Em fevereiro, Rondônia ficou no 4º lugar no ranking de maiores área sob alerta de desmatamento da Amazônia Legal

Área de alertas detectada na Amazônia Legal brasileira no mês foi de 322 km². Entenda como a alta cobertura de nuvens em janeiro pode ter impactado nos dados.

Rondônia foi o quarto Estado da Amazônia Legal com maior área sob alerta de desmatamento em fevereiro de 2023, com 28 km², de acordo com dados divulgados no dia 10 de março pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Olhando para toda a Amazônia Legal, o acumulado de alertas foi de 322 km² em fevereiro. Isso significa aproximadamente o tamanho da cidade de Fortaleza (CE) em área e é a maior marca para fevereiro em toda a série histórica, iniciada em 2015.

magem aérea mostra desmatamento entre Rondônia e Amazonas. Foto: Ana Kézia Gomes/g1 RO

Ainda conforme o Inpe:

  • Mato Grosso foi o Estado com maior área sob alerta de desmatamento: 162 km²
  • Em seguida vieram Pará e Amazonas, com 46 km² cada,
  • Rondônia em quarta posição com 28 km², e
  • Roraima, com 31 km²,
  • Já o Acre e o Maranhão tiveram aproximadamente 4 km² sob alerta cada.

Queda em janeiro de 2023

No mês passado, quando os dados do Inpe apontaram que janeiro deste ano teve queda de mais de 80% no número de desmatamentos em Rondônia, a Rede Amazônica procurou especialistas nas áreas de meio ambiente para entender se esse cenário continuaria.

A notícia gerou um alívio, mas os especialistas apontaram que ainda era cedo para tratar como tendência de redução na perda de floresta. “A gente ainda precisa esperar os próximos meses, esperar mais informações deste ano para saber se estamos diante do início de uma tendência consolidada, efetiva, sustentada de redução do desmatamento ou se esse pode ter sido algum episódio específico, embora seja um dado positivo”, comentou, no começo de 2023, Beto Mesquita, diretor de Florestas e Políticas Públicas BVRio.

O impacto das nuvens na visibilidade

A taxa recorde de fevereiro pode ser ainda uma consequência da alta quantidade de nuvens que baixou significativamente os dados de janeiro.

É que o Inpe usa imagens obtidas via satélite para o monitoramento da Amazônia e a cobertura de nuvens, intensa na região amazônica, pode impedir que uma área de devastação seja identificada no mês que ela ocorre, e só apareça quando a visibilidade melhorar. Isso já havia sido apontado, este ano, pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). 

“[O consolidado] flutua, varia um pouco de um mês para o outro, principalmente nesses primeiros meses quando tem muitas nuvens”, comentou Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam.

Como dezembro, janeiro, fevereiro e março são meses chuvosos na maioria dos estados que fazem parte do bioma, as taxas de desmatamento são tipicamente menores durante esses meses.

“Esses períodos de chuva são muito difíceis para aferirmos essa taxa e conseguir dizer se temos uma tendência de aumento ou de queda. Então a nossa recomendação para fazer qualquer inferência a respeito disso é esperar mais alguns meses para que possamos comparar períodos maiores de tempo”,

diz Mariana Napolitano, é gerente de Conservação do WWF-Brasil.

Em Rondônia esse período é popularmente chamado de inverno amazônico, uma estação com chuvas intensas que acontece entre dezembro e maio. Entre as principais características do período estão: intensidade da nebulosidade, chuvas e redução das temperaturas.

O monitoramento 

O Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) realiza um levantamento de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia. O sistema foi elaborado pelo Inpe.

“Tendo como principal objetivo a aplicação imediata de políticas públicas, sobretudo de fiscalização ambiental, com ações preventivas e repressivas, além de auxiliar planejamentos institucionais”, informou o Inpe. 

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