Foto: Jefferson Christofoletti/Embrapa
Você alguma vez já se perguntou se é possível algum peixe viver fora da água? A resposta curta para essa pergunta é: sim.
Embora a maioria dos peixes respirem por meio das brânquias (guelras), existem espécies que desenvolveram estratégias para conseguir respirar fora do ambiente aquático e também existem algumas espécies pulmonadas.
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
O Portal Amazônia procurou saber se espécies da região amazônica também são capazes de “respirar ar”:
O caso da piramboia
Com o nome de origem tupi, piramboia vem da junção de “pirá” (peixe) e “mboîa” (cobra), ou seja, peixe-cobra. A piramboia (Lepidosiren paradoxa) é a única espécie de peixe pulmonado encontrada na Amazônia – e no Brasil – em regiões pantanosas que secam nos períodos de estiagem.

Nesse período, o peixe abandona sua respiração branquial, se enterra na lama e passa a respirar por meio de sua bexiga natatória, utilizada como pulmão.
De acordo com biólogo Rodrigo Hidalgo, peixes que “respiram ar” tiveram que se adaptar.
“São algumas espécies de peixes que apresentam adaptações para sobreviver a ambientes com baixo nível de oxigênio na água ou situações até mesmo locais onde em determinados momentos podem até ficar sem água. Como a estiagem na Amazônia, por exemplo. São espécies que ocorrem em diferentes lugares do mundo e que podem ter diferentes mecanismos para captar oxigênio fora d’água”, explicou ao Portal Amazônia.
Os peixes pulmonados são vistos como um dos modelos para se estudar a conexão entre peixes e anfíbios e, consequentemente, a evolução dos tetrápodes, que são os vertebrados terrestres de quatro membros.
Por serem peixes pulmonados, as piramboias conseguem permanecer longos períodos fora da água. Ao todo, são aproximadamente seis meses na superfície.
Respiração aérea acessória
Contudo, nem todos os peixes que conseguem permanecer em terra são pulmonados. Na região amazônica, a maioria dos que respiram na superfície respiram pelas brânquias.
Estas espécies possuem adaptações especiais que lhe permitem sobreviver em ambientes terrestres por curtos períodos, diferentemente da piramboia.
As principais espécies são o pirarucu e o peixe betta, espécie conhecida no aquarismo.
Leia também: Ibama cria ‘Programa Arapaima’ no Amazonas para incentivo ao manejo do pirarucu
Essas espécies têm uma respiração aérea acessória, ou seja, possuem uma bexiga natatória modificada que funciona como um pulmão quando o peixe sai da água, o que permite que respiram ar atmosférico. Vale salientar que não é de fato um pulmão.
O biólogo também pontuou outros peixes:
“Na Amazônia temos algumas espécies de bodós, tamoatás e o mussum. O mais curioso é que espécies como tamoatás vivem nos igarapés poluídos de Manaus. O que demonstra sua rusticidade. Ao passar com atenção pela Avenida Sete de Setembro em Manaus, é possível vê-los subir para respirar”, acrescenta Rodrigo.
Leia também: Com mais de 700 espécies catalogadas, conheça os bodós mais comuns na Amazônia
O biólogo alertou para a menor frequência de visibilidade destas espécies em ambientes urbanos, como lagos e igarapés, devido a fatores como a poluição e o descarte incorreto de resíduos sólidos. “Preservar essas espécies inclui a preservação dos corpos hídricos. Manter ambientes saudáveis é fundamental”, finalizou.