Janelas de resiliência: estudo aborda como promover a recuperação de áreas degradadas

O desmatamento na Amazônia tem sido um dos principais temas debatidos no contexto de crises climáticas.

O desmatamento na Amazônia tem sido um dos principais temas debatidos no contexto de crises climáticas que o mundo tem enfrentado em decorrência do aquecimento global intenso agravado nas últimas décadas

Para se ter uma ideia, o ano de 2021 foi o pior ano em uma década na maior floresta tropical do planeta . Ao todo, foram 10.362 km² de mata nativa desmatadas, o equivalente a metade do Estado do Sergipe, segundo o Instituto Homem e Meio Ambiente (Imazon). Já em relação à 2022, o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) alerta que até o dia 27 de maio foram contabilizados 2.774,41 km² de áreas sob alerta.

Com o intuito de entender os danos causados nas florestas e de que forma pode-se preservar a mesma e desenvolvê-la de maneira sustentável, um estudo recém-publicado no periódico Science of The Total Environment forneceu informações substanciais sobre o assunto. Confira:

Foto: Victor Moriyama/Amazônia em Chama/Divulgação Greenpeace

Intitulado ‘Seizing resilience windows to foster passive recovery in the forest-water interface in Amazonian lands’ (Aproveitando as janelas de resiliência para promover a recuperação passiva na interface floresta-água em terras amazônicas), o estudo trata do fato da floresta fornecer ‘janelas’ (aberturas) de resiliência e de que forma isso pode ser aproveitado.

A região utilizada no estudo foi a do município de Paragominas, no Pará. Observou-se que a floresta localizada em margens de riachos recuperou seus atributos estruturais a partir de 12 anos, enquanto a recuperação da área basal ocorreu em 18 anos.

Grande parte dessas áreas em regeneração, localiza-se em beiras de corpos d’água, comumente conhecidas como zonas ciliares ou zonas ripárias. Zonas ripárias são áreas de saturação hídrica, permanente ou temporária, cuja principal função é a proteção dos recursos hídricos de uma microbacia.

A vegetação existente ao longo das margens dos rios é chamada de vegetação ripária e constitui-se de plantas hidrófilas – que se adapta ao ambiente aquático.

Florestas ripárias e fluxo de complexidade estrutural e processos ecológicos. Foto: Reprodução/Science Direct

Felipe Rosseti de Paula, um dos autores do estudo, aborda que é importante a existência de áreas ripárias devido ao fato de serem cobertor por dossel e assim , os recursos alimentares que sustentam a base da cadeia alimentar nesses cursos d’água provêm de folhas, frutos e insetos que caem no meio líquido e são decompostos e utilizados por microrganismos, mais tarde consumidos por invertebrados.

Regeneração passiva

O desmatamento dessas zonas ripárias elimina essas funções do ecossistema aquático. Por isso a importância de sua preservação e de aproveitar as chamadas ‘janelas de resiliência’ através da regeneração passiva.

Comparado aos projetos de restauração convencionais, que necessitam de preparo, recuperação e plantio do solo, a regeneração passiva possui um custo de implantação praticamente zero, como aponta o pesquisador. 

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