Portal Amazônia responde: qual a diferença entre economia verde e bioeconomia?

Apesar de serem termos com significados próximos, especialista afirma que não são a mesma coisa, mas que ambos podem ser relacionados às práticas ESG.

Com a agenda de pautas climáticas e de sustentabilidade cada vez mais presentes na sociedade como um todo e não só em debates universitários, no “universo” corporativo e em fóruns econômicos, vários termos começam a ser utilizados com mais frequência, como: economia verde e bioeconomia.

Isso se dá, em grande parte, pelos extremos climáticos cada vez mais intensos no mundo todo e a necessidade de adaptação e mudanças. Na Amazônia é possível destacar as piores cheias e estiagens de décadas apenas nos últimos anos, consequências de mudanças climáticas.

Para entender os dois conceitos, o Portal Amazônia conversou com o doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Stefan Keppler.

Foto: Nattanan Kanchanaprat/Pixabay

Desmistificando os termos 

Apesar de serem termos com significados próximos, Keppler afirma que não são a mesma coisa. 

“A Economia Verde engloba todas as formas de economia que, de alguma forma, pretendem alcançar melhorias em relação com o meio ambiente pelos produtos e serviços e agregar ao desenvolvimento sustentável da humanidade”,

aponta o pesquisador.

Ou seja, a economia verde consiste em um conjunto de práticas que visam à promoção de uma economia com crescimento pleno, que se baseie no bem-estar social e que esteja centrada em reduzir os riscos ambientais e consertar o meio natural.

O termo foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em 2008 e se opõe ao conceito de ‘Economia Marrom’, pautada em um desenvolvimento não responsável em relação ao ambiente, que não concilia a pauta ambiental ao bem-estar social e conservação de recursos.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a economia verde “se apresenta como um modelo para reverter essas tendências climáticas, alterando políticas e incentivos, de modo a apoiar o crescimento, a igualdade social e o bem-estar por meio da conservação e do uso sustentável dos recursos naturais e do controle vigilante da poluição”.

Biojoias são uma forma de fomentar o mercado da Bioeconomia. Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Já o termo bioeconomia surge como resultado de pesquisas e inovações aplicadas no campo das ciências biológicas. 

“A Bioeconomia é uma economia verde, mas se restringe a produtos e serviços relacionados à biota natural, no sentido do controle do aquecimento global, dentro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”,

explica Stefan Keppler.

Assim, o conceito de bioeconomia se baseia em sistemas biológicos de baixo impacto e são considerados sustentáveis econômica, ambiental e socialmente. 

Outros exemplos de aplicação da bioeconomia estão nas áreas da alimentação, saúde, biotecnologia, agricultura e pecuária.

A utilização de insumos alimentícios da região é uma das principais características da bioeconomia amazônica. Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Bioeconomia na Amazônia

O pesquisador faz alerta para negócios que se mascaram de bioeconomia, mas que não possuem aspectos sustentáveis, apenas extrativistas e até mesmo que não pagam produtores locais, dão lucros muito altos em curto prazo e são, nas suas palavras, “extremamente competitivos com negócios locais”.

“A Bioeconomia da Amazônia adiciona a escala geográfica e o importante critério da floresta em pé. Isso é inegociável”,

completa.

Práticas ESG

Tanto a economia verde quanto a bioeconomia podem ser relacionadas às práticas ESG, um conjunto de práticas que reforçam o compromisso das empresas com a sociedade de modo geral.

O ESG, sigla de ‘Ambiental, Social e Governança’, imita o tripé da Sustentabilidade, Social-Ambiental-Econômico. Esta sigla tem grande importância no hemisfério norte que, por meio do ESG, pretende financiar projetos de desenvolvimento sustentável na Amazônia, para controlar o aquecimento global”, finaliza o especialista.


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