Onças-pintadas participaram de treinamento militar do CIGS? Saiba a verdade

Assunto viralizou após vídeo antigo ser publicado nas redes sociais. Comandante do CIGS esclarece se onças-pintadas realmente participavam de treinamentos militares.

A onça-pintada é símbolo do Guerreiro da Selva, devido às características do animal. Foto: Divulgação/CIGS

O Dia Internacional da onça-pintada, celebrado em 29 de novembro, é um reconhecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que escolheu essa data para exaltar a importância do animal símbolo da Amazônia e o maior felino das Américas.

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Nas últimas semanas, um vídeo antigo que mostra onças-pintadas no meio de um treinamento militar do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus (AM), viralizou nas redes sociais e foi motivo de polêmica acerca da presença desses animais.

Diante da data significativa, o Portal Amazônia conversou com o comandante do CIGS, Coronel Flávio Luiz Lopes dos Prazeres, que explicou sobre a presença das onças-pintadas na atividade militar, se os animais ainda são utilizados nos dias de hoje e como funciona atualmente o Curso de Guerra na Selva, considerado um patrimônio do Brasil por especializar os melhores combatentes de selva do mundo.

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Treinamento militar com onças-pintadas?

Vídeo datado dos anos 1990 mostra onças-pintadas no meio do treinamento militar do CIGS. Foto: Reprodução

Um vídeo antigo com imagens de onças-pintadas no meio de um treinamento militar causou bastante repercussão nas redes sociais. O registro mostra os animais circulando entre homens que participam de exercícios físicos, onde alguns deles chegar a ser atacados pelos felinos. O comandante do CIGS confirmou a veracidade do vídeo, mas enfatiza que se trata de uma prática antiga da instituição e que não faz parte das atividades atuais do CIGS.

“A prática registrada no vídeo é antiga e não faz parte das atividades atuais do CIGS. As imagens correspondem a registros da década de 1990 quando as onças-pintadas eram eventualmente utilizadas para este tipo de atividade, que era comum à epoca e fazia parte da rotina de instrução. O vídeo ganhou repercussão, mas trata-se apenas de um material histórico. Atualmente, o CIGS não utiliza onças-pintadas ou qualquer espécie selvagem dentro das atividades de instrução militar”, frisou Prazeres.

Veja o vídeo:

Nos comentários, é possível observar alguns internautas confirmando que o local do treinamento é o CIGS, situado na Estrada da Ponta Negra, bairro São Jorge, zona Oeste de Manaus, no Amazonas.

Um dos comentários é de Mauro Figueiredo que afirmou ter servido no Centro de Instrução de 1990 até 1996 e detalhou que as onças-pintadas “eram o Garrone (a preta) e a pintada clássica chamava-se Xingu”.

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Relação onças x CIGS

Apesar da repercussão, Prazeres reforça que as onças-pintadas não fazem parte de nenhum curso de treinamento militar e que a relação dos animais com o CIGS é estritamente institucional e educativa.

“A relação do CIGS com o animal é institucional e educativa, o militar aprende sobre comportamento, características e hábitos da onça-pintada, que é símbolo do Guerreiro de Selva por sua capacidade de deslocamento, força, discrição e adaptação à selva amazônica. Portanto, é importante reforçar que esses animais não são utilizados em instruções militares”, pontua o comandante do CIGS desde dezembro de 2024.

Segundo o comandante, a presença de animais no CIGS se limita ao zoológico da instituição, que abriga mais de mil espécies da fauna amazônica. Aberto desde 1969, o espaço é uma das atrações mais visitadas da população amazônida.

“Atualmente, a presença dos animais no CIGS são aqueles no zoológico, que promove a educação ambiental, preservação da fauna amazônica e projetos de manejo em conformidade com normas ambientais. Eles recebem supervisão diária de médicos veterinários, acompanhamento nutricional e são mantidos sob autorizações e normas ambientais vigentes, respeitando as exigência dos órgãos competentes”, explicou.

Centro de Instrução de Guerra na Selva fica localizado no bairro de São Jorge, em Manaus. Foto: Divulgação/CIGS

Curso de Operações na Selva

Realizado no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), o Curso de Operações na Selva é destinado para oficiais e sargentos militares das Forças Armadas, Forças Auxiliares e de Nações Amigas. Tem duração aproximada de 12 semanas e é dividido em três fases:

  1. Fase de Vida na Selva – técnicas de sobrevivência em ambiente hostil (alimentação, abrigo, obtenção de água, fogo e deslocamento);
  2. Fase de Técnicas Especiais – orientação terrestre, tiro em ambiente de selva e técnicas de natação;
  3. Fase de Operações – desenvolvimento do senso de comando e planejamento e execução de operações militares na selva.

O Curso de Operações na Selva é reconhecido por:

  • especializar militares no combate em ambiente amazônico, um dos mais complexos do mundo;
  • preparar e adestrar tropas para defesa, vigilância e proteção da região;
  • garantir que o Exército Brasileiro tenha profissionais aptos a atuar em um bioma que representa aproximadamente 49% do território nacional;
  • desenvolver liderança, resiliência, tomada de decisão sob pressão e capacidade de operar em condições extremas.
Curso de Operações na Selva é referência na especialização de militares em ambiente amazônico. Foto: Divulgação/CIGS

Importância do curso

O comandante destacou a importância do Centro de Instrução de Guerra na Selva, criado em 1966 e reconhecido como referência na especialização de militares em ambiente amazônico: mais de 7,5 mil militares concluíram o curso militar desde a sua criação.

“A conclusão do curso representa um marco profissional e pessoal para o militar, reconhecido nacional e internacionalmente. Desde sua criação, 7.531 militares já foram formados. Costumamos dizer que é um “selo de qualidade” que o militar irá ostentar em toda a sua carreira, especialmente pelo alto nível de exigência física e técnica”, afirmou.

Conclusão do Curso de Operações na Selva é considerado um marco profissional e pessoal para o militar. Foto: Divulgação/CIGS

Dia Internacional da Onça-Pintada

O data 29 de novembro foi escolhida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para celebrar o Dia Internacional da Onça-Pintada. O objetivo da data visa sensibilizar as pessoas, em todo o mundo a respeito da importância de se proteger o maior felino das Américas.

A Onça-pintada é um dos animais que mais representam a Amazônia. Foto: Brandi Jô Petrônio/Instituo Mamirauá
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