para a formulação de hipóteses, que podem ter relação com mudanças climáticas, em nível planetário, e com tradições predatórias, tais quais o uso de matapis e de viveiros inadequados.

O gestor relata que o camarão-da-amazônia é produto de apelo comercial importante em Afuá, porque o consumo é constante e o aproveitamento, é total: “os médios e grandes são vendidos na hora e os pequenos são pré-cozidos.

Não há perda nenhuma para o pescador”, explica, com a ressalva do problema estrutural: “entre outras variáveis, capturar camarões juvenis interfere na dinâmica reprodutiva e no estoque natural. Por isso a importância de estudos aprofundados, de envolvimento das instituições públicas e no fortalecimento de políticas públicas para o segmento, a fim de que a cadeia  produtiva se mantenha sustentável em curto, médio e longo prazos”, declara. 

Soluções

A pescadora Maria Doralice Batista, de 52 anos, conta a história de um sumiço repentino do camarão-da-amazônia no rio Furo Grande, às margens da Ilha Panema, onde vive com o marido, Coraci Barbosa, de 58 anos, e os dois filhos caçulas do casal: José Vicente, de 13 anos, e Caio César, de sete anos.

A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Afuá e membro da Colônia de Pescadores e Aquicultores Z-6 atribui a aquecimento global: “A gente não tem certeza, porém, quanto mais quente, menos camarão”, expressa.

Para a liderança, a adaptação de ferramentas, o incentivo à criação da espécie em cativeiro e a conscientização dos pescadores sobre camarões juvenis e com ovas figuram como soluções viáveis: “É tudo uma questão de diálogo, mobilização e de divulgação, porque estamos sofrendo os danos na pele e todo mundo aqui tem entendido que é necessário pensar estratégias para o bem das populações e da natureza”, resume. 

*Com informações da Agência Pará

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