Dia Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades na Amazônia

É possível triplicar a produtividade média da criação de gado sem precisar derrubar nenhuma árvore, adotando técnicas já existentes na região como a rotação de pastagens, e integração lavoura-pecuária-floresta

No dia 5 de junho foi celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, uma data que nos chama a refletir sobre a importância de proteger o planeta. No contexto atual, a região amazônica desponta como um dos principais focos de atenção e preocupação, em vista da agressão ao meio ambiente, os riscos e as ameaças enfrentadas.

A Amazônia abriga a maior floresta tropical do mundo e possui uma biodiversidade incomparável. No entanto, os dados sobre desmatamento são alarmantes. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento na Amazônia Legal brasileira atingiu uma área de 11.088 km² entre agosto de 2021 e julho de 2022, um aumento de 22% em relação ao período anterior. Os danos aos ecossistemas amazônicos são irreparáveis, resultando em perda de habitat para espécies animais e vegetais, emissão de gases de efeito estufa, comprometimento dos ciclos hidrológicos, provocando impactos negativos sobre a economia e as populações tradicionais que dependem da floresta para sua subsistência. 

Hoje me perguntaram se teríamos que parar de produzir alimentos esperando apenas as compensações pelos serviços ambientais que prestamos. Não. É possível triplicar a produtividade média da criação de gado sem precisar derrubar nenhuma árvore, adotando técnicas já existem na região como a rotação de pastagens, e integração lavoura-pecuária-floresta, segundo estudos do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).

Desafios e oportunidades na Amazônia – Foto: Danilo Alves/Unsplash

Há outro problema grave na Amazônia que precisa ser equacionado: a exploração do garimpo ilegal. A extração de minerais, como o ouro, realizada de forma clandestina e sem as devidas medidas de controle ambiental, resultam na contaminação dos rios por mercúrio e na degradação de vastas áreas florestais.

Outro fator preocupante é a invasão das terras indígenas, uma ameaça constante. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 2021, houve um aumento de 61% nos casos de invasões e ataques a terras indígenas na Amazônia. Essas invasões representam uma violação dos direitos territoriais e culturais dessas comunidades.

As comunidades ribeirinhas que dependem diretamente dos recursos naturais para sua alimentação e sustento enfrentam pressões crescentes, como a poluição dos rios, a escassez de peixes devido à pesca predatória e o avanço da fronteira agrícola, que muitas vezes os exclui de seus territórios tradicionais.

Por seu lado, os povos da floresta que possuem uma relação ancestral com a Amazônia, mantem profundo conhecimento sobre a biodiversidade e os recursos naturais da região, estão sob risco constante, tendo suas terras invadidas e suas tradições culturais ameaçadas, à medida que a exploração ilegal avança sobre seus territórios.

Os quilombolas, comunidades remanescentes de quilombos formados por escravos fugitivos, também enfrentam desafios na Amazônia. A pressão sobre suas terras por atividades ilegais, como a mineração, coloca em risco sua identidade cultural.

Penso que a busca por solução envolve uma série de medidas, incluindo o fortalecimento da fiscalização ambiental, a promoção de atividades econômicas sustentáveis que valorizem os recursos naturais da região, o reconhecimento e respeito aos direitos territoriais das populações tradicionais e o incentivo à educação ambiental.

Para concluir, o Dia Mundial do Meio Ambiente nos convida a refletir sobre os desafios e oportunidades na Amazônia, mas é certo que, somente através de um esforço coletivo, baseado em políticas públicas eficazes e respeito à diversidade socioambiental, poderemos garantir a Amazônia e sua riqueza para estas e para as futuras gerações. 

Olimpio Guarany é jornalista, documentarista e professor universitário. No período de (2020-2022) navegou toda extensão do rio Amazonas, desde a foz, até o rio Napo (Peru) e de lá até Puerto Orellana (Equador), no pé da Cordilheira dos Andes, captando vasto material audiovisual que será disponibilizado, brevemente, em várias mídias.

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