Ipês Amazônicos: florada anuncia estação seca na Amazônia

Embora a floração do Ipês seja rápida, durando em média 15 dias, ela atrai polinizadores e contribui para a regeneração natural das matas.

Espécies de ipês. Foto: Reprodução/Prefeitura de Palmas, Prefeitura de Boa Vista e Lud Araújo

De julho a setembro, as paisagens amazônicas ganham tons vibrantes de roxo, amarelo, rosa e branco. Nesse período, os ipês florescem e transformam ruas, praças, margens de rios e áreas de floresta em belezas naturais, além de desempenharem um papel fundamental na manutenção da biodiversidade.

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Embora a floração do Ipês seja rápida, durando em média 15 dias, ela atrai polinizadores e contribui para a regeneração natural das matas. A doutora em ciências agrárias Joze Melisa, explica no quadro ‘Bora entender?’ do canal do Youtube da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), que os ipês são árvores nativas do Brasil, presentes em três grandes biomas: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.

“Temos características especiais, principalmente para os ipês do Cerrado, que tem um porte menor, a copa menos densa e também tem as folhas com uma certa presença de pelos, que a gente chama de pilosa”, pontuou a professora. 

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Flor símbolo do Brasil 

Conhecido por suas flores vibrantes, que podem ser amarelas, roxas, rosas ou brancas, o ipê é considerado a flor nacional do Brasil e, embora pertença à família Bignoniaceae, o ipê engloba espécies agrupadas principalmente dos gêneros Handroanthus e Tabebuia. Seu nome tem origem no tupi e significa ‘árvore cascuda’, fazendo referência à textura do tronco.

Espécies encontradas na Amazônia

Ipê amarelo
Foto: rick3439 por biodiversity

Na região Amazônica, a espécie mais comum é a Tabebuia aurea, que pode alcançar de 12 a 20 metros de altura, e floresce entre os meses de julho e setembro, quando há menor incidência de chuvas. No entanto, as variações climáticas influenciam na floração, já que quando o período seco chega mais cedo, as flores desabrocham antes, e se as chuvas duram muito, a flora se atrasa. 

A floração não acontece de forma simultânea entre as espécies. Segundo a professora, o ipê-roxo é o primeiro a florescer, seguido do amarelo, do rosa e, por último, do branco.

Após os 15 dias da floração, as árvores perdem as folhas, entrando em um período de frutificação. Cada espécie apresenta diferenças marcantes, como o ipê-roxo que costuma ter flores de tons mais escuros e intensos, enquanto o ipê-rosa exibe flores delicadas e claras. 

Essa perda de folhas em pleno auge do calor, no fim do período seco, é um desafio para a arborização urbana. 

“O ipê ajuda na qualidade ambiental porque melhora a biodiversidade do local, porém ele não traz tanto conforto térmico, porque ele perde as folhas na época mais quente do ano, que é setembro. Então, para a arborização urbana, a gente não recomenda plantar uma via somente com ipês, e a gente compensa essa falta de conforto térmico que o ipê não tem com árvores que tenham a copa mais densa”, explicou a professora. 

De acordo com Melisa, o florescimento dos ipês é muito importante e benéfico para o ecossistema local porque atrai polinizadores, como as abelhas, os beija-flores e também as borboletas. Além disso, as árvores também servem de abrigo e alimento para a fauna.

Leia também: Ipês colorem a região amazônica, mas você sabia que as flores podem ser usadas na alimentação?

Reprodução dos ipês

Foto: Porto Velho-redeam

O ipê é considerado uma espécie de fácil reprodução, já que suas sementes, chamadas de ‘aladas’, possuem uma estrutura membranosa que lhes permite serem carregadas pelo vento a longas distâncias. Esse mecanismo evita a competição entre as árvores da mesma espécie, garantindo uma maior dispersão.

Essa estratégia é parte de uma ‘sabedoria natural’ que favorece a propagação e a sobrevivência da espécie. Durante o período chuvoso, a planta concentra energia no crescimento e manutenção do tronco e das raízes, aguardando o próximo ciclo de reprodução.

Assista:

O ipê na gastronomia

Foto: Jhon Pacheco

Além de ser um ótimo elemento paisagístico e ecológico, os ipês, especialmente os de flores amarelas, fazem parte do grupo das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), que reúne espécies com potencial culinário pouco explorado

As flores amarelas do ipê podem ser utilizadas cruas, cozidas, refogadas, salteadas ou empanadas, e combinadas com legumes, como batata e abóbora. No entanto, o uso culinário ainda é restrito e carece de estudos, por isso especialistas recomendam colher as flores diretamente das árvores ou aproveitar recém-caídas em locais limpos. 

Importância ecológica e conservação

Na Amazônia, a florada dos ipês simboliza a transição para a estação seca, e com a crescente urbanização e mudanças climáticas, a preservação dos ipês e de outras árvores nativas se torna muito importante, já que essas espécies não apenas embelezam a paisagem, como também desempenham funções ecológicas. 

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